ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Você sabe quanto custa sua silagem?

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/05/2006

4 MIN DE LEITURA

0
0

Por Oscar Queiroz1 e Luiz Gustavo Nussio2


A diminuição na margem de lucro resultante não só pela falta de aumentos significativos no preço da arroba, mas também pelo aumento de competição e tecnificação entre os produtores torna fundamental a diminuição nos custos de produção para aumentar a receita da fazenda.

Considerando que o custo da alimentação dos animais é responsável por cerca de 65% do custo total de produção, é cada vez mais importante que o produtor conheça o impacto do valor de cada ingrediente da ração na receita da fazenda.

A silagens são usadas em sistemas que visam diminuir o efeito da sazonalidade de produção e explorar da melhor maneira o mercado. A determinação do custo da silagem não ocorre de maneira tão simples como com os outros ingredientes da ração: farelos e grãos são comprados a preço pré-determinado e com data para pagamento.

A confecção da silagem de cana-de-açúcar, por exemplo, envolve o sistema de plantio, manutenção do canavial, corte e ensilagem, no qual rendimentos podem ser alterados por inúmeros fatores. A simples utilização de um trator adequado a compactação pode resultar em diferenças de até 7% nas perdas do volumoso.

Contudo, não é raro encontrar fazendas desprovidas de uma análise de custo. Em outros casos, é comum que técnicas simplistas sejam adotadas para se estimar o custo total do volumoso. O montante de recursos usados durante o processo de ensilagem ou o custo da adubação do canavial, não são os únicos parâmetros que devem adotados para a avaliação do custo da silagem. Tendo isso em vista, os produtores que lançam mão dessa técnica deveriam saber responder prontamente a seguinte pergunta: Você sabe quanto custa sua silagem?

A análise de custo é tão melhor, quanto maior a número de detalhes que ela contém. Uma análise segura deve passar por todos os processos que envolvem o sistema de produção, ou seja, o estabelecimento da cultura, a manutenção, o corte, a ensilagem da forragem e o fornecimento do volumoso aos animais.

Tomando-se como exemplo uma propriedade que produza cana-de-açúcar por volta de 340 t MV/ ciclo de produção (102 t MS/ ciclo) com índices de perdas razoáveis (perdas de colheita 10%, perdas no silo 15% e perda no cocho de 5%), pode se exemplificar o nível de detalhamento exigido para se obter uma estimativa de custo que se aproxime ao valor real observado.

O estabelecimento da cultura vai ser marcado pelos custos envolvendo a formação da cana planta e, posteriormente, a manutenção da cana soca, os cortes, a ensilagem e o fornecimento do volumoso.

Os custos de produção da cana planta (15,26 % do custo total) podem ser divididos dentro de classes que facilitam o entendimento e a organização dos dados. São sugeridas as seguintes classes: insumos (referentes ao adubo de plantio, cobertura, herbicidas, inseticidas, análise de solos), preparo do solo (calagem, aração e gradeação), plantio (sulcação, distribuição de mudas, picagem de mudas, cobertura e repasse) e tratos culturais (aplicações, capina).

Os custos de manutenção da cana soca (14,28% do custo total) podem ser alocados dentro das classes insumo e tratos culturais, sendo que custos por ciclo de produção estão sensivelmente ligados a produção que tende a diminuir a partir do primeiro corte.

A depreciação do silo, e o custo de manutenção que fatalmente está associado ao tipo de silo e ao material usado em sua construção, constituem um item normalmente esquecido na contabilidade da fazenda, eles formam uma classe chamada de investimento (4,61% do custo total).

Um fator importante que representa cerca de 10 a 15% do custo total é o uso de aditivos. A utilização de aditivos está implicitamente ligada ao tipo de silagem a ser elabora, neste caso a silagem de cana-de-açúcar vem mostrando bons resultados com o uso de inoculantes bacterianos, cuja finalidade é de reduzir perdas na fermentação e preservar a silagem quando exposta ao ar. È importante, contudo lembrar que o aditivo não vai melhorar a qualidade da forragem ou corrigir erros básicos de manejo do silo.

A colheita e a ensilagem formam, sem dúvida, a classe de maior importância logística para o sistema, erros em dimensionamento de frota podem levar a grandes prejuízos quanto maior for o tempo para se fechar o silo. Perdas por respiração celular, perdas de açúcar decorrentes da ação de leveduras e outros microrganismos (maior em plantas com teor alto de açúcar, como cana) são freqüentes e cada vez maiores em função do contato da forragem com o ar.

Dentre os itens considerados dentro desta classe estão: colheita, transporte, compactação e fechamento dos silos. Todos os itens que envolvem máquinas e equipamentos da fazenda tem embutido no seu custo horário a depreciação decorrente do uso.

Então é isso? Não! O item mais esquecido das análises é justamente a descarga e a distribuição da silagem aos animais. A retirada da silagem, o transporte e a distribuição podem representar nada mais, nada menos do que 26,5% de todo o custo.

O uso de trabalho manual para a descarga tanto na retirada como na distribuição deve ser contado como um custo agregado à confecção da silagem, tendo em vista o número de horas que os trabalhadores demoram a executar este serviço e o custo horário por cada trabalhador envolvido.

Essa série de dados permite a elaboração do custo da tonelada de silagem. É sempre desejável se pensar no custo da MS por tonelada, afinal comparações de volumosos com diferença de umidade podem fornecer uma idéia errada do custo. Uma silagem com 30 % de MS e outra com somente 28% de MS ambas custando R$59,64 t/ MV apresentam uma diferença de custo por tonelada de MS de R$ 198,8 para R$ 213,00 respectivamente.

Os passos descritos podem ser usados como exemplos de uma análise detalhada para um determinado sistema de produção, porém cada propriedade deve adequar sua análise excluindo e inserindo itens importantes ao seu sistema.


_____________________________________
1Mestrando em Ciência Animal e Pastagens
2Professor Associado do Departamento de Zootecnia - USP/ESALQ - nussio@esalq.usp.br

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures