Footrot ou podridão dos cascos é uma doença que afeta os cascos dos ovinos, causado por uma associação de bactérias, e que se inicia por meio de uma inflamação na epiderme interdigital (Figuras 1, 2 e 3). É uma doença que causa grandes prejuízos à ovinocultura. Em casos avançados, e quando as patas da frente estão afetadas, os ovinos se ajoelham para comer (Figura 4), pois não conseguem se manter em pé, mas, nas fases iniciais da doença, o animal pode apenas mancar. É comum a associação da doença com bicheira no casco, o que aumenta os prejuízos (Figura 5).
Existe uma forma virulenta da doença que se espalha rapidamente, acometendo vários animais. Um único animal com a doença pode infectar e contaminar todo o rebanho. Por isso, é essencial fazer quarentena, quando se adquire novos animais, antes de introduzi-los no rebanho. Quarentena é deixar o animal recém-chegado isolado dos demais, por pelo menos 40 dias, e somente juntar este ao rebanho se estiver sadio.
Para o controle e erradicação da doença na propriedade, o Professor recomenda seguir o seguinte programa de controle, de preferência na época seca do ano:
1 - Observar a epiderme digital das 4 patas de cada animal da propriedade, casqueando (aparando) todos os cascos em que a prática for necessária, e separando aqueles nos quais se constatar a doença.
2 - Os animais sadios passam primeiro no pedilúvio (construção própria para os animais molharem suas patas com uma solução desinfetante, geralmente construído dentro de um brete de contenção, Figura 6) com solução de formol (2 a no máximo 10%). Também pode ser utilizado sulfato de zinco, em solução a 10%, adicionado de 1% de detergente líquido. Depois, seguem para um pasto que tenha ficado em descanso (sem animais), por período de pelo menos 14 dias.
3 - Os doentes(*) passam pelo pedilúvio depois dos sadios, ficando em um pasto separado dos demais, próximo do curral de manejo onde está o pedilúvio, pois terão que passar mais 3 vezes (total de 4 passagens no pedilúvio), com uma semana de intervalo. Após as 4 passagens (4 semanas ou 1 mês), os animais são novamente minuciosamente observados quanto a possíveis lesões nas patas, e liberados para um pasto que tenha ficado em descanso (período de 14 dias).
4 - Os animais que ainda apresentarem lesões devem ser vendidos para o abate, pois podem se tornar portadores crônicos da doença, ajudando a mantê-la no rebanho, e, assim, anular todo o trabalho efetuado anteriormente para erradicar a doença do rebanho.
Os produtores não devem vender animais com a doença para outros criadores, pois essa bactéria pode infectar novos rebanhos e a doença se espalhar na região. O produtor que estiver adquirindo novos animais para seu rebanho deverá escolhê-los juntamente com um técnico que entenda de doenças de ovinos, a fim de não levar problemas sanitários para seu rebanho, e, além desse cuidado na compra de animais, deverá obrigatoriamente fazer a quarentena.
(*)Animais de alto valor zootécnico afetados pela doença podem ser tratados com antibióticos (Ex: uma dose de enrofloxacino 10%; ou duas doses com 48 horas de intervalo de florfenicol; ou penicilina G procaína e Dihidro-estreptomicina na dose de 50.000 a 70.000UI/kg e 50 a 70mg/kg, respectivamente).
Existe no mercado uma vacina, Foot-Vac®, que colabora no controle e erradicação da doença, aumentando a imunidade do rebanho. A recomendação é vacinar o rebanho e revacinar um mês depois, repetindo o esquema (vacinação e revacinação) 4 meses depois, e realizar esse esquema por um período de pelo menos dois anos.
Maiores informações sobre a doença podem ser obtidas na apostila do "Curso Controle do Footrot (podridão dos cascos)", que se encontra disponível no site do Instituto de Zootecnia, em https://www.iz.sp.gov.br/artigo.php?id=123.
Figura 1 - O local a ser observado é a pele do espaço interdigital (apresentada em destaque); nesta foto o animal NÃO apresenta lesão de footrot: a pele está íntegra, com pelos. Nas lesões iniciais, observa-se uma lesão como uma frieira; o local fica "melado" (úmido), avermelhado e sem pelos.
Figura 2 - Lesão inicial (grau 2) do footrot:; notar a ferida na epiderme interdigital, e o casco inflamado, que começa a se descolar.
Figura 3 - Lesão em fase avançada do footrot.
Figura 4 - Animal pastando ajoelhado.
Figura 5 - Ovino com bicheira na pata (estado avançado), devido à atração da mosca por odores exalados no footrot.
Figura 6 - Animal com as patas imersas em pedilúvio, construído no brete de contenção.
Em breve o FarmPoint estará publicando uma série de artigos sobre "Controle e erradicação do footrot" de autoria do Professor Luiz Alberto Oliveira Ribeiro e de um dos seus alunos de mestrado Paulo Ricardo Centeno Rodrigues.