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Utilização de co-produtos da mamona na alimentação de pequenos ruminantes

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/11/2009

8 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 29/09/2023

A produção de biodiesel, a partir de fontes vegetais de óleo, irá gerar uma quantidade significativa de co-produtos para a alimentação animal. Basicamente estarão disponíveis para a alimentação animal a torta, se a extração do óleo for física (prensagem), ou o farelo, quando o material for submetido à extração química (com solventes) após o processo de prensagem. A produção de torta deverá vir da extração de óleo nas unidades de produção, com a utilização de prensas artesanais e o farelo deverá ter uma maior produção nas grandes fábricas beneficiadoras de sementes.

Dependendo do material, podem ainda ficar disponíveis as cascas das amêndoas como é o caso da soja, do algodão ou mesmo da mamona. Em alguns casos, estas cascas são adicionadas à torta/farelo ou comercializadas separadamente.

É de extrema importância que ao se avaliar co-produtos da extração do óleo, levemos em consideração alguns pontos. Como por exemplo, dependendo da metodologia de extração, o teor de óleo presente no co-produto poderá variar. Uma vez que, quando a extração for física o co-produto irá apresentar um maior conteúdo de óleo, passando a ser classificado como torta. Quando no processo de extração for utilizado solvente, a quantidade de óleo presente será muito baixa e o co-produto é considerado farelo. É importante lembrar que, a presença de óleo aumenta o valor energético das dietas, podendo em muitas vezes, melhorar o perfil da gordura presente nos produtos de origem animal. Mas, vale ressaltar que a presença de óleo pode reduzir o consumo voluntário e a produção pela interferência na digestão da fibra ou até mesmo da palatabilidade das dietas.

Outro fator importante refere-se ao fato de que, normalmente, todas as oleaginosas são ricas em proteínas. No entanto, a presença desse nutriente em alta concentração não é suficiente para se afirmar que o alimento é uma boa fonte protéica. É de extrema importância que consideremos que o método de extração do óleo pode ter uma importância vital sobre a disponibilidade da proteína. Uma vez que, a temperatura usada para aumentar a eficiência da extração do óleo diminuirá a disponibilidade de proteína do alimento.

Na literatura já existem estudos que relatam a utilização de co-produtos da cadeia produtiva do biodiesel na alimentação de pequenos ruminantes, como por exemplo, torta, farelo e casca de mamona.

A torta de mamona tem sido utilizada em todo o mundo como adubo orgânico, mas, já se tem conhecimento de sua utilização na alimentação animal. No entanto, suas limitações no consumo animal estão relacionadas com a presença de ricina (Severino, 2005).

A ricina é considerada o principal fator limitante para o uso dos co-produtos da extração de óleos de sementes de mamona na alimentação animal (Anandan et al. 2005, citado por Oliveira, 2008), podendo ocasionar, segundo estudos já existentes na literatura, sintomas clínicos de: anorexia, fraqueza muscular, salivação intensa, diarréia, desidratação, midríase, hipotermia, entre outras, em ruminantes intoxicados por sementes de mamona.

No Brasil, vários grupos de pesquisa vêm buscando melhorias no processo de destoxificação da torta e farelo de mamona e na avaliação deste co-produto na dieta de pequenos ruminantes. As linhas de pesquisa tem se concentrado nas estratégias de autoclavagem, e no uso do hidróxido de cálcio. Todos baseados no trabalho de Anadan et al. (2005).

Em um estudo realizado por Oliveira (2008), objetivando testar o uso de 40 g de Ca(OH)2/Kg (hidróxido de cálcio), sobre o consumo e digestibilidade em ovinos, relata que houve eficácia de destoxificação em 62,15% para farelo de mamona e 64,85% para a torta de mamona. E que foi observado um aumento no consumo de MS, PB e CNF e que não foram apresentados sintomas clínicos de intoxicação por ricina nos animais experimentais. O referido autor ainda menciona que o uso de 40 g de Ca(OH)2/Kg (hidróxido de cálcio), apesar de não desnaturar completamente a ricina, amplia a eficiência de utilização dos componentes energéticos e nitrogenados em dietas para ovinos.

Em relação à casca de mamona, segundo Bomfim et al. (2006), esta apresenta, em sua composição química-bromatológica, 93,3% de matéria seca, 78,9% de matéria orgânica, 9,2% de proteína bruta, 19,9% de extrato etéreo, 42,5% de fibra em detergente neutro, 29,3% de fibra em detergente ácido, 13,1% de hemicelulose, 6,6% de lignina, 21,5% de celulose, 1,0% de cinza insolúvel e 73,2% de nutrientes digestíveis totais.

Em estudos realizados com ovinos Bomfim et al.(2006), ao avaliar a inclusão da casca de mamona em substituição ao milho, na dieta para fêmeas ovinas de 30 kg de peso vivo, nos níveis de 0; 33; 66 e 100%, utilizando-se a relação volumoso:concentrado de 50:50, observou redução linear no consumo de matéria seca com o aumento nos níveis de casca de mamona (caiu aproximadamente de 3 para 2,45% do peso vivo), provavelmente por causa da influência negativa do teor de fibra sobre a digestibilidade. Com relação ao ganho de peso, o autor estimou para os animais consumindo a dieta com o maior nível de participação de casca o valor de 115 g/dia, que foi atribuído principalmente, ao elevado nível de extrato etéreo deste subproduto, em razão de haver em sua composição 13% de amêndoas de mamona.

Santos et al. (2008), avaliando o efeito da inclusão da casca de mamona na dieta de cabras leiteiras sobre a produção e composição físico química do leite, observaram que a produção de leite e a concentração de gordura dos animais que receberam dietas com substituição de 33% do feno de capim-tifton 85 pela casca de mamona não foi diferente daqueles que receberam 100% de feno de capim-tifton 85 como fonte de volumoso. No entanto, com 67% e 100% de substituição observou-se uma redução significativa da produção, cerca de 0,0031 pontos percentuais (p.p.) para cada 1% de substituição, sendo que entre estes dois níveis não houve diferença significativa. Segundo os referidos autores, este comportamento da produção do leite pode estar relacionado ao nível e tipo de óleo presente nas dietas, uma vez que, com os níveis crescentes de substituição elevou-se o teor de ácido ricinoléico (resultante da participação de 6% de fragmentos de semente presentes na casca). O ácido ricinoléico além da carboxila apresenta uma hidroxila no carbono 10 da molécula. Estes dois grupos funcionais dentro do rúmen têm seu oxigênio ionizado e desta forma podem potencializar o efeito negativo do óleo sobre a microbiota ruminal, reduzindo a digestibilidade da fibra, o consumo e a produção (Bomfim et al. 2006, Eifert 2006).

Ao avaliarem o efeito dos níveis de substituição do feno de capim-tifton 85 pela casca de mamona sobre o perfil de ácidos graxos do leite de cabras Santos et al. (2008), observaram um aumentos no perfil do ácido linoléico conjugado do leite (CLA 9t11). Os referidos autores mencionam que, o aumento no teor de CLA pode ter ocorrido devido à presença de óleos adicionada nas dietas, decorrente do aumento nos níveis de substituição, uma vez que à medida que se aumenta o nível de participação da casca de mamona, também aumenta-se a presença de óleos, como já mencionado anteriormente.

É importante ressaltar que a presença de óleo propicia o ataque dos microrganismos sobre estas fontes de energia de forma mais efetiva, favorecendo o processo de biohidrogenação ruminal (MAIA et al., 2006).

Para Santos et. al. (2008), a utilização de casca de mamona pode ser utilizada como uma fonte alternativa de alimento volumoso para pequenos ruminantes sem ocasionar grandes reduções no consumo. E que pode melhorar os aspectos qualitativos do leite de cabra, agregando assim, maior valor funcional a este alimento, sem comprometer demasiadamente a sua produção.

Atualmente, existem estudos em andamento que objetivam avaliar o potencial de utilização da casca, da torta e do farelo de mamona na alimentação de pequenos ruminantes, como uma fonte alternativa de alimento de baixo custo para os rebanhos nordestinos.

Referências bibliográficas:

ANANDAN, S.; ANIL KUMAR, G.K.; GHOSH, J.; RAMACHANDRA, K.S. Effect of different physical and chemical treatments on detoxification of ricin in castor cake. Animal Feed Science and Technology, 120, p. 159-168, 2005.
BOMFIM, M.A.D. et al.Avaliação da casca de mamona na dieta de ovinos. In: IV Congresso Nordestino de Produção Animal, Petrolina, PE, p.936-939, 2006.
EIFERT, E. C. ; Santos, P. P. ; LEITE, Laudi Cunha ; LANNA, Dante Pazzanese Duarte ; BOMFIM, M. A. B. . Efeito de doses de óleo de mamona sobre a digestibilidade in vitro do capim elefante. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 43, 2006, João Pessoa. Anais... João Pessoa : Sociedade Brasileira de Zootecnia.
MAIA, F. J., et al., Inclusão de fontes de óleo na dieta de cabras em lactação: produção, composição e perfil dos ácidos graxos do leite. In: Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n.4, p.1504-1513,2006.
OLIVEIRA, A. S.; Co-produto da extração de óleo de sementes de mamona e de girassol na alimentação de ruminantes (Tese de doutorado) - Universidade Federal de Viçosa. 2008. 166f.
SANTOS, S. F.; CÂNDIDO, M. J. D.; BOMFIM, M. A. D.; SEVERINO, L. S.; Pereira, L. P. S. ARRUDA, P. C.L. Efeito da inclusão da caca de mamona na dieta de cabras leiteiras sobre a produção e a composição físico-química do leite. In: Anais do III Simpósio Internacional sobre Caprinos e Ovinos de Corte João Pessoa, Paraíba, Brasil, 05 a 10 de novembro de 2007. (CD ROM).
SANTOS, S. F. , BOMFIM, M. A. D. , CÂNDIDO, M. J. D. , Silva, M. M. C., PEREIRA, L. P. S. , SOUZA NETO M. A., GARRUTI, D. S. Efeito dos níveis de substituição do feno de capim-tifton 85 pela casca de mamona sobre o perfil de ácidos graxos do leite de cabras. In: Anais do V Congresso Nordestino de Produção Animal, Aracajú-Sergipe, 24 a 27 de novembro de 2008, (CD ROM).
SANTOS, S. F; Desempenho produtivo e qualidade do leite de cabras leiteiras alimentadas com dietas contendo quatro níveis de casca de mamona (Dissertação de Mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias. Depto. de Zootecnia, Fortaleza, 2008. 67 f.
SEVERINO, L.S. O Que Sabemos sobre a Torta de Mamona. Campina Grande:Embrapa Algodão,2005. 31p.(Documento, 134).

SUELI FREITAS DOS SANTOS

Zootecnista

RENAN M. MEDEIROS SANSON

MARCELO FERREIRA FERNANDES

RAFAEL NOGUEIRA FURTADO

Zootecnista - Doutorando em Zootecnia pelo Programa de Doutorado Integrado da Universidade Federal do Ceará /PDIZ-UFC

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