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Cenário e perspectivas para a carne ovina no mercado internacional - Parte 1

POR DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/11/2008

5 MIN DE LEITURA

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Introdução

A ovinocultura de corte é uma atividade explorada em todos os continentes, sendo exercida em ecossistemas com os mais diversos climas, solos e vegetações, porém, a atividade apresenta expressão econômica em apenas alguns países.

Conforme dados da FAO, a população mundial de ovinos, em 2007, encontrava-se em torno de 1,11 bilhões de cabeças, retomando o crescimento em 2003, após mais de 10 anos de redução sistemática do efetivo mundial.

No entanto, no atual cenário internacional, um significante espaço é ocupado pela carne ovina e pelo comércio de animais vivos, o que mantém a indústria ovina como uma parte importante da economia agropecuária de diversos países, como China, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Irlanda, Espanha e Uruguai.

Rebanho

Durante a década de 1990, o rebanho ovino mundial experimentou um processo ininterrupto de redução de seu efetivo, como uma conseqüência da crise que acometeu o mercado mundial da lã e em decorrência, também, dos surtos de Encefalopatia Espongiforme Bovina e Febre Aftosa que atingiram a Europa, especialmente o Reino Unido, até 2002.

Gráfico 1. Evolução do efetivo ovino mundial, em bilhões de cabeças.



Desde então, é possível notar uma forte tendência de recuperação do rebanho a partir de 2003 (Gráfico 1), impulsionada pelo ritmo acelerado de crescimento dos efetivos nos países emergentes e em desenvolvimento da Ásia e África, que possuem mais de 67% do rebanho mundial - correspondente a 746 milhões de cabeças, especialmente na China, Etiópia, Índia, Marrocos, Paquistão, Sudão, Síria e Turquemenistão, onde a demanda doméstica por produtos ovinos é bastante elevada e crescente.

O efetivo ovino na União Européia, contando com seus atuais 27 Estados Membros, apresenta uma queda continua nos últimos 10 anos, alcançando um percentual negativo de 15,3% no período 1997-2007 e uma população atual de 107 milhões de cabeças - a menor registrada nas 3 últimas décadas. Essa trajetória decrescente do rebanho ovino na UE-27 tem se tornado evidente desde o início da década de 1990, e na presente década, esse movimento se acentuou em decorrência da reforma da PAC e de problemas sanitários relacionados a surtos de Febre Aftosa e Língua Azul, sendo notórios seus efeitos na grande maioria dos Estados Membros, dentre os quais se encontram os principais rebanhos como Reino Unido, Espanha e França.

Alguns dos principais players do mercado internacional, como a Austrália, têm apresentado uma redução sistemática de sua população ovina, que no presente ano conta com 80,4 milhões de cabeças, tendendo a se retrair mais uma vez em 2009 para cerca de 76,9 milhões - o menor número em toda a história registrada da ovinocultura australiana.

Por sua vez, a Nova Zelândia também têm registrado o menor efetivo ovino de sua história desde meados da década de 1950, contabilizando em 2007 um rebanho de 38,4 milhões de cabeças, que tende a se contrair ainda mais em 2008.

Em ambos os países, uma associação de fatores, envolvendo condições climáticas precárias, preços elevados para carne ovina e decrescentes para a lã, e a maior rentabilidade de outras alternativas de uso da terra, têm influenciado na redução das populações ovinas na presente década.

Produção

A forte retração na demanda mundial por lã durante a década passada forçou os principais países produtores a reduzirem seus rebanhos via abate e o foco da produção foi direcionado para as carnes de cordeiro e de mutton que, atualmente, assim como os lácteos em algumas regiões, são os principais produtos da ovinocultura moderna.

Este novo direcionamento da pecuária ovina teve forte reflexo sobre a produção mundial de carne, que vem experimentando um forte crescimento ao longo dos últimos 10 anos, com um aumento percentual de 24% no período 1997-2007, atingindo o patamar dos 8,89 milhões de toneladas em 2007, de acordo com o Gráfico 2.

Gráfico 2. Produção mundial de carne ovina, em milhões de toneladas.



No recente cenário da carne ovina, a China apresenta-se como o maior produtor mundial (Gráfico 3) e possui um fantástico ritmo de crescimento, porém, a sua produção de aproximadamente 2,6 milhões de toneladas é, praticamente, toda direcionada para o mercado doméstico.

Embora seja o segundo maior produtor mundial (Gráfico 3) com 1,06 milhões de toneladas em 2007, a produção da UE-27, assim como a da China, é destinada em quase 100% ao mercado interno, com Reino Unido e Espanha sendo responsáveis por mais de 52% da produção regional. Entre os produtores secundários, a França é aquele em que se têm registrado decréscimos constantes da produção, juntamente com a Irlanda, nas últimas duas décadas.

Gráfico 3. Participação na produção mundial de carne ovina, 2007.



Apesar de manter um nível regular de produção nos últimos 5 anos sustentado pelo aumento dos abates em alguns importantes produtores como Reino Unido, Irlanda, Grécia, Itália e Romênia, em decorrência dos ajustes nos rebanhos pós-PAC e da baixa rentabilidade da atividade, a produção de carne ovina na UE-27 permanece com uma tendência decrescente a médio prazo, com uma queda de cerca de 1,5% para os próximos anos seguido de uma estabilização.

A Austrália e a Nova Zelândia ainda estão entre os grandes produtores e os principais players no cenário internacional, mesmo com a redução continua de suas populações ovinas. Os efeitos ocasionados pela mudança climática na região da Oceania, com redução da pluviosidade em determinadas áreas e aumento na freqüência de secas, associado ao alto custo da alimentação animal, aos altos preços do cordeiro, aos preços baixistas da lã e a melhor rentabilidade proporcionada pela agricultura e pecuária leiteira, têm ocasionado níveis recordes de abate desde 2004, refletindo diretamente no aumento da produção tanto de cordeiro quanto de mutton.

Na Austrália a produção de cordeiro em 2008 cresceu 5,3% para 435 mil toneladas enquanto a de mutton caiu 4,8% para 258 mil toneladas em relação ao exercício anterior. Por sua vez, na Nova Zelândia, o volume de abates de cordeiros, embora tenha aumentado em 0,6% em 2008, resultou em uma produção inferior em 1,4% a 2007, contabilizando 446 mil toneladas, em decorrência do menor peso de carcaça. Para o mutton neozelandês, o volume de abates cresceu 30,5% com um aumento de 26% na produção para quase 152 mil toneladas. No entanto, em ambos os países, as previsões para 2009 já indicam uma redução na produção como resultado do menor efetivo de cria e das próprias condições climáticas desfavoráveis que tem se tornado uma constante nos últimos anos.

Em seguida estão alguns países do Oriente Médio como Irã, Turquia e Síria, outros do Sul da Ásia como a Índia e o Paquistão, e alguns do Norte da África como a Argélia, além de países como Egito, Marrocos e Sudão, onde a produção de carne ovina tende a aumentar. Com exceção do sudoeste europeu, onde a indústria bovina domina o setor de produção animal, a quantidade de carne produzida por ovinos se iguala a de outras espécies ruminantes, particularmente no Norte da África, Oriente Médio, Grécia e Turquia, e seguindo os números relacionados ao efetivo ovino, os continentes asiático e africano produzem, juntos, atualmente, mais de 67% de toda a carne ovina no mundo.

DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

Médico Veterinário, MBA, D.Sc., especializado no sistema agroindustrial da carne ovina. Consultor da Prime ASC - Advanced Sheep Consulting.

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DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 02/12/2008

Olá Flora,

Realmente fico muito feliz com suas palavras e que os artigos lhe tenham sido úteis!!

Certamente, seu TCC será muito interessante!! Se você puder enviar uma cópia em PDF para mim, quando for possível, eu ficaria bastante agradecido!!

Obrigado pela sua participação e por ler nossos artigos!!

Abraços,

Daniel
FLORA REGINA NEVES DE OLIVEIRA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 28/11/2008

Olá Daniel, quero parabenizá-lo pelo artigo, atualizando os dados. Quero também agradecer a ajuda que indiretamente me deu, pois estou fazendo meu TCC - Zootecnia, na área de ovinos, e seus trabalhos foram e são muito importante para o conteudo do mesmo.Aprecio muito seus artigos pois são diretos e esclarecedores.

O meu TCC consiste em um levantamento da ovinocultura no panorama mundial, passando para o Brasil e depois enfocando o sudeste, e enfocando a região onde tenho minha propriedade, Mogi Mirim, que fica á 40 km de Campinas e a 160 de São Paulo, com ótimas estradas.Neste trabalho, estou fazendo uma pesquisa do perfil dos produtores da região, que não tem tradição nesta atividade, mas quero mostrar que podemos desenvolver a mesma com sucesso, se realmente for de maneira profissional. Li muito seus trabalhos, e quero realmente agradecer a sua contribuição. Agradecendo mais uma vez
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 27/11/2008

Olá Rafael,

Obrigado pela sua participação!! Certamente, mais artigos estão por vir!!

Abraços,
RAFAEL BAGGIO - MÉDICO VETERINÁRIO

CURITIBA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE

EM 25/11/2008

Prezado Daniel,

Parabéns pelo artigo, muito bom podermos receber informações atualizadas do mercado de ovinos e termos uma idéia de qual é a real situação da Ovinocultura nacional e internacionalmente.
Faço votos para que continue com os artigos, sempre contribuindo para o setor.

Grande abraço

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