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Influência do estresse na qualidade da carne - parte 4

POR LÁZARO SAMIR ABRANTES RASLAN

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/08/2008

4 MIN DE LEITURA

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Estresse dentro da propriedade - Transporte

Dando seqüência à série de artigos sobre influência do estresse na qualidade da carne, este mês será abordado um assunto que muitas vezes passa por despercebido e até esquecido dentro do planejamento da propriedade, que é o transporte dos animais.

Enganam-se os que acham que transporte não causa nenhum tipo de estresse. Dependendo do meio de transporte, das suas condições, da distância, do tempo de viagem e da temperatura ambiente as conseqüências podem ser irreversíveis, tendo muitas vezes até morte de animais ao decorrer da viagem.

O transporte em si começa desde a condução dos animais do curral para dentro do caminhão. Quanto mais estressante for esse trajeto, mais estressante será a viagem e mais prejudicial será ao animal. Em muitas propriedades é comum encontrar o uso de ferrões, cães, ferros, choques, paus e até correntes para conduzir os animais dentro do tronco e embarcadouro. Isso sem contar os gritos que são usados para intimidarem o rebanho.

Um dos maiores estudiosos do Brasil sobre comportamento animal, o Professor Mateus Paranhos da Costa, gosta de demonstrar como é simples conduzir os animais, bastando apenas observar o seu comportamento, seus líderes e utilizar de alguns artifícios simples como um saco plástico na ponta de uma vara, sem gritos, ferrões e choques.

A pesquisadora Americana Temple Grandin vai mais longe, e tem uma série de artigos sobre instalações, manejo e transporte de animais. Em suas pesquisas são usados troncos totalmente fechados e com curvas. A sua teoria é interessante e suas sugestões vêm sendo usadas, o que está facilitando a vida de vários proprietários e técnicos. E o mais importante, pelos resultados das suas pesquisas fica claro a redução do nível de cortisol no sangue e consequentemente o grau de estresse. Muitos podem alegar o custo para implantar um sistema sugerido pela pesquisadora, mas o que deve ser realmente avaliado, neste caso, são seus efeitos benéficos à produção animal e ao manejo com o rebanho, pois com o sistema totalmente fechado há um maior dinamismo na condução e embarque, redução de acidentes e do estresse.

Em sua página na internet (www.grandin.com) é possível analisar suas pesquisas e ver seus resultados com o uso das modificações nas instalações zootécnicas que diminuem o estresse e facilitam o manejo com os animais. Alguns exemplos são estes troncos:


Figura 1: Troncos fechados usados para conduzir animais. (Temple Grandin).

1 A: Tronco fechado para bovinos;
1 B: Tronco fechado para suínos;
1 C e 1 D: Tronco fechado para ovinos e
1 E: Vista panorâmica superior de um troco fechado.

É conveniente ao embarcar os animais:

- Separar em grupos contemporâneos e/ou com mesmo tamanho e peso;
- Não superlotar o caminhão;
- Evitar o uso de cães, ferrões, choques, paus e correntes;
- Evitar gritos altos e movimentos rápidos.

Bem, as fotos a seguir já falam por si. Ainda me pergunto, quando as observo, como está o nível de estresse destes animais?


Figura 2:
A) Transporte de galinhas na motocicleta;
B) Transporte de Cação lixa em motocicleta e
C) Transporte de suínos numa lambreta.

Outro ponto a ser observado é o motorista que irá transportar os animais. É preciso que o mesmo tenha consciência da importância do bem-estar animal, tendo, portanto, prudência e zelo. O motorista ao decorrer da viagem deve parar para avaliar o estado dos animais e seu comportamento, observando principalmente se os mesmos estão ofegantes e/ou deitados e com sede.

A qualidade da carne não está somente na produção de músculos em si, ou da boa cobertura de gordura da carcaça, tem muito mais pontos a serem observados que no final fazem a diferença e classificam os produtores com relação à qualidade. Pequenas mudanças na estrutura e nas atitudes dos funcionários é que fazem a diferença e melhoram a exploração animal e a comercialização dos seus produtos.

Já foram abordadas anteriormente, nos outros artigos, as mudanças que o estresse pode causar na fisiologia e como evitá-lo. Para o estresse com o transporte, o que se pode sugerir é maior atenção do produtor na hora de contratar sua mão-de-obra tanto para o manejo direto do rebanho, quanto para os que fazem o seu transporte. O conhecimento sobre bem-estar deve fazer parte do dia a dia da propriedade e todos os funcionários devem seguir as recomendações e sugestões dos técnicos. No começo, podem achar estranho e até mesmo graça, mas com o tempo perceberão que é preciso realmente mudar suas atitudes e a maneira como manejam, pois verão uma resposta visual que será a facilidade de conduzir e manejar os animais, sua mansidão e o considerável aumento da produção e reprodução.

O tempo de viagem também são um dos fatores que podem gerar estresse, principalmente se for feito nas horas mais quentes do dia. Anos atrás os frigoríficos ficavam mais próximos dos grandes centros e distantes dos produtores. Felizmente isso está mudando, e as indústrias estão crescendo mais perto da origem da matéria prima. Agora, já que as indústrias começaram a mudar, será que não seria a vez dos produtores mudarem também? É só adotar práticas simples, como: ter embarcadouros totalmente fechados, boa iluminação dentro do tronco e da rampa, caminhões fechados lateralmente e funcionários capacitados e cientes da importância do bem-estar animal.

Portanto, com pequenas mudanças estruturais nas instalações e de manejo é possível diminuir o estresse e consequentemente obter na etapa final, um produto de maior qualidade.

LÁZARO SAMIR ABRANTES RASLAN

Zootecnista e mestre em produção de ruminantes. Extensionista do projeto Balde Cheio, Agente de Desenvolvimento e Extensão rural do Incaper-ES e Articulador da região norte do Programa Capixaba de Bovinocultura Sustentável.

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GUSTAVO JUÑEN

PUNTA DEL ESTE - MALDONADO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 22/08/2008

EStimado Làzaro:has abordado un tema que ocasiona pèrdidas millonarias a la cadena càrnica. Para darte un dato,aquì en Uruguay,segùn la ùltima Auditorìa de la Carne Vacuna(2003),se pierden U$S 59 millones por machucamiento,cortes oscuros,etc.

Antes de finalizar este año,habrà informaciòn sobre una nueva auditorìa y veremos si hemos progresado.
La tarea màs difìcil es hacerle tomar conciencia a productores y transportistas sobre los daños que luego se ven cuando el animal es faenado.
Saludos
Gustavo Juñen
Periodista agropecuario
Maldonado-Uruguay

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