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Informações de parentesco e de produção: armas para as comparações objetivas

POR OCTÁVIO ROSSI DE MORAIS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/05/2007

4 MIN DE LEITURA

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A avaliação dos animais pelo próprio desempenho, como já comentamos, pode nos conduzir a uma série de falhas. No entanto, quando a herdabilidade das características testadas é alta, os resultados podem ser satisfatórios. O problema é que estamos falando de desempenho produtivo e não de desempenho dos animais em pistas.

Infelizmente a maior parte dos criadores tem o trabalho de preparar seus animais com todo tipo de artifício e a todo custo, registram seus ovinos atendendo a uma série de requisitos, mas não gostam de fazer anotações zootécnicas e muito menos econômicas. Para registrar seus animais os criadores comunicam a cobertura, o nascimento dos cordeiros, pagam a inspeção ao pé, a confirmação, etc. Anotar os pesos regularmente, o desempenho reprodutivo, eventos sanitários, entre outros, no entanto, parece ser muito trabalhoso e enfadonho.

Pois bem, o ganho de peso, por exemplo, tem herdabilidade alta nos animais de produção. Isto quer dizer que boa parte do que determina o ganho de peso é genética. Assim, ao escolhermos um reprodutor pelo seu desempenho de ganho de peso, conseguiremos resultados razoáveis. Para isso é preciso conhecer sua capacidade de ganho de peso e, se nos interessarmos pelo que ele é capaz de passar para os filhos, é necessário, também, que a forma de criação desse animal seja semelhante àquela em que ele e seus filhos serão criados.

Não adianta escolher um reprodutor com ótimo histórico de ganho de peso do nascimento aos seis meses e a um ano, criado em confinamento com trato à vontade, se seus filhos serão criados em pasto.

Ganho de peso, no entanto, pode não ser a característica em questão. Digamos então que queiramos selecionar rendimento de carcaça. Ainda é uma característica de herdabilidade de média para alta, mas não podemos medi-la no próprio reprodutor, pois isto é feito no animal morto.

Assim lançamos mão dos dados de abate de seus filhos e comparamos com dados de abate de filhos de outros reprodutores. Nesse caso também é preciso que os animais de abate tenham tido as mesmas oportunidades de desenvolvimento e que o grupo de ovelhas que cada reprodutor acasalou seja semelhante. Desta forma estamos usando dados de parentes para escolhermos reprodutores. Esta é a base dos famosos testes de progênie.

O teste de progênie permite comparar os indivíduos por meio do desempenho de seus filhos e assim calcular seu valor genético. Vejamos um exemplo prático:

Num rebanho onde o peso médio dos cordeiros aos 120 dias era de 27 kg, os filhos carneiro A, pesaram aos 120 dias 28 kg. Os filhos do carneiro B, com mesmo trato e manejo, pesaram 30 kg aos 120 dias.

As ovelhas acasaladas com ambos eram bastante homogêneas. Os carneiros eram da mesma raça. Assim, pode-se dizer que o valor genético do carneiro A é de 2 kg e o do carneiro B é de 6 kg. Como eles passam metade de seus genes, espera-se que seus filhos recebam metade de sua superioridade, como realmente se observou. Daí também saem as famosas DEPs (Diferença Esperada na Progênie), que são justamente a metade do valor genético dos indivíduos para cada característica.

Entretanto, na maioria das vezes, os carneiros não estão na mesma fazenda, os rebanhos não são homogêneos, o manejo não é o mesmo. Assim, é preciso usar artifícios matemáticos um pouco complexos para comparar os indivíduos e mesmo assim, é preciso que haja alguns filhos de um carneiro e de outro em fazendas diferentes para que possam ser eliminadas as diferenças e a comparação seja mais justa.

O uso de informações de parentes vale, especialmente, para características de baixa herdabilidade, como por exemplo, as relacionadas com a reprodução. No caso de características de baixa herdabilidade, é difícil escolher os animais pelo próprio desempenho, pois a influência do ambiente é grande. Escolher reprodutores que nasceram de parto duplo, por exemplo, pode levar a melhorar a prolificidade do rebanho nas próximas gerações, mas a eficiência disso costuma ser baixa.

No entanto, se tivermos a informação do desempenho reprodutivo das mães e avós desses animais a comparação se tornará muito mais eficiente e nossa decisão mais acertada. Como a característica sofre muita influência do meio, o histórico familiar diz muito sobre a genética do indivíduo.

Existe uma metodologia usada pelos melhoristas chamada "modelo animal" que permite aproveitar todas as informações disponíveis de parentes e tornar as comparações bem mais eficientes. Para isso, é sempre bom reforçar, precisamos de informações de desempenho produtivo. Sem anotações relativas à produção dos animais não há como compará-los objetivamente.

Trabalhar com genética implica em entender bem suas bases. Selecionar, além dos conhecimentos de genética, requer bons conhecimentos de estatística e probabilidade. E mais, estatística especialmente desenvolvida para o melhoramento animal. Ao produtor cabe o papel de anotar os eventos produtivos de cada animal.

As comparações das quais vimos falando nesses últimos artigos devem ficar a cargo dos melhoristas, que são profissionais que estudam anos a fio para se capacitarem para isso. Com isso não quero dizer que os produtores devem ficar fora das comparações e da escolha dos reprodutores. O papel dos produtores é diferente do papel dos melhoristas, mas os dois são totalmente dependentes para o bom andamento do processo. Os melhoristas não terão onde aplicar os conhecimentos sem os produtores e os produtores continuarão avaliando seus carneiros de forma pouco eficiente sem os melhoristas.

Felizmente muitos produtores já sabem que existe uma diferença entre animal campeão de pista e animal bom para produção. Os carneiros "campeões" devem ser aqueles com melhor avaliação, maiores valores genéticos para uma série de características. Mas que características seriam essas? Um bom programa de melhoramento genético pode nos responder.

No próximo artigo falarei sobre programas de melhoramento, nos quais os conhecimentos sobre genética, estatística, economia e produção animal são usados em conjunto para o benefício dos envolvidos nas cadeias produtivas, e onde teremos uma idéia de quais características deverão ser usadas nas comparações.

OCTÁVIO ROSSI DE MORAIS

Melhoramento Genético de Caprinos e Ovinos - Embrapa

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ALEXANDRE ESTANISLAU DO AMARAL

VALINHOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 04/06/2007

Prezado Octávio,

Sou agrônomo e criador de ovinos. Parabéns pelo artigo. Não tenho dúvidas que com a evolução da cadeia produtiva, os criadores obrigatoriamente deverão se preocupar cada vez mais com a performance de seus rebanhos baseada em produção, seguindo o exemplo da bovinocultura.

Existe no Brasil algum programa de melhoramento genético para ovinos de corte baseado em DEPs ?
Gostaria de implementar em nosso rebanho (base Texel e Ile) de aprox. 2000 animais, um programa baseado em GP, conformação de carcaça e prolificidade.
Seria possível a médio e longo prazo ? Quem poderia me orientar ?

Obrigado, Alexandre Amaral.

<b>Resposta do autor:</b>
Alexandre, mais que o desempenho produtivo a grande preocupação dos produtores deve ser com o desempenho econômico de seus rebanhos. A eficiência produtiva pode não ser acompanhada de eficiência econômica e aí nosso trabalho fica perdido.

O melhoramento genético deve ser orientado dessa forma, ou seja, melhorarmos especialmente as características que podem dar maior retorno econômico. Das características que você citou, por exemplo, duas são, aparentemente, de interesse econômico direto para o produtor: ganho de peso e prolificidade.

A outra, conformação de carcaça, só é interessante ser melhorada se o comprador remunerar o produtor por ela. Por isso conhecer as DEP´s ajuda muito, porém não é o bastante. É muito importante conhecer o valor econômico das características e estimar o peso econômico das mesmas, aí sim, junto com as DEP´s podemos montar um índice de seleção e trabalharmos para sermos felizes!

Temos no Brasil alguns programas de avaliação, que produzem DEP´s. Programa de melhoramento, que eu conheça, somente o Genecoc, da Embrapa, mas não sei como está no momento.

Um abraço.

CINTIA RIGHETTI MARCONDES

BELÉM - PARÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 31/05/2007

Parabéns, Octávio!

Seu artigo está escrito de um jeito tão simples, mas também tão informativo, que vou encaminhá-lo para os criadores de búfalo daqui. Um grande abraço, sucesso. Cintia

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