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Causa-lhes espanto falar de ponto de colheita na produção de silagem de milho?

POR THIAGO BERNARDES

E RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 17/06/2008

3 MIN DE LEITURA

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O ponto ideal de colheita da planta de milho para a produção de silagem parece ser um assunto já muito discutido entre produtores e técnicos (aquelas coisas do passado), de modo que não são necessárias novas abordagens sobre o tema, pois existe um consenso geral entre todos sobre os critérios que devem ser tomados sobre a maturidade fisiológica da planta (enchimento dos grãos).

Embora para alguns a retomada deste assunto possa causar espanto, infelizmente nós ainda estamos errando em pontos chaves. Alguns jargões técnicos estão em evidência nos debates pecuários, como sistemas de gestão de qualidade, pecuária de precisão e outros. Porém, nós temos esbarrado em fatores mais simples, mais modestos, essenciais, definidos como básicos para quem atua na área zootécnica.

Com grande freqüência, nos deparamos com situações desfavoráveis na produção de silagem de milho, devido à antecipação do momento ideal para a colheita, quando a planta ainda não apresenta teor de matéria seca desejado (inferior a 30%) e o grão não acumulou quantidade suficiente (próxima da máxima) de amido.

Esses dois fatores (matéria seca e amido) são essenciais para o sucesso de uma silagem de alta qualidade. A matéria seca define o grupo de microrganismos que poderão se desenvolver durante o processo fermentativo, e quando ela é baixa, bactérias indesejáveis dominam o processo, elevando as perdas durante a estocagem. O amido é o principal carboidrato presente nesta espécie, portanto o que define a concentração energética do alimento.

Os carboidratos possuem importância quantitativa na dieta de ruminantes (~70%), o que confere alto impacto sobre a economicidade do sistema. Quando a planta é colhida com teor de matéria seca abaixo de 28-30%, nem todo amido foi acumulado no grão, como pode ser observado na Figura 1. Verifica-se que a matéria seca da planta ao passar de 28,1% (estágio do grão leitoso) para 35,1% (2/3 da linha do leite), ocorre elevação de 19 pontos percentuais na concentração de amido (19 kg de amido para cada 100 kg de forragem).

Percebe-se que esse aumento no teor de amido da silagem pode causar redução significativa no custo da mesma, e reduzir uma possível aquisição de nutrientes energéticos na forma de concentrado para o balanceamento da dieta.


Figura 1 - Influência do estágio de maturidade do grão no teor de matéria seca e de amido na planta de milho. Fonte: Bal et al. (1997).

Como os animais estão se tornando cada vez mais produtivos, devido ao melhoramento genético e práticas de manejo adequadas, a necessidade de se elevar a concentração energética da ração passa ser essencial dentro do sistema de produção e para isso necessitamos de amido na ração.

Embora o teor de matéria seca reduzido (abaixo de 30%) seja indesejado pelos aspectos enumerados anteriormente, ressalta-se que teores acima de 35-37% não são preconizados, pois aumenta a resistência da massa de silagem à compactação durante a sua confecção, reduzindo a densidade. Altos teores de matéria seca (acima de 40%) também exigem maior potência do equipamento que realiza a colheita para manter o tamanho de partícula uniforme. Além destes fatores, quando o grão atinge a maturidade fisiológica, a digestibilidade do amido decresce, principalmente em híbridos que apresentam grão do tipo flint (duro).

Para finalizarmos, gostaríamos de ressaltar que este artigo vem novamente discutir os aspectos do ponto ideal para colheita com o intuito de esclarecer técnicos e produtores que a maturidade fisiológica da planta é algo chave no sucesso da produção de silagem de milho e que se ela for respeitada a produção de amido, poderá ser maximizada. Essa maximização ocorre quando os grãos atingem entre 50 a 60% a linha do leite e a forragem apresenta matéria seca no intervalo entre 32 a 35%.

Em muitas situações, a "ansiedade" em colher a roça de milho ocorre devido ao fenômeno de clorose nas folhas localizadas na porção inferior da planta, fruto de adubação inadequada, principalmente nitrogênio e enxofre. Esse sintoma foliar nos dá a falsa impressão que a planta está secando, o que levam muitos a iniciar a colheita de forma antecipada. Percebe-se que ocorre um efeito cascata: o erro na adubação conduz ao erro no ponto de colheita, que aumenta as perdas, que reduz a concentração de amido, que reduz a energia da silagem e que reduz a produção de leite ou o ganho de peso.

Literatura consultada

BAL, M. A., COORS, J. G., SHAVER, R. D. Impact of the maturity of corn for use as silage in the diets of dairy cows on intake, digestion, and milk production. Journal of Dairy Science, v. 80, p. 2497-2503, 1997.

THIAGO BERNARDES

Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) - MG.
www.tfbernardes.com

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

Zootecnista pela Unesp/Jaboticabal.
Mestre e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP.
Gerente de Nutrição na DeLaval.
www.facebook.com.br/doctorsilage

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BRUNO SCARIOT

PASSO FUNDO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 11/07/2010

Muito bom trabalho.....de fácil compreensão inclusive ao homem do campo que precisa sempre e cada vez mais de esclarecimentos, de informação técnica mas de linguagem simples.....
obrigado pelo artigo.....
ARMANDO FIGUEIREDO ASSUNÇÃO FILHO

OLINDA - PERNAMBUCO - ESTUDANTE

EM 06/10/2009

Otimo artigo!! Parabens.
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/09/2008

Prezado José Carlos de Azevedo,

A priori nào há nenhum incoveniente, mas se o senhor trabalhar com a planta no ponto ideal de colheita (30-35%), irá ter possibilidade de poucos dias para o corte. Antes, a umidade será elevada e ocorrência de alguns distúrbios no animal poderá ocorrer, posteriormente, a planta com menor grau de umidade (mais seca), perderá a qualidade da forragem.

Essa estratégia vai depender de quais suas intenções.
Atenciosamente,
Rafael e Thiago
JOSÉ CARLOS DE AZEVEDO

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/08/2008

Boa Noite, Senhores:

Existe alguma situação contrária a utilização do milho em sua fase inicial da espiga, para alimentação dos animais leiteiros? Explico melhor: em substituição ao sorgo, a tantos outros alimentos, cortar o pé inteiro, passar na máquina de ração e direto no cocho. A pergunta deveria ser melhor elaborada queira desculpar-me. Existe alguma inconveniência?

José Carlos Azevedo.
THIAGO BERNARDES

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 27/08/2008

Caro Diogo,

Quando o grão apresenta 60% da linha do leite ele está mais próximo da maturidade fisiológica.
Atenciosamente,
Thiago & Rafael.
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 27/08/2008

Prezado Diogo Rogério de Souza,

A linha do leite caminha no grão de milho da extremidade para o sabugo, assim, essa linha deve caminhar 60%, antes de chegar no sabugo.

Atenciosamente,

Rafael e Thiago
DIOGO ROGÉRIO DE SOUZA

PATO BRANCO - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 26/08/2008

Boa tarde,

Achei muito bom o artigo, esclarecedor. Entretanto tenho uma dúvida, tbm devido a diferentes versões de diferentes autores. O 60% da linha do leite a que vocês se referem como ponto ideal de corte, diz respeito a quando o grão está com 40% da linha do leite, ou seja, menos de metade do grão está coberta pela linha, estando mais próximo da maturação fisiológica, ou com 60% do grão, mais da metade, coberto pela linha, estando mais próximo do estádio de grão leitoso?

Espero ter sido claro.

Grato.
RONALDO MENDONÇA DOS SANTOS

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 21/08/2008

Muito bom o artigo, Parabenizo-os!

À respeito do ponto ideal de corte fico um pouco em dúvidas, sobre iniciar o corte em estágio farináceo, pois tenho frequentado algumas propriedades que ensilam uma grande quantidade de milho e sorgo e observei que na prática o olho clínico, com adequação do manejo no momento da colheita têm dado ótimos resultados quando fazemos análises das amostras.

Na minha opinião, devido aos efeitos climáticos, propriedades grandes com grande produção de silagem, devemos iniciar a colheita mais cedo, iniciando sempre pelas bordas (secam mais rápido) e pela área onde foi plantada primeiro. Além disso aumentar o número de máquinas.

Gostaria da opinião dos autores e colaboradores do BeefPoint.

Atenciosamente.
ALCEU RICARDO DE TOLEDO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 21/07/2008

Gostei do artigo e do quão oportuno ele é.

Sempre comento com clientes meus, que a produção de uma silagem de qualidade, inicia-se na prancheta do responsável pelo arraçoamento dos animais, passa pelo correto ponto de colheita e termina na cobertura da massa compactada.

E de nada adianta usar uma boa semente, fazer correção do solo, uma ótima adubação, um perfeito preparo do terreno; ou seja, um plantio técnicamente impecável; o clima se comportar como todo agricultor espera, e na hora de executar o processo de ensilagem eu errar no ponto de colheita, sem entrar nos detalhes do tamanho de corte; da compactação do material e da cobertura do material ensilado.

O artigo de vocês é de uma clareza incrível, onde o produtor só não percebe a importância e o peso desta prática se for daqueles "auto suficientes" e mais esta vez, achar que não precisa ler um artigo como este, que faz silagem há x anos que sabe tudo sobre o assunto.

Este não é mais um artigo sobre silagem; para o criador ciente das necessidades de seus animais esta é a informação que faltava sobre a produção de silagem.
JOSÉ COUTINHO NETO

MACAÉ - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/07/2008

Prezado Dr. Rafael,

Como explicitei tenho gado Jersey (+- 360 Kg) e gado Girolando (+- 420 Kg), a quantidade de forragem (cana ou capim + uréia) é fornecida em torno de 20 Kg por animal.

O concentrado é fornecido em função da produção:
2Kg de silagem + 200 gr (75% de soja; 7,5% uréia; 10% sal mineral; 7,5% sal e calcário) para cada 3 litros de leite, ou fração, acima dos 8 litros.
Como falei estou substituindo os 800 gramas de fubazão (energia) pelos 2 Kg de silagem(energia?).

No nosso caso com média de 14 litros/animal/dia fornecemos em média 4 Kg de silagem + 400 gramas do farelo acima discriminado + uma média de 20 Kg de forragem.

Obrigado pelo interesse e pela ajuda em nos esclarecer.

Cordialmente,

José Coutinho.

<b>Resposta do autor</b>

Prezado José Coutinho Neto,

Com base nas informações que o senhor me enviou, seus animais estão consumindo em média 7,8 kg de MS/dia, apresentando a ração aproximadamente 12,90% de PB, 59% NDT e 42,77% de CNF. Segundo o NRC (2001), as exigências de animais em lactação com essa produção (14 L) e com o peso médio dos seus animais é de 14,71% PB, 65,61% NDT e 30% de CNF, com um consumo de 13 kg MS/dia.

Acredito que o senhor deva consultar seu formulador de rações para ajustar um pouco mais a dieta dos animais. Outro fato importante de ser lembrado, é a necessidade de agrupar os animais por lote de produção.

Atenciosamente,
Rafael C. Amaral
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 10/07/2008

Prezado José Coutinho Neto,

Realizei alguns cálculos e me parece que não irá alterar muito as concentrações dos nutrientes da ração.

Pediria ao senhor que me enviasse o peso médio do rebanho e a quantidade de forragem (cana ou capim), silagem e concentrado que cada animal come por dia, para poder gerar uma resposta melhor.

Atenciosamente.
Rafael
JOSÉ COUTINHO NETO

MACAÉ - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/07/2008

Prezados Thiago e Rafael, excelente o artigo de vocês, e veio em muito boa hora para a nossa propriedade.
O nosso concentrado é baseado no tradicional - 80% de fubazão; 15% de soja; 2% de mineral; 1,5% de ureia mais 1,5% de sal branco.

Este ano partimos para substituir o fubazão por silagem de milho, na proporção de 2,5 vezes de silagem para o que iríamos usar de fubazão ou seja o que seria 1 Kg de concentrado tradicional substituímos por 2 Kg de silagem de milho + 200 gramas de farelo (75% soja + 7,5% ureia + 10% sal mineral + 7,5% de sal branco e calcário).

Pergunto: esta substituição de 800 gramas de fubazão por 2 Kg de silagem de milho é correta? Se a proporção está errada, qual seria a proporção correta, tomando-se por premissa que o ponto de colheita foi o ótimo?

Como volumoso uso cana ou napiê com uréia; e meu rebanho leiteiro é constituido por Jersey e Girolando com média de 14 litros/vaca/dia.

Mais uma vez meus parabéns pelo artigo e muito grato pelas informações.

Cordialmente,

José Coutinho.

<b>Resposta do autor</b>

Prezado José Coutinho Neto,

Realizei alguns cálculos e me parece que nào irá alterar muito as concentrações dos nutrientes da ração.
Pediria ao senhor que me enviasse o peso médio do rebanho e a quantidade de forragem (cana ou capim), silagem e concentrado que cada animal come por dia, para poder gerar uma resposta melhor.

Atenciosamente.
Rafael
JOÃO PAULO CAMPOS ROMUALDO

QUARTEL GERAL - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 07/07/2008

Sempre nos pegamos a detalhes e esquecemos do básico!
Parabéns pelo excelente artigo!
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 01/07/2008

Prezado Gerson Oliveira,

O caroço de algodão pode ser uma opção para a ração dos animais. A viabilidade da utilização deste ingrediente dependerá do preço pago por ele e de outras opções de ingredientes que o senhor encontra em sua região. Sendo que a melhor resposta será após a formulação da ração.

Atenciosamente
GERSON OLIVEIRA

ARAGUARI - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/06/2008

Gostei muito do artigo.

Certa vez li, se não me engano aqui no site mesmo, que não é viável a utilização de silagem de milho com caroço de algodão. Gostaria de saber mais sobre o assunto.

Obrigado.

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