O rebanho brasileiro diminuiu significativamente (25%) na primeira metade da década de 90, acompanhando uma tendência mundial, devido à grave crise que abateu o mercado da lã. Houve uma forte retração na demanda mundial de lã, o que forçou os países produtores a reduzirem seus rebanhos e modificarem o perfil da produção, direcionando o sistema mais para a produção de carne, tornando-o mais flexível diante do mercado.
A queda no efetivo ovino nacional deveu-se à redução do rebanho na região Sul, maior produtora de lã do pais.
Atualmente 58,5% do rebanho nacional se encontra no Nordeste, 28,5% na região Sul, 6,0% na região Centro-Oeste, 2,5% na região Sudeste e 4,5% no restante das regiões (IBGE, 2005).
Dentre as regiões mencionadas, destacam-se o Centro-Oeste, Norte e Sudeste, apresentando grande aumento de seus rebanhos.
Mesmo com o aumento da produção nacional, existe um déficit de carne ovina no mercado que, segundo as estimativas, tende a persistir, pois a demanda ainda é superior a oferta, dando espaço para as importações. A oferta de carne ovina brasileira existente no mercado está abaixo da capacidade de consumo, no entanto, quantidade considerável de carne consumida é de origem clandestina, o que compromete a análise adequada e confiável dos dados.
As importações de carne ovina em 2006 totalizaram 7,1 mil toneladas (50% a mais que no ano de 2005), comercializadas por cerca de U$ 2,10/kg (dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)).
A quantidade de carne importada é dependente de uma série de fatores e principalmente da relação entre eles. O câmbio, as questões sanitárias, as mudanças de hábitos alimentares que interfiram no consumo e as políticas fiscais, são alguns dos fatores que podem, de alguma forma, afetar as importações.
Exemplos:
No final da década de 90 ocorreu desvalorização da moeda brasileira. Com isso, a cotação média do dólar em 99 registrou aumento de 56% em relação a 98, que foi acompanhado por uma redução de 32,5% no volume de importações.
Já em 2001, observou-se uma brusca queda nas importações, da ordem de 52%, logo após um ano de significativo crescimento. O fato importante que marcou esse ano, mais especificamente no final do mês de abril, foi a ocorrência de febre aftosa no Uruguai, fornecedor de 99% da carne ovina importada pelo Brasil.
Importamos praticamente tudo do Uruguai, pois este pais exporta seus cordeiros e/ou cortes traseiros à União Européia, a preços muito superiores e disponibiliza um grande volume de cortes dianteiros ao Brasil, a preços mais baixos. Assim, a paleta tornou-se o corte mais consumido no país e não existe uma diferenciação de preços para carne de cordeiro e outros tipos de carne ovina, menos nobres.
Trocando em miúdos, o consumidor ainda não sabe distinguir a diferença entre uma boa carne de cordeiro e a carne de animais mais velhos, fazendo com que o Uruguai consiga colocar seus produtos no Brasil a preços competitivos (pois comercializa produtos de menor qualidade, ao passo que o Brasil produz e comercializa cordeiros).
Segundo pesquisa publicada no FarmPoint: "Pesquisa de mercado FarmPoint: comportamento do setor nas regiões do país" (maio/2007), a região Sudeste apresenta o maior mercado consumidor de produtos ovinos com alto valor agregado, devido ao grande poder aquisitivo da população nos grandes centros urbanos. Esta mesma pesquisa informa que o quilo de carcaça gira entre R$ 4,90 a R$ 12,00, sendo mais comuns os valores entre R$ 6,50 e R$ 7,00. Muitos informantes salientaram a diferença entre valores no comércio formal e informal, sendo que neste último os preços são bem superiores.
Muitos apontaram o crescimento dos canaviais em São Paulo como fator preocupante para a atividade pecuária, uma vez que muitas propriedades estão desistindo da atividade para arrendarem suas áreas para usinas, por causa da maior rentabilidade.
Principais entraves da cadeia produtiva de ovinos
Muito se discute sobre a desorganização dos setores da ovinocultura no Brasil e a necessidade de estruturação entre os elos dessas cadeias produtivas para possibilitar um desenvolvimento sustentável.
Diversas são as sugestões para que as duas atividades adquiram importância econômica no cenário nacional e até internacional: aumento da escala de produção criando competitividade, constância de fornecimento e padronização; incentivo ao consumo dos produtos derivados dessas espécies; aumento de pesquisas voltadas a novas tecnologias de produção; políticas públicas de incentivo fiscal; entre outras.
Figura 1. Fluxograma da cadeia produtiva de ovinos.
Os entraves desta cadeia produtiva são pontuados principalmente pela falta de conhecimento do mercado consumidor. Este desconhecimento mercadológico acarreta diversos problemas em toda a sistemática da cadeia produtiva, como:
• Profissionalização, concebendo a propriedade rural como uma empresa;
• Padronização de processos;
• Irregularidade da oferta;
• Abates clandestinos;
• Falta de estruturação da comercialização;
• Falta de informações do perfil do consumidor;
• Competitividade com outros mercados;
• Desconhecimento dos nichos de mercado.
Para maiores informações sobre a cadeia de ovinos, assista a entrevista abaixo: