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Cézar Amin Pasqualin, do Instituto Emater, fala sobre a evolução do setor no Paraná

postado em 13/01/2009

5 comentários
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Cézar Amin Pasqualin é Médico Veterinário e atualmente trabalha como "Executor do Programa Paranaense de Estruturação das Cadeias Produtivas dos Ovinos e Caprinos" pelo Instituto Emater.

Pasqualin concedeu essa entrevista ao FarmPoint onde fala sobre a evolução da ovinocaprinocultura no estado do Paraná: os entraves superados, o estudo, a profissionalização, a união e a luta dos produtores. Confira:

FarmPoint: O que falta para a atividade se consolidar no Paraná?

Cézar Amin Pasqualin: Aqui no Paraná a atividade da ovinocaprinocultura foi estimulada sua organização nas diferentes regiões administrativas do Estado.

Inicialmente os criadores pensavam que o principal mercado consumidor das carnes estava na praça de São Paulo, Rio de Janeiro, enfim, grandes centros populacionais. Foi mostrado que antes de pensarmos nos grandes mercados, tínhamos que fazer nossa lição de casa, passando pela organização dos produtores, da produção e estudando o comportamento do abastecimento e consumo das carnes no mercado local / regional.

Outra questão de avaliação foi a análise da procedência e qualidade das carnes que entravam no mercado local. Entre as diferentes constatações, observou-se que as carnes disponíveis no mercado tinham como origem outros estados, importadas do Uruguai e parte abastecida por produtos clandestinos com abates fora do sistema oficial. Isto nos permitiu sensibilizar os diferentes setores incluindo os consumidores que deveríamos prestigiar a produção local consumindo carnes de animais precoces de origem local e de indiscutível qualidade superior.

Hoje existem várias formas de organização dos produtores, desde a formação de grupos informais com propósitos definidos, passando por associações, cooperativas e hoje já se pratica cooperação entre elas, rumando para a formação de uma central de cooperativas.

As carnes produzidas nestes locais, somente conseguem abastecer os mercados local e regional, sendo o volume de produção das carnes equilibrado com a demanda. Uma constatação é que estas cooperativas começaram em torno de 700 a 1000 fêmeas ovinas e hoje (aproximadamente 04 anos depois) estão em torno de 7000 fêmeas no plantel por cooperativa, mostrando que a evolução na oferta de carnes esta devidamente calibrada com a demanda destes produtos.

Podemos afirmar que dentro deste novo conceito de produção de carnes nobres, o consumo se amplia, sendo que o consumidor descobre todo o sabor destas carnes altamente qualificadas.

Temos que respeitar os diferentes estágios de organização dos produtores, dando tempo para o processo de amadurecimento dos grupos, para que quando definirem a entrada no mercado seja isto posto de maneira profissionalizada, com constância no fornecimento das carnes.

Dentre os diferentes estágios de organização das organizações, destacamos as cooperativas Castrolanda - localizada na cidade de Castro e a Cooperativa Coopercapana, localizada em Londrina, que já se encontram em condições de venderem seus produtos fora do Estado, mas tem limitações em função te estarem operando com frigoríficos com autorização de SIP- Serviço de Inspeção Estadual, sendo proibida a comercialização fora do Estado. Este é sem dúvida um grande entrave.

Outra necessidade constatada é um forte programa de incentivo ao consumo das carnes, pois existe muito desconhecimento por parte dos consumidores. Outra ação necessária é capacitar os chefes de cozinha no uso adequado destas carnes, diferenciando por exemplo carne de cordeiro de carne de carneiro, estimulando-os a desenvolverem mais pratos a base das carnes de cordeiro e cabrito, demandando estas matérias primas desta organizações locais. Promover mais festivais e festas regionais, tendo como mote o cordeiro e o cabrito, esta é sem dúvida a melhor forma de divulgar as verdadeiras carnes, ampliando o hábito do consumo mais constante das carnes. Destinar linhas de crédito especial e subsidiado investindo na melhoria das condições de abate animal dos frigoríficos e abatedouros.

FarmPoint: Quais foram os principais avanços?

Cézar Amin Pasqualin: Sem dúvida o processo global do planejamento estratégico estabelecido para o setor; passando pela capacitação dos diferentes atores da cadeia produtiva, principalmente os produtores, técnicos e chefes de cozinha (em torno de 3.800 pessoas capacitadas em 06 anos de funcionamento do Programa no Estado).

Outro fator relevante foi a organização dos produtores em cooperativas, habilitando-os a comercializar as carnes nos diferentes mercados.

Destaque também para o volume de carnes comercializada com "marca própria", passando da comercialização de "carnes sem nome", " para carnes "com nome", isto é uma mudança significativa para os consumidores, pois passam a reconhecer e requisitar as carnes por marca.
Ampliação no consumo das carnes de produção local / regional.

FarmPoint: Quais as principais ações para o setor?

Cézar Amin Pasqualin:

- Manter e incentivar o processo de planejamento regional, estimulando a organização do setor;
- Ampliar as festas regionais e festivais das carnes, ofertando as verdadeiras carnes de cordeiro e cabrito;
Ação eficaz contra o abate clandestino dos animais;
Dar continuidade ao processo de capacitação dos agentes do setor;
Efetivar pesquisas estratégicas;
Manter o dinamismo de atuação da Camara Setorial da Ovinocaprinocultura;
Intercambio com os Estados produtores, estabelecendo ações conjuntas para o crescimento do setor;
Ampliação das parcerias;
Efetivar o projeto de ampliação do consumo das carnes, projetando por exemplo a inserção nos cardápios dos restaurantes industriais (consumo mais cotidiano);
Readequação do Programa Estadual de Estruturação das Cadeias Produtivas dos Ovinos e Caprinos do Estado do Paraná.

Mariana Paganoti - Equipe FarmPoint

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Comentários

Neyd M M Montingelli

Curitiba - Paraná - Pesquisa/ensino
postado em 13/01/2009

Parabéns à equipe FarmPoint pela entrevista.
O Paraná tem potencial e grandes profissionais para estimular o setor da ovinocaprinocultura e sempre pode contar com a Emater.
Neyd M.M.Montingelli
Curitiba

Celso R Ferrari

Campo Mourão - Paraná - Produção de gado de corte
postado em 15/01/2009

Devo reconhecer o trabalho desenvolvido pelo Pasqualin e sua equipe, porèm os resultados práticos, na maior parte do Paraná, e do Brasil não aparecem, no que se relaciona a remunerar o produtor.

O que aconteceu, com o incentivo à produção é que, praticamente os mesmos consumidores que haviam antes da campanha, estão comprando carne mais barata. O consumo não respondeu ao aumento de produção. Existem na verdade, nichos de mercado, hoje disputados por um número muito maior de criadores. Vender um cordeiro, a R$ 2,00 - 2,50 o quilo vivo só prá doido, ou quem não precisa (os eternos curiosos ou aqueles que ouviram falar que ovinocultura da dinheiro), e muito pior e que a meu ver é um crime: A DIVULGAÇÃO CONSTANTE QUE FALTA CARNE DE OVELHAS NO BRASIL (seja cordeiro, borrego, etc etc).

O que falta é consumidor que possa remunerar bem o produtor. Brasileiro pode comprar e pagar carne de frango e suino. Num barracão coloca-se + 30000 pintinhos - com 40 dias estão prontos para abate. O mesmo exemplo serve para os suinos. Um cordeiro precisa de uma ovelha e reprodutor de qualidade, que custa (vale?) R$ 1.500,00 e um ano de pasto (a ovelha e reprodutor) pois o cordeiro com 90-120 dias está pronto. Qual a conclusão? Pode-se vender cordeiro por R$ 2,00 - 2,50 o quilo vivo?

Nem a R$ 4,00 valeria a pena. Sou criador a mais de 12 anos. Tenho lido, ouvido e assistido nos orgãos da imprensa verdadeiras aberrações com respeito ao mercado e a rentabilidade. Por favor, não mintam. Se informem com quem já está no mercado e vive da ovinocultura, não com os bacanas criadores de fim de semana, ou os milionários que ganham dinheiro, fazendo genética, e nem com os técnicos que sobrevivem da atividade.

FRANCISCO DE PAULA XAVIER JR

Curitiba - Paraná - Produção de ovinos de corte
postado em 17/01/2009

Apesar de não ser meu foco principal de atuação e, sim, uma paixão relativamente nova e estar nos últimos tempos estudando e compartilhando com profissionais da área e produtores sobre a ovinocultura, inclusive com alguns cursos realizados, para quem sabe, algum dia, realmente me tornar um criador, compartilho com o Sr. Celso Ferrari em seu pensamento quanto a remuneração do produtor.

Acho também que o grande entrave é a falta de abatedoros Sifados em mais regiões do Estado do Paraná, não só em número mas, também, que valorizem cortes diferenciados e o bom manejo do rebanho.

Também gostaria de parabenizar a Farmpoint a respeito do assunto abordado e relatar que só se houve boas palavras a respeito do que o Sr Cézar Pasqualim vem fazendo a frente da Emater. Não se pode ficar com os braços cruzados. Tem que procurar se atualizar sempre, independente se a atual situação não for a mais favorável.

Vale um destaque para o LAPOC - UFPR - Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (www.LAPOC.UFPR.BR) que oferta cursos de capacitação para que a atividade de criação de ovinos e caprinos consiga obter melhores índices produtivos e, também, a PECCA - Programa de Educação Continuada em Ciências Agrárias UFPR - (WWW.PECCA.COM.BR). Ambos sob a coordenação da Profa. Dra. Alda Lúcia Gomes Monteiro.

Laudir Nilson Zils

Maripá - Paraná - Revenda de produtos agropecuários
postado em 19/01/2009

Concordo plenamente com o Sr. Celso R. Ferrari.
Iniciei uma produção caseira em 1996, (4 matrizes para meu consumo tava tão bem) 9 anos depois em 2005 iniciou-se um BELO movimento que prometia revolucionar a produção incentivando consumo da carne, artigos de peles, blá.....blá.....blá.....cai e entrei nessa.

Me lembro muito bem quando uma Sra. veio nos prestar algum esclarescimento e disse "comprei um reprodutor santa inês por uma BAGATELA de 15000 dolares" isso nunca vai sair da minha mente, talvez sua intenção era recuperar o investido naquele animal as nossas custas (EU NÃO SEI)

O resultado é que toda confiança que alguns puseram foi perdida e quem não acreditou no inicio e decidiu esperar já construiu um aviário ou pocilga, infelizmente fomos ludibriados por sensacionalistas; o fato é q a primeira chance mais confiante foi perdida, e agora para reaver essa confiança?

Não é preciso culpar NENHUM órgão público, os entraves maiores são em termos de LEIS e isso não é de responsabilidade de ningém pois ninguém as faz, quando existe algum iniciante em qualquer atividade ele é barrado em normas e mais normas, mas quando existe uma cadeia produtiva de longa data esta é promovida a burlar leis.

Cezar Amin Pasqualin

Curitiba - Paraná - Consultoria/extensão rural
postado em 19/01/2009

Prezado Celso R. Ferrari:

Agradeço as considerações do seu e-mail. Hoje é domingo, dia 18 de
janeiro exatos 22:26hs. Estou em férias mas lendo seus comentários,
achei por bem responde-lo, ainda hoje.

1- O importante do trabalho que os produtores, técnicos e demais
atores da cadeia produtiva da ovinocaprinocultura das diferentes
organizações existentes no Paraná estão realizando é a vontade de
vencerem de maneira organizada,afastando o fantasma da "presa fácil"
que o mercado comprador o devora sem dó. Me parece que é o seu caso,
quando entra no mercado vendendo sozinho sem o respaldo de uma
organização,dá nisto; preço de R$2,00 por kilo de peso vivo pago ao
produtor.( lamentavelmente, pois ainda existem produtores
comercializando de maneira individualizada);

2- Nosso artigo que relata parte do trabalho realizado no Paraná,de
fato não relata os insucessos do "setor desorganizado" mas sim procura
retratar experiências que estão dando certo, através é lógico da
"organização do setor";

3- Não fomentamos a expansão da atividade ovinocaprinocultura no
Estado, mas sim utilizamos da metodologia que a produção cresce com a
demanda; priorizando o atendimento aos produtores que já estão na
atividade;

4- Os preços praticados de venda dos animais,dentro das
organizações,situa-se em torno de R$5,00 a R$6,00 o kilo do animal
vivo( cordeiros e cabritos, animais em torno de 35 a 40 kilos de peso
vivo);

5- Especificamente em relação ao seu município e região de Campo
Mourão, temos sem dúvida a maior vitrine Nacional da atividade que é a
"Festa do Carneiro no Buraco", mas que ainda não temos uma definitiva
organização dos produtores que atuam na atividade da ovinocultura,
comercializando a produção de maneira aleatória, apesar de diferentes
reuniões que ai já realizamos;

6- Só atingiremos o ideal dentro da atividade, com muito trabalho e
esforço conjunto

6- Sucesso na suas atividades e estamos a disposição da sua região-

Abraço

Cezar Amin Pasqualin
Médico Veterinário
Instituto EMATER

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