Dessa forma, planejar e/ou diagnosticar esquemas para manejar estratégias de criação que otimizem a performance produtiva da futura ovelha é crucial. Neste ponto, a idade e o peso à puberdade, assim como a relação entre ambos, são fatores primordiais que impactam o potencial zootécnico das fêmeas de reposição.
Em geral, a maioria dos grupos genéticos na espécie ovina alcançam a puberdade reprodutiva entre os 6 e 10 meses de idade, considerando que determinantes ambientais como disponibilidade de nutrientes, saúde e fotoperíodo são favoráveis, de forma que os fatores genéticos e ambientais, e a interação entre os mesmos, regulam todo o processo.
Dentre os fatores ambientais, o nível e a qualidade nutricionais fornecidos à cordeira desde a sua vida intra-uterina é o item que determina mais fortemente o seu desenvolvimento. Assim, programas nutricionais que encorajam taxas ótimas de crescimento permitem que as borregas entrem em reprodução aos 7-8 meses de idade, tendo o seu primeiro parto aos 13-14 meses.
Borregas manejadas visando essa meta têm o potencial para uma maior vida produtiva, além de acelerar os ganhos genéticos por encurtar o intervalo entre gerações, aumentando a produtividade, na sua vida útil, em cerca de 15-20%, e permitindo a redução dos custos relacionados à recria.
Figura 1. Relação entre idade e peso de cordeiras à puberdade em 3 diferentes taxas de crescimento.
Conforme exemplificado na Figura 1, a linha G1 (em azul) ilustra a taxa de crescimento de animais superalimentados na tentativa frustrada de minimizar a idade à puberdade, no entanto, a mesma só será atingida quando os requerimentos mínimos de idade forem atendidos. Esse tipo de manejo equivocado concentra um volume grande de investimento em alimentação que resultará em uma forte deposição de tecido adiposo nos órgãos internos, incluindo os reprodutivos e mamários, afetando negativamente a fertilidade e a produção de leite dessas borregas, além de aumentar desnecessariamente os custos pré-produtivos das fêmeas.
Por sua vez, a linha G3 (em verde), representa a curva de crescimento de cordeiras inadequadamente alimentadas baseado na perspectiva de que as mesmas começarão a ciclar quando tiverem a idade mínima suficiente. Nesta situação, as cordeiras apresentarão sub-desenvolvimento geral, imaturidade ginecológica, reduzido crescimento mamário e reservas metabólicas insuficientes para iniciar o processo reprodutivo, fazendo com que as mesmas superem a idade mínima à puberdade, além de possuírem uma performance produtiva futura seriamente comprometida.
Já a linha G2 (em preto) representa a situação ideal, onde a alimentação tem como objetivo um peso e uma idade alvos e onde o potencial genético e orgânico da cordeira será otimizado, economizando alimento sem sacrificar a performance reprodutiva e maximizando a produtividade da fêmea ao longo de sua vida como matriz.
Figura 2. Controlar a taxa de crescimento das cordeiras de reposição é crucial para otimizar o desempenho produtivo futuro desses animais.
Assim, a obtenção de borregas de tamanho e idade adequadas para terem o primeiro parto aos 13-14 meses, maximizando a produção de carne, requer nutrição e manejo adequados para que as mesmas tenham o peso necessário para serem cobertas aos 7-8 meses de idade, e quando adultas, uma ótima capacidade leiteira e habilidade materna para desmamar cordeiros pesados, fertilidade e eficiência reprodutiva para alta prolificidade e para parir a cada 8 meses, e saúde para garantir longevidade e elevada produtividade.