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Subprodutos da agroindústria de frutas como alternativa na alimentação

POR CLAYTON QUIRINO MENDES

E SUSANA GILAVERTE

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/07/2007

5 MIN DE LEITURA

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O Brasil apresenta excelentes condições edafoclimáticas para a produção de frutas, sendo atualmente o segundo maior produtor mundial. Segundo o Instituto Brasileiro de Fruticultura (IBRAF) o país produz aproximadamente 40 milhões de toneladas de frutas ao ano.

Dados da FAO (2007) apontam que do total de frutas processadas para produção de sucos e polpas cerca 40% são resíduos agroindustriais. Nos últimos anos, a capacidade de processamento das agroindústrias tem aumentado e com isso a quantidade de resíduos gerada é cada vez maior. Para a indústria, o acúmulo de resíduo aumenta os custos operacionais, uma vez que este material requer destino apropriado.

Nos últimos anos a região Nordeste do Brasil tem se destacado no cultivo de frutas. O desenvolvimento do setor de fruticultura tem gerado aumento no número de agroindústrias instaladas. Desta forma, temos assistido à intensificação do processamento de frutas e à produção anual de grande excedente de resíduos agroindustriais. Estes subprodutos são inadequados à alimentação humana, mas apresentam potencial de uso para a alimentação animal, principalmente para animais ruminantes, cujo aparelho digestivo é capaz de converter produtos fibrosos e subprodutos, em produtos nobres, como o leite e a carne.

Diversos subprodutos da agroindústria encontrados em determinadas regiões do país podem ser utilizados na alimentação de pequenos ruminantes e contribuir para redução do custo com alimentação e para que resíduos potencialmente poluentes não sejam eliminados no ambiente. Neste artigo procuramos apresentar as características nutricionais de alguns subprodutos da indústria esmagadora de frutas, comumente encontrados no Brasil e, apresentar resultados de desempenho de animais alimentados com estes ingredientes.

Uva

De acordo com Barroso et al. (2006) o resíduo de vitivinícolas tem sido em grande parte desperdiçado na região do Vale do São Francisco, podendo ser aproveitado na alimentação animal sob as formas de silagem ou resíduo desidratado.

Ao avaliarem a combinação do resíduo desidrato com diferentes fontes energéticas (grão de milho moído, raspa de mandioca ou farelo de palma forrageira) na alimentação de cordeiros em confinamento, estes autores não observaram diferença entre o resíduo e o milho grão moído e, concluíram que se trata de uma alternativa de volumoso que pode trazer benefícios para a produção de ovinos na região.

Os autores observaram ganhos de peso médio diário de 71, 117 e 132 g, para as combinações supracitadas, respectivamente. Estes resultados sugerem um possível efeito benéfico de complementariedade entre carboidratos de subprodutos e de plantas forrageiras de menor valor nutritivo.

Maçã

Fruta de grande importância econômica na região sul do país, corresponde por 98% da produção nacional. Seu processamento gera o resíduo conhecido como polpa da maçã, que equivale a 25% do peso da fruta. A polpa de maçã possui 18% de MS; 6,5% de PB; 42% de FDN; 3,2% de EE; 4,2% de MM e 62,4% de NDT.

Este subproduto caracteriza-se por possuir baixo teor de matéria seca (MS) e de proteína bruta (PB), porém, apresenta teor médio de fibra em detergente neutro (FDN), com indicativos de boa qualidade desta fibra. Com isso, a polpa da maça é um alimento muito interessante como fonte energética para a alimentação de animais ruminantes. O resíduo úmido de maçã pode ser armazenado na forma de silagem, associado a outros produtos de maior teor de MS, como o milho, feno e farelos.

Caju

A produção brasileira de caju é estimada em mais de um milhão de toneladas/ano, produzida quase totalmente na região Nordeste do país. O fruto do cajueiro é formado da castanha (10%) e da polpa (90%), a qual é desperdiçada em quase sua totalidade (96%). Desta forma, o resíduo de caju se coloca como alternativa interessante para a alimentação animal, sobretudo na região em que é produzido em maior quantidade.

Dantas Filho et al. (2007), avaliaram o desempenho de cordeiros mestiços da raça Santa Inês mantidos em confinamento, alimentados com polpa de caju desidratada nos teores de inclusão de 0 (tratamento controle), 10, 20, 30 e 40% na matéria seca total do concentrado. Estes autores obtiveram ganhos de peso médio de 295, 265, 222, 270 e 187 g/dia, respectivamente. O tratamento com 30% de inclusão, seguido pelo tratamento controle, apresentou melhor benefício econômico.

Outros (abacaxi, acerola, goiaba, maracujá e melão)

Lousada et al. (2005) compararam subprodutos desidratados de abacaxi, acerola, goiaba, maracujá e melão, oriundos da extração de sucos e polpas, para alimentação de ovinos. O subproduto do abacaxi era composto por cascas e polpa prensada, o de acerola, basicamente por sementes, com baixa porcentagem de frutos refugados; o de goiaba, por sementes e polpa macerada; e os subprodutos de maracujá e melão eram compostos por casca e sementes.

O consumo de MS do subproduto de goiaba foi de 1,53 kg/animal/dia, sendo superior aos consumos verificados para os subprodutos de abacaxi e acerola, cujos valores observados foram de 0,92 e 0,50 kg/animal/dia. Já o consumo do subproduto da goiaba não diferiu dos subprodutos de maracujá (1,20 kg/animal/dia) e do melão (1,157 kg/animal/dia), os quais foram semelhantes ao do resíduo de abacaxi.

O subproduto de goiaba apresentou maior consumo de fibra em detergente neutro. Isto foi observado devido ao consumo de MS desse subproduto ter sido 65% superior ao consumo observado para os demais subprodutos. Talvez, esse maior consumo tenha ocorrido devido à melhor qualidade da fração fibrosa; uma vez que a composição da parede celular poder alterar a digestibilidade, e conseqüente, afetar o consumo pelos animais.

A digestibilidade aparente da proteína dos subprodutos de maracujá e melão foi superior aos demais resíduos avaliados, sendo que apresentaram maior porcentagem de PB; 12,7% e 17,3%, respectivamente. A digestibilidade aparente do FDN, destes subprodutos, também, foi superior. Talvez, o maior teor de PB, possa ter propiciado melhor ambiente ruminal para a degradação da fibra.

Pinto et al. (2005) avaliaram a utilização de subprodutos da industrialização do abacaxi na forma de feno, em rações com 60% de volumoso na alimentação de cordeiros confinados, e observaram maior ganho de peso (140 g/dia) em relação aos animais alimentados com feno de capim d´água (Panicum germinatum) ou silagem composta por milho e capim d´água, cujos valores observados foram de 90 e 100 g/dia, respectivamente.

Conclusões

O Brasil apresenta elevada e diversificada produção de frutas, cujos resíduos podem ser perfeitamente utilizados para a alimentação animal. As mais diversas regiões do país apresentam frutas nativas ou cultivadas que podem ser utilizadas por produtores regionais, contribuindo para reduzir custos de produção e contaminação ambiental.

Referências Bibliográficas

BARROSO, D.D.; ARAÚJO, G.G.L.; SILVA, D.S. et al. Desempenho de ovinos terminados em confinamento com resíduo desidratado de vitivinícolas associado a diferentes fontes energéticas. Ciência Rural, v.36, n.5, p.1553-1557, 2006.

DANTAS FILHO, L. A.; LOPES, J. B.; VASCONCELOS, V. R. et al. Inclusão de polpa de caju desidratada na alimentação de ovinos: desempenho, digestibilidade e balanço de nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 36, n. 1, p. 147-154. 2007.

FAO. Banco de dados estatísticos. Disponível em

LOUSADA JR, J. E.; NEIVA, J. N. M.; RODRIGUEZ, N.M. et al. Consumo e digestibilidade de subprodutos do processamento de frutas em ovinos.Revista Brasileira de Zootecnia. v. 34, n. 2, p. 659-669. 2005.

PINTO, C.W.C.;SOUZA, W.H.; FILHO, E.C.P. et al. Desempenho e cordeiros Santa Inês terminados com diferentes fontes e volumosos m confinamento. Agropecuária Técnica, v. 26, n.2, p. 123-128, 2005.

CLAYTON QUIRINO MENDES

É colaborador do Agripoint como instrutor do curso Princípios da Nutrição de Caprinos e Ovinos de Corte e escreve artigos técnicos para seções Nutrição e Pastagem.

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JANA RIOS

ESTUDANTE

EM 27/07/2018

Não consegui acessar a referência da FAO
LUIZ SANDI

LAGES - SANTA CATARINA - OVINOS/CAPRINOS

EM 13/11/2011

Prezado Cirilo, bem interessante o seu artigo, aqui em Lages-Sc temos uma boa disponibilidade de residuo de indrustrias como de cevada e de maça.



Uso na minha propriedade para acabamento e engorda de cordeiros desmamados, o residuo de cervejaria "levedura de cerveja umida" ou fermento de cerveja,  a vontade, e residuo de maça ou "bagaço da maça" tambem a vontade, pastagem de azevem e trevo, a vontade, sal mineral de boa qualidade e 200 grs dia de milho moido.

Seria esta maneira adequada de engorda ou tenho que mudar algo.



Obrigado
ANTONIO GUSMÃO

SALVADOR - BAHIA - VAREJO

EM 03/03/2008

Muito interessante o artigo sobre subprodutos de frutas, para nutrição ovina.

Gostaria de saber sobre o subproduto da fruta mais consumida no país: A BANANA. Testei dar algumas cascas de bananas desidratadas ao sol e depois trituradas e misturadas a ração.

Foram consumidas sem dificuldades pelos ovinos DORPER.
Fiz bem ou mal? Posso continuar?
Abraços,
Antonio Gusmão - Salvador/BA.
GILMAR BORGES DE BRITO

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/11/2007

A utilização destes resíduos como alimentação é mais um atrativo para desenvolver a ovinocaprinocultra no Vale do São Francisco. Sabendo que o esterco dos animais beneficiam o solo pobre do nordeste e que os animais podem contar com esta suplementação percebemos que a uma oportunidade de interação comercial é maravilhosa.
BELISARIO MOIANE

MAPUTO - MOCAMBIQUE

EM 23/11/2007

Penso que o artigo mostra claramente como aproveitar o sector agronomico para desenvolver a pecuaria, e mais uma vez a experiencia tao vasta do Brasil no aproveitamento de subprodutos da agroindustria na Pecuaria.

Este modelo pode ser aplicavel para Paises em vias de desenvolvimento, como e o caso de Mocambique, que detem uma variedade de plantas subaproveitadas bem como disperdicios de diversos bagacos na epoca chuvosa.

Esta de parabens o autor ao mostrar ao mundo como se pode aproveitar o que a natureza por si so oferece para resolver o problema da falta de proteina animal.

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