A correta suplementação favorece funções vitais como desenvolvimento ósseo e muscular, digestão, respiração, circulação, sistema locomotor, entre outros. É indispensável utilizar suplementos minerais indicados para cada espécie, já que as necessidades nutricionais são distintas para ovinos e caprinos.
A ideia de suplementação mineral adequada, até recentemente difundida e aceita pela maioria dos especialistas, era aquela em que os ovinos recebiam uma mistura mineral "completa" 365 dias por ano, sem considerações quanto ao tipo de dieta, época do ano, categoria animal e natureza e nível de desempenho. Este conceito de suplementação parte da premissa de que cada animal consome da mistura mineral à sua disposição, a quantidade aproximadamente necessária para atender às suas demandas metabólicas, o que pressupõe uma sabedoria nutricional instintiva por parte do animal.
Hoje, sabe-se que o consumo de determinado suplemento é muito mais uma função de sua palatabilidade do que de sua capacidade em satisfazer demandas nutricionais específicas. Dessa forma, pode-se administrar suplementos minerais junto com o concentrado, preparando uma mistura que contenha todos os macro e micro elementos necessários. É preciso atentar para a ingestão excessiva de certos minerais, que pode ser prejudicial á saúde causando distúrbios nutricionais.
Um rebanho ovino mal nutrido, além de apresentar queda na sua produção terá problemas de ordem reprodutiva e sanitária. Atenção especial deve ser dada à suplementação de fêmeas em final de gestação, em lactação e animais em crescimento, pois são as épocas da vida em que há maior probabilidade de aparecimento de deficiências minerais.
A fase de crescimento é caracterizada por elevadas exigências nutricionais devido ao rápido desenvolvimento corporal. Assim, problemas nutricionais devido à deficiência, excesso (toxidez) ou ainda, desequilíbrio no fornecimento de minerais pode acarretar em enormes prejuízos para o produtor. No entanto, a literatura nacional é escassa em relação à suplementação mineral em ovinos, sem relatos de efeitos significativos na produção. Porém, sabe-se que a demanda de elementos minerais para animais em crescimento é bastante alta, principalmente para fêmeas quando se pretende utilizá-las em estação reprodutiva precoce, refletindo fortemente em seu desempenho ponderal e, consequentemente, em seu desempenho reprodutivo (NRC, 1985).
Nota-se que muitas vezes os produtores de ovinos têm dúvida quanto à necessidade de se trabalhar com um suplemento mineral específico e também quanto à forma de fornecimento, se em conjunto com a ração concentrada ou se apenas em cochos à parte.
Nesse contexto, foi realizado um experimento no Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da Universidade Federal do Paraná (LAPOC-UFPR). O objetivo foi avaliar a importância da suplementação mineral e das formas de fornecimento da mesma no ganho de peso de borregas Suffolk em fase de crescimento em confinamento, durante sete semanas. Os animais foram mantidos em confinamento divididos em dois grupos com base em diferentes formulações de suplementos minerais.
Quatro formas de suplementação mineral foram realizadas por meio dos tratamentos:
(T1) 2% suplemento mineral na ração concentrada farelada mais suplemento mineral à vontade no cocho;
(T2) 2% de suplemento mineral apenas na ração concentrada farelada;
(T3) suplemento mineral apenas no cocho;
(T4) sem nenhum tipo de suplementação mineral.
Para todos os tratamentos, a dieta total era composta de 60% de feno de alfafa (volumoso) e 40% de ração concentrada (concentrado), segundo o NRC (1985).
O período experimental teve inicio quando as borregas apresentavam em média quatro meses de idade e 29,5 kg de peso vivo, sendo utilizados 28 animais oriundos de parto simples e gemelar, divididos em quatro grupos ao acaso.
No início do experimento, as borregas foram pesadas e confinadas em baias coletivas de 6,3 m X 4,0 m, com piso ripado suspenso (Figura 1). As pesagens eram realizadas em jejum, semanalmente, em balança eletrônica para determinação do ganho médio diário.
Figura 1 - Borregas Suffolk confinadas.
As dietas isoprotéicas e isoenergéticas foram fornecidas duas vezes ao dia e o suplemento mineral fornecido no cocho à vontade pela manhã. Toda manhã (8:00h), as sobras da suplementação mineral e da dieta fornecidas nos cochos eram retiradas e pesadas. A diferença entre o ofertado e as sobras era dividido pelo número de animais presentes em cada grupo para se estimar o consumo médio de suplemento mineral e da dieta por animal. A dieta era ajustada semanalmente com base no peso vivo, segundo o NRC (1985).
A suplementação mineral e a forma de fornecimento, na ração concentrada e/ou no cocho, afetou o ganho de peso e o peso final de borregas em confinamento. Borregas que receberam suplementação mineral, tanto na ração concentrada, como no cocho (T1) apresentaram superior ganho médio diário (0,276 kg/ dia) e peso vivo final (45,71 kg) em relação aos demais tratamentos. Animais que não receberam nenhuma fonte de suplementação mineral (T4) apresentaram menor ganho médio diário (0,232 kg/ dia) e peso vivo final (43,53 kg) comparados aos que receberam suplementação.
Na Tabela 1, observa-se que a forma de suplemetação mineral não afetou o consumo diário de matéria seca por animal. O consumo médio total do suplemento mineral por borrega foi igual a 45,30 g/dia (13,30 g na ração concentrada + 32,00 g no cocho) para o tratamento 1; 13,30 g/dia (ração concentrada) para o tratamento 2 e 40,98 g/dia (cocho) para o tratamento 3.
Tabela 1 - Médias para ganho médio diário (GMD), peso vivo no final do tratamento (PVF), consumo de matéria seca (CMS) e consumo de suplementação mineral (CSM) de borregas Suffolk confinadas com diferentes formas de fornecimento de suplementação mineral.
O fornecimento do suplemento mineral em concentração de 2% na ração concentrada, garantiu sua ingestão, e associado à disponibilidade do suplemento ad libitum no cocho, maximizou o desempenho das borregas.
Figura2 - Borregas Suffolk comendo feno de alfafa mais ração concentrada farelada no cocho.
Referências bibliográficas
NRC.NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requirements of sheep. Whashingto: National Academy Press, 1985. 99 p.