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Carne ovina importada: volume, valores e perfil

POR DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/04/2010

3 MIN DE LEITURA

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Introdução

Considerando as estimativas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), os valores fornecidos pelos Serviços de Inspeção Estadual (SIE) e Federal (SIF), e os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o consumo total de carne ovina brasileira alcançou cerca de 88,25 mil toneladas em 2009, onde aproximadamente 8,61% foi composto por produtos cárneos ovinos importados.

Embora tal percentual seja discreto, quando se avalia o consumo doméstico formal, a participação das importações atinge 55,3%, o que ressalta a elevada importância das mesmas para o atendimento, fortalecimento e crescimento da demanda existente nas capitais e grandes centros urbanos do país.

Volume e valores

Como é possível observar no Gráfico 1, tanto o volume quanto o valor das importações caíram em 2009.

Gráfico 1 - Volume importado e valor de produtos cárneos ovinos em mil toneladas e em milhões de dólares.



O volume importado atingiu 7,6 mil toneladas em 2009, sofrendo baixa de 6,9% em relação a 2008, o que pode ser atribuído ao aumento da carta de clientes do Uruguai - o principal fornecedor para o mercado doméstico brasileiro - e aos melhores preços pagos nos mercados fora da América Latina, uma vez que a produção uruguaia tem se estabilizado nos últimos 5 anos em torno das 54 mil toneladas.

Acompanhando a trajetória, o valor das importações fechou o ano de 2009 com uma queda de 6,6% comparado a 2008, alcançando cifras de 22,43 milhões de dólares ou 44,8 milhões de reais, considerando que a cotação média do dólar finalizou 2009 a 1,997 reais.

Apesar da baixa no volume das importações em 2009, o consumo doméstico formal alcançou a faixa das 13,75 mil toneladas, contabilizando uma alta de aproximadamente 6,3% em relação a 2008. Tal valor foi possível graças à alta de 27,8% na produção doméstica em 2009, o que, além de tamponar a queda das importações, elevou o consumo doméstico a um novo patamar, de acordo com o Gráfico 2.

Gráfico 2 - Produção doméstica, importações e consumo doméstico, em mil toneladas.



Perfil

De acordo com os dados do MDIC, houve uma redução de 21,3 pontos percentuais nos embarques de cortes com osso em 2009 comparado com 2008, e concomitantemente, um aumento relevante no volume dos outros produtos, o que modificou ligeiramente o perfil e a participação percentual dos diversos produtos dentro do volume importado, conforme os Gráficos 3 e 4.

Gráfico 3 - Participação percentual de produtos ovinos importados, 2008.



Gráfico 4 - Participação percentual de produtos ovinos importados, 2009.



Embora tenha havido incrementos significativos no volume importado de ovinos vivos (171,7%), carcaças de cordeiro (123%), carcaças mutton (89,8%) e de cortes sem osso (18,6%), os valores não foram suficientes para equalizar a queda de volume dos cortes com osso, o principal produto cárneo importado pelo mercado.

A Tabela 1 mostra os valores médios dos produtos ovinos uruguaios importados pelo Brasil durante os anos de 2008 e 2009, e a variação no preço ocorrida no período.

Tabela 1 - Valores FOB para produtos cárneos ovinos uruguaios.



Apesar da retração nos preços da maioria dos produtos, o cordeiro congelado e os cortes com osso tiveram uma alta em relação a 2008, por serem os produtos de maior demanda nos países desenvolvidos, onde as cotações são, historicamente, superiores.

Considerando a cotação média da carcaça de cordeiro em 2009 (R$ 7,05/kg - Feira de Santana, BA) e os valores convertidos em reais, é possível verificar que o preço médio dos cortes com osso e do cordeiro congelado fecharam em R$ 6,23/kg e R$ 6,41/kg, respectivamente, os mais próximos até então dos preços praticados no mercado interno.

Considerações finais

Já é bastante clara a essencialidade das importações de produtos cárneos ovinos para o sistema agroindustrial brasileiro da carne ovina e o papel crucial que tais importações possuem para suprir a forte e crescente demanda formal existente no mercado doméstico.

Embora muitas vezes se critique negativamente as importações, as mesmas contribuem para tornar a carne ovina mais visível e disponível para o consumidor final, aumentando com isso, o volume de consumidores potenciais, assim como, sustentando uma relativa regularidade de oferta no varejo.

Essa característica funciona de forma a introduzir novos consumidores à carne ovina, estimular o hábito de se consumir carne ovina, aumentar a frequência desse consumo e fidelizar os consumidores, e como resultado, fortalecer a demanda por tal produto.

Finalmente, por meio da sustentabilidade e fomento da demanda, a carne ovina importada, indiretamente, tende a atrair novos investidores, criadores, produtores e indústrias para a atividade, permitindo a expansão horizontal e vertical da cadeia produtiva no Brasil.

DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

Médico Veterinário, MBA, D.Sc., especializado no sistema agroindustrial da carne ovina. Consultor da Prime ASC - Advanced Sheep Consulting.

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FREDERICO COSTA BARROS

EM 22/03/2018

Bom dia Daniel!
Estou estudando a possibilidade de montar uma pequena distribuição de carne de cordeiro no rio de Janeiro para atende a rede hoteleira.
Acompanhando o mercado percebi que no ano passado ouve uma queda brusca no preço do carré frances e fui informado que ouve uma importação muito forte do Uruguai, que estava com um alto estoque de produtos.
Os produtores nacionais tem condições de competir com esse tipo de situação? Minha ideia é trabalhar com os produtores do sul que tem um abate de cordeiros mais novos o que atende as exigências dos chefs dos hoteis.
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 09/06/2010

Olá Diego,

Sim, esse é um dos caminhos e um dos mais viáveis, e tem dado muito certo com a bovinocultura de corte a partir de iniciativas privadas!!!

O setor produtivo precisa entender que estamos em um mercado de livre concorrência aonde os grandes grupos e organizações são favorecidos, porque eles têm escala suficiente para negociar com seus fornecedores ou clientes.

Por sua vez, o setor produtivo é altamente pulverizado e a mobilização dos produtores, por meio de associações, alianças mercadológicas e outras formas de organização, são primordiais para se obter margens diferenciadas, seja na compra de insumos, seja na venda dos cordeiros.

Isso pode ser viabilizado por iniciativas privadas ou com interferência de órgãos públicos, como o Sebrae (ex., Projeto Aprisco), mas é difícil organizar o pessoal e manter a coesão da organização.

Há iniciativas governamentais em quase todos os Estados da Federação por meio dos órgãos estaduais de extensão e algumas ONGs. Porém, muitos projetos se iniciam mas dentre poucos anos são interrompidos por vários motivos (político, financeiro, estrutural) e isso frustra demasiado os produtores que não vêem melhoras e têm que retornar para a antiga realidade.

O que eu tenho observado até então, é que as iniciativas privadas partindo de produtores individuais que, com o tempo, envolvem outros em sua região, são as que estão dando os melhores resultados.

Obrigado por sua participação e desculpe pela demora!!!

Abraços,

Daniel
DIEGO MASCULINO BERNARDES

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 31/05/2010

Olá Daniel.

Parabéns pelo artigo! Informações importantes para quem precisa tomar decisões na ovinocultura.
Gostaria de saber se há em algum local do país, algum órgão ajudando a desenvolver a ovinocultura. Ex: realizei uma visita em uma região de São Paulo, onde o Sebrae tinha até começado a fazer um belo trabalho, porém não houve continuidade, porém, os produtores envolvidos estão tentando prosseguir com o trabalho.
Já vi que nessas micro regiões há organização, mesmo informal, há grande chance da ovinocultura propesrar e tentar atender o mercado consumidor. Pois principalmente se desenvolve cultura de padronização do produto e formação de volume. Acredito que essas iniciativas são fundamentais e deveria haver mais projetos tanto governamentais, quanto não governamentais acelerando esse processo. Você tambem tem percebido isso? Esse é o caminho?

Obrigado.
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 03/05/2010

Olá Denis,

Considerando uma taxa de crescimento média de 15% ao ano (período 2005-2009) e a estabilização da demanda doméstica nos valores atuais, seria necessário um prazo de 8 a 9 anos para que fosse possível tamponar as importações.

Mas como a demanda existente já é bastante forte e tende a crescer ao longo dos anos, é impossível fazer tais estimativas. Acredito que demandará muito tempo para que o Brasil seja autossuficiente em carne ovina.

Obrigado por sua participação!!

Daniel
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 03/05/2010

Olá Jessica,

Comparando o melhor perfil de produto (cordeiro precoce) produzido no Brasil com o cordeiro importado do Uruguai, o nosso cordeiro é superior por ser mais jovem (abatido com no máximo 4 meses e 35 kgs) e terminado em confinamento com dieta de alto grão, além de ser formado por raças especializadas de corte ou por cruzamento com raças especializadas.

Por sua vez, o cordeiro uruguaio, em geral, é de genética Corriedale (raça de dupla aptidão, lã-carne) e recriado a pasto, com idade de abate em torno de 11-13 meses e pesando entre 30 e 40 kgs. Além disso, os produtos importados tem origem em animais de categorias variadas, como ovelhas, capões, borregos e cordeiros.

Já no mercado doméstico formal, busca-se levar para abate cordeiros cruzados de até 5 meses de idade pesando entre 30 e 35 kgs.

Obrigado por sua participação.

Abraços,

Daniel
DENIS

PINHÃO - SERGIPE - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 01/05/2010

Daniel, da para prevermos quando o Brasil consiguirá abastecer o mercado interno sem necessitar de importações?
JESSICA RIBEIRO

JATAÍ - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 30/04/2010

Oi Dr Daniel, boa tarde!
Gostaria de saber se a qualidade da carne ovina importada do Uruguai pode ser equiparada à produzida no Brasil.
Grata!
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 30/04/2010

Olá Quirino,

Em 2009, o Brasil também importou produtos cárneos ovinos da Argentina (peças com osso e sem osso em um total de 225,2 toneladas - 2,96% do total importado) e do Chile (peças com osso em um total de 23,6 toneladas - 0,31% do total importado). Os restantes 96,73% chegam do Uruguai. Esse é um perfil tradicional das importações ao longo dessa década.

Abraços e obrigado por sua participação!!

Daniel
QUIRINO DE FREITAS

FERNANDÓPOLIS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 29/04/2010

Daniel, boa tarde.

Gostaria de saber se além do URU, o Brasil exporta carne ovina de algum outro país. Escutamos falar muito do Uruguai, mas, nunca escutei falar de outros paises e me surgiu essa duvida. Obrigado

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