ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Subprodutos do biodiesel na alimentação animal

POR GREICY MITZI BEZERRA MORENO

E MARIETA MARIA MARTINS VIEIRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/04/2008

4 MIN DE LEITURA

4
0
A preocupação mundial com os efeitos da globalização, que se refletem nas mudanças climáticas e na escassez dos recursos naturais, tem estimulado a busca por outras fontes de energia renováveis, que possam diminuir a emissão de gases causadores do efeito estufa, reduzindo assim, os impactos sobre o aquecimento global. Além disso, a expansão da agroenergia em bases sustentáveis pode ajudar a recuperar áreas degradadas e a reduzir a pressão sobre a expansão da fronteira agrícola, que causa o desmatamento, e ainda gerar renda e emprego no setor rural de todo o Brasil (Embrapa, 2006).

Entre as alternativas para minimizar os danos causados pela globalização destaca-se a produção de biocombustíveis, que pode ser feita a partir de gorduras de origem animal (resíduos de frigoríficos, por exemplo) ou de plantas oleaginosas (produtoras de óleo) como soja, algodão, mamona, dendê, canola, girassol, coco e babaçu. A produção de biodiesel a partir de plantas oleaginosas produzirá uma grande quantidade de co-produtos que podem ser utilizados na alimentação animal, sendo os principais a torta, se a extração do óleo for feita por prensagem (extração física), ou o farelo, quando o material é submetido à extração com solventes (extração química), após o processo de extração física (Bomfim et al., 2007).

A quantidade de óleo residual nestes co-produtos, principalmente nas tortas, deve ser considerada, pois, apesar do teor de óleo melhorar o perfil da gordura e elevar o valor energético das dietas, também pode prejudicar a digestão da fibra e reduzir o consumo voluntário pelos animais. Em pequenos ruminantes não deve-se ultrapassar 4% de óleo nas dietas.

A produção de biodiesel a partir da mamona tem recebido apoio de programas governamentais, e é considerada a melhor oleaginosa, por apresentar o maior teor de óleo nas sementes, facilidade no cultivo, baixo custo e pela sua resistência à seca, sendo uma opção viável para o Nordeste brasileiro. A torta de mamona tem sido utilizada tradicionalmente como fertilizante de alta qualidade, sendo que sua principal limitação para alimentação animal é a presença de fatores antinutricionais como a ricina, ricinina e o complexo alergênico. O rendimento do processamento das sementes da mamona é de 50% de óleo e 50% de torta, sendo que esta para ser usada na alimentação animal deve ser submetida ao processo de desintoxicação (Beltrão, 2002).

O farelo de mamona é um dos co-produtos do biodiesel com maior teor de proteína, com aproximadamente 37% de proteína bruta, podendo substituir o farelo de soja. Alguns trabalhos recomendam a substituição do farelo de soja por farelo de mamona desintoxicado em até 46% (Cândido, dados não publicados). Entretanto, seu teor de fibra é bastante alto, comprometendo seu potencial de fornecimento de energia.

No caso da torta, o teor de óleo aumenta a energia, mas pode limitar seu uso, especialmente porque cerca de 89% dos seus ácidos graxos são de um tipo particular, chamado ricinoléico, que pode causar diarréia nos animais (Bomfim et al., 2007). A utilização de farelo e torta de mamona precisa ainda ser melhor estudada, principalmente pela possibilidade de intoxicação dos animais e dos manuseadores destes co-produtos.

Para cada tonelada de semente de mamona processada são gerados 620 kg de casca (Severino, 2005). Este co-produto apresenta grande importância, pelo fato de não apresentar problemas de toxidez, como a torta da mamona, e por estar disponível na propriedade quando o produtor comercializa a semente já descascada. Portanto, pode ser utilizada como fonte de alimento volumoso alternativo, já que apresenta 72% de FDN (Santos, dados não publicados). Porém, é importante ressaltar que o teor de proteína bruta da casca de mamona varia entre 5 e 8% e sua composição é bastante variada, principalmente pela quantidade de fragmentos de sementes, que pode chegar a 13% (Bomfim et al., 2006).

Na Tabela 1 consta a classificação dos co-produtos da indústria do biodiesel que apresentam potencial de utilização na alimentação de ruminantes.

Tabela 1 - Classificação dos co-produtos da indústria do biodiesel que apresentam potencial de utilização na alimentação de ruminantes


Apesar da grande disponibilidade de co-produtos que serão gerados a partir do aumento da produção de biodiesel, é importante atentar aos níveis ideais de sua utilização na alimentação animal, destacando principalmente os teores de óleo residual e a presença de fatores antinutricionais que podem prejudicar a saúde e o desempenho animal.

Referências:

BELTRÃO, N. E. M. Torta de mamona (Ricinus communis L.): fertilizante e alimento. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2002. (Comunicado Técnico nº 171), Embrapa, 2002. 6p.

BOMFIM, M. A. D.; SEVERINO, L. S.; CAVALCANTE, A. C. R. et al. Avaliação da casca de mamona na alimentação animal de ovinos. In: CONGRESSO NORDESTINO DE PRODUÇÃO ANIMAL, 4, 2006, Petrolina. Anais... Petrolina: SNPA, 2006. 1 CD-ROM.

BOMFIM, M. A. D.; SILVA, M. M. C.; SANTOS, S. F. Potencialidades da utilização de subprodutos da indústria de biodiesel na alimentação de caprinos e ovinos. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE, 3, 2007, João Pessoa. Anais... João Pessoa: SIMCORTE, 2007, p. 1-21.

EMBRAPA. Agroenergia - FOLHETO, 2006.

SEVERINO, L.S. O que sabemos sobre a torta de mamona. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. (Documento, 134). 31p.

GREICY MITZI BEZERRA MORENO

MARIETA MARIA MARTINS VIEIRA

4

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

RAFAEL ELIAS RAMOS

FORTALEZA - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/04/2008

Parabéns pelo artigo e pelo seu sucesso como profissional.
THIAGO REIS

PIRAPOZINHO - SÃO PAULO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 12/04/2008

Bom dia.
Poderiam me mandar mais informações sobre este assunto?
SERGIO ANTONIO SCHWARTZ CUSTODIO

IPORÁ - GOIÁS - PESQUISA/ENSINO

EM 08/04/2008

Excelente artigo , traz informação técnica de grande utilidade para nós nutricionistas, que diariamente nos deparamos com a necessidadede adequar dietas a disponibilidade de ingredientes de cada cliente.

Só faltou um dado; o preço médio / tonelada. Ainda que saibamos que iste é bem variável de acordo com a região e período , seria interessante para completar o artigo comentando também sobre a participação deste ingrediente no custo das dietas em comparação com outros ingredientes.

Cordialmente
SERGIO CUSTODIO
Med. Veterinário
HELIO CABRAL JUNIOR

GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EM 04/04/2008

Boa matéria! Quem sabe no futuro...

O único senão é que estamos no Brasil, e como não há fiscalização, principalmente nas plantas industriais de pequeno e médio porte, não sei o nível de confiabilidade na composição dos subprodutos.

Se o problema fosse só a falta de padronização de por exemplo os níveis máximos de ácidos graxos presentes nas tortas e farelos, que pelo nível tecnologico das atuais instalações deve variar consideravelmente, ainda estaria "bom".

O problema real é de nos depararmos com "suplementos" adicionados à estes subprodutos, do tipo rejeitos de glicerina, "fundo de cuba", etc.

Teremos que fazer análise bromatológica de toda partida de subprodutos adquirida, isso para o pequeno criador ficará inviável.

E por favor não digam que as "associações de criadores" estão aí para isso, pois em realidade uma muito pequena minoria talvez esteja organizada a ponto de fazer compras coletivas e mandar analisar os lotes adquiridos.

Se o produto prime desta industria que é o biodiesel já está sendo rejeitado por apresentar "inconformidades" ( excesso de acroleínas por exemplo ), imaginem os subprodutos...

Cordialmente,

Helio Cabral Jr

.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures