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Aspectos comportamentais e fisiológicos de ovinos Santa Inês em ambiente tropical

POR LÁZARO SAMIR ABRANTES RASLAN

E SÔNIA MARTINS TEODORO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/05/2007

4 MIN DE LEITURA

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O clima destaca-se como fator determinante na produção animal devido à geração de um ambiente térmico no espaço ocupado pelo animal e nos arredores. A caracterização do ambiente térmico animal envolve, principalmente, os efeitos de temperatura do ar, umidade relativa, radiação, precipitação pluviométrica e velocidade do vento (Muller, 1989).


Foto 1: Ovinos tipo Santa Inês em pastagem de Tifton-85 (Cynodon spp)

Existe uma crescente preocupação com o conforto térmico e o comportamento animal. O Brasil é um país predominantemente de clima tropical, com altas temperaturas médias durante o ano, o que pode provocar estresse térmico aos animais e interferir no seu comportamento.

A região tropical, localizada entre as latitudes 23,45ºN e 23,45ºS, é considerada a região mais quente, com temperatura média, ao nível do mar, no mês mais frio do ano, acima de 18ºC. O Brasil apresenta temperatura média anual maior que 20ºC, podendo, ainda, a temperatura máxima ultrapassar o valor de 30oC (Titto,1998).

O estudo comportamental, que vem sendo pesquisado por vários técnicos, inclusive no exterior, possibilita produzir de acordo às exigências dos animais, tendo um tempo de produção menor, com menores custos e melhor qualidade.

Na prática da etologia, o bem-estar é avaliado por meio de indicadores fisiológicos e comportamentais. As medidas fisiológicas (temperatura retal, temperatura timpânica, temperatura escrotal, freqüências cardíaca e respiratória) associadas ao estresse têm sido usadas baseando-se na premissa de que, se o estresse aumenta, o bem-estar diminui.


Foto 2: Mensurando freqüência respiratória


Foto 3: Mensurando Temperatura da pele, temperatura da pelame ou do velo


Foto 4: Mensurando temperatura Timpânica

Já os indicadores comportamentais (ingestão, ruminação, ingestão de água, ócio e procura de sombra) são baseados especialmente na ocorrência de comportamentos anormais, e de comportamentos que se afastam do comportamento no ambiente natural.

No Brasil, a ovinocultura é uma atividade de importância econômica e social, porém pouco se sabe sobre o comportamento destes animais submetidos ao clima quente e úmido. Por isso trabalhos nesta área devem ser realizados e incentivados.

Os ovinos são caracterizados como animais domésticos de regiões frias à temperadas. O homem vem há muitos anos mudando este hábito passando também a explorá-los nas regiões de clima tropical a subtropical através de ajuste em alguns pontos como: seleção de animais, adaptação de raças e técnicas de manejo.

O ambiente térmico para os ovinos �� um fator muito importante a ser considerado na determinação de um manejo ideal e carece de estudos detalhados, já que se trata de atividade de elevada importância econômica para o Brasil. Desta forma, a caracterização do clima e o estudo das reações do ovino da raça Santa Inês ao estresse térmico devem ser identificados para que se possa indicar a melhor prática de manejo, modelo adequado de instalações e plano nutricional, afim de que, os animais expressem favoravelmente suas aptidões zootécnicas (Oliveira, 2005).

Sabe-se que em temperaturas ambientais elevadas os ovinos da raça Santa Inês e seus cruzamentos manifestam insatisfação fisiológica (eleva temperatura corporal, freqüência respiratória e cardíaca) e modificam seu desempenho (menor ganho de peso corporal, conversão alimentar e rendimento de carcaça), na tentativa de manter a temperatura corporal constante.

Sob condições de estresse por calor, esses animais realizam a homeotermia (uma característica dos animais que lhes permitem manter sua temperatura corporal relativamente constante) dissipando calor na forma sensível, resfriamento evaporativo e reduzindo o seu metabolismo, conseqüentemente, aumentam o ritmo da freqüência respiratória e reduzem o consumo de alimentos. Isso leva a uma terminação do animal mais tardia e inviabilizando a produção de carne/ha/ano.

Todos os animais homeotérmicos têm como defesa contra altas temperaturas ambientais o aumento da freqüência respiratória, para aumentar a evaporação e, conseqüentemente, a perda de calor. A temperatura retal é, geralmente, um bom índice da temperatura corporal.


Foto 5: Mensurando temperatura retal

Segundo McDowell (1975), a maior parte das avaliações da adaptação de um animal a ambientes quentes pode ser dividida em duas classes: 1. adaptação fisiológica, que descreve a tolerância de um animal ao ambiente quente, principalmente por meio das alterações do seu equilíbrio térmico; 2. adaptabilidade de desempenho, que descreve as modificações desse desempenho quando o animal é submetido a altas temperaturas.

A avaliação do desempenho (peso corporal, ganho de peso, conversão alimentar e rendimento de carcaça) e das reações comportamentais de ovinos mantidos em clima quente, resulta na identificação das performances que demonstrem mínima alteração no equilíbrio térmico corporal e, portanto, sem sofrer alterações de desempenho e adaptação (Silva, 2000).

A interação animal x ambiente deve ser considerada quando se busca maior eficiência na exploração pecuária; as diferentes respostas do animal às peculiaridades de cada região são determinantes no sucesso da atividade produtiva. A sensibilidade dos animais ao estresse por calor está bem estabelecida e o desempenho produtivo é afetado adversamente, em maior ou menor magnitude, na dependência da duração e intensidade do estresse.

Portanto, tornam-se importantíssimo o estudo comportamental e fisiológico de ovinos em regiões com altas temperaturas, visando, desta forma, um ambiente mais adequado e uma produção de maior qualidade.

Bibliografia Consultada

McDOWELL, R.E. Bases biológicas de la producción animal em zonas tropicales. In: Factores que influem em la producción ganadera de los climas cálidos. Zaragosa: Acribia, 1975.

MÜLLER, P.B. Bioclimatologia aplicada aos animais domésticos. 3ª ed. Porto Alegre - RS: Editora Sulina, 1989.

OLIVEIRA, F.M.M.; DANTAS, R.T.; FURTADO, D.A.; NASCIMENTO, J.W.B. & MEDEIROS, A.N. Parâmetros de conforto térmico e fisiológico de ovinos Santa Inês, sob diferentes sistemas de acondicionamento. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.9, n.4, p.631-635, 2005.

SILVA, R.G. Introdução à Bioclimatologia animal. São Paulo - SP: Editora Livraria Nobel, 2000.

TITTO, E.A.L. Clima: influência na produção de leite. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AMBIÊNCIA NA PRODUÇÃO DE LEITE, Piracicaba 1998. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1998. p.10-23.

LÁZARO SAMIR ABRANTES RASLAN

Zootecnista e mestre em produção de ruminantes. Extensionista do projeto Balde Cheio, Agente de Desenvolvimento e Extensão rural do Incaper-ES e Articulador da região norte do Programa Capixaba de Bovinocultura Sustentável.

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LÁZARO SAMIR ABRANTES RASLAN

ECOPORANGA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/01/2014

Agradeço a todos pelas postagens de comentários e complementação sobre o artigo. Bem respondendo às duas ultimas postagens:



Sr. Luiz, na minha opinião aqui no farmpoint tem muito artigo sobre a criação de ovinos que os colegas publicam. Além disso, aqui tem as atualidades da atividade. Um material bom, em se tratando de livro e vídeo, quem tem é o cpt rural de Viçosa. Uma revista renomada é O berro.



Sr. Deizinho, explicar tudo o sobre o Santa Inês por aqui fica difícil. O ideal é o Sr. procurar na região de Seabra um profissional da EBDA ou particular que possa  te auxiliar e explicar sobre a raça e o manejo. Como coloquei para o Sr. Luiz, pode estar vendo a possibilidade de adquirir material sobre ovinos no CPT rural de Viçosa, bem como aqui no Farpoint e em outras fontes.



Desde já agradeço pelo contato e sempre estarei á disposição dos senhores.



Atenciosamente,



Lázaro
DEIZINHO

SEABRA - BAHIA - ESTUDANTE

EM 11/01/2014

ola moro na chapada diamantina em seabra-ba gostaria de saber tudo sobre a raca santo ines pois pretendo cria-la
LUIZ GONZAGA FORTES

MARANHÃO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 04/11/2012

                        GOSTARIA QUE ME SUGERISSEM UM LIVRO, UMA REVISTA, UM MATERIAL ONLINE QUE ME ENSINASSE PASSO A PASSO A CRIAÇÃO DE OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS: INSTALAÇÕES, PASTAGENS, MANUSEIO,ETC



LUIZ GONZAGA FORTES

EMAIL: fortes.filho@bol.com.br

SÃO LUÍS GONZAGA DO MARANHÃO

FONE (99) 81057232
TIAGO VILAR DECAMPOS SILVA

CAMPINA GRANDE - PARAIBA

EM 16/06/2010

Os resultados publicados acima, comprovam o que nós técnicos já vislumbravamos a muito tempo. A Adaptabilidade fisiológica e Adaptabilidade de desempenho da raça santa inês, é praticamente cosmopolita, possuindo a menor variação dentre as raças ovinas.

Tiago Vilar.
SILVIA MITIKO NISHIDA

BOTUCATU - SÃO PAULO

EM 01/08/2008

Olá Lazaro

Parabéns pela iniciativa de disponibilizar conteúdos cujas informações são muito uteis e claras. Nesse caso, estava a procura de material sobre estresse em animais de fazenda para uma disciplina de Bases da Fisiologia Animal que ministro. Achei-o ótimo e será sugerida aos alunos.

Gostaria de ver matéria sobre comportamento reprodutivo (sexual e cuidado da prole).

Abraços
NEILA LIDIANY RIBEIRO

IMPERATRIZ - MARANHÃO - PESQUISA/ENSINO

EM 13/05/2008

OI Lázaro, muito bom o seu artigo.
Fiz minha dissertação falando de conforto térmico de ovinos nativos (barriga negra, cara curta, morada nova e cariri) no cariri Paraibano, todos eram fêmeas e no terço final da gestação.

Tivermos uma resposta ótima observamos que os indices fisiológicos desses animais mantiveram acima da méida tabelada pelas literaturas e o melhor é que estas fêmeas não perderam peso, se alimentaram bem e tiveram crias com peso acima de 3 Kg. Então podemos ver como o ambiente é importante em uma criação, pois por melhor genética que tenha o animal se nao der um ambiente favorável não teremos respostas positivas, mas se caso contrário pegarmos aquele nosso animal nativo e dermos condições de produzir ele riá responder a nossa ação.

Um grande abraço
CARLOS ANTONIO NOVAIS MENEZES

VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA - PESQUISA/ENSINO

EM 22/08/2007

Prezados Colegas

Gostaria de parabeniza-los por este e outros artigos muito bem esclarecedores sobre Bioclimatologia Zootécnica, publicados neste site, por entender que vem preencher uma grande lacuna existente neste campo de conhecimento, que é de fundamental importância para a produção animal desenvolvida nos trópicos.


Um grande abraço.

Carlos Antonio Menezes

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