A participação dos usuários evidenciou a preocupação existente em conhecer um mercado cujas informações disponíveis são muito escassas e desatualizadas, impossibilitando análises da situação real de cada região.
Os dados levantados nesta primeira pesquisa mostraram que, apesar do país como um todo apresentar a clandestinidade como problema comum, existem realidades muito diferentes nos estados e, principalmente, nas regiões brasileiras. Para contemplar essas diferenças, este artigo abordará cada região geográfica separadamente.
Região Nordeste
A região Nordeste concentra 92,6% da população de caprinos e 58,5% da população de ovinos do país (IBGE, 2005) e de um modo geral apresenta forte presença de feiras livres e mercados municipais na comercialização dos produtos ovinos e caprinos, inclusive de animais vivos.
As informações fornecidas pelos participantes do NE sobre o preço do quilo vivo de caprinos e ovinos variaram pouco, ficando entre R$ 2,50 e R$ 3,00. Por outro lado, o quilo de carcaça apresentou uma janela de preços bem mais ampla, indo de R$ 4,50 até R$ 7,50, de acordo com a região e com o tipo de comercialização (formal ou informal), sendo o valor mais citado o de R$ 6,00 por quilo de carcaça.
No mercado de carnes, a Bahia se destaca por ser mais bem estruturada em termos de frigoríficos e entrepostos inspecionados que distribuem a carne ao varejo ou ao consumidor final. Enquanto nos outros estados praticamente não houve referências de indústrias, os usuários da Bahia enviaram várias indicações.
A Bahia também apresenta um importante mercado de animais, que são vendidos principalmente para outros estados, com destaque para São Paulo. O valor pago pelas matrizes comerciais varia entre R$ 150,00 a R$ 300,00/matriz e pelos reprodutores comerciais de R$ 300,00 a R$ 700,00.
O Rio Grande do Norte possui um programa governamental de compra direta do produtor, para suprimento de merenda escolar e famílias carentes. Segundo os respondentes da pesquisa, o valor médio pago pelo programa no quilo da carne de caprinos e ovinos em 2006 foi de R$ 6,50, Já o leite de cabra está sendo adquirido por R$ 1,03/L.
As poucas informações sobre couro ovino e caprino revelaram valores muito diferentes entre os estados, variando de R$ 3,00 a R$ 6,00 a unidade.
Apesar da escassez de estruturas para abate e comercialização formal na região Nordeste, grande parte dos participantes da pesquisa destacou a construção de abatedouros ou frigoríficos especializados nas proximidades de seus municípios.
Região Norte
Na região Norte houve participação apenas dos estados do Amazonas e do Tocantins. Os participantes do Amazonas definiram a ovinocultura como "em crescimento", com rebanho atual estimado em 88.000 cabeças. O quilo de carcaça ovina variou de R$ 8,00 a R$ 12,00.
Já no Tocantins o quilo vivo variou de R$ 2,50 a R$ 3,00. Segundo dados do IBGE, em 2005 a região Norte possuia 3,1% (481.528 cabeças) e 1,5% (154.678 cabeças) dos rebanhos ovino e caprino brasileiros, respectivamente.
Região Centro-Oeste
A região Centro-Oeste teve uma participação bastante significativa na pesquisa. De modo geral, os informantes demonstraram uma impressão positiva da produção de carne ovina e caprina. Iniciativas de organização entre os produtores, incentivando o consumo, a presença de frigoríficos inspecionados, em funcionamento ou em abertura, foram citadas pelos participantes da pesquisa. As contribuições originadas do estado de MS estão um pouco menos otimistas, bem como os preços um pouco menores.
Os principais problemas levantados foram a informalidade, a falta de matéria prima e a entrada de carne ovina uruguaia a preços altamente competitivos. Segundo os participantes da pesquisa, o mercado é predominantemente local, nos mercados municipais, açougues, bares e restaurantes dos municípios mais próximos.
Houve apenas uma contribuição a respeito de couro, cotado a R$ 5,00 a unidade. Nenhuma informação sobre o mercado de leite foi levantada, fato já esperado, uma vez que a atividade não é significativa na região.
Os preços do quilo vivo de cabritos e cordeiros no DF e MT se mostraram bem alinhados, cotados em R$ 3,50. No MS, o quilo vivo está em torno de R$ 2,30 e em Goiás varia de R$ 2,00 a R$ 3,00.
O mercado de animais apresentou valores entre R$ 100,00 e R$ 300,00 por cabeça para matrizes comerciais e R$ 600,00 a R$ 1.500,00 para reprodutores. No final de 2005, de acordo com o IBGE, a região apresentava 6% do rebanho ovino e 1,1% do rebanho caprino do país. Com o rápido crescimento da ovinocultura na região, é muito provável que essa participação se mostrará maior no próximo levantamento.
Região Sudeste
A região Sudeste contém hoje 2,4% do rebanhos ovino e caprino do Brasil (IBGE,2005) e também recebeu muitas contribuições, que relataram um mercado de carne ovina em franca expansão. Não houve nenhuma contribuição do ES, portanto os dados utilizados referem-se a SP, RJ e MG. Para participar da pesquisa, acesse o formulário aqui.
Compilando todas as informações, o valor do quilo vivo do cordeiro na região ficou entre R$ 2,50 e R$ 3,50. Já para o quilo de carcaça foram informados preços de R$ 4,90 a R$ 12,00, sendo mais comuns os valores entre R$ 6,50 e R$ 7,00. Muitos informantes salientaram a diferença entre valores no comércio formal e informal, sendo que neste último os preços são bem superiores.
A região Sudeste tem tradição na produção de leite de cabras, em especial MG e RJ. O litro do leite de cabra in natura está sendo vendido entre R$ 0,80 e R$ 1,20, enquanto o pasteurizado congelado encontra valores na faixa de R$ 2,50 a R$ 3,00.
O couro mais uma vez apresentou escassez de informações e recebeu apenas uma contribuição, com valores de R$ 2,00 a R$ 3,00 por unidade na região de Araçatuba.
No comércio de animais, os preços por matrizes ovinas comerciais e sem registro ficaram entre R$ 150,00 e R$ 300,00 e para os reprodutores, R$ 600,00. Já o valor para caprinos puros registrados foi de R$ 2.000,00 para o macho e ao redor de R$ 1.000,00 para a fêmea.
Muitos apontaram o crescimento dos canaviais em São Paulo como fator preocupante para a atividade pecuária, uma vez que muitas propriedades estão desistindo da atividade para arrendarem suas áreas para usinas, por causa da maior rentabilidade.
Foi levantado também o fato da região Sudeste ter o maior mercado consumidor de produtos ovinos e caprinos, com alto poder aquisitivo e com grande potencial de crescimento. Por isso, deveriam ser trabalhadas campanhas para popularizar o consumo e explorar esse potencial.
Região Sul
A região Sul, em especial o RS, é tradicional na ovinocultura e já teve uma representatividade no rebanho nacional muito maior do que tem hoje. A crise nos preços internacionais da lã fez com que o rebanho ovino da Região Sul sofresse uma forte redução e hoje represente 28,5% do total do país (IBGE, 2005).
Há uma grande diferença entre as realidades dos três estados que compõem a região Sul. Enquanto o RS se apresenta como produtor tradicional de carne ovina, com sistemas extensivos e abates de animais mais velhos e mais pesados, o PR se assemelha à Região Sudeste, trabalhando a intensificação da produção tanto de caprinos, quanto de ovinos. Já SC não tem tradição na ovinocaprinocultura e se situa como um estado que está desenvolvendo a atividade, mas ainda sem destaque no cenário nacional.
Por isso, cada estado tem suas características particulares de mercado e preços completamente diferentes. No PR, o quilo vivo do cordeiro é comercializado entre R$ 3,00 e R$ 4,00, enquanto o do cabrito chega a R$ 4,50. A caprinocultura de corte está se desenvolvendo no estado, devido a um trabalho de coordenação da cadeia realizado pela Associação dos Criadores de Caprinos do Paraná (Capripar).
O couro curtido no PR foi levantado a R$ 15,00/peça. O quilo da lã ficou entre R$ 1,20 e R$ 1,80. Já o pelego do RS apresentou valor de R$ 5,00.
Os valores do quilo vivo do cordeiro no RS estão entre R$ 1,70 e R$ 2,00, enquanto a ovelha descarte varia de R$ 1,30 a R$ 1,70/quilo vivo e o capão fica em R$ 1,60 o quilo vivo. Os produtores do RS não se mostraram satisfeitos com os preços e muitos estão perdendo o interesse pela atividade, apesar da tradição. Algumas alianças mercadológicas estão começando a ser trabalhadas, visando garantir o fornecimento constante de seus principais mercados consumidores, Porto Alegre e São Paulo.
Santa Catarina apresentou valores entre R$ 2,50 e R$ 3,00 o quilo vivo do cordeiro para o abate. Matrizes SRD (sem raça definida) podem ser encontradas por R$ 1,80 a R$ 2,50/quilo vivo. Já reprodutores lanados variaram entre R$ 1.000,00 e R$ 1.800,00 e reprodutores Santa Inês e Dorper foram cotados a R$ 2.000,00 ou mais. Os machos deslanados estão tendo uma alta procura no estado, visando os cruzamentos com matrizes lanadas.
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