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Pontos relevantes no uso de feno de baixa qualidade em confinamento de ovinos

POR RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

E MÁRIO ADRIANO ÁVILA QUEIROZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/02/2007

4 MIN DE LEITURA

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O mercado de produção e comercialização de feno no Brasil ainda é uma atividade concentrada em poucas empresas agrícolas, não existindo para o produto, classificação por qualidade e diferenciação de preços. Portanto, se paga por um produto de qualidade muito heterogênea, sendo o valor desse produto ditado pela lei da oferta e da demanda.

A tecnologia do processo de fenação é uma ciência dependente não somente do manejo de produção, mas também das condições climáticas. Na ocorrência de falhas no período de corte e as perdas de carboidratos pelo processo de desidratação e rehidratação, ditará o melhor destino do respectivo lote de feno na alimentação animal. Na ovinocultura, o feno mais utilizado é das espécies do gênero Cynodon, devido principalmente à disponibilidade e preço de mercado dessa forrageira tropical, quando comparada às forragens temperadas.

Rações de alta porcentagem de grãos utilizadas em confinamento de cordeiros em algumas regiões do Estado de São Paulo têm utilizado o volumoso como fonte exclusiva de fibra na ração, fornecendo bagaço de cana de açúcar (5% MS da dieta) ou o feno (10% MS da dieta). Inicialmente, quando forragens conservadas fazem parte de uma dieta de pequenos ruminantes, deve-se levar em consideração as exigências do animal e a seletividade da respectiva categoria, pois em dietas de até 10% de feno (% MS), não é verificado alterações no desempenho do animal, utilizando-se feno de boa ou de baixa qualidade.

Todavia, inclusão acima de 20% de feno na ração de cordeiros e considerando a alta capacidade seletiva por esses animais, o feno de baixa qualidade pode proporcionar algumas perdas no desempenho relacionado ao consumo de matéria seca.

Neste contexto, produtores que em determinadas condições confeccionam feno provenientes de forrageiras com avançada idade fisiológica ou em situações de insucesso da fenação, onde as perdas de nitrogênio e de carboidratos não estruturais são significativas, podem trabalhar com este tipo de volumoso em dietas de alta porcentagem de grãos, sem alterações no desempenho animal. Contudo, deve-se ter bom manejo de cocho, observando o maior ou menor consumo de feno em relação ao concentrado ou até mesmo a seletividade da fonte de fibra pela fonte energética ou fonte protéica disponível.

Uma boa fonte protéica é aquela que, além de fornecer nitrogênio, apresenta em sua análise química, equilíbrio entre carboidratos estruturais e não estruturais, e análise física ideal para a combinação de ingredientes. E além de tudo, boa aceitação por parte dos animais. Como exemplo de análise física realizada em alimentos tem-se o tamanho médio de partícula (TMP).

As principais análises químicas e físicas do farelo de soja e do farelo de algodão comumente utilizados para a alimentação de ovinos, e recentemente do farelo de amendoim e do farelo de canola estão apresentadas na Tabela1.

As principais implicações do TMP de um ingrediente estão relacionadas com a seleção, apreensão, ingestão e possível efetividade física da fibra desse alimento. Segundo Ulyatt et al. (1986), o consumo de alimentos está relacionado com a taxa de passagem pelo rúmen, que por sua vez depende da taxa de degradação e do tamanho de partícula.

Contudo, considerando a interação de uma fonte de fibra (feno coastcross) e ingredientes nobres da ração (fonte protéica), observando o comportamento de ingestão de cordeiros do ponto de vista de seleção e apreensão, estudo ainda não publicado desenvolvido no departamento de Zootecnia da ESALQ/USP com dietas de alto grão (90% de concentrado e isonitrogenadas), foi avaliado o consumo de matéria seca (MS), e o tamanho de partículas de fontes protéicas.

A fonte protéica deste estudo foi o farelo de soja, o farelo de algodão, o farelo de amendoim e o farelo de canola. Sendo utilizado o mesmo feno para todas as dietas. Como apresentado na Tabela 1, o farelo de canola apresentou o menor TMP. O consumo de matéria seca dos animais recebendo farelo de canola seca foi 4,5% inferior quando comparada às outras dietas.

Além disso, o teor de proteína bruta nas sobras foi de 1,8 pontos percentuais superior para a ração contendo farelo de canola em relação às demais. Ou seja, possivelmente houve seleção ou dificuldade de apreensão desse ingrediente por parte dos animais. Entretanto, mais estudos devem ser realizados para compreender as interações entre consumo e seletividade de ingredientes em dietas secas para cordeiros.

Diante disso, o feno de baixa qualidade quando presente em maiores proporções, deve ser triturado em menor tamanho de partícula para que haja melhor homogeneidade da dieta. Contudo, deve-se evitar a formação de pó e optar pela melhor combinação de ingredientes do ponto de vista químico e físico, pois como visto, existem inúmeros efeitos associativos entre ingredientes que afetam o consumo de matéria seca e a ingestão de nutrientes.

Tabela 1. Principais análises químicas, proteína (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e amido e analises físicas, tamanho médio de partícula (TMP), do farelo de soja, farelo de algodão, farelo de amendoim e farelo de canola.


*Análises realizadas no laboratório de Bromatologia do departamento de Zootecnia da ESALQ/USP - (Dez/2006)

Figura 1. Alguns ingredientes utilizados durante a condução do experimento.


Referência bibliográfica

ULYATT, M.J.; DELLOW, A.J.; JOHN, A.; REID, C.S.W.; WAGHORN, G.C. Contribution of chewing during eating and ruminant to the clearance of digest from the ruminoreticullum. In: MILLIGAN, L.P.; GROVUM, W.L.; DOBSON, A. (Ed.) Control of digestion and metabolism in the ruminants. Boston: Reston Publishing, 1986. p.498-515.

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

Zootecnista pela Unesp/Jaboticabal.
Mestre e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP.
Gerente de Nutrição na DeLaval.
www.facebook.com.br/doctorsilage

MÁRIO ADRIANO ÁVILA QUEIROZ

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