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Quanto de carne produz um cordeiro? Parte I

POR MARIA ANGELA FERNANDES

E CARINA BARROS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/10/2009

4 MIN DE LEITURA

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No Brasil, geralmente a comercialização de ovinos é feita com base na observação visual do animal vivo, sendo o peso vivo o aspecto determinante da seleção (Oliveira et al., 2002). Entretanto, o frigorífico paga ao produtor pelo peso da carcaça e não com base no peso do animal vivo. Sendo assim, o rendimento de carcaça pode ser uma ferramenta importante para auxiliar o produtor na avaliação dos animais por expressar a relação percentual entre o peso da carcaça e o peso corporal do animal, ou seja, quanto do cordeiro será convertido em carcaça (carne, gordura e osso).

Algumas definições e fórmulas importantes que serão utilizadas:

- Carcaça: corpo inteiro do animal abatido, sangrado, esfolado, eviscerado, desprovido de cabeça, patas, glândulas mamárias, verga, exceto suas raízes e testículos. Retiram-se os rins e as gorduras perirrenal e inguinal. No rabo, permanecem não mais que seis vértebras coccígeas.
- Peso vivo: obtido na fazenda (sem jejum)
- Peso vivo ao abate (PVA): obtido após jejum de sólidos de 16 horas
- Peso de corpo vazio (PCV): PVA - conteúdo gastrintestinal
- Peso de carcaça quente (PCQ): obtido logo após o abate
- Peso de carcaça fria (PCF): obtido após 24 horas de resfriamento
- Rendimento de carcaça quente ou no abate frigorífico: (PCQ/PVA) X 100
-Rendimento de carcaça fria ou comercial: (PCF/PVA) X 100
- Rendimento na fazenda: (PCQ/PV) X 100
- Rendimento verdadeiro ou biológico: (PCQ/PCV) X 100


O rendimento de carcaça se relaciona à produção de carcaça por unidade de peso vivo, podendo variar muito no ovino (45 a 60%), em função de um conjunto de fatores como: base genética, sexo, idade, peso vivo, peso ao nascer (Sañudo & Sierra, 1986), número de horas em jejum, dieta imposta aos animais, grau de engorda (Galvão et al., 1991). O conhecimento e a combinação desses fatores irão permitir, com uma boa margem de segurança, a obtenção de carcaças com adequado peso e qualidade conforme as exigências do mercado consumidor a qual se destina essa carcaça.

O rendimento da carcaça aumenta com a elevação do peso vivo, idade do animal e com o grau de acabamento (quantidade de gordura) do animal. Sendo assim, um rendimento de carcaça muito elevado nem sempre é o desejável, pois está associado à quantidade excessiva de gordura. É importante ressaltar que esse excesso de gordura na carcaça, além de afetar a qualidade do produto final, repercute na viabilidade econômica do sistema de produção, tendo em vista a transformação de boa parte dos nutrientes em tecido indesejável (gordura), sob o ponto de vista do consumidor.

Ao comparar os rendimentos de carcaça de diferentes animais é importante que os resultados tenham sido obtidos em condições semelhantes para evitar equívocos e comparações distorcidas. O rendimento depende primeiramente do conteúdo do aparelho digestório, que pode variar de 8 a 18% do peso vivo ao abate (Sainz,1996). Portanto, há grande diferença ao utilizar-se o peso de um animal sem jejum, após o jejum sólido de 16 horas ou o peso do corpo vazio (descontado o peso do conteúdo digestivo) para calcular o rendimento de carcaça.

Vamos ver um exemplo: um cordeiro com peso vivo de 35 kg; 32 kg de peso após 16 horas de jejum sólido; 28 kg de peso de corpo vazio apresentou 15 kg de carcaça quente e 14,5 kg de carcaça fria. A partir desses dados podemos calcular:

- Rendimento na fazenda: (15/35) X 100 = 42,8%
- Rendimento de carcaça quente ou no abate frigorífico: (15/32) X 100 = 46,9%
- Rendimento de carcaça fria ou comercial: (14,5/32) X 100 = 45,3%
- Rendimento verdadeiro ou biológico: (15/28) X 100 = 53,6%




Como podemos observar no gráfico acima, o rendimento de carcaça do exemplo variou de 42,8% a 53,6%, conforme o peso de carcaça (quente ou fria) e do animal vivo (sem jejum, com jejum e de corpo vazio) utilizado como referência para o cálculo do rendimento. Ressalta-se que essa variação ocorreu no rendimento de um único animal.

Ao compararmos ovinos de grupos diferentes, não podemos esquecer que o rendimento também pode apresentar variações significativas devido a fatores intrínsecos e extrínsecos ao animal, como exposto anteriormente.

Com relação ao diferentes rendimentos utilizados:

- rendimento de fazenda: pode ser utilizado pelo produtor para determinar o peso de carcaça a partir do peso do animal na fazenda (sem jejum) e como ferramenta para auxiliar na determinação do peso de abate;
- rendimento comercial: obtido a partir do peso da carcaça após o resfriamento, é um importante indicador da quantidade de carne disponível ao consumidor;
- rendimento verdadeiro: é o mais preciso sob o ponto de vista experimental, pois elimina em seu cálculo o conteúdo digestivo, que é uma importante fonte de variação no rendimento de carcaça.

Consideração final

Para o produtor, a eficiência econômica do sistema é extremamente importante e essa pode ser melhorada com da diminuição dos custos de produção e aumento do rendimento de carcaça. Sendo assim, a busca por um bom rendimento de carcaça deve ser um dos objetivos na exploração de ovinos do tipo carne. Para isso, é preciso determinar a idade e/ou peso de abate em que o rendimento de carcaça seja economicamente o mais indicado conforme o tipo da criação (raça, sexo e sistema de alimentação) para otimização dos sistemas de produção e, da comercialização dos animais para abate.

No próximo artigo, iremos discutir como o peso e a idade de abate de ovinos pode influenciar no rendimento de carcaça e na produção de carne.


Referências bibliográficas:

OLIVEIRA, M.V.M.; PEREZ, J.R.O., ALVES, E.L.; MARTINS, A.R.V; LANA, R.P. Rendimento de carcaça, mensurações e peso de cortes comerciais de cordeiros Santa Inês e Bergamacia alimentados com dejetos de suínos em confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 3, p. 1451-1458, 2002b.

GALVÃO, J.G.; FONTES, C.A.A., PIRES, C.C. Caracterização e composição física da carcaça de bovinos não-castrados, abatidos em três estágios de maturidade de três grupos racias. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 20, p. 502-512, 1991.

SAÑUDO, C.; SIERRA, I. Calidad de la canal y de la carneen la especie ovina. Ovino y caprino. Madrid: Consejo General de Colegios Veterinarios, 1993. p.207-254.

Para dúvidas ou comentários sobre o artigo, utilize o box abaixo.

MARIA ANGELA FERNANDES

Médica Veterinária pela UFPR
Doutoranda do Programa de Ciências Veterinárias da UFPR
Integrante do LAPOC - Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da UFPR

CARINA BARROS

Médica veterinária
Mestre em Ciências Veterinárias UFPR
Doutora em Nutrição e Produção Animal FMVZ-USP
Pós-doutorado FMVZ-USP
Atuação na avaliação econômica e modelagem

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VLAMIR B. GONÇALVES

ARAPONGAS - PARANÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 17/01/2020

Tenho interesse em assuntos sobre Ovinocultura
FRANCISCO ALBERTO BANDEIRA SILVA

FORTALEZA - CEARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/12/2019

Fiquei, muito satisfeito com esse artigo, pois apesar de.não está eu criando ovinos, serei capaz de.avaliar melhor uma compra de.um ovino vivo. Fico desde já, muito agradecido ao autor e editor deste material.
JANAINA

EM 30/11/2018

Tenho um carneiro de peso vivo de 34 kls ,se eu abater ele quantos kl limpo ele vai dar ?quantos % ele perde em cima do peso vivo?
FELICIANO ORTIZ MATOS

SÃO LUIZ GONZAGA - RIO GRANDE DO SUL - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 19/06/2014

Parabéns Maria e Carina pela pesquisa! Gostaria de saber se vcs tem ou pretende fazer algum trabalho com a raça Dorper?

Att.

Feliciano
RAFAEL

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 25/11/2009

Oi, Maria Angela, Agradeço muito seu retorno e resposta!
já li o 2 e postei comentários!!!
SILVIO LOPES DE CARVALHO

SALVADOR - BAHIA - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 25/11/2009

Prezada Maria Angela,

gostaria em primeira mão de parabenizar a sua excelente matéria, e aproveitar para esclarecer alguns detalhes sobre confinamento.

pretendo iniciar o confinamento de borregos, sendo os mesmos adquiridos na região com o peso vivo entre 12 e 15 kg. Penso utilizar como alimentação básica a cevada, minha duvida é se vai influenciar no sabor da carne e se o ganho de peso vai ser equivalente ao do milho/soja ou se preciso consorciar com os mesmos e quais as proporções vc recomenda para atingir os 35 kg. vivo e o tempo médio.

Muito agradecido!

Sds.

Silvio
MARIA ANGELA FERNANDES

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 29/10/2009

Prezado Severino Pinto,

Os fatores que afetam o rendimento de carcaça serão discutidos em tópicos. Como a escolha da raça pode interferir no rendimento de carcaça será discutido na IV Parte. Neste artigo (IV), iremos apresentar rendimentos de diferentes raças e de alguns cruzamentos.

A verminose, em geral, leva a redução no rendimento de carcaça em ovinos como conseqüência do seu efeito direto sobre o animal: redução no ganho de peso; atraso no desenvolvimento; diminuição no consumo de alimentos; prejuízos na digestão e absorção de nutrientes. Esses efeitos dos parasitas gastrintestinais sobre o animal, normalmente ocorrem de forma associada em infecções mistas. Isto é, são prejuízos ocasionados pela ação de mais de um tipo de parasita ao mesmo tempo! Entre os parasitas de ovinos, sem nenhuma dúvida, a espécie Haemonchus contortus encontrar-se em primeiro lugar na ordem de prevalência e de patogenicidade, em todo o Brasil.

Agradeço seus comentários!
Atenciosamente,
Maria Angela Machado Fernandes
SEVERINO PINTO

PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/10/2009

O texto é de ótima qualidade, Parabéns!!!!! Sou Criador faz 4 meses e estou precisando de complementação teórica como essa. Gostei dos métodos para se ter rendimento de carcaça.
Gostaria de saber quais as melhores raças para se obter um bom rendimento de carcaça sem ter um acumulo de gordura elevado?
Quais as parasitoses que mais afetam na diminuição do rendimento de carcaça em ovinos?
Parabéns pelo artigo, espero que tenha mais outros que possa me auxiliar na minha produção pois isso me auxilia muito!!!!!
Abraços.
MARIA ANGELA FERNANDES

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 29/10/2009

Prezado Rafael,

Agradeço seu comentário!

No próximo artigo iremos discutir como o aumento do peso e da idade de abate interferem nos rendimentos de carcaça de ovinos. Na Parte II, serão apresentados dados de rendimentos de animais de diferentes categorias (cordeiros, borregos e animais adultos). Já Parte III, iremos abordar o efeito do sexo (macho, fêmea) e da castração.

Em relação ao rendimento de carcaça de cabritos, há influência dos mesmos fatores que na de ovinos: raça, idade, peso e idade ao abate, sexo e sistema de criação. As raças voltadas para a produção de carne apresentam melhor conformação da carcaça, adequada quantidade e distribuição da gordura de cobertura, e bom rendimento de carcaça. No entanto, há uma diferença importante na deposição de gordura na carcaça de caprinos em relação a de ovinos e que interfere no rendimento. Nos caprinos, em geral, há pouca quantidade de gordura subcutânea e maior deposição na cavidade abdominal e torácica. Em média, de 50 a 60% da gordura total dos caprinos, está localizada entre o abdômen e as vísceras, e consequentemente grande parte irá desaparecer quando a carcaça for eviscerada. No entanto, muitos estudos mostram que com a utilização de raças especializadas para a produção de carne, com adequado manejo nutricional e sanitário, é possível obter rendimentos de carcaça de cabritos semelhantes a de cordeiros.

Atenciosamente
RAFAEL

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 28/10/2009

Parabéns pelo texto!!! Muito fácil entendimento!!! Comecei criar a pouco tempo... mas obtive melhoras no meu "bolso" cuidando mais dessa questão de rendimento de carcaça, mesmo vendendo animal com base no peso vivo, pois o comprador prefere os animais com melhores rendimentos.
No seu próximo artigo terá dados sobre a diferença de rendimento entre animais mais velhos (ovelhas) e cordeiros???
E outra, se a gente pensar no cabrito, porque dizem que o rendimento é menor que o ovinos?
Parabenizo-as novamente e aguardo a continuação do artigo, pois esse tema muito me interessa!!!
Saudações

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