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Qual a lucratividade da produção de cordeiros?

POR CARINA BARROS

E ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/01/2010

5 MIN DE LEITURA

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Os três textos anteriores "Quanto custa produzir cordeiros?", "Qual o lucro da produção de cordeiros?" e "150 ou 600 matrizes. Qual impacto no custo de produção?", abordaram os custos de produção de cordeiros com base em dados colhidos nos experimentos realizados no Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da Universidade Federal do Paraná. Agora serão apresentados os resultados da atividade para 150 e 600 matrizes.

Novamente apresentamos os sistemas estudados:

1) Cordeiros terminados ao pé da mãe em pastagem, sem o desmame;

2) Cordeiros desmamados precocemente (45 dias) mantidos em pastagem e suplementados com concentrado com 20% PB em 2% do seu peso por dia;

3) Cordeiros desmamados precocemente (45 dias) mantidos em pastagem e suplementados com concentrado com 20% PB à vontade;

4) Cordeiros desmamados precocemente (45 dias) e confinados em aprisco suspenso com dieta composta por 60% de silagem de milho e 40% de concentrado com 20% PB.

Antes de entrarmos nos resultados obtidos, vale a pena esclarecer o significado de lucratividade e rentabilidade.

A lucratividade pode ser calculada dividindo-se a margem líquida pela receita total, e o resultado é convertido para percentual (MATARAZZO, 1997). Portanto, indica quanto foi o ganho com base num percentual da receita. A lucratividade esperada para micro e pequenas empresas é de 5% a 10% sobre as vendas (SEBRAE-SP, 2010).

A rentabilidade é obtida dividindo-se a margem líquida pelo investimento total, sendo o resultado convertidos para percentual (MATARAZZO, 1997). Dessa forma, indica o percentual de remuneração do capital investido na empresa; para micro e pequenas empresas espera-se valores de rentabilidade entre 2% e 4% ao mês sobre investimento (SEBRAE-SP, 2010). A rentabilidade permite averiguar se esse o rendimento é compatível com outras alternativas de aplicação, como caderneta de poupança, aluguéis e ações de empresas concorrentes (SEGUNDO, 2010).

Com os dados de receita e custo, pôde-se fazer as avaliações de resultado econômico que se apresentam na Tabela 1.

Tabela 1 - Lucratividade e rentabilidade da produção de cordeiros (módulo 150 ovelhas)



1) Cordeiros terminados ao pé da mãe mantidos em pastagem;

2) Cordeiros desmamados mantidos em pastagem e suplementados com concentrado com 20% PB em 2% do seu peso por dia;

3) Cordeiros desmamados mantidos em pastagem e suplementados com concentrado com 20% PB ad libitum;

4) Cordeiros desmamados e confinados com dieta composta por 60% de silagem de milho e 40% de concentrado com 20% P. Cálculos realizados no software CUSTARE Carne 2009;

Dos quatro sistemas avaliados o único que apresentou margem líquida positiva foi o de cordeiros terminados em pastagem ao pé da mãe, sem a realização do desmame.

Quando se considerou no cálculo o custo de oportunidade do capital investido, o saldo que é o resultado econômico foi negativo nesse mesmo sistema. Lembrando que entende-se por custo de oportunidade a remuneração de que se deixa de auferir em função de oportunidade de investimento descartada. (Fundação Getúlio Vargas, 2002).

Isso indica que a atividade não foi capaz de remunerar o investimento em terras, rebanho, benfeitorias e máquinas. Esse custo de oportunidade normalmente não é considerado por produtores e técnicos na elaboração de projetos ou análise da situação da propriedade; mas é importante ter ao menos conhecimento desse valor+ mesmo que se faça a opção de trabalhar com a margem bruta e líquida para a avaliação.

É importante salientar que, num sistema no qual a margem líquida tem valor baixo, o risco de ficar negativa pode ser alto, já que pequenas alterações, como queda do preço de venda ou aumento de preço dos insumos, pode gerar prejuízo com facilidade. Com esse resultado, deve-se avaliar em quais itens é possível realizar economia ou a possibilidade de melhorar o preço de venda dos produtos.

Quando os sistemas de terminação de cordeiros desmamados precocemente e recebendo suplementação pós desmame foram comparados entre si, os cordeiros que receberam suplementação à vontade foram os que apresentaram melhor resultado econômico, apesar do maior uso do insumo ração. Isso ocorreu porque nesse sistema o tempo de permanência dos animais em suplementação (64 dias) foi menor que no sistema com 2% de suplementação (102 dias).

Os indicadores econômicos rentabilidade e lucratividade demonstram melhores resultados no sistema de terminação ao pé da mãe. Incluiu-se ainda nesse cálculo, a rentabilidade operacional, que desconsidera o investimento em terra no cálculo, e dessa forma, há melhoria nos resultados. Pode-se verificar que foi positiva somente a lucratividade no sistema de terminação ao pé da mãe, no entanto, a rentabilidade foi negativa. Isso indica que o investimento na atividade é muito alto para a margem líquida obtida.

Para o módulo de 600 ovelhas os resultados foram melhores conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2 - Lucratividade e rentabilidade da produção de cordeiros (módulo 600 ovelhas).



1) Cordeiros terminados ao pé da mãe mantidos em pastagem;

2) Cordeiros desmamados mantidos em pastagem e suplementados com concentrado com 20% PB em 2% do seu peso por dia;

3)Cordeiros desmamados mantidos em pastagem e suplementados com concentrado com 20% PB ad libitum;

4) Cordeiros desmamados e confinados com dieta composta por 60% de silagem de milho e 40% de concentrado com 20% PB. Cálculos realizados no software CUSTARE Carne 2009.;

Pode-se observar que em todos os sistemas os resultados melhoraram e somente no confinamento o resultado econômico ainda foi negativo.

Os valores de lucratividade e rentabilidade foram elevados, indicando a atividade como bom investimento quando a terminação foi em pastagem.

Os dados acima demonstram que a criação de 600 matrizes apresentou melhor resultado que a de 150 matrizes. Entretanto, deve-se tomar cuidado para não generalizar essa informação e também se pensar em alguns pontos.

Os resultados apresentados são dos sistemas do LAPOC com suas características específicas, não podem ser extrapolados para outras propriedades. Cada produção exige cálculos específicos.

1) Os sistemas estudados não foram realizados em condições ideais, ou seja, não foram otimizados todos os índices e utilizados os menores preços de insumos. Simplesmente se avaliou o que estava ocorrendo no LAPOC. Dessa forma, podem ser feitas melhorias nos sistemas produtivos a fim de melhorar os resultados.

Ressalta-se a importância desses cálculos para diagnóstico e ajustes necessários para as melhorias.

2) Aparentemente a criação de 600 matrizes é melhor. Entretanto deve-se pensar que nem todas as propriedade tem tamanho suficiente para 600 matrizes, que isso exige um alto investimento e principalmente, que a produção de cordeiros será grande. Dessa forma, se todos os animais não forem vendidos os resultados mudam e pode-se ter aumento de custo para manter esses cordeiros por mais tempo na propriedade.

Dessa forma, objetiva-se que os leitores tenham ciência da importância de saber a realidade da sua propriedade! Há necessidade de se realizar os devidos cálculos para as avaliações. Assim é possível ajustar o sistema produtivo e obter ótimos resultados.

Referências bibliográficas

BARROS, C.S.; MONTEIRO, A.L.G.; PRADO, O.R. CUSTARE. 1 CD-ROM. custare@gmail.com

CANZIANI, J. R. F. Uma abordagem sobre as diferenças de metodologia utilizada no cálculo do custo total de produção da atividade leiteira a nível individual (produtor) e a nível regional. In: SEMINÁRIO SOBRE METODOLOGIAS DE CÁLCULO DE CUSTO DE PRODUÇÃO DE LEITE, 1., 1999, Piracicaba. Anais... Piracicaba: USP, 1999.

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. 463 p.

SEBRAE-SP. O que é lucratividade e rentabilidade? 2010. Disponível em: Acesso em 05/01/10.

Segundo, A.P.L. Porque empresas lucrativas muitas vezes não são rentáveis. Disponível em: < https://www.arnaldopoggi.com/pdf/gestaofinanceira.pdf> Acesso em 05/01/10.

CARINA BARROS

Médica veterinária
Mestre em Ciências Veterinárias UFPR
Doutora em Nutrição e Produção Animal FMVZ-USP
Pós-doutorado FMVZ-USP
Atuação na avaliação econômica e modelagem

ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

Coordena o Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da UFPR

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RUBENS DE CARVALHO MONTENEGRO

MACEIO - ALAGOAS - PESQUISA/ENSINO

EM 14/09/2020

Professora Alda. A senhora tem whatsapp, Instagram ou telegram para contato acerca do artigo escrito?
SÍLVIO ALBANO MOREIRA CAMPOS

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - OVINOS/CAPRINOS

EM 07/01/2018

Obrigado pela aten&ccedil;&atilde;o, mas aqui estado de S&atilde;o Paulo, exatamente em Sert&atilde;ozinho foi feito uma tentativa de confinamento e abate em Pull. N&atilde;o deu em nada! Vou pesquisando e vendo que posso fazer. amigos j&aacute; desistiram da cria&ccedil;&atilde;o por esse mesmo motivo de n&atilde;o ter um mercado firme. <br />
Muito obrigado
ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 02/01/2018

Prezado Sr Silvio, boa tarde, sou co-autora e ex orientadora da Carina Barros. Eu tomo a liberdade de elaborar um comentário sobre sua pergunta:  uma possibilidade que os produtores sempre tem buscado no Estado do Paraná para driblar o desafio que é a comercialização regular, visando a carne, é buscar grupos de produtores associados e/ou cooperados para se unir a eles. Temos varios casos de sucesso no PR como a Cooperativa Castrolanda e a Cooperalianca, entre outros grupos um pouco menores e mais recentes como a Associação dos Campos Gerais e Núcleo de produtores da região Metropolitana de Curitiba. Acreditamos que esse é o caminho que deve buscar em SP para estar inserido na atividade. Atenciosamente, Alda Monteiro (prof. UFPR Curitiba, PR)
SÍLVIO ALBANO MOREIRA CAMPOS

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - OVINOS/CAPRINOS

EM 27/12/2017

Cara Carina, estou lendo hoje, dez/17, seus artigos sobre lucratividade na criação de ovinos. Muito interessantes. Crio há muitos anos no sistema a campo, em propriedade próximo à Ilha Solteira-SP . Faz dois anos investi em Apriscos e estou agora intensificando minha criação, investindo em reprodutores e melhorando a raça, passando de Sta. Inês para Dorper. Todos em sistema de boas pastagens. Tenho até acompanhamento mensal de Veterinário, prestando assistência aos animais e orientando no manejo. Vamos conduzindo aos poucos a introdução de novas práticas no processo de criação, ainda sem alimentação suplementar. Embora tenha problemas na contratação de mão de obra, pois ninguém mais quer residir em fazendas, meu maior problema é na comercialização dos animais terminados para corte. Não encontro compradores regulares para adquirir lotes dos animais acabados. É desanimador. Como contornar isto?  Muito Obrigado.
ELOY MOREIRA MARTIN

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INSTITUIÇÃO PÚBLICA

EM 15/11/2013

Parabéns Carina,



É exatamente isto. Para mudar este quadro, considerando-se que há limites para a redução de custo, só vejo alterativa viável se o Kg de cordeiro tiver seu preço aumentado em, pelo menos, 22 %.

Como todo mundo se entusiasma e acha que pode ser um bom negócio, as ofertas estão aumentando e o preço está baixando. Assim, já iniciei a minha criação e já estou parando. Felizmente, meu investimento foi mínimo uma vez que aproveitei instalações antigas de gado de leite. Vendendo todos os cordeiros e matrizes recupero o capital.



ATC - ELOY  





CARINA BARROS

OSASCO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/02/2010

Prezado Josué Firmino,

É interessante seu comentário. Entretanto, os resultados podem ser bem alterados se pensarmos em uma situação diferente.

No nosso caso estamos inseridos num local onde a terra tem grande valor econômico, fica na região metropolitana de Curitiba ao lado de um Alphaville. Além disso, também é uma área de preservação ambiental e dessa forma não podemos utilizar defensivo agrícola, e o custo de produção aumenta.

Se pensarmos numa família que já tem uma terra sem uso e vai agregar receita com ovinos, o cenário muda. Se a terra for mais barata e entrar em jogo a mão-de-obra familiar, e além disso for possível produzir o alimento dos animais na própria propriedade, os resultados econômicos melhoram muito. Nós não trabalhamso em condições ideais de modo a se obter o menor custo de produção, simplesmente avaliamos da forma como tem sido feito.

Dessa forma, o importante é avaliar cada caso com exclusividade para saber o real retorno. Em alguns casos pode ser possível ter um bom retorno, em outros, talvez outro tipo de investimento seja mais adequado. Sem esquecer, é claro, do mercado consumidor que tem papel fundamental no sucesso do empreendimento!

Carina
CARINA BARROS

OSASCO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/02/2010

Prezado Rafael,

Pode calcular a lucratividade pela seguinte fórmula

Lucratividade = margem líquida / receita

Depois é só converter para percentual!

Carina
JOSUÉ FIRMINO SOARES FILHO

TERESINA - PIAUÍ

EM 01/02/2010

Esse trabalho se faz de bastante valia, para análise de valores em que se podemos alcançar com essa atividade, no entanto nos leva a concluir que a ovinocultura mesmo sendo a maior atividade do Nordeste, para os pequenos produtores não trás lucratividade e rentabilidade necessária para dár-lhe a sua familia uma boa condiçao de vida e muito menos um auxilo de um medico veterinário, ja que os rebanhos costumam ser pequenos, não terem tanta estrutura e conhecimento para gerenciar um rebanho desse tamanho.
RAFAEL

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 27/01/2010

Parabéns pelo artigo!

Tenho acompanhado todos e estou apreciando muito! Há tempos esperávamos esse tema bem discutido com dados concretos!

Poderia fazer o favor de me passar a fórmula para calcular lucratividade?

Obrigado e aguardo os demais
CARINA BARROS

OSASCO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 24/01/2010

Prezado Bernardo K. B. Coutinho Santos,

O LAPOC faz parte da Fazenda Experimental da UFPR. O nome LAPOC foi registrado há cerca de 3 anos devido à necessidades de adequação das nomenclaturas dentro da UFPR, tornando-se laboratório. Entretanto as atividades de ovinocultura de corte vem sendo desenvolvidas há muitos anos.

O período experimental é de um ano, toda essa análise se refere à um ano de atividade.

Não foram feitos investimentos devido ao caráter de instituição de ensino público, dessa forma, alguns recursos são recebidos para manter a área e também há verbas de instituições de pesquisa que são liberadas mediante aprovação dos projetos via CNPq, CAPES, Funadação Araucária. Esses recursos acabam sendo para manter a área e viabilizar as pesquisas, mas não há recursos para se investir mais, aumentar rebanho, por exemplo!

BERNARDO KRUSCHEWSKY BARRETO COUTINHO SANTOS

SALVADOR - BAHIA

EM 18/01/2010

Boa noite,

Primeiramente, parabéns pelo estudo! Fiquei muito interessado em obter mais informações sobre o mesmo, por isto fiz as seguintes perguntas: Qual foi o período utilizado para realização do estudo? Há quanto tempo o LAPOC está inserido na criação de ovinos de corte? Algum investimento foi feito neste período?

Grato pela atenção,

Bernardo K. B. Coutinho Santos

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