Os níveis de alumínio são mais elevados nos solos ácidos, característicos da maior parte do território brasileiro. Apesar do alumínio ser facilmente neutralizado por meio da correção do solo, a extensa área de pastagens do Brasil inviabiliza a adoção desta técnica em todos os locais devido a problemas como: dificuldade de transporte, logística, custo e infra-estrutura da propriedade. A busca por capins tolerantes ao alumínio, portanto, é um dos critérios utilizados nos programas de seleção de novos cultivares de gramíneas forrageiras coordenados pela Embrapa.
A Embrapa Gado de Corte avaliou, recentemente, 23 tipos de Panicum (cinco cultivares comerciais e 18 materiais do programa de avaliação e seleção de novos cultivares) quanto à sua tolerância ao alumínio (Laura et al., 2006). O experimento conduzido em casa-de-vegetação. Plantas com 21 dias de crescimento foram cultivadas em copos plásticos de 500 mL preenchidos com areia grossa e recebendo solução nutritiva, conforme o tratamento. Foram testadas três concentrações de alumínio: zero para a testemunha, 12 mg/L e 24 mg/L. A massa seca de raízes foi determinada na implantação do experimento e ao final de 28 dias. A partir destes dados, foi possível calcular a inibição do crescimento radicial e o índice de tolerância relativa ao alumínio.
As figuras 1 e 2 mostram a inibição do desenvolvimento radicial dos tipos de Panicum avaliados. Os capins foram classificados como: sensíveis (valores de inibição maiores que 2,7%), intermediários ( inibição entre -41,0 e 2,7%) ou tolerantes (inibição menor que -41,0%).
Os resultados apresentados mostram que há diferença entre os diversos tipos de Panicum com relação à tolerância ao alumínio, sendo que a maior parte dos materiais avaliados mostrou-se sensível ou com tolerância intermediária. Dentre os cultivares comerciais, o capim-tanzânia mostrou-se como o mais tolerante e o capim-massai o mais sensível à presença de alumínio.
Figura 1. Inibição (%) da produção de biomassa radicial para 23 tipos de Panicum em 12 mg/L de alumínio
Fonte: Laura et al. (2006)
Figura 2. Inibição (%) da produção de biomassa radicial para 23 tipos de Panicum em 24 mg/L de alumínio
Fonte: Laura et al. (2006)
Comentários: A maior parte dos solos brasileiros apresenta elevada acidez e, conseqüentemente, presença de alumínio. A tolerância das plantas ao alumínio é, portanto, uma característica importante e que deve ser levada em consideração nos programas e avaliação e seleção de novos capins. O experimento conduzido por Laura et al. (2006) mostra que os diversos tipos de Panicum apresentam níveis distintos de tolerância ao alumínio, o que dá margem para o lançamento de novos cultivares mais tolerantes a este elemento no futuro. O capim-tanzânia e o capim-milênio foram considerados como de intermediários (24 mg/L de Al) ou tolerantes (12 mg/L de Al), a depender do teor de alumínio na solução nutritiva. O capim-aruana e o capim-mombaça foram considerados intermediários na concentração mais baixa (12 mg/L) e sensíveis na concentração mais alta (24 mg/L) de Al. Já o capim-massai foi considerado sensível nas duas concentrações de Al testadas. O capim-massai, o capim-mombaça e o capim-aruana, portanto, não devem ser implantados em áreas com presença de alumínio, a menos que este seja neutralizado por meio de calagem.