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Desafios da época seca

POR INGRID MONTEIRO MEDINA

E ANDRESSA NATEL

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/07/2011

5 MIN DE LEITURA

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Estamos vivenciando o período onde a falta de chuva e diminuição da luminosidade (época de seca) acarretam em um desenvolvimento animal nulo ou até negativo, pois as pastagens estão em menor volume apresentando um reduzido nível de proteína (<7%). Os menores valores nutritivos somados a baixa altura do pasto ocasiona déficit nutricional que é agravado pelas maiores incidências de verminose que podem levar até a morte dos animais, outros sinais também são evidentes como perda acentuada de peso, papeira, pelagem opaca e baixa qualidade da lã.

Exigências nutricionais (NRC, 2007) para diferentes categorias de ovinos



A melhor maneira para diminuir os prejuízos ocasionados pela época de estiagem é fazer um planejamento nutricional para essa época, o qual envolva estimativa do tamanho/crescimento do rebanho, ganho de peso por categoria ao longo do ano, estoque de forragens (forragem conservada), número de animais terminados, entre outros. Porém, se este planejamento não for realizado e se seus animais ainda estiverem em pastagens, deve-se tomar medidas emergenciais para que a seca não acarrete em deterioração da pastagem por super pastejo, o que irá afetar a perenidade do pasto, consequentemente, o desempenho animal ao longo do ano.

Neste sentido, faz-se necessário o ajuste nutricional entre a curva de oferta das pastagens e a demanda dos animais, e a melhor medida para sanar esse déficit do sistema de produção é o uso de suplementação, pois estimula o consumo de matéria seca, melhora a digestibilidade da forragem seca e o desempenho animal sem onerar os custos do produtor.

Segundo Egan& Doyle (1985) de todos os nutrientes, o nitrogênio é o mais limitante, e consequentemente, o de maior prioridade para suplementação. Sua presença na dieta do animal em pastejo é vital para manter o crescimento normal das bactérias ruminais. Dessa forma, pode-se dizer que para a estação de seca (teor de PB das pastagens <7%), o primeiro objetivo da suplementação seria atender à demanda das bactérias ruminais por nitrogênio. Essas bactérias, fortalecidas serão capazes de extrair energia da pastagem ingerida pelo animal, através do processo de fermentação.

Essa situação é alcançada usando-se de fontes proteicas de alta degradabilidade no rúmen (alto valor de proteína degradada no rúmen, PDR), tais como a mistura ureia + sulfato de amônio (85% e 15%, respectivamente). A resposta animal esperada seria em termos de mantença ou leve ganho de peso vivo, dependendo da disponibilidade da pastagem.

O suplemento a ser utilizado é essencialmente proteico, e popularmente conhecido como "sal proteico". Isto porque na sua composição, o sal comum pode participar de 10%-30% (base matéria fresca), e serve para manter o consumo. É uma alternativa de baixo custo para suplementação alimentar na época da seca.

O sal proteico possui na sua mistura (nitrogênio não protéico) NNP, mistura mineral e farelo proteico, que além de ser fonte extra de nutrientes (proteína e energia) também serve como palatabilizante. O objetivo fundamental do uso do sal proteico é suprir a deficiência de nitrogênio das bactérias ruminais. Isto ocorrendo, vai haver um aumento no consumo da pastagem e consequente maior ingestão de nutrientes, revertendo uma situação de perda de peso para mantença de peso.

Pode ser ofertado à vontade para os animais, pois sua ingestão é regulada pela proporção de cloreto de sódio, pois os animais têm apetite específico para o sódio e não ingerem quantidades muito acima de sua exigência. O consumo voluntário é inversamente proporcional à concentração de cloreto de sódio, podendo chegar a 200g/dia para animais adultos (0,4 a 0,5% do peso vivo). O ajuste deve ser feito variando a quantidade de sal comum.



Outra forma de suplementação é a "mistura múltipla" - suplemento balanceado para atender deficiências nutricionais do animal em pastejo, proteína, energia, mineral - a resposta do animal seria ganhos mais acentuados, porém também são dependentes da disponibilidade da pastagem.

O uso das misturas múltiplas está sempre associado com ganhos de peso, mas dependendo da quantidade fornecida, pode ocorrer uma substituição da pastagem pelo suplemento. Este é um fator indesejável, pois aumenta muito o custo do ganho do peso. A substituição ocorre, porque as bactérias ruminais atacam primeiramente fontes mais solúveis de alimentos, caso do amido que existe nos grãos, em detrimento de componentes menos digeríveis, como a fibra das pastagens.

A mistura múltipla é composta, geralmente, por milho moído, farelo de soja, ureia, sulfato de amônia, carbonato de cálcio e mistura mineral. A oferta deve ser a vontade, se o consumo exceder 30% do consumo total de matéria seca, adicionar sal comum na proporção de 7 a 10%, ou limitar a oferta diária manualmente. Pois, segundo Herd (1997), um consumo de suplemento equivalente até 0,3% do peso vivo, é totalmente adicionado ao da pastagem.

Para qualquer tipo de suplementação alguns cuidados devem ser tomados, por exemplo, preste atenção ao espaço do cocho/ animal para que todos os animais tenham acesso ao suplemento, evitando competições entre os mesmos. Os cochos, em especial do sal proteico, devem ser cobertos e furados, evitando assim, acumulo de água e possível risco de intoxicação por ingestão de água com ureia diluída.

Faça uma adaptação prévia dos animais ao iniciar o seu fornecimento, por pelo menos 10 dias fornecendo o proteinado misturado com o sal mineral (50:50), devido a presença da ureia na formulação. Deixe água sempre à vontade e abundante para os animais, pois esta é veículo para eliminação do excesso de sódio proveniente do sal.

E lembre-se, o uso de qualquer suplementação deve ser devidamente balanceado, pois níveis de suplementação acima de 30% do consumo total de matéria seca, vão resultar em substituição da forragem pelo concentrado e onerar seus custos com alimentação. Portanto, é importante ressaltar que o objetivo principal da oferta de proteína e/ou energia aos animais em pastejo é suplementar, não substituir a forragem atendendo assim a relação custo/benefício favorável.

Referências bibliográficas


HERD, D. B. mineral supplementation of beef cows in texas.Disponível site https://zeta.hpnc.com/~sharonw/Ranching. Consultado em 12 novembro 1997.

EGAN, J.K.; DOYLE, P.T. Effect of intraruminal infusion of urea on the response in voluntary feed intake by sheep.AustralianJournalofAgriculturalResearch, Victoria, v.36, n.3, p.483-495,1985.

LOPES, L. R., 1999. SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS EM PASTEJO: aspectos práticos para o seu uso na mantença ou ganho de peso. Palestra apresentada no durante 11º Encontro de Tecnologias Para a Pecuária de Corte. Palácio Popular da Cultura, Campo Grande/ MS, 06 de outubro de 1999.

INGRID MONTEIRO MEDINA

Mestre em Ciências na área de concentração de Ciência Animal e Pastagens com ênfase em Ciência de Carnes (Qualidade Final)...

ANDRESSA NATEL

Mestre em Zootecnia com ênfase em Produção Animal pela FMVZ/UNESP. Atualmente trabalha como consultora na Sima Consultoria.

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JOCIMAR SANTOS COSTA

EM 26/02/2014

Anísio de Abreu-Piaui-produção de ovinos. Agradeço-lhe pela disponibilidade de seus ensinamentos sobre nutrição de ovinos.
MANOEL MARTINS DE SOUSA

OEIRAS - PIAUÍ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/08/2011

muito útil. Agradeço pelos esclarecimentos!
SILVIO IRAN DA COSTA MELO

NOVA ALVORADA DO SUL - MATO GROSSO DO SUL - OVINOS/CAPRINOS

EM 21/07/2011

Parabéns, o artigo veio em oportuno momento. Meus agradecimentos pelos úteis esclarecimentos.







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