Dentro deste princípio, a capacidade e o potencial das ovelhas do rebanho de maximizarem sua produtividade durante sua vida útil e de apresentarem um maior número de partos por ano, tornam-se primordiais, e neste ponto, a utilização e o manejo adequados de rufiões é um ponto de elevada importância para se atingir uma eficiência reprodutiva satisfatória.
Existem várias técnicas - cirúrgicas, hormonais e químicas - disponíveis para produzir rufiões, no entanto, a vasectomia, por meio da remoção cirúrgica de uma secção de aproximadamente 4 cm do ducto deferente, é o procedimento de escolha na espécie ovina.
Figura 1. A vasectomia é a técnica de escolha para a produção de rufiões ovinos.
Como o carneiro vasectomizado será mantido no rebanho por vários anos e em contato direto com as fêmeas por um período de tempo muito superior ao dos próprios reprodutores, é essencial que o tipo certo de animal seja escolhido.
Sendo assim, o carneiro candidato a rufião deverá ser forte e saudável, com boa oclusão dentária de incisivos, membros equilibrados e sem sinais de qualquer condição artrítica, feridas de peito ou cabeça, além de possuir bom desenvolvimento testicular e alta performance sexual, o que poderia ser traduzido por meio de um certificado de exame andrológico positivo, uma pontuação igual ou superior a 7 (classificação de 0 a 10) no teste de libido e um exame sorológico negativo para Brucella ovis.
Todos os rufiões devem ser identificados por tatuagem e brinco auricular, podendo já serem introduzidos em um lote de ovelhas a partir dos 14 dias após a vasectomia em uma relação que pode variar de 1:25 a 1:50, valendo ressaltar que, se for preciso comprar um carneiro para tal, é importante que se conheça o status sanitário do rebanho de origem para se prevenir a introdução de agentes infecciosos na propriedade.
Apesar de haver recomendações de se usar carneiros jovens para o procedimento, especialmente pelos mesmos terem um menor risco de terem adquirido doenças transmissíveis e por serem mais fáceis de operar, a escolha sobre animais adultos está baseada na eficiência de seu efeito sobre as fêmeas do rebanho, uma vez que carneiros com idade superior a 2 anos e que foram recriados tendo contato com ovelhas em estro, possuem um desenvolvimento testicular e um libido mais pronunciado, sendo estes fatores cruciais para o ótimo desempenho de um rufião e para que os melhores resultados possam ser alcançados.
Na questão nutricional e alimentar, os rufiões devem ser mantidos sob um escore de condição corporal em torno de 3 (escala de 1 a 5) e a dieta deve ser rica em forragem verde e fresca de boa qualidade, com uma boa mistura mineral e água de qualidade à vontade.
Figura 2. O rufião possui uma função primordial na maximização da eficiência reprodutiva do rebanho de cria.
Embora ainda seja pouco explorado, o rufião é uma ferramenta extremamente útil para o manejo reprodutivo que, baseado na bioestimulação, pode atuar sobre as fêmeas do rebanho proporcionando o avanço da puberdade e da primeira ovulação em borregas; a sincronização e compactação do período de cobertura e de parição; a redução da extensão e da profundidade do anestro pós-parto; o avanço no retorno da atividade ovariana luteal cíclica; e induzindo o efeito macho assim como detectando sinais de estro em ovelhas para inseminação artificial, transferência de embriões ou, mais comumente, para a cobertura por reprodutores selecionados em sistemas de produção conduzidos sob um programa de controle reprodutivo.