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Prevenção e controle de "foot rot" - Parte I

POR CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/10/2009

4 MIN DE LEITURA

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A doença

Pododermatite infecciosa, também conhecida como "foot rot", podridão dos cascos ou pietan, é uma doença causada por bactérias que afetam os cascos dos ruminantes. Os sintomas iniciam-se com claudicação (manqueira), e/ou inflamação da epiderme interdigital. Um exame detalhado revela os primeiros sinais da doença: edema e umidade da pele da fenda interdigital. Na evolução da doença, ocorre um processo inflamatório mais nítido, e inicia-se uma separação da junção pele e casco. Há também destruição da matriz epidérmica sob a parte dura do casco, que estabelece as condições para o aparecimento da necrose tecidual profunda, que descola totalmente o casco.

A doença pode afetar mais de uma pata e, nos casos mais avançados, os animais, quando caminham, utilizam três patas ou pastam de joelhos. Essa dificuldade de locomoção para se alimentar traz uma série de consequências para o animal, e a primeira delas é o emagrecimento, que pode torná-lo suscetível a outras doenças, como a verminose, e levá-lo ao óbito.

A reprodução do rebanho também é muito afetada (principalmente quando o reprodutor é acometido nas patas traseiras), já que há comprometimento da monta para fertilizar a fêmea, e/ou dificuldade para acompanhá-las no pasto. A fêmea, por sua vez, tem dificuldade de suportar o peso do macho, e pode ter problemas reprodutivos devido à pior condição corporal, que pode se encontrar quando é portadora da doença. Cordeiros podem ter dificuldade de mamar em mães portadoras da doença, pois há dificuldade de elas permanecerem de pé, o que dificulta o aleitamento, e torna os cordeiros mais fracos, facilitando a incidência de outras doenças, como a verminose, levando-os também a óbito.

A desvalorização de animais de alto valor zootécnico é evidente, já que não podem ser conduzidos a exposições ou outros recintos, como leilões, assim como há desvalorização nos rebanhos portadores da doença, pois existe dificuldade na comercialização de animais para reprodução.

Além disso, há descarte, muitas vezes precoce, de reprodutores de alto valor zootécnico. Quando a doença se instala no rebanho, são altos os custos com tratamento e prevenção da doença, que envolvem gastos com medicamentos, produtos para o pedilúvio, vacina e mão-de-obra. O "foot rot" é considerado uma das doenças mais dispendiosas dos ovinos.

Na patogenia da doença estão envolvidas duas bactérias: Dichelobacter nodosus, gram-negativa, anaeróbica (não sobrevive na presença de oxigênio), e vive exclusivamente no tecido do casco dos ruminantes; e Fusobacterium necrophorum, habitante normal do trato digestivo de ruminantes. Esta última é a principal causadora da dermatite interdigital ou frieira, que cria um meio de anaerobiose nas lesões, favorecendo o estabelecimento de D. nodosus. Uma vez instalada, D. nodosus aprofunda a lesão provocada por F. necrophorum, o que causa destruição do tecido do casco (parte negra afetada no casco).

D. nodosus só é encontrada na natureza nos cascos de ruminantes com "foot rot". Possui crescimento e reprodução lentos, e pode permanecer por longos períodos na lesão, mesmo com escassez de nutrientes, o que torna o processo crônico. Ela também produz uma substância que estimula o crescimento e, consequentemente, o poder destrutivo de F. necrophorum. Essas bactérias podem conservar seus poderes infectantes no tecido necrótico do casco durante três meses, e permanecer viáveis nele por até três anos (ÁVILA; COUTINHO, 2006).

D. nodosus apresenta grande variedade de sorotipos, classificados conforme seu antígeno pili (filamentos apresentados pela bactéria à microscopia eletrônica que determinam sua virulência e servem para caracterizar os diversos sorotipos). Existem amostras patogênicas que levam a casos virulentos de "foot rot", e amostras não virulentas que causam lesões benignas (menos contagiosas) da doença. As amostras virulentas são grandes produtoras de protease (medida em agar gel), e possuem pili.

Lama e esterco facilitam o aparecimento da doença, pelo amolecimento do casco devido à umidade e à proliferação das bactérias pelo meio se tornar anaeróbico no casco.

Geralmente, a doença entra na propriedade por meio da aquisição de um animal contaminado, com lesões crônicas ou até mesmo inaparentes. Os animais também podem adquirir a bactéria em caminhões de transporte não desinfetados, ou em uma estrada de terra, ou corredores, recentemente utilizados por animais contaminados, quando conduzidos a pé.

As bactérias ficam no solo, nas pastagens, ou na cama, onde estiver o animal contaminado, e, embora se estime que D. nodosus não sobreviva no ambiente por mais de 5 dias, quando algum animal do rebanho está infectado, contamina o local onde se encontra. Daí, em pouco tempo, todo o rebanho pode também se infectar, e apresentar sintomas de claudicação e inflamação do tecido interdigital.

Como no verão, por causa do aumento das chuvas, e consequente lama nos pastos, a doença é mais frequente, existe grande preocupação com a mosca da bicheira, que é atraída pelo mau cheiro característico da doença em seu início, principalmente no espaço interdigital, onde põe seus ovos, agravando sobremaneira o quadro geral do "foot rot" no rebanho.

Figura 1 - Animais que apresentam sinais da doença



Os artigos Parte II e Parte III abordarão prevenção e controle de "foot rot", respectivamente.

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CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO

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WERCAUTERES GARCÊS

SOBRAL - CEARÁ - ESTUDANTE

EM 19/10/2015

Wercauteres Garcês - Sobral- Ce - Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária.

Olá, artigo muito bom. Estamos escrevendo um trabalho sobre o tema, gostaria de receber o material com suas referências para que eu possa colocar no meu trabalho. Meu muito obrigado desde já.
GILBERTO LUIS

SANTA ROSA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE

EM 15/06/2013

oii..muito bom o artigo ,,mas gostaria de saber qual a medicação indicada para a doença de Foot Rot(podridão de casco de ovinos) .
CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO

NOVA ODESSA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 01/05/2010

Obrigada Prof. Luiz Alberto.
Aguardamos ansiosamente o dia 13 de agosto, quando teremos o prazer de recebê-lo em Nova Odessa, onde ocorrerá o "Curso sobre Controle do Foot rot (Podridão dos cascos)" ministrado pelo Sr., onde eu e os produtores poderão tirar dúvidas sobre essa terrível doença que afeta os ovinos.
Cecília José Veríssimo
LUIZ ALBERTO OLIVEIRA RIBEIRO

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 26/10/2009

Parabens pelo artigo. Tenho pesquisado o footrot por mais de 30 anos. Meu trabalho de Mestrado na Universidade de Sydney levou ao desenvolvimento da vacina (FOOTVAC) atualmente no mercado. Para que a vacina funcione em uma propriedade é necessário que o sorogrupo(s) do D. nodosus prevalente(s) na propriedade esteja presente na formulação da vacina. A FOOTVAC contém a maioria dos sorogrupos de D. nodus encontrados em rebanhos brasileiros. Continuamos com pesquisas em footrot em nosso Centro de Estudos monitorando o aparecimento de novos sorotipos.
NATALINO RASQUINHO - ZOOTECNISTA UNEAL

NOVA ODESSA - SÃO PAULO

EM 18/10/2009

Drª Cecília,

parabéns pelo artigo pois os produtores estão sempre a procura de tecnologias que facilite o manejo dos rebanhos com resultados satisfatórios. O foot rot é sem dúvida um fator antieconômico que acomete os rebanhos principalmente em regiões muito úmidas, ou seja, 80% do nosso território já que a incidência na região nordeste é menor devido à localização do maior efetivo de animais (agreste e semi-árido). Vale lembrar que a prevenção é um manejo importantíssimo no controle de qualquer enfermidade, sendo assim, a quarentena de animais adquirido em outras propriedades pode colaborar para evitar a disseminação da bactéria no rebanho. De qualquer forma Drª, esperamos ansiosos pelos próximos capítulos do artigo que certamente será de grande valia para todos.
CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO

NOVA ODESSA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/10/2009

Caros amigos (várias cartas). A prevenção e o tratamento serão abordados nos textos II e III sobre esta doença que causa enormes prejuízos nas criações, inclusive falarei bastante sobre o uso da única vacina que existe no mercado nacional, Foot vac (Lab. Hirfa/Hipra). O importante é o produtor estar sempre alerta e jamais adquirir animais com sintomas de manqueira (o principal sinal que o animal está com a doença), pois a doença é fácil de entrar e difícil de eliminar da propriedade!
Abraço a todos.
Cecília José Veríssimo
GARIBALDE GUILHERME DE AZEVEDO FILHO

GARANHUNS - PERNAMBUCO

EM 12/10/2009

QUAL A MANEIRA MAIS EFICIENTE OU OS CUIDADOS ESPECIFICOS PARA PREVINIR O PODODERMATITE INFECCIOSA?
LUIZ EDUARDO NASCIMENTO FARO

ARACAJU - SERGIPE - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 12/10/2009

a embrapa tabuleiros costeiros, sediada aqui em aracaju, desenvolveu um líquido que tinha boa eficácia, a um custo razoavelmente baixo. existem comentários diversos, para a descontinuação da produção/venda do produto, inclusive um de que o pesquisador/empresa havia vendido a fórmula para um empresário que, surpreendentemente, não o produz, guardou na gaveta.
ANTONIO ALCINDO ROCHA

CAMOCIM - CEARÁ - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 12/10/2009

Dra Cecília
parabéns pelo artigo, onde o mesmo veio se encaixar;
há pouco tempo adquiri 100 ovelhas SRD, delas, cerca de 40% tiveram problemas de casco. consegui aliviar os efeitos negativos no rebanho, mas queria saber se existe alguma profilaxia realmente eficiente,
agradeço antecipadamente
PEDRO NACIB JORGE NETO

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 10/10/2009

Prezado Antônio e Sérgio,

Pedelúvio:
- Utilização de Sulfato de Zinco ou Sulfato de Cobre.

Caixa seca:
- Utilização de Sulfato de Zinco em pó.

Terapia oral:
- Sulfato de Zinco

Terapia injetável:
- Antibiotico

Terapia tópica:
- Misturas com Sulfato de Cobre ou Sulfato de Zinco
- Soluções alcólicas de antibiotico

Vacinação:
- Pode funcionar de 0 a 100%, em geral, considero uma eficiência entre 30 e 60%, principalmente pelo fato da utilização da vacinação como forma única de prevenção.


Vale lembrar:
1. A prescrição de medicamentos e dosagens é de competência única e exclusiva do Médico Veterinário. Cuidado com "receitas de internet".
2. A escolha dos antibióticos, diluições de produtos no pedelúvio, dosagem das terapias e tempo de tratamendo devem ser orientadas por um médico veterinário de acordo com a necessidade de cada criação.
3. Nenhum tratamento funcionará sozinho. O ideal é um programa bem elaborado por um médico veterinário através da associação de tratamentos e prevenções.

Att.
Pedro Nacib Jorge Neto
Médico Veterinário
AllStock do Brasil Genética
www.allstock.com.br
GUSTAVO

CAXIAS DO SUL - RIO GRANDE DO SUL

EM 09/10/2009

Bom dia Dra Cecilia,

Poderia me informar se existe vacina para Foot-Root e se tiver é eficiente?

Obrigado.
SERGIO FABIO DO PRADO

INDAIATUBA - SÃO PAULO

EM 09/10/2009

Cara Doutora Cecília,
Qual a terapia mais eficiente contra a manqueira? Não estou conseguindo bons resultados somente com o tratamento de cascos, inclusive com pedilúvio.
Agradeço antecipadamente outras informações pertinentes,
Sérgio
PEDRO NACIB JORGE NETO

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 09/10/2009

Parabéns pela 1a parte do artigo Dra., muito esclarecedor.
ANTONIO PROFETA DE OLIVEIRA FILHO

ITABUNA - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/10/2009

Boa noite Dra.

O uso do formol esta sendo substituido por qual produto? O cal como unico meio de tratamento preventivo funciona?
Sds
CLARICE LOPES ANDRADE

CABREÚVA - SÃO PAULO

EM 08/10/2009

Boa tarde Dra Cecilia,

Gostaria de saber se existe uma vacina ,e se ela realmente funciona?Pois estou prescisando pois só o pé de luvio é difícil.
Obrigado.

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