A oferta é representada pela quantidade de MS (kg) disponível por 100 kg de peso vivo animal que se encontra na área, portanto é indicada como valor percentual. Ex.: oferta de forragem igual a 8%, significa 8 kg de MS por 100 kg de peso vivo.
As diferentes categorias animais apresentam diferentes necessidades nutricionais em função de diferentes fases fisiológicas pelas quais estão passando. Por exemplo: ovelhas em lactação amamentando gêmeos; ovelhas em monta.
Considerando as diversas fases fisiológicas da vida do ovino, cujas exigências nutricionais devem ser observadas, pode-se afirmar, por exemplo, que referente à necessidade de ingestão de forragem, as ovelhas em fase de monta necessitam da oferta de forragem de cerca de 4-5 kg de matéria verde seca (MVS)/ovelha/dia, propiciando melhoria do ganho de peso diário e da taxa de ovulação.
No início da gestação as exigências nutricionais diminuem, sendo que cerca de 1-1,3 kg de MVS/ovelha/dia são suficientes. Para o terço final de gestação, a necessidade de ingestão está entre 1,5 a 2,5 kg MVS/dia. Quando as ovelhas pastejam com seus cordeiros no período pós-parto, ofertas de cerca de 5 a 8 kg MVS/dia são exigidas, para que o consumo esteja em 2,3 a 2,7 kg MVS/dia e entre 3,2 a 3,5 MVS/dia, para parições simples e duplas, respectivamente (Geenty, 1986; Carvalho et al., 1991; Tabela 1).
A partir de todos esses valores relatados, conclui-se que as ofertas de forragem devem ser entre 3 a 4 vezes superiores à necessidade de ingestão dos animais, de forma que os mesmos possam ter a possibilidade de selecionar material de melhor qualidade, que atenda às exigências nutricionais de cada fase.
Tabela 1: Ofertas de forragem para ovelhas com partos simples ou duplos junto com seus cordeiros
Fonte: Geenty (1986) citado por Carvalho et al. (1991)
De acordo com Carvalho et al.(2002), os cordeiros quadruplicam sua ingestão de forragem entre o 1o e o 3o mês de vida e esta necessidade deve ser prevista no manejo da pastagem, não prevendo apenas a ingestão das ovelhas, o que pode trazer decréscimo no desempenho dos cordeiros, tornando-os mais susceptíveis às verminoses.
A seguir, apresenta-se uma figura que indica a demanda de pastagem, de acordo com as necessidades nutricionais de ovelhas em diferentes fases do ciclo produtivo:
Figura 1: Necessidade de forragem (kg MS/ovelha/dia) conforme demanda nutricional por época do ano (flecha de cor verde= encarneiramento; flecha de cor vermelha=parição)
Observa-se então, que as fases de maior exigência em consumo de matéria seca de forragem ocorrem nas etapas de encarneiramento (atividade reprodutiva) e pós-parto (lactação)
Avaliação da pastagem
Para que o produtor tenha condições de calcular a quantidade de matéria seca disponível aos animais (oferta de forragem) e assim, controlar a carga animal presente, algumas formas de avaliação são apresentadas a seguir.
1. Corte e Secagem
Cortar o pasto de uma área representativa da quantidade que existe no piquete. Cortar uma área conhecida rente ao solo; para isso utilizam-se discos de ferro de 0,1m2 (ver foto abaixo) ou quadrados de ferro de cerca de 0,25 m2 (essas metragens são sugestões, qualquer metragem conhecida pode ser usada).
O material colhido deverá ser seco em estufa ou em forno comum ou microondas até que fique bem seco e quebradiço. Utiliza-se em geral 15 minutos em potência alta em microondas. No forno de microondas é importante colocar junto uma vasilha de água para evitar que haja queima do material. Depois de seco o material deve ser pesado.
Com isso consegue-se calcular a quantidade de matéria seca de pasto (peso em kg) na área que foi cortada e calcular a massa disponível por hectare (10.000 m2). Essa avaliação é importante para calibrar o olho do avaliador e relacionar a quantidade de matéria seca disponível com a altura.
Figura 2: Disco de ferro para avaliação da disponibilidade de matéria seca do pasto
2. Altura da Pastagem:
Mede-se a altura das folhas em vários pontos da pastagem. Essa altura está diretamente relacionada com a quantidade de matéria seca disponível. Essa relação pode ser calibrada com a avaliação através do corte e secagem (vide 1). Alguns trabalhos de pesquisa têm mostrado que a cada 10-12 cm de altura distribuída uniformemente na área, há em torno de 1000 kg de matéria seca por hectare.
3. Avaliação visual:
Após fazer várias vezes as avaliações anteriores o produtor terá condições de fazer a sua avaliação visual da quantidade de matéria seca disponível. Essa é uma forma rápida, sem custos e consegue abranger uma área grande. Entretanto, essa forma de avaliação exige enorme experiência.
Bibliografia Consultada
Carvalho, P.C.F. de; Poli, C. H. E. C. et al.. Normas racionais de manejo de pastagens para ovinos em sistema exclusivo e integrado com bovinos. In: Simpósio Paulista de Ovinocultura, 6, Anais...Botucatu, SP. 2002. p. 21-50.
Carvalho, P.C.F. de; Poli, C.H.E.C. et al. Manejo de pastagens para ovinos: uma abordagem contemporânea de um antigo desafio. In: Simpósio Paranaense de Ovinocultura, 9, Anais...Ponta Grossa, PR. 2001. p. 79-102.
Carvalho, P.C.F. de; Ribeiro Filho, H.M.N. et al. Importância da estrutura da pastagem na ingestão e seleção de dietas pelo animal em pastejo. In: Mattos, W.R.S. et al. (ed.). A produção animal na visão dos brasileiros. Piracicaba: FEALQ. 2001. p. 853-871.
Favoretto, V. Pastagens para ovinos. In: Produção de ovinos. Anais...Jaboticabal: FUNEP, 1990. p.65-80.