A regulação da população nematóide em ruminantes é complexa e influenciada pela idade, raça, estado nutricional e imunológico do animal infectado.
A nutrição tem o potencial de afetar a taxa de aquisição e/ou o nível de expressão da imunidade contra os parasitas. Apesar de um aumento no fornecimento dos diversos nutrientes (energia, minerais e vitaminas) otimizar a resposta imune à verminose, sobretudo quando limitantes na dieta, é a proteína que causa os maiores benefícios aos animais infectados.
A resiliência pode ser melhorada pela suplementação protéica em raças que são susceptíveis ao parasitismo, porém, em raças que são relativamente resistentes, ou que têm sido selecionadas para resistência, os efeitos são mais discretos.
Foto 1. O uso de alimentos protéicos melhora a resiliência e/ou a resistência de ruminantes à verminoses.
Animais jovens com menos de 6 meses de idade adquirem imunidade a nematódeos gastrintestinais em ritmo mais lento do que os adultos, sendo que a duração da fase de aquisição pode superar 12 semanas antes de ocorrer o pleno desenvolvimento da capacidade de expressar tal imunidade.
Sendo assim, a suplementação protéica tem pouco efeito sobre o estabelecimento inicial da infecção parasitária, porém intensifica o desenvolvimento da resposta imune, permitindo que animais jovens expressem a imunidade mais cedo e que sofram menos as conseqüências patofisiológicas do parasitismo.
Por sua vez, em animais adultos, que já adquiriram imunidade, os efeitos da suplementação protéica são mais rápidos, podendo se tornar evidentes em cerca de 1 semana, resultando em redução no OPG, diminuição da carga parasitária, aumento da resistência a re-infecção, melhora da condição clínica e, conseqüentemente, otimização da produção.
As infecções por nematódeos gastrintestinais induzem uma deficiência protéica e a magnitude dos efeitos da suplementação dependerá do nível de demanda por proteína. Comparado a ovinos não-infectados, animais parasitados requerem proteína extra para reparar ou repor os tecidos danificados e desenvolver e expressar a imunidade.
Durante períodos de alta demanda nutricional, como crescimento acelerado, final de gestação e lactação, os requerimentos do sistema imunológico possuem uma menor prioridade em relação às funções de crescimento, reprodução e lactação. É nesses períodos que o fornecimento de proteína extra apresenta um maior impacto sobre a interação parasita-hospedeiro. Assim, espera-se um maior benefício da suplementação protéica em ovelhas no pré-parto, ovelhas em lactação, animais em baixo escore de condição corporal e em cordeiros com alto potencial de crescimento.
A queda na qualidade alimentar no período seco está freqüentemente associada com parasitismo severo, apesar da taxa de translação ser geralmente desprezível. No entanto, em épocas de escassez de alimentos ou em situações de baixo nível nutricional, quando a expressão da imunidade está comprometida, o aumento do fornecimento de proteína é altamente benéfico.
Foto 2. Programas de suplementação protéica são essenciais em fases fisiológicas favoráveis ao parasitismo e em situações de baixo nível nutricional.
Sendo assim, o uso estratégico da suplementação protéica, associado à adoção de outras medidas, a exemplo do manejo do pastejo, da seleção de animais resistentes, do método Famacha e de outros recursos que favoreçam o pouco uso de anti-helmínticos, ou o uso mais eficiente dos mesmos, pode contribuir imensamente para um controle parasitário sustentável em sistemas de produção de ovinos.