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Silagem de milho: Híbridos de grão dentado auxiliam no manejo da colheita

POR RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

E THIAGO BERNARDES

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 18/02/2009

4 MIN DE LEITURA

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O ponto ideal de colheita da planta de milho para a produção de silagem parece ser um assunto já muito discutido entre produtores e técnicos, de modo que não são necessárias novas abordagens sobre o tema, pois existe um consenso geral entre todos sobre os critérios que devem ser tomados sobre a maturidade fisiológica da planta (enchimento dos grãos).

Entretanto, com grande frequência, nos deparamos com situações desfavoráveis na produção de silagem de milho, devido à antecipação do momento ideal para a colheita, quando a planta ainda não apresenta teor de matéria seca desejado (inferior a 30%) e o grão não acumulou quantidade suficiente (próxima da máxima) de amido, conforme discutimos nessa seção no artigo "Causa-lhes espanto falar de ponto de colheita na produção de silagem de milho?"

Esses dois fatores (matéria seca e amido) são essenciais para o sucesso de uma silagem de alta qualidade. A matéria seca define o grupo de microrganismos que poderão se desenvolver durante o processo fermentativo, e quando ela é baixa, bactérias indesejáveis dominam o processo, elevando as perdas durante a estocagem. O amido é o principal carboidrato presente nesta espécie, portanto o que define a concentração energética do alimento.

Se colher a planta precocemente é um fato desvantajoso, atrasar a colheita também não é o ideal no nosso país, pois os nossos híbridos possuem o grão do tipo duro. Híbridos dessa classe apresentam o endosperma vítreo, o que reduz o aproveitamento do amido no ambiente ruminal quanto maior for a maturidade do grão.

Contudo, nas demais regiões produtoras de milho no mundo, os híbridos apresentam o grão dentado (macio), ou seja, o endosperma é mole e poroso apresentando menor densidade e, consequentemente menor vitreosidade. Estes híbridos chegaram no Brasil há alguns anos e, de forma tímida, vêm ocupando espaço no mercado de sementes de milho para a produção de silagem.

Em híbridos de grão dentado, a matriz protéica limita menos o acesso das enzimas microbianas na digestão do amido, o que eleva a degradabilidade deste carboidrato em ruminantes. Além desta grande vantagem, ao colhermos tardiamente este tipo de híbrido a digestibilidade do amido não é prejudicada como ocorre com os híbridos de grão duro, conforme mostra o interessante trabalho de Pereira et al. (2004). Os autores colheram hídridos de grão duro e macio em três estágios de maturidade: início do enchimento dos grãos (leitoso), metade da linha do leite (farináceo) e grãos complemente maduros (maturidade fisiológica).

Observa-se na figura 1 que a utilização de híbridos dentados, comparativamente a híbridos duros, resulta em menor queda relativa na digestão ruminal do amido em situações de colheita tardia dos grãos. Isto significa que se por algum motivo, de ordem operacional dentro da propriedade agrícola, a colheita atrasar (fato comum), a qualidade da silagem não seria prejudicada devido ao uso de plantas com o grão macio.


Figura 1 - Degradação ruminal do amido em híbridos de grão duro ou macio em três estágios de maturidade. Fonte: Adaptado de Pereira et al. (2004).

Por exemplo: quando os grãos atingem o estágio leitoso, em média, a planta sofre aumento de 0,5% por dia no seu teor de matéria seca, determinando um intervalo de 10 dias, como período adequado para a janela de corte, isto é, ela passaria de 30 para 35% de MS (período ideal). Como na região sudeste, em 40% do período descrito como ideal para a colheita, ocorre chuva, desse modo somente seis dias seriam úteis para o corte, o que é considerado pouco. Caso a fazenda esteja utilizando híbridos dentados não haveria problema em retardar em alguns dias esta colheita (aumento da janela de corte), haja vista que não ocorre decréscimo no aproveitamento do amido.

Em outro estudo, realizado por Corrêa et al. (2003), percebe-se que o desempenho de vacas leiteiras alimentadas com milho dentado ensilado em estádio de maturidade fisiológica (tardiamente) foi similar ao de vacas alimentadas com milho duro ensilado no estádio "metade da linha do leite" (ideal).

Nós, "os silageiros", precisamos compreender que os carboidratos possuem importância quantitativa na dieta de ruminantes (~70%), o que confere alto impacto sobre a economicidade do sistema. O aumento na concentração de amido e na sua degradação em silagem de milho reduz significativamente o custo da mesma e, diminui a aquisição de nutrientes energéticos na forma de concentrado para o balanceamento da dieta.

Como os animais estão se tornando cada vez mais produtivos, devido ao melhoramento genético e práticas de manejo adequadas, a necessidade de se elevar a concentração energética da ração passa ser essencial dentro do sistema de produção e para isso necessitamos de amido na ração.

Para finalizarmos, gostaríamos de ressaltar que uma das deficiências em silagem de milho no Brasil parece ser a baixa digestibilidade do amido no rúmen, resultado da dureza excessiva dos grãos. Um caminho para melhorar a qualidade das silagens desta espécie no nosso país seria o plantio de híbridos dentados que estão disponíveis comercialmente. A força do mercado fará com que a indústria sementeira passe a considerar o pecuarista em seus programas de melhoramento.

Ainda, ressaltamos que este artigo vem novamente discutir os aspectos do ponto ideal para colheita com o intuito de esclarecer técnicos e produtores que a escolha do híbrido e a maturidade fisiológica da planta são pontos chaves no sucesso da produção de silagem de milho e que se esses fatores forem respeitados a produção de amido poderá ser maximizada, assim como o desempenho animal.

Bibliografia Consultada

CORRÊA, C.E.S., PEREIRA, M.N., OLIVEIRA, S.G., RAMOS, M.H. Performance of holstein cows fed sugarcane or corn silages of different grain textures. Scientia Agricola, v. 60, p. 621-629, 2003.

PEREIRA, M.N., VON PINHO, R.G., BRUNO, R.G.S., CALESTINE, G.A. Ruminal degradability of hard or soft texture corn grain at three maturity stages. Scientia Agricola, v. 61, p. 358-363, 2004.

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

Zootecnista pela Unesp/Jaboticabal.
Mestre e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP.
Gerente de Nutrição na DeLaval.
www.facebook.com.br/doctorsilage

THIAGO BERNARDES

Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) - MG.
www.tfbernardes.com

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MARCO FIGUEROA

PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/01/2014

Saludos,  y gracias por sus excelentes artículos , he seguido la mayoría de sus temas y en casi ninguno señalan el procesamiento del grano por medio de los llamados crackers ni el tamaño o longitud de la Fibra , eso sería una buena alternativa  para el grano de maíz  duro vs dentado en el caso que la fazenda se atrasé en la cosecha del maíz. Saludos y muchas gracias
GUSTAVO SALVATI

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/02/2013

Bom dia.





  Um problema  no Brasil é que ainda classificam milho dentado ou duro pela profundidade do dente ou melhor dizendo grau de identação. E não pelo teor de prolaminas (uma medida indireta de vitreosidade) ou pela mensuração de direta da vitreosidade. Nem todo milho que apresenta o dente na semente é de endosperma macio ou farináceo.Espero que haja no futuro seleção para endosperma farináceo da maneira correta. O problema que já faz mais de 10 anos que estes trabalhos foram publicados e nada foi feito.





Att
JUNIOR PIASECKI

SÃO MIGUEL DO OESTE - SANTA CATARINA

EM 13/09/2011

Boa noite


Colhendo o milho para silagem com 50% linha do leite, para uso em confinamento de bovinos devo utilizar preferencialmente híbridos duros ou dentados?


Obrigado
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 12/03/2009

Prezado Leonardo Penzo,

Não recomendamos misturar diversos volumosos para confecção de silagem, principalmente quando se trata de silagem de milho. As outras forrageiras citadas por você apresentam valor nutrtivo inferior ao milho. Dessa forma, recomendamos que faça silos diferentes, para os volumosos.

Atenciosamente
Rafael e Thiago
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 12/03/2009

Prezado Eduardo Côrtes,

Realmente, como comentamos na resposta do senhor Edson, a quantidade destes híbrido no Brasil é pequena. Também o AG 4051 também é um exemplo.

Um site interessante é o www.zeamays.com.br, onde neste se encontram diversos híbridos de milho e sorgo destinados ao processo de ensilagem.

Atenciosamente

Rafael e Thiago
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 12/03/2009

Prezado Edson Felix Costa,

No Brasil existem poucos híbridos com tais características, pode-se destacar o AG 1051 e o AG 4051.
Maiores informações o senhor poderá encontrar em www.zeamays.com.br, site desenvolvido pelo apta regional do estado de São Paulo, onde encontram-se diversos hídridos, os quais são testados todos os anos para confecção de silagem.
Atenciosamente
Rafael e Thiago
SIDNEY LACERDA MARCELINO DO CARMO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 02/03/2009

Prezados colega,

A produção de leite é uma atividade que nos exige cada vez mais informações, ou seja, conhecimentos para minimizarmos os erros que às vezes estão nos detalhes. Então para se ter um silagem de qualidade devemos observar da escolha do cultivar até no operacional do processo de silagem como evidenciado na enquete passada, que relatava ao tamanho da particulas e o ponto ideal de silagem. Desse modo, como relatado pelo artigo em questão, devemos dar prioridade para os grãos dentados para silagem, mas outras características agronômicas são muito importante no processo de avaliação de cultivares como: proteína bruta, FDN (Fibra em Detergente Neutro), Digestibilidade in vitro de MS, Matéria Seca, produção de leite por tonelada de MS e por hectare.

Assim, num processo de avaliação de cultivares, temos que tomarmos estes parâmetros mediante uma experimentação bem feita identificando a adaptabilidade e estabilidade de cada cultivar somente assim identificaremos cultivares para cada região, ou seja, um cultivar pode se mostrar muito produtivo com relação aos parâmetros citados em uma região e outra região não se mostrar satisfatório evidenciando o que chamamos de interação genótipo por ambiente. Desse modo, somente com experimentação em que se lança mão de análises estatísticas consigueremos determinar e identificar cultivares com adaptabilide e estabilidade para a produção de silagem.

Grato
LEONARDO PENZO

PONTA PORÃ - MATO GROSSO DO SUL - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 27/02/2009

Gostaria de saber, ao fazer a silagem, pode misturar cana, milho, napie, sorgo, ou seja misturar tudo junto e fazer a silagem de superficie?

Obrigado
EDSON FELIX COSTA

ALTINHO - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/02/2009

Rafael e Tiago,

Quais os fornecedores de sementes que dispõem comercialmente de sementes de milho dentado.

Aqui em Pernambuco temos um milho variedade, desenvolvido pelo IPA, que tem apresentado muito bom desempenho em relação à qualidade da silagem, contudo a sua produtividade não é lá grande coisa, por essa razão gostaria de experimentar outros materiais.
EDUARDO CÔRTES

CARATINGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/02/2009

Voces poderiam dar exemplos no mercado de milho dentado?
O unico que conheço é o 1051.
Obrigado,
Eduardo Côrtes
EDUARDO MEDEIROS DE FARIAS

SÃO PAULO DAS MISSÕES - RIO GRANDE DO SUL - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 20/02/2009

São de artigos assim que nós técnico e pecuarista precisamos. Dai as grandes diferenças de que tem e que não tem rendimento com silagem de milho.
Ótima matéria, Parabéns.

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