ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Silagem de cana-de-açúcar reduz o consumo dos animais?

POR RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

E THIAGO BERNARDES

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 17/12/2007

3 MIN DE LEITURA

10
0
A utilização de silagens de cana-de-açúcar é uma opção para alimentação de ruminantes. Porém, além dos aspectos nutricionais intrínsecos a cana-de-açúcar, durante o processo de conservação, há produção de substâncias que podem interferir no consumo dos animais. De acordo com Charmley (2001), de maneira geral o consumo de silagens é menor do que o da forragem original que não sofreu processo de fermentação.

Segundo Van Soest (1994) o baixo consumo de silagens pode estar associado à alta concentração de ácidos orgânicos nas silagens, a diminuição na concentração de carboidratos solúveis, prejudicando o crescimento dos microrganismos ruminais, e à presença de substâncias tóxicas. Por outro lado, Schmidt (2006) comentou que os produtos gerados durante a fermentação de silagens de cana-de-açúcar, como o ácido acético e o etanol, apresentam importância metabólica para o animal, como fontes de energia prontamente disponíveis.

Ainda são poucos os trabalhos encontrados na literatura que avaliaram o desempenho de animais alimentados com cana-de-açúcar in natura ou ensilada. Silagens de cana-de-açúcar sem aditivos controladores da população de leveduras podem ser possuidoras de altas concentrações de etanol decorrente da fermentação alcoólica, causando rejeição do alimento pelo animal, assim como perda do valor nutritivo (Nussio e Schmidt, 2005).

De acordo com Alcântara et al. (1989) silagens de cana-de-açúcar tratadas com aditivos apresentaram teor de etanol 6,6 vezes menor em relação às silagens não tratadas, sendo que cordeiros alimentados com as silagens não tratadas, apresentaram redução de 34% no consumo de matéria seca em relação a silagem tratada.

Mendes (2006) utilizou cordeiros da raça Santa Inês alimentados com rações contendo cana-de-açúcar in natura ou ensilada, e não verificou diferença no consumo de matéria seca e ganho de peso dos animais. Da mesma forma, o mesmo autor verificou que para cabras em lactação, a silagem de cana-de-açúcar proporcionou produção leiteira similar em relação aos animais alimentados com cana-de-açúcar in natura, porém apresentou maiores teores de gordura e sólidos totais no leite.

Amaral et al. (2007) trabalharam com silagens de cana-de-açúcar tratadas com cal virgem ou calcário calcítico no momento da ensilagem, e compararam o uso das silagens de cana em relação a cana-de-açúcar in natura sobre o comportamento ingestivo de ovelhas em lactação. Os dados de consumo de matéria seca, de FDN e atividades de ingestão, ruminação, mastigação e ócio referentes ao comportamento ingestivo dos animais estão apresentados na Tabela 1. Os autores não verificaram diferença no consumo de MS, FDN e no comportamento ingestivo.

Tabela 1. Comportamento ingestivo de ovelhas Santa Inês em lactação alimentadas com rações contendo cana-de-açúcar in natura e ensilada.


1Tratamentos: Cana in natura = cana-de-açúcar in natura picada; Silagem controle = silagem de cana-de-açúcar sem aditivo; Cal virgem 1% = silagem de cana-de-açúcar tratada com 1% de cal virgem; Calcário 1% = silagem de cana-de-açúcar tratada com 1% calcário.

2EPM: erro padrão da média;
3P: probabilidade de haver efeito significativo entre tratamentos;
3MS: matéria seca;
3FDN: fibra insolúvel em detergente neutro.

Mendes (2006) e Gentil (2006), ambos avaliaram cabras alimentadas com rações contendo cana-de-açúcar in natura e silagens de cana-de-açúcar, e não observaram rejeição das rações que continham os volumosos conservados. Por outro lado, Schmidt et al. (2004), ao avaliarem o comportamento ingestivo de bovinos alimentados com silagens de cana-de-açúcar tratada com aditivo microbiano heterolático, observaram maior demanda de tempo para a silagem controle na atividade de ingestão. Os autores atribuíram este fato à presença de compostos voláteis, como o etanol, e do menor valor nutritivo dessa silagem.

Sobre o uso de silagem de cana-de-açúcar para ruminantes, deve-se ter em mente que para sua produção, o ideal é lançar mão do uso de aditivo para o controle da fermentação indesejável. Geralmente, o consumo de silagem frente a forragem que não sofreu processo de fermentação é ligeiramente menor, em função da acidez que a silagem poderá apresentar. Entretanto, observa-se que com a adaptação dos animais o nível de consumo se equilibra frente à forrageira fresca.

Também é necessário lembrar, que a ensilagem é uma estratégia logística dentro da propriedade. Caso haja necessidade de ensilar, o produtor não necessita temer em relação ao consumo dos animais, pois alguns trabalhos demonstram que apesar da redução do consumo, alguns ácidos orgânicos produzidos na ensilagem tornam-se benéficos aos animais, como por exemplo, auxiliam para o aumento no teor de gordura no leite.

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

Zootecnista pela Unesp/Jaboticabal.
Mestre e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP.
Gerente de Nutrição na DeLaval.
www.facebook.com.br/doctorsilage

THIAGO BERNARDES

Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) - MG.
www.tfbernardes.com

10

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/07/2009

Prezado Ériklis Nogueira,

Trabalhos tem mostrado eficiência na conservação da silagem de cana-de-açúcar com 1% desse aditivo na matéria natural. A produção de etanol e perdas de MS são reduzidas e consequentemente, a recuperação dos carboidratos solúveis é maior. Além do mais, o aditivo não onera o custa da silagem, estando entre os mais baratos para o processo de ensilagem, bem como a uréia.
Atenciosamente.

Rafael e Thiago
ÉRIKLIS NOGUEIRA

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 07/07/2009

Você recomendaria a adição de cal para a hidrolise da cana no momento da ensilagem? Quais os reais benefícios desta adição?
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 09/02/2009

Prezado Pedro Missias de Resende Júnior,

Essa prática pode ser utilizada, porém na nossa opinião o manejo de um banco de proteína é um pouco complicado, principalmente quando se utiliza espécies de crescimento elevado, que se não bem manejada, tornam-se árvores.
Forragens utilizadas para banco de proteína podem ser leucena, estilosantes, etc.
Atenciosamente
Rafael e Thiago
PEDRO MISSIAS DE RESENDE JÚNIOR

CONSELHEIRO LAFAIETE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/02/2009

Prezado Rafael,

Quero parabenizar pelo artigo publicado acima. Sei que minha dúvida não tem nada a ver com o artigo acima, mas gostaria de perguntar-lhe o que você acha da implantação de um "Banco de Proteina" com leguminosa para administração aos animais durante a seca? Outra dúvida é qual a melhor forragem para a criação do Banco de Proteina? Você conhece alguma propriedade que obtem sucesso com esse tipo de manejo? Peço desculpa por desviar do assunto tratado no artigo.

Att,
Pedro Missias
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 08/08/2008

Prezado Alamir Borges Stephan Filho,

Primeiramente, deve-se levar em consideração o consumo de matéria seca desses animais, uma vez que, dependendo da produção de leite da vaca o consumo é alterado.

Outra variável são os ingredientes que irá utilizar na ração e dependo a relação volumoso e concentrado irá variar.

Por exemplo:

Se utilizar uma ração onde contenha 60% de cana-de-açúcar e assumindo uma vaca com produção de 25 kg/dia, o consumo será de 20 kg MS/dia. Assim, se a proporção de volumoso é de 60%, a consumo em MS de silagem será de 12 kg MS. Como são 50 vacas, o consumo será de 12 x 50 = 600 kg MS/dia. A MS da silagem de cana é ao redor de 30%, portanto, consumo diário de 2000 kg MV/dia.

Se considerar um período de 150 dias = 2000 x 150 = 300 toneladas de silagem de cana, considerando 15% de perdas durante a ensilagem = necessidade de 560 toneladas de cana-de-açúcar.

A produtividade média do talhão é de 75 toneladas de cana/ha, portanto:

560/75 = aproximadamente 7,5 hectares.

Atenciosamente

Rafael Camargo do Amaral
ALAMIR BORGES STEPHAN FILHO

CUIABÁ - MATO GROSSO - ESTUDANTE

EM 31/07/2008

Gostaria de parabenizá-los pelo artigo, muito esclarecedor.

Se puderem, gostaria de saber quantos hectares teriam que ser plantados para manter 50 vacas em lactação durante o período da seca, para se fazer silagem tratada com aditivos quimicos.

Obrigado pela atenção.
Parabéns
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 17/03/2008

Prezado Miguel Ângelo L. M. da Silva,

1- Sim. A utilização da cal virgem como aditivo químico para o processo de ensilagem da cana-de-açúcar pode ser realizado.

2-Observa-se melhoria, visto que a área se torna homogênea, sem as famosas escadinhas. Assim, tanto o rendimento como a qualidade da forrageira poderá ser padronixada.

3- Com a ensilagem concentra-se a mão-de-obra, fazendo-se dessa forma o planejamento, e consequentemente, menores gastos.

4- Não há necessidade de nenhum equipamento.

Gostaria de ressaltar que o uso da cal virgem no processo de ensilagem da cana-de-açúcar não é para realizar a hidrólise da cana, e sim, ele servirá como aditivo para controle da fermentação alcoólica.

Atenciosamente,
Rafael e Thiago
MIGUEL ÂNGELO L. M. DA SILVA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/03/2008

Prezados Rafael e Thiago,

Sou produtor de leite em Cocalzinho de Goiás e já forneço para minhas vacas de leite cana hidrolisada com cal, na época da seca. Esta é triturada e hidrolisada todos os dias. Gostaria de saber suas opiniões sobre as seguintes questões:

1- Na confecção de silagem de cana posso utilizar o cal e aditivos químicos?

2- Conforme alguns autores o corte da cana de uma única vez melhora o rendimento do canavial, isto se verifica na prática?

3- O corte e fornecimento de cana diários aumenta a mão-de-obra em relação ao fornecimento de silagem, existem estudos que comparam estes dois custos e qual será o mais vantajoso?

4- Posso hidrolisar a cana apenas regando a solução de água e cal sobre a mesma, ou preciso de algum equipamento para este fim?
CASSIO CHRISTIAN SANTOS

RONDONÓPOLIS - MATO GROSSO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 05/01/2008

Só queremos agradecer e dizer que os artigos publicados são esclarecedores e contribuem para tirar dúvidas não só de quem está perguntando, mas de vários outros leitores.

Parabéns.
EDSON FELIX COSTA

ALTINHO - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/12/2007

Prezados Thiago e Rafael,

Tenho grande curiosidade sobre a silagem de cana, uma vez que manter um canavial para corte e fornecimento de cana fresca carrega enorme risco de incêndio em nossa região (agreste de Pernambuco), que tem primavera e verão muito secos e com altas temperaturas.

Um técnico com que costumo conversar sobre o tema, me afirma que silagem de cana somente deve ser utilizada no período que vai de uma semana até, no máximo 30 dias após ensilada, uma vez que que as perdas após esse período são muito grandes.

O técnico também me desencoraja a utilizar aditivos alcalinizantes, uma vez que propiciaria a colonização da silagem por clostrídium, resultando num material que os animais rejeitariam. Ele também não recomenda o uso de bactérias lácteas para manutenção da viabilidade da silagem por mais de 30 dias.

Nos trabalhos citados, houve experimentos onde fica demonstrado que aparentemente não ha perdas com o uso de silagem de cana quando comparada à cana fresca.

Minhas dúvida são:

Os experimentos foram realizados com silagem nova (7 a 30 dias) ou mais madura (mais de 30 dias)?

Os resultado obtidos com caprinos e ovinos podem ser extrapolados para vacas em lactação?

A perda de nutrientes se dá por volatilização?

A rejeição pode ser resolvida com a mistura com outro alimento mais atrativo, como a palma forrageira, abundante em nossa região?

Parabéns pelo artigo e um abraço.

<b>Resposta dos autores:</b>

Prezado Edson, seguem as respostas:

Os experimentos foram realizados com silagem nova (7 a 30 dias) ou mais madura (mais de 30 dias)?

Não. Na ensilagem, para que haja fermentação há necessidade de um período igual ou maior do que 30 dias, sendo o material ensilado com 12 meses de crescimento vegetativo.

Os resultado obtidos com caprinos e ovinos podem ser extrapolados para vacas em lactação?

Alguns resultados se assemelham muito com bovinos. Agora, ovinos e caprinos são animais mais seletivos e, dessa forma, conseguem escolher melhor as partes de uma ração.

A perda de nutrientes se dá por volatilização?

No processo de ensilagem as perdas podem ser gasosas e por lixiviamento de efluente. Na abertura dos silos, compostos formados pela fermentação, como é o caso do etanol, podem ser perdidos por volatilização.

A rejeição pode ser resolvida com a mistura com outro alimento mais atrativo, como a palma forrageira, abundante em nossa região?

Acredito que não seja necessário um palatabilizante para silagem de cana-de-açúcar. Prefiro pensar em confeccionar uma silagem de qualidade, como por exemplo, inserção de bactéria heterolática ou aditivo químico no processo de fermentação, que além de reduzir perdas de matéria seca, reduz a produção alcoólica na silagem.

As chances de presença de clostrideos existem, mas alguns experimentos com silagens de cana-de-açúcar não mostram reduçãodo consumo animal.

Atenciosamente,

Rafael e Thiago

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures