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O que fazer para abater cumprindo a Legislação Sanitária?

Por Nei Antonio Kukla
postado em 20/03/2009

18 comentários
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Passou-se um ciclo de produção, onde após meses de trabalho e cuidados na alimentação, no manejo, nas questões reprodutivas finalmente temos na propriedade um borrego de qualidade para ser abatido. A quem diga (o cliente) que passará na fazenda no sábado para pegar o borrego já abatido e às vezes pede para fazer aquele tempero que "a patroa" da fazenda sabe fazer e onde se agrega certo valor na carne.

Existe ainda, aquela fazenda que possui um rebanho um pouco maior e precisa achar outro canal de comercialização, ou seja, um açougue, restaurante, mercado...

Em ambos os casos, o abate formal, dentro das condições sanitárias vigentes, é interessante e necessário, pois estamos manipulando alimentos e isto implica em segurança alimentar. O consumidor está pagando um valor e é nada mais do que justo lhe oferecer um produto que além da qualidade seja seguro ao consumo de sua família.

Pois bem, onde abater então?

Plantas frigorificas para abate de ovinos e caprinos quase inexistem. Carregar meia dúzia de animais na camionete e rodar 50, 100, 150 Km para fazer o abate é inviável. E as taxas cobradas pelos abatedouros que giram em torno de 15 a 20 % do valor da carcaça ficam ainda mais difíceis de ser pagas pelo criador, pois o mesmo, tendo um mínimo de noção de Administração, sabe que não é negócio pagar tal numerário.

Não resta dúvida que as margens de lucro de qualquer negócio hoje quando beira 10% o detentor do negócio pode se considerar satisfeitíssimo. Só para exemplificar a poupança paga em torno de 7% a.a.. Quero dizer que ao pagar um valor de 15 a 20% da carcaça para o abate significa que o lucro daquele animal ficou no frigorífico.

Então, o que fazer para atender o mercado?

Reporto-me ao comentário feito no site dias atrás pelo criador de Guarapuava - Pr, Renato Mocellin Lopes, onde resumidamente dizia que o que salva o criador hoje é o abate na propriedade e a venda informal, sendo esta, o principal ponto de venda da carne caprina/ovina. Ainda, o criador diz que será que não é viável pensar em orientar o abate correto na propriedade.

Digo o seguinte, não sou favorável de forma nenhuma ao abate clandestino, mas criadores, técnicos, órgãos públicos e aqui destaco os órgãos oficiais de assistência técnica, Embrapa e principalmente, mas não sozinha, as prefeituras municipais, pois o problema do abate é nos municípios e esses devem dar uma solução aos seus munícipes (criadores e consumidores) com projetos arrojados, porém atendendo a legislação e de repente promover uma forma de orientar o produtor nas propriedades através de profissional habilitado (Médico Veterinário) ou talvez uma forma mais correta de conduta, construir abatedouros que podem ser tanto para bovinos, ovinos e caprinos através de um consórcio inter municípios regionais que viabilize esses abates. Tudo isto fazendo mediante orientações técnicas, para também não sair por aí construindo "elefantes brancos" para ficar com capacidade ociosa.

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Comentários

Miguel Haddad

Piracicaba - São Paulo - Técnico
postado em 21/03/2009

Olá gostei das ponderações em seu artigo.

Porém acredito que o municipio não tem muito haver com isto... Muito menos órgãos de pesquisa... O que falta, no meu modo de ver, é a organização dos produtores. Venho de uma experiência juntamente a ASPACO (Associação Paulista de Criadores de Ovinos) e SEBRAE-SP em que conseguimos em uma nucleo de produtores, primeiramente padronizar os animais de acordo com a pedida do mercado e secundariamente, dar lastro aos abates...

Precisamos procurar os parceiros certos, os produtores certos, tenho certeza que se as pessosas envolvidas forem fortes como as que deixei... nossa cadeia produtiva só tem a ganhar.. agora, a consciência para investir primeiramente em comida para estes animais demonstrarem seu potencial e secundariamente investir no rebanho... animais tardios sao inaceitaveis no exigente mercado que quer animais precoces...

mas enfim... o produtor e nós técnicos temos que esperar muito dos outros se nao estamos fazendo nossa parte.. experiencias iguais a estás tem aos montes, basta procurarmos...

E vamos fortalecer a Cadeia Produtiva dos Ovinos!!!

Nei Antonio Kukla

União da Vitória - Paraná - Consultoria/extensão rural
postado em 23/03/2009

Caro Miguel,
a formação de núcleo de criadores, o investimento em comida, entenda-se pastagens de qualidade, e posteriormente o investimento em genética e instalações são sequências lógicas na atividade para produzirmos o cordeiro/ borrêgo que o mercado quer.

A iniciativa apresentada por vcs de padronizar os animais e a própria formação do núcleo para seguir para o abate também é uma sequência, um caminho para o sucesso. Porém, acredito que se cada órgão público, por exemplo, Embrapa (pesquisa), Emater´s Epagri (pesquisa e Extensão), Prefeituras (logística, organização, em alguns casos abates em abatedouros municipais e até colaborar com assistência técnica), se todos os elos caminharem para um mesmo sentido, impulsionaríamos a cadeia produtiva.

E, com certeza, concordo em 100% qdo. vc diz que O CRIADOR e os TÉCNICOS devem dar a sua contribuição, pois aliás, ou entram no mercado como profissionais e fazem a lição de casa, ou não fica pedindo para o vizinho limpar o seu quintal se o nosso está sujo.

Abraços!

JOÃO LA FARINA

Brasília - Distrito Federal - Indústria frigorífica
postado em 23/03/2009

Att.: Nei Antônio Kukla

Estabelecer a cadeia de comercialização é um desafio para qualquer atividade produtiva, e no caso dos ovinos o desafio é pelo menos ainda maior. Não basta apenas abrir mercados de consumo da carne, é preciso primeiro organizar um pouco mais a cadeia para produzir com quantidade e regularidade.

Porém, as dificuldades do mercado não se resumem ao que acontece dentro da propriedade. A carne ovina vem enfrentando grande concorrência com a carne uruguaia e com os abatedouros clandestinos. Nossos vizinhos do Mercosul têm quantidade, preço extremamente competitivo e qualidade.

É claro que aqui no Brasil se consegue produzir uma carne de qualidade superior, porém, ainda não conseguimos competir com os custos de produção de nossos vizinhos, seja pela alta carga tributária, pela falta de subsídio do governo brasileiro ou pelo nosso rebanho, ainda menor que o deles.

É preciso aumentar o índice de produção, diminuir os custos e criar uma cadeia produtiva forte, com todos os elos bem estabelecidos, desde a produção, passando pelo beneficiamento da carne, até o consumo. E nessa luta é importante que todos colaborem de alguma maneira.

A grande dificuldade do criador é conseguir que algum frigorífico faça o abate terceirizado. Alguns apenas compram os animais de outros criadores, sejam eles participantes de algum projeto de integração ou não.

O mercado da carne ovina ainda está em fase de implantação, de estruturação logística e de produção.

Portanto, tudo pode mudar para melhor com a terceirização dos abates.

Renato Mocellin Lopes

Guarapuava - Paraná - Produção de caprinos de corte
postado em 23/03/2009

No tocante aos meus comentários sobre o abate clandestino, gostaria de esclarecer alguns pontos. Além de criador, sou Médico Veterinário, com especialização em Qualidade e Vigilância Sanitária em indústrias alimentícias e trabalhei na inspeção de abates e responsabilidade técnica de frigorífico durante 4 anos. Desta forma, gostaria de deixar claro, que meus comentários nunca se referiram a questão sanitária do abate clandestino, sendo que, o foco sempre foi a importância econômica do abate informal na ovinocaprinocultura.

É fato que, tal prática, atualmente encontra-se disseminada nestas atividades, e que, existe uma certa "vista grossa" generalizada. Tenho plena certeza de que se a legislação fosse cumprida à risca, muitos criatórios seriam inviabilizados. Em várias regiôes não existem plantas frigoríficas adaptadas para ovinos e caprinos. Devido a esta carência, os animais precisam ser encaminhados para abatedouros de bovinos ou suínos, sem linhas próprias para abate de pequenos ruminantes. Assim sendo, muitas vezes observamos condições melhores de abate nas propriedades do que em alguns frigoríficos.

O ponto de partida é aceitarmos que isso ocorre. Por que não normatizar essa prática? Capacitar um funcíonário (para algo que ele ja faz!), exigir estrutura adequada, controles sanitários do rebanho, responsável técnico, limite de abate e principalmente assumir responsabilidades. A idéia é inicialmente tornar o negócio lucrativo de forma legal. Ou podemos manter do jeito que está, todo mundo finge que isso não acontece, que é contra, mas, também o faz.

Obrigado.

Alfredo Tavares Fernandez

Niterói - Rio de Janeiro - Pesquisa/ensino
postado em 23/03/2009

Com certeza, construir matadouros não é asolução. O que as prefeituras devem fazer é transportar animais de pequenos produtores para o matadouro mais próximo da região. Os pequenos produtores também podem se organizar em cooperativas para transporta´-los reduzindo custos..

wilson tarciso giembinsky

Paracatu - Minas Gerais - Produção de gado de corte
postado em 24/03/2009

A conversa esta ficando boa....
Por enquanto vou ficar cá no meu canto só assuntando...

Uns falam do mundo ideal, como deveria ser....
Outros falam da realidade, como ela é...
A conversa esta tomando rumo.... todos tentando melhorar a realidade.
O importante é isto mas não vamos tirar os pés do chão.....

Mas cá no mundo real, é bom lembrar que governo só anda servindo para fazer leis, decretos e medidas provisórias, muitas fora da nossa realidade, cobrar imposto e multar. Portanto, pelo menos por enquanto, não espere outra coisa dele não......

Uai sô, i Eu que IA ficar só assuntando num guentei....
Mas vamô iscuitá a prosa....
Inté

Claudio Manoel Livramento

Tomazina - Paraná - Consultoria/extensão rural
postado em 24/03/2009

Penso que a questão do abate poderia ser resolvida, em parte, se os municípios aprovassem uma legislação reconhecendo o "Borrego Artesanal".

Tal animal seria criado em propriedade na qual todo o pessoal envolvido na criação tem qualificação profissional (com Certificados reconhecidos de cursos de Manejo de Ovinos de Corte, Abate de Ovinos e Qualidade da Carne, Boas Práticas de Fabricação de Derivados da Carne Ovina, Administração Rural e outros cursos julgados necessários para a área . . .).

O produtor obteria assim o status de Ovinocultor Artesanal. Então, para poder proceder o abate em sua propriedade, teria que investir num pequeno (pequeno, mas não precário . . .) local com capacidade de fornecer ao consumidor um Borrego Artesanal, cuja carne teria, certamente, alta qualidade biológica e microbiológica. Tal qualidade seria atestada periodicamente pelos Órgãos Competentes e por um Responsável Técnico (Médico Veterinário, Nutricionista, Engenheiro de Alimentos ou outro, julgado competente para tal . . .), que emitiriam um "Selo de Qualidade" para os produtos.

Logicamente, para evitar a proliferação desmedida de tais propriedades abatedouras, o Poder Público Municipal, através das suas Secretarias Municipais de Saúde e de Vigilância Sanitária, de Agricultura e Pecuária, em conjunto com os Conselheiros Municipais (aqueles, esquecidos nos Cons. Mun. de Desenvolvimento Rural Sustentável - CMDRS, ou aqueles do COMUSA - Cons. Mun. de Sanidade Animal), com a participação do Emater (de empresas de pesquisa, de universidades, etc . . .), fariam um estudo cuidadoso, regionalizando as áreas com concentração de ovinocultores, para que essas fossem contempladas por um certo número de Unidades de Abate, sempre visando suficiência e racionalidade de logística.

Inclusive, se os produtores da região fossem mais instruídos em noções de Associativismo (mais um Certificado . . .), poderiam, conjuntamente, auxiliar na construção da planta de abate que serve a sua região, ou montar subunidades para produzir cortes especiais e produtos derivados (como linguiças, sarapatel, miúdos, etc... com pequenas câmaras frigoríficas, embaladoras a vácuo, embutideiras, misturadores . . .). Linhas especiais de financiamento poderiam ser acessadas para tornar realidade esses empreendimentos. Claro, os produtores teriam que obter, também, o Certificado do curso: Orientação para o Crédito . . . reconhecido pelo Agente Financeiro.

Parece-me que ocorreu algo semelhante com a Galinha Caipira ou o Frango Artesanal, em certos municípios de Santa Catarina.

Acontece com o mel em muitos lugares (com a Casa do Mel e os Entrepostos de Mel e Cera de Abelhas . . .).
Ocorre também com algumas Pousadas Rurais.

Poderia dar certo com a ovinocaprinocultura . . .

Com muito diálogo, a união de parceiros diversos, com a qualificação e participação dos produtores, com apoio e supervisão de técnicos e, com vontade política!!!

"Será utopia??? Será que eu tô viajando???"

Flávio belmonte R. da Silva

São Sebastião do Caí - Rio Grande do Sul - OUTRA
postado em 24/03/2009

O tema é extremamente importante! O sr. Renato foi muito realista. Pouco adianta ficarmos falando sobre o ideal se a realidade está muito longe disto. Acho que o problema está na legislação. É rigida demais.

Poderiamos ter uma legislação que admitisse pequenos abatedouros (pequenos mesmo), mais liberais sob o ponto de vista técnico. Porque não posso ter um abatedouro particular, com inspeção sanitária por veterinário do município, onde eu abateria 10 ou 20 cordeiros por semana?

porque tem que ser tão exigente a planta, se sabemos que o maior consumo está no abate clandestino?

Será, realmente, que um pequeno abatedouro, simples mas higiênico, com inspeção por veterinário contratado pelo município, implicaria em insegurança sanitária?

Parabéns a todos que se manisfestaram. È por aí o caminho.

Rubem Rosso Baptistella

Indaial - Santa Catarina - Médico Veterinário
postado em 25/03/2009

Pessoal, fui criado num Rio Grande do Sul que não mais existe. Nós gaúchos tínhamos um rebanho que, daquele total, hoje só resta em torno de 20% (deduzo com base em números que não atualizei). Sempre constatei um total amadorismo por parte dos produtores e a cadeia dominada pela indústria, ditadora dos preços.

Tentando entender o porquê da distribuição desigual do lucro ao longo da cadeia frigorífica, perguntando, por vezes fui informado por integrantes destes que, devido à instabilidade dos mercados e ônus operacional, um frigorífico necessita retirar o máximo lucro possível em períodos que isso é possível para, na chegada de períodos de arrocho, poder trabalhar na margem mínima. Acho essa visão, no mínimo, individualista.

Concluo não haver uma retroalimentação ao longo desta cadeia, assim como em muitas outras. Esse ponto de vista é simples, pois não temos o sentimento de coletividade nacional bem desenvolvido.
Não bastasse isso, hoje, trabalhando em órgão oficial de vigilância sanitária animal, percebo as léguas de distância que há entre meus superiores, que criam normas sanitárias para que apliquemos no campo e a real necessidade e capacidade de absorção destas pelos criadores, induzindo à clandestinidade.
Por sua vez, a clandestinidade, propiciadora de sonegação, é a alternativa mais utilizada por todos.

Há casos de fiscais que são alvo de represálias preocupantes, que induzem o indivíduo à estagnação da sua atuação, virando um servidor inútil, devido ao medo da exposição aos riscos gerados por leis que lhe são obrigação fazer cumprir e, em contrapartida, pouco aplicáveis e sem o respaldo do governo. De fato é que se todos pagassem impostos, as taxas poderiam ser menores, mas para isso necessita comprometimento e negociação. Parece-me que estamos passando por um momento de anarquismo socioeconômico, que pode ser o ponto de início para uma nova construção.

À reboque da obscuridade fiscal vêm a negligência e a ignorância sanitária, colocando-nos, enquanto país, entre os 22 com maior número de casos de tuberculose humana do planeta.

Quando tivemos, lá no sul, um grande rebanho, não faltaram os abatedouros que industrializavam a carne, assim como os lanifícios a lã. Ambos esses, nos primeiros sinais de crise, foram se retirando da cadeia, alguns multinacionais, mas todos sem comprometimento com a cadeia, sem a real FUNÇÃO SOCIAL.

Tudo isso dito, resta-nos pensar nas alternativas conciliadoras para suplantar essa crise. Essas só serão plenamente alcançadas em comunhão, com honestidade, protecionismo bem dosado e destituídos de egos, tradicionalismos e facciosismos.

Não creio ser o assistencialismo governamental a melhor forma de impulsionar as cadeias produtivas pois, como bem vemos, este é sempre muito vulnerável à diversos fatores. Em minha idéia, nada é mais sólido que o associativismo e consolidação de cadeia produtiva como um todo.

Por fim, após a base pronta, é fomentar o consumo desta nobre e saborosa carne.

Renato Mocellin Lopes

Guarapuava - Paraná - Produção de caprinos de corte
postado em 26/03/2009

Sr. Cláudio:
Se o senhor está viajando ou sendo utópico, então somos dois. De suas palavras faço as minhas. Na minha opinião o termo é esse: ovino ou caprinocultura artesanal.

Sr. Flávio:
Obrigado pelo apoio.

Paulo Basileu de Oliveira

Natal - Rio Grande do Norte - Pesquisa/ensino
postado em 26/03/2009

Sou Veterinário e técnico no RN, temos um plantel de caprinos e ovinos bastante expressivo. Somos o maior produtor de leite de caprino do Brasil, e temos uma projeto que compra toda produção nas mais de 25 uzinas do Estado através do Governo do Estado.

Com relação ao problema crônico dos frigoríficos com todas as exigências da lei, vamos todos terminar com o cadeado da porteira na mão. Todos sabemos que o maior abate destas raças a nível de Norte e Nodrdeste são clandestinos. Apoio as palavras do Dr. Flavio Belmonte R. da Silva do RS. Temos em nosso RN projetos de criação em larga escala de cordeiros - O CORDEIRO NOBRE, do proprietário Bolivar Alvarenga de Medeiros, criados e abatidos com o maior rigor da lei, dentro dos padrões exigidos pelo consumidor, aonde competidores com carcaças oriundas de endereços incertos sem a menor condição de sanidades são vendidos em algumas feiras livres do RN. Somos ainda um pouco incipiente nesta criação secular, quando a bolsa de valores tem problema no outro lado do planeta nós temos que apertar o cinto. Dizem os estudiosos que é a atividade pecuária que mais cresce dentre do agronegócio brasileiro. A lei é para ser cumprida e necessária, mais os que fazem esquecem das mesmas.

Parabens a Sr. Nei Antonio Kukla e todos os criadores.

Octávio Rossi de Morais

Sobral - Ceará - Pesquisa/ensino
postado em 27/03/2009

A discussão realmente é boa, mas já há quase 20 anos escuto a repetição de todos esses comentários. Aqui em Minas montamos nossa cooperativa, a Procordeiro e ela funciona há 6 anos, mesmo com as dificuldades inerentes aos grupos formados por muitas pessoas. O transporte é coletivo, o abate terceirizado (em frigorífico com SIF para bovinos, suínos e ovinos), os cortes e distribuição é que são feitos em recinto da cooperativa. Há graves problemas a resolver, mas o modelo me parece o mais adequado.

A cooperativa vem sobrevivendo aos abatedouros informais, a grandes projetos industriais que prometiam tomar todo o mercado e ao espírito individualista dos produtores. Por outro lado, para aqueles que criam suas dez ou doze ovelhas, o abate informal é sem dúvida o mais interessante, lembrem-se de que na cadeia da avicultura, tão fortemente organizada, sobrevivem os criadores de galinha e o mercado do frango e ovo caipiras.

RODRIGO VIEIRA DE MORAIS

São José do Rio Pardo - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 27/03/2009

A realidade é que a cadeia está toda desorganizada, existe alguma organização pequena pelo BRasil. E a desorganização não se limita somente a caprinos e ovinos, suinos, bovinos, aves também entram na fila.
Governo estadual, prefeituras, assistencia técnica, produtores consumidores todos se incluem aí pois fazem parte da cadeia.

E o sistema é capitalista, todos querem sair ganhando e quem perde nisto tudo é o integrante do elo principal da cadeia, O PRODUTOR.

Digo que o BRasil está atrasado 10 anos em relação a ele mesmo. E atrasado 100 anos em relação aos países do primeiro mundo.
Não vejo muita solução pra isto tudo, somente a boa vontade de alguns artistas espalhados pos esta terra abençoada por Deus.

MARCOS LIMA BARBOSA

São Paulo - São Paulo - Produção de ovinos
postado em 27/03/2009

Somos criadores de ovinos a quase uma década e representamos uma minoria que vive da atividade.

Gostaríamos de ser otimistas quanto a organização da cadeia mas a realidade não nos permite otimismos. Temos de um lado um rebanho que em 80% dos casos está nas mãos de "criadores" que encaram a atividade como hobbie e por conseguinte não investem em tecnologia de toda ordem. Estes tem a tendência a se isolarem e quando se reúnem em uma associação o que vemos tem sido a vaidade se sobrepondo aos preceitos cooperativos.

Tanto isto é verdade que o luxo e os mega investimentos nas feiras e exposições não condizem com a pobreza da atividade que vive em sua grande maioria de importações de carne de cordeiro de outros paises e abates clandestinos.

De um outro lado vemos um ESTADO desinteressado e isto é comprovado diariamente na mídia impressa ou falada. Nossos governantes conseguiram algo inusitado; desmoralizar o escândalo !!

Até vemos varias entidades de base indo ao campo no corpo a corpo com os produtores, munidos de projetos e ações capazes de organizar toda a cadeia produtiva mas que também inevitavelmente esbarram na "burrocracia", desinteresse e má vontade política dos escalões superiores que se encontram em seus luxuosos gabinetes.

Todos os produtores sonham com pequenos frigoríficos e centros de manipulações e embalagens, com SIF ou algo que o valha , em um raio de 100 km entre um e outro, bancados pelas prefeituras ou governo do ESTADO que cobrariam pelos serviços prestados, manteriam familias inteiras na roça (que é muito mais barato do que criar infra estrutura para elas nas cidades), aumentariam o recolhimento de impostos e criariam nos pólos regionais uma nova atividade econômica, atividade esta que representa 30 % do PIB de um pais como a NOVA ZELANDIA..

Alguem duvida que isto alavancaría nossa atividade ao ponto de passarmos de importadores a exportadores de carne?

Atraves de associações de criadores sérias temos que cobrar exaustivamente de nossos governantes as ações de que tanto precisamos. Outro dia ouví de um caixa de supermercado a seguinte pérola "O que esperar de um povo que após a segunda derrota de seu time invade a sede deste e se coloca frente a frente com o presidente do clube exigindo mudanças mas que nada faz, ano após ano, quanto a carga tributária que o obriga a trabalhar 5 meses por ano só para pagar impostos e que ainda vê estes impostos serem desviados na construção de castelos"?

Portanto as mudanças são mais profundas do que se apresentam.

Otavio Cabral Neto

Itaguaí - Rio de Janeiro - Pesquisa/ensino
postado em 27/03/2009

o texto esta muito bom, mas cuidado com o termo segurança alimentar. este termo se refere ao oferecimento de alimento e não a qualidade do alimento que seria o termo alimento seguro.

abraços

adauto silva gouveia filho

Matrinchã - Goiás - Produção de ovinos
postado em 31/03/2009

Meus caros e caras,
Sem nenhuma pretenção de ser dono da verdade, vejo nas colocações do Senhor Marcos lima Barbosa uma discriminação um tanto triste para mim. Segundo ele, somente os tubarões dos borregos (PO) sobrevivem da atividade. Imagina eu, um humilde e pequenino produtor, devo então comer o estoque e dar adeus ao sonho de criar ovinos, visto que não saberei nem me comportar em uma reunião de cooperarados.
Nós, os anões, temos problemas e precisamos melhorar.
abraços

Mário Sérgio Wanderley

Penápolis - São Paulo - Bovinos e ovinos
postado em 31/03/2009

Talvez uma grande parte da ovinocultura de corte no Brasil possa repetir o sucesso dos queijeiros e produtores artesanais de vinhos europeus. Pequenos, mas extremamente eficientes, produzindo com excelência e qualidade superior dentro de suas chácaras.

E assumindo todas as fases da produção, até a venda ao consumidor final. E lá são produtos alimentícios também, de alta perecibilidade, como o queijo, ou sensibilidade, como o vinho.

A outra parte da ovinocultura de corte, composta pelos grandes investidores e pelas propriedades com maior cacife tecnológico e financeiro, incluindo as de médio porte, pode muito bem alimentar a cadeia dos frigoríficos, que precisam de escala de produção para sobreviverem. É possível a convivência? Parece que sim.

No setor de carne bovina, os açougues e supermercados do interior estão convivendo com os frigoríficos há quase um século. Compram bois, vacas e novilhas, na maioria das vezes de sitiantes, abatem em matadouros municipais e vendem a carne para suas cidades ou bairros. Nenhum frigorífico quebra por causa dessa concorrência...

O Brasil caracteriza-se pela diversidade e pelo grande número de pequenas propriedades, espalhadas por regiões amplas e distantes umas das outras. Os centros de consumo da carne de cordeiro, entretanto, estão cada vez mais aproximando-se dos produtores, nas cidades médias e grandes, que continuam frutificando no interior.

Para nós, do estado de São Paulo, por exemplo, basta rodar algumas dezenas de quilômetros e já estamos numa cidade de porte médio, com vários restaurantes, hotéis e açougues tipo boutique. O ovino é um animal leve e de fácil processamento, facilitando a venda a varejo. Um produtor com alguma estrutura ou um grupo de produtores de menor porte, associados ou cooperados, podem abastecer esses estabelecimentos, desde que sigam as regras de higiene e sanitárias .

E os frigoríficos vão abastecer os mercados de grande escala, como as capitais, os grandes centros e as redes de supermercados, além do mercado externo.

Porém, a legislação para abate é dura, cega, autoritária, contraproducente e, cá entre nós, cheia de frescuras. Assim é com quase tudo em que os órgãos oficiais se metem a regular no Brasil (vejam o exemplo da legislação ambiental).

Até matadouros municipais, bem estruturados, são fechados e proibidos devido a algum mero detalhe. E aí o problema ultrapassa a porteira. Mudar a legislação e evitar a caneta do fiscal é coisa pra gente grande.

E pequeno só fica grande se juntar com muitos outros pequenos. Este fórum aqui no FarmPoint já é um começo.

Carlos Otavio Lacerda

São José dos Campos - São Paulo - Produção de leite
postado em 25/11/2012

Muito bom debate! Apesar de assinante de FARMPOINT cheguei a ele através do "google", pois hoje (ontem) na associação de produtores da qual faço parte me incumbiram de investigar a legislação sobre "cordeiro artesanal". Infelizmente mais de tres anos depois, a discussão continua atual e sem solução (pelas informações que consegui).
Precisamos acionar a ARCO e tentar obter os mesmos beneficios que foram concedidos à fabricação de queijo artesanal, envolvendo a mídia, contatos com congressistas, etc.
Ovinocultura é essencialmente uma atividade de pequenos produtores e as demandas de pequenos produtores tem tido um apelo político muito grande no governo atual.

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