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O papel do feno e de aditivos em rações de alto concentrado para cordeiros confinados

POR RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

E ADILSON LUÍS GASTALDELLO JUNIOR

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/05/2007

5 MIN DE LEITURA

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Em sistemas intensivos de produção onde se preconiza a produção de cordeiros super precoces, o ganho de peso individual em confinamento deve ser ao redor de 300 gramas/dia para que os animais cheguem rapidamente ao peso de abate, com bom grau de acabamento de carcaça. Para tanto, se faz necessário à utilização de rações com 16% de proteína bruta e alta energia.

Rações com até 90% de concentrado na matéria seca da dieta tem sido utilizadas, porém, para que se possa obter adequado desempenho dos animais no confinamento, além, do balanço adequado de energia e proteína, um teor mínimo de fibra fisicamente efetiva é requerida.

A fibra é um componente muito importante na dieta de ruminantes, está associada ao estímulo da mastigação, motilidade ruminal, secreção de saliva, manutenção da estabilidade ruminal, consumo de matéria seca, além de fornecimento de energia. Por outro lado, quando há pouca forragem na dieta e as exigências em fibra não são devidamente atendidas, o animal pode apresentar problemas metabólicos, como a acidose ruminal, com redução no desempenho e podendo chegar à morte.

Dessa forma, o feno surge como uma das possíveis soluções, tanto ao problema da estacionalidade de produção das plantas forrageiras, permitindo que o excedente de forragem ou em áreas exclusivas de cultivo, possa ser armazenado e empregado na alimentação dos animais em épocas de escassez (período seco do ano), como constituindo-se em importante fonte constante de alimento, também representando excelente alternativa para a utilização como fonte de fornecimento de fibra fisicamente efetiva em dietas de alto concentrado para terminação de cordeiros em confinamento.

Dietas com alto teor de concentrado (carboidratos não fibrosos altamente fermentescíveis no rúmen) e baixa quantidade de forragem (FDN) podem provocar redução no pH ruminal, prejudicando a digestão da fibra e a produção microbiana, reduzindo o consumo de matéria seca e/ou ocasionando distúrbios nutricionais no animal.

Animais ruminantes necessitam de quantidade mínima de fibra na dieta para estimular a atividade de mastigação, manter fluxo de saliva e ambiente ruminal favorável para o desenvolvimento dos microrganismos responsáveis pela digestão (Nussio, 2006). Neste contexto o fornecimento de 10% de feno na matéria seca (MS) atende parte desta exigência de fibra, dependendo da qualidade e do tamanho de partícula. Geralmente é picado em partículas de aproximadamente 3 cm e misturado à ração, pois ovinos são altamente seletivos.

Outra ferramenta disponível ao produtor em rações com alto teor de concentrado é a utilização de aditivos como tamponantes e ionóforos, com o objetivo de evitar variações no pH ruminal, pois a fermentação de grandes quantidades de carboidrato não fibroso provoca diminuição no pH ruminal. Segundo Santra et al., (2003) dietas com tamponantes ajudam a prevenir a diminuição do pH ruminal, em cordeiros alimentados com rações de alto grão. Alguns tamponantes comumente utilizados em confinamentos de alto concentrado são calcário calcítico e bicarbonato de sódio (NaHCO3).

O calcário calcítico além exercer ação tamponante no rúmen, ajudando a manter o ambiente ruminal favorável para digestão da fibra pelos microrganismos, é também muito utilizado como fonte de cálcio em rações para animais. Sua ação como tampão no rúmen ainda é bastante questionada e os resultados de pesquisas são bastante variados, porém, este aditivo é intensamente utilizado em confinamentos de bovinos nos Estados Unidos em dietas com alto teor de carboidrato não fibroso (Brink & Steeke 1985; Owens et al. 1983).

Para o bicarbonato de sódio Russel & Chow (1993) relatam que a adição tem pouco efeito direto no pH do líquido ruminal, pois a fermentação ruminal é saturada com CO2, e a manutenção do pH seria causada pela diluição dos ácidos e maior taxa de passagem líquida, devido a um maior consumo de água pelos animais alimentados com dietas com bicarbonato de sódio. Entretanto, Kohn & Dunlap (1998) são contrários a este argumento, pois a adição de bicarbonato de sódio pode neutralizar diretamente a acidez do pH do líquido ruminal, mesmo com pressão de CO2 elevada, e a adição de água permite maior conversão de CO2 em HCO3, permitindo maior liberação de prótons.

Gastaldello Junior et al. (2007) (dados não publicados) trabalharam com cordeiros confinados da raça Santa Inês, alimentados com rações contento 90% de concentrado e 10% de feno de "coastcross" com adição de 1,3% de calcário calcítico, observando ganho médio diário de peso (GMD) de 279 g e consumo de MS de 1,0 kg/dia, porém, quando se adicionou monensina sódica nesta mesma ração, o GMD foi de 305 g e o consumo de MS de 0,90 kg/dia, mostrando um aumento de 10% no ganho de peso e melhor conversão alimentar quando se adicionou monensina na ração (Tabela 1).

No mesmo trabalho foi adicionado ainda 1% de bicarbonato de sódio na ração, onde se verificou um GMD de 291 g e CMS de 1,03 kg/dia para a ração sem monensina e GMD de 287 g e CMS de 0,99 kg/dia para ração com adição de monensina.

A utilização de práticas como confinamento com alto concentrado é sem dúvida uma ferramenta para produção de ovinos de forma rápida e eficiente, produzindo animais mais jovens com carcaças padronizadas de melhor acabamento, porém, a adoção desta técnica requer alguns cuidados. A utilização de feno como fonte de fibra assim como inclusão de aditivos ajuda a manter o ambiente ruminal favorável para digestão da fibra pelos microrganismos.

A adição de calcário calcítico associado com monensina sódica parece ser eficiente no controle do pH ruminal, proporcionando condições para o melhor desempenho animal. A inclusão de bicarbonato de sódio ainda é questionada, assim como seu meio de ação junto ao ambiente ruminal.

Tabela 1. Peso vivo, ganho de peso médio diário (GMD), consumo de matéria seca (CMS) e conversão alimentar (CA) dos cordeiros no período experimental.


Tratamentos:
T1) Monensina sódica + 1,3% Calcário Calcítico (CC);
T2) Monensina sódica + 1,3% CC + 1 % BS;
T3) 1,3% CC; T4) 1,3% CC+ 1% BS

Referências Bibliográficas

BRINK, D. R., STEELE, R. T., Site and extent of starch and neutral detergent fiber digestion as affected by source of calcium and level corn. Journal of Animal Science, 60: 1330. 1985.

JORDAN, R.M., MARTEN, G. C. Effect of weaning, age of weaning and grain feeding on the performance and production of grazing lambs. Journal of Animal Science, v.27, p. 174-180, 1968.

KOHN, R. A., DUNLAP, T. F. Calculation of the buffering capacity of bicarbonate in the rumen and in vitro. Journal of Animal Science. v. 76, p. 1702-1709. 1998.

NUSSIO, L.G., CAMPOS, F.P., LIMA, M.L. Metabolismo de carboidratos estruturais. In: Nutrição de ruminantes. BERCHIELLE, T.T; PIRES, A.V.; OLIVEIRA, S.G. Jaboticabal:FUNEP. 2006.

OWENS, F. N., GOETSCH, A. L., WEAKLEY, D.C., ZINN, R. A. Buffers and neutralizers in beef cattle. In: Buffers and Neutralizers and Electrolyte Symposium Handbook. Natl Feed Ingred. Assoc., west Desmoines, I A., 1983.

RUSSELL, J. B. & CHOW, J. M. Another theory for the action of ruminal buffers salts: decreased fermentation and propionate production. J. Dairy Sci., v.76, p.826-830, 1993

SANTRA, A. CHATURVEDI, O. H., TRIPATHI, R., KARIM, S. A. Effect of dietary sodium bicarbonate supplementation on fermentation characteristics and ciliate protozoal population in rumen of lambs. Small Ruminant Research, v.47, p.203-212, 2003.

SUSIN, I., Potencial produtivo de ovinos Santa Inês confinados e alimentados com dietas de alta proporção de concentrado. Piracicaba. Livre Docência, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo. 227p. 2003.

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

Zootecnista pela Unesp/Jaboticabal.
Mestre e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP.
Gerente de Nutrição na DeLaval.
www.facebook.com.br/doctorsilage

ADILSON LUÍS GASTALDELLO JUNIOR

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RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 31/03/2010

Prezado Adilson Carvalho da Fonseca,

A quantidade utilizada é de 30 mg/kg de MS de ração, ou seja, em 1 tonelada de MS de ração, você irá utilizar 30 g de monensina sódica.

Atenciosamente

Rafael e Adilson
ADILSON CARVALHO DA FONSECA

SÃO MANUEL - SÃO PAULO

EM 23/03/2010

Caro Rafael e Adilson.
Qual a quantidade de monensina que é usado no concentrado em gramas por tonelada de ração?
Grato Adilson.
RALF KRAUSE

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 14/08/2007

Prezados autores, a inclusao de 5% de Farelo de Trigo na composiçao do concentrado, consegue fornecer a quantidade de fibras necessarias para um cordeiro em confinameto? Ou ainda assim o feno deve ser fornecido?

<b>Resposta do autor:</b>
Prezado Ralf,
Só o farelo de trigo não consegue atender as exigências de fibra para os animais. Além da quantidade mencionada ser baixa, o farelo de trigo apresenta baixa efetividade de fibra. Dessa forma, aconselho a utilização do feno como fonte de fibra proveniente de forragem e dietas com teores próximos a 20 a 25% de FDN na ração total.

Atenciosamente,

Rafael Camargo do Amaral



ALBERTO DUDA

PONTA GROSSA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 29/05/2007

Tive a oportunidade de trabalhar no Margem Cordeiro Nobre em Rio Verde - Goiás, onde realiza-se o confinamento total de em média 1000 cordeiros para abate, de diferentes grupos genéticos. A dieta é de alto concentrado, por meio de uma ração peletizada que possui feno incorporado produzida na Cooperativa COMIGO em Rio Verde, se obtendo animais abatidos entre 90 e 120 dias dependendo do grupo genético.

Esta prática se torna vantajosa principalmente quando há carência em área e/ou maquinários para produção de volumosos, e seu uso se justifica em sistemas de produção intensiva onde os produtos são nobres e homogêneos para o mercado.

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