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Otimizando a sobrevivência neonatal

POR DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/06/2008

4 MIN DE LEITURA

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A mortalidade neonatal, tanto em sistemas extensivos quanto em intensivos, constitui um dos principais pontos que impactam negativamente a produção ovina, podendo ser um fator causador de grande perda econômica.

Taxas de mortalidade entre 15 e 25% são comuns em todo o mundo, e a maioria dessas mortes ocorre durante o período neonatal, dentro de 1 a 3 dias de nascimento, sendo este período uma fase fisiologica e metabolicamente instável para o cordeiro, e crucial para sua sobrevivência.

Os principais fatores que predispõem cordeiros neonatos à morte são a hipotermia em regiões subtropicais ou de alta altitude; exposição a condições climáticas desfavoráveis com chuva, ventos, frio, calor e/ou umidade excessivos; insuficiência úteroplacentária; partos distócicos; imaturidade fisiológica ao nascimento, sobretudo, em gestações múltiplas; inanição do neonato devido a debilidade ou competição com irmãos de ninhada; e falha na interação materno-filial, especialmente em ovelhas primíparas.

Figura 1. A sobrevivência neonatal é o resultado final da otimização de diversos processos existentes antes, durante e após a gestação.


Com isso, a viabilidade neonatal depende do comportamento materno-filial, bom peso ao nascer, adequada ingestão de colostro, ótima condição corporal e imunológica da ovelha ao parto, boa higiene na maternidade, supervisão periódica do parto e nutrição de cordeiros abandonados ou órfãos.

Um dos fatores fundamentais para a sobrevivência neonatal é a formação de uma íntima e exclusiva ligação entre a ovelha e seus cordeiros, uma vez que cordeiros neonatos expostos aos sinais maternos (lambedura, limpeza, vocalização e estímulo à amamentação) e que respondem prontamente a esses sinais desenvolvem uma preferência pela mãe e vice-versa, o que também está associado com a ingestão e presença de colostro no trato gastrintestinal durante as primeiras horas após o nascimento.

Figura 2. O comportamento e a ligação materno-filial possuem papéis decisivos na sobrevivência neonatal.


Outro importante contribuinte para a mortalidade neonatal é o peso ao nascimento (PN), que é diretamente influenciado pelo grupo genético, sexo, tamanho da ninhada, temperatura ambiental e nutrição materna, onde o aumento no PN está associado com uma redução na mortalidade de cordeiros nascidos de gestações gemelares em decorrência de inanição e exposição ambiental, e a um aumento na morte neonatal em gestações simples devido a distocia.

Em geral, o cordeiro bem desenvolvido nasce mais rápido, é vigoroso e ativo ao nascimento, mama rapidamente, forma uma forte relação com a mãe, experimenta menos desafios em relação ao seu bem-estar e está mais apto a superar esses desafios. Dessa forma, cordeiros puros ou cruzas de raças de corte que apresentam um peso entre 3,5 a 5,5 kg ao nascimento, possuem menor taxa de mortalidade que, por sua vez, mantém uma relação curvilínea com o peso ao nascer, de acordo com o Gráfico 1.

Gráfico 1. Relação entre taxa de mortalidade neonatal e peso ao nascer.


Baseado no exposto, existem algumas estratégias que podem ser efetuadas para maximizar a taxa de sobrevivência neonatal em rebanhos ovinos comerciais:

1. Controlar o ganho de peso das borregas de reposição durante a fase pré-púbere, imprimindo taxas moderadas de crescimento, a fim de maximizar o crescimento e desenvolvimento da glândula mamária;
2. Iniciar a vida reprodutiva das borregas apenas quando as mesmas atingirem o mínimo de 70% do peso médio do rebanho adulto, garantindo a maturidade ginecológica necessária para sustentar uma gestação;
3. Utilizar reprodutores de grupos genéticos apropriados, de porte condizente com a categoria das fêmeas a serem cobertas e com temperamento calmo, que imprimam maior vigor e tranqüilidade aos cordeiros e facilidade de parto para as fêmeas;
4. Garantir bom nível nutricional às fêmeas nos primeiros 3 meses de gestação, objetivando maximizar o crescimento e desenvolvimento vascular-placentário que, por sua vez, dará suporte ao crescimento fetal;
5. Realizar o diagnóstico precoce de gestação, a fim de identificar fêmeas com gestações únicas e gemelares e formar grupos de gestantes para fornecer manejo nutricional diferenciado;
6. Implementar sistemas de suplementação estratégica para as fêmeas nos últimos 2 meses de gestação, garantindo o pleno crescimento e desenvolvimento do feto e da glândula mamária, uma produção de colostro e leite satisfatória, assim como, um adequado comportamento materno-filial;
7. Monitorar o escore de condição corporal das fêmeas gestantes, evitando-se perdas ou ganhos elevados de escore que possam levar a quadros de cetose;
8. Vacinar (Clostridioses e Raiva) e vermifugar as fêmeas gestantes cerca de 4 a 3 semanas antes do dia previsto de parição, garantindo elevados níveis de imunoglobulinas no colostro e higidez orgânica das fêmeas;
9. Disponibilizar um ambiente de baixo estresse ao parto e dimensionar uma área limpa, seca, segura, tranquila e protegida que funcionará como maternidade para as fêmeas gestantes;
10. Evitar ao máximo interferir ou manipular ovelhas e cordeiros nas primeiras 6 horas após o parto, permitindo o pleno estabelecimento da ligação materno-filial e uma ingestão satisfatória de colostro;
11. Incluir o comportamento materno como critério de seleção genética, priorizando fêmeas que apresentem maior velocidade e facilidade de parto, melhor comportamento de limpeza, lambedura, vocalização, incentivo e facilitação da primeira mamada e temperamento mais tranqüilo e dócil.

DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

Médico Veterinário, MBA, D.Sc., especializado no sistema agroindustrial da carne ovina. Consultor da Prime ASC - Advanced Sheep Consulting.

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CELSO FERNANDO VEIGA

BARREIRAS - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/06/2008

Daniel foi ótima a sua abordagem sobre a sobrevivência neonatal. Acredito que este seja o ponto crítico da ovinocultura de corte. Gostaria de acrescentar que a maternidade em piquetes com taxa de lotação inferior a 10 animais por hectare, e maternidade separada para as primíparas contribuirá para menores taxas de enjeitamento e mortalidade neonatal.

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