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Mão na roda ou Mão-de-obra?

POR ANA CAROLINA PRADO ZARA

E ANTONIO SÉRGIO VILLAS BÔAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/04/2009

4 MIN DE LEITURA

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Em todo lugar que se vá, a grande dificuldade para tocar a ovinocultura está na mão-de-obra. Principalmente quando se fala de capacitação da mesma.

A ovinocultura tem, sim, suas peculiaridades, principalmente no manejo rotineiro da criação. Manejos sanitários e práticos são imprescindíveis e pouco compreendidos pelo produtor que, na maioria das vezes, orienta o funcionário. A divergência de informações causa uma confusão na cabeça de muitos, principalmente no tocante a mão-de-obra, tornando o manejo temeroso aos que pretendem entrar na atividade.

A ovinocultura, principalmente a da região sudeste, está coberta de desvelos que dificultam a cadeia produtiva como um todo. As práticas de manejo devem ser avaliadas sob dois aspectos ao mesmo tempo distintos e interligados. Observe-se que os nascimentos devem ser ocorrentes quando o melhor tempo para a fazenda for definido; isso considerado sob um aspecto técnico. Sob um aspecto econômico, a concentração de atividades extra-rotina é sempre recomendável, justamente pelo acúmulo de serviços. Nesse caso a diminuição da relação homem/rebanho, torna cada vez mais cara, a mão-de-obra.

Das dificuldades colocadas, todas dependem do tamanho e da qualidade do rebanho. Esta seria a conta primordial da ovinocultura de corte. O cálculo para rebanhos comerciais, em que a mão-de-obra seja exclusiva da ovelha, propõe 1 homem para cada 500 cabeças. Relações acima dessa começam a ser vantajosas. Aí os aparatos de suporte devem ser considerados: melhorias do tronco de contenção, melhorar a divisão das mangueiras, etc, ajudam essa relação a ser mais atraente. No caso de rebanhos menores, o mesmo homem deve ser destinado a outros interesses como gado, agricultura etc. Da mesma forma, para efeitos de cálculo, seus valores devem ser ponderados.

Evidentemente, essa quantidade de trabalho não se aplica a manejo extra de vacinações, everminações ou aparo de casco. Nesses casos, o uso de trabalhadores extras (terceirização) pode ser vantajoso para rebanhos grandes. Esse tipo de serviço, considerado extra-rotina, demanda tempo da mão-de-obra alocada e atenção exclusiva para o serviço. Essa extra-rotina freia a produção como um todo, principalmente quando a rotina for executada em sistemas com grande nível de intensificação. Aquela velha e boa idéia de "fazer um pouco por dia" não se aplica, pois há um prolongamento de trabalhos que devem ser feitos de forma imediata. Usar, para esses casos, a mão-de-obra suficiente, pode fazer com que ela fique ociosa quando a propriedade voltar à sua rotina diária. E o impacto econômico disso pode ser desastroso.

A melhor forma de proteger o rebanho, zelar pela sua saúde e facilitar o trabalho do funcionário, concomitantemente é, portanto, prendê-lo?

NÃO!

Com um mínimo de observação, é fácil perceber que ovelhas que selecionam o seu alimento são disparadas mais saudáveis que animais presos durante a noite. Além disso, sobra a sujeira que precisa ser removida, diariamente. A verdade é que rebanhos presos equivalem também a um homem preso. Preso por conta de limpeza diária, desinfecção e higiene de instalações. Observe-se que o cálculo de 1 homem para 500 ovelhas, trata de uma relação somente de manutenção do rebanho, não implicando com isso limpezas de barracão, feitura sistemática de alimentos e sua colocação em cochos. Isso elas podem fazer tranqüilamente a pasto.

A ovelha, em seus hábitos alimentares, está situada no extremo dos animais ruminantes: o bovino é pouco selecionador e come o que vier pela frente; os alces, selecionadores de concentrados, sementes e frutos, e a ovelha, uma pastejadora incrível, que escolhe somente as folhas tenras para sua dieta. Esse hábito alimentar leva, evidentemente, muito tempo. Uma vez anulada a possibilidade de que ela pasteje durante muitas horas por dia, o resultado poderia ir, desde uma queda de desempenho fisiológico, a até mesmo, o óbito. Além disso, os confinamentos noturnos são uma forma impar de propagação de doenças. Saúde não é sinônimo de gordura, mas animais com boas condições são sempre desejáveis. Queda acentuada de seu estado físico e aumento de mortalidade, estrangulam ainda mais o valor da mão-de-obra perante o rebanho.

A conta que representa a vantagem de ter uma mão-de-obra (MO) exclusiva para o número de cabeças é essa:

Custo da MO = nº matrizes /500 x (Salário + direitos)

Os valores obtidos a partir de plantéis com menos de 500 cabeças são entendidos como um prejuízo, uma vez que subtraindo o salário fixo pago ao funcionário gera um déficit mensal. Já os plantéis acima de 500 cabeças gerarão superávit.

Essa relação é verdadeira desde que a propriedade siga as instruções de um técnico qualificado que ajude a programar um calendário de produção. Por esse calendário serão concentradas a estação de reprodução e dos nascimentos. E essa concentração permitirá otimizar o uso da mão-de-obra, programar o uso de terceiros e prever de forma mais exata, a produção.

O parcelamento da produção gera à propriedade doses homeopáticas de receita dificultando mais uma vez o pagamento dos seus custos fixos. Vale lembrar que um homem trata, pelo mesmo preço, de um lote de 50, 100 ou 1.000 animais. Essa produção, portanto, não precisa se segmentar ao longo do ano, pois a sua totalização será a mesma durante o ciclo. O que mudará será o trabalho destinado ao lote. Se considerada a mão-de-obra como um custo grande no processo de produção, esta deverá ser racionalizada ao extremo. Mão-de-obra é a chave do processo produtivo, e é preciso que seja, de fato, a mão na roda da atividade.

ANA CAROLINA PRADO ZARA

ANTONIO SÉRGIO VILLAS BÔAS

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ANA CAROLINA PRADO ZARA

CACHOEIRA PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 27/04/2009

Gostaríamos de agradecer os comentários pois é daí que tiramos a inspiração para novos temas!
Muito gentil da parte de vocês...esperamos ter ajudado.

MUITO OBRIGADA!
MAURÍCIO PRESTES BRAGAGNOLLO

DOM PEDRITO - RIO GRANDE DO SUL - ESTUDANTE

EM 26/04/2009

Parabéns pelo artigo!

A mão-de-obra passa despercebido pela maioria dos produtores que não contabilizam a produção como um todo. Sou filho de criador de ovinos e por mais que trabalhamos almejando o futuro da nossa criação temos problemas como por exemplo os predadores que atacam na maioria das vezes á noite fazendo com que toda nossa criação fique presa a noite, ou seja, um empregado preso também, mas nem tudo é 100%, é preciso sempre melhorar.

Muito inteligente esse artigo, muito bom!!!!
MARCOS LIMA BARBOSA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 16/04/2009

Mais uma vez que belo artigo escrevem os autores.

Sempre que me perguntam qual é a minha atividade eu digo que sou ex empresário e "criador de ovinos ", um misto de interesse e pena se instala no rosto do interlocutor e logo vem a pergunta seguinte acompanhada daquele já tão conhecido sorrisinho irônico: "Que estranho... e isto dá dinheiro?"

Na verdade o que eles querem perguntar é: "e isto lá é forma de se ganhar dinheiro seu excentrico desajustado?"

Quando digo que é disto que venho vivendo, logo vem a clássica exclamação: "EH...VIDÃO. Nada de stress ou preocupação, vivendo junto a natureza, respirando ar puro, vendendo animais a peso de ouro, etc"

Ledo engano. Quantas são as noites fazendo contas e contas tentando a "multiplicação dos pães", mão de obra cheia de vicios, meses de parições, fases ruins, muita chuva, depois é nada de chuva, anemías, manqueiras, opg´s, vermes, cordeiros entalados, mães sem leite, onça atacando, porcada surrupiando a roça e o tempo vai passando....

Apesar dos pesares para mim a ovinocultura é gratificante e uma atividade que me dá prazer, mas é um negócio como outro qualquer com coisas boas e tambem ruins!

Acho apenas que é TAMBEM falando as mazelas da atividade que se compreende e se desmistifica o que antes era um mar de rosas. Foi dizendo logo as verdades, sem pompa e doendo a quem doer, que a dupla de mestres SERGIO VILAS BOAS e ANA CAROLINA ZARA vem conquistando o nobre lugar de professores de todos nós. Sabem porque tambem fazem. E eu que a quase uma década venho ouvindo palestras em simpósios e participando de exposições de ovinos sem fim, ando meio cheio de tantos "professores e doutores palestrantes" que mais pregam do que ensinam. Desaprendo tambem com alguns famosos criadores de exposições que jamais perdem cordeiros, na fazenda deles animais não adoecem, só nascem animais de pista e administram somente nos finais de semana fazendas modelos que deixam lucros extratosféricos etc etc... A estes, humildemente vos digo: ouçam sempre com muita atenção o que dizem os doutores SERGIO e ANA CAROLINA. Quem sabe um dia cohabitemos honestamente o mundo real da ovinocultura .

UM FORTE ABRAÇO

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