A cria de ovinos depende de diversos fatores para que apresente uma rentabilidade atrativa a produtores rurais e empresários que queiram investir no segmento. Diversas são as técnicas que visam a melhora do manejo dos ovinos, um bom exemplo disso é a estação de monta que consiste em restringir a um determinado período o contato entre reprodutores e matrizes aptas à reprodução.
No entanto, cabe a um técnico especializado no assunto definir qual sistema de monta utilizar, levando-se em conta as características econômicas (valor da terra, demanda por cordeiros, preço do cordeiro, preço dos insumos) e produtivas de cada propriedade.
Por que utilizar estação de monta?
A estação de monta é uma ferramenta de manejo que promove o controle do rebanho, pois auxilia na avaliação dos índices zootécnicos da propriedade, uma vez que facilita o dia-a-dia da fazenda concentrando os serviços e possibilitando a melhoria de sua eficiência (otimiza a mão-de-obra, a infra-estrutura e os reprodutores).
As características positivas advindas desta importante ferramenta de manejo são devido ao fato desta facilitar as operações de manejo e centralizar o foco das atenções no período em questão (monta, parição, lactação, desmame engorda).
Levando-se em conta os aspectos econômicos é possível posicionar a estação de monta visando o abate dos cordeiros nos meses do ano em que a demanda é maior. Para determinar o período do ano em que ela deve ocorrer, é necessário levar em conta uma série de fatores (dieta, peso de abate, manejo, objetivo da criação), além da raça do rebanho, pois se esta for poliéstrica estacional (apresenta cio apenas em determinadas épocas do ano) será necessária a utilização de ferramentas (tratamento hormonal ou de luz, tosquia estratégica, "flushing") para que as matrizes entrem em cio na época esperada.
Níveis de intensificação
Cada propriedade deve estabelecer seus abates de acordo com o sistema de engorda dos cordeiros, visando programar a estação de monta nos meses exatos para que os animais cheguem ao peso desejado.
Em sistemas de baixa intensificação normalmente é utilizada somente uma estação de monta, na qual o lote de matrizes fica com o reprodutor uma vez por ano pelo período pré-estabelecido, que em geral é de dois a três meses. Notem que apenas com isso já é possível concentrar os períodos de nascimento, de desmama e de abate.
Em sistemas de baixa a média intensificação, podem ser utilizada duas montas por ano, sendo necessário dividir as matrizes em dois lotes, obtendo dois períodos de nascimento e dois de abate.
O sistema de alta intensificação permite a utilização de três estações por ano, sendo necessária a utilização de dois lotes, que entrarão em monta alternadamente (a cada oito meses), obtendo-se por ano três períodos de nascimento, desmama e abate. Ao utilizar este sistema é possível atingir três partos em dois anos e planejar as coberturas de forma a obter cordeiros para abate nas três épocas do ano em que ocorre maior demanda.
Na figura 1 observa-se os dois primeiros anos de implantação de um sistema de produção com três estações de monta anuais (os meses são apenas ilustrativos, o sistema deve iniciar de acordo com calendário de abate da propriedade).
Figura 1. Sugestão de sistema de reprodução simples.
Montas especializadas
Diversos modelos de estação de monta, mais e menos complexos podem ser adotados, desde que adaptados às particularidades produtivas e ao ambiente sócio-econômico em que a propriedade se encontra.
No mesmo sistema de três parições por ano, pode-se chegar a seis ou doze parições anuais, no entanto é necessário possuir grande número de piquetes e/ou baias para fracionar o rebanho em vários lotes de manejo, além de organização, acompanhamento meticuloso das atividades da fazenda e utilização de raça adequada ao sistema de produção (nesta situação é ainda mais difícil utilizar raças poliéstricas estacionais devido ao alto custo de indução de cio). Com isso é possível distribuir de uma maneira mais uniforme a produção de cordeiros para abate ao longo de todo o ano.
Na figura 2 podemos observar a distribuição da monta e da parição ao longo de dois anos em sistema de manejo da reprodução com seis montas anuais.
Figura 2. Sugestão de sistema de reprodução especializado.
Conclusões
A estação de monta é uma ferramenta de manejo essencial aos produtores que almejam administrar sua propriedade com visão empresarial, buscando lucratividade e eficiência produtiva.
No entanto, cada propriedade deve possuir um sistema de produção desenvolvido por técnicos especializados e que atendam as características e expectativas da fazenda, da mão-de-obra, do proprietário e do mercado consumidor.