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É possível produzir cordeiro utilizando apenas o pasto?

POR CLAYTON QUIRINO MENDES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/03/2010

7 MIN DE LEITURA

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A produção de cordeiros deve estar sempre focada na qualidade do produto final e nas exigências do mercado. Nos últimos anos a ovinocultura vem apresentando mudanças estruturais, muitas delas impostas pelo consumidor; o qual busca, além da qualidade, produtos diferenciados, como cortes específicos, embalagens adequadas em apresentação e tamanho, oferta constante, etc.

Estas mudanças que ocorrem "fora da porteira" fazem com que toda a cadeia produtiva seja modificada. Desta forma, "dentro da porteira" o produtor deve adequar o sistema de produção para ser competitivo. Com o intuito de ser eficiente economicamente os produtores estão sempre em busca da solução ideal para garantir o lucro da atividade, o que gera muitas dúvidas e, em certos momentos, decisões impróprias.

Após a publicação do artigo intitulado Produção de ovinos e caprinos em pastagens: hábito alimentar dos animais nos foi enviada pelo leitor Carlito Nóbrega de Presidente Prudente, SP a seguinte pergunta: Se eu mantiver meus cordeiros apenas no pasto, qual será a idade de abate? A resposta para esta pergunta depende de muitos fatores, como a região, época do ano, tipo de planta forrageira, manejo da pastagem, raça, manejo alimentar e sanitário das matrizes, etc. Entretanto, neste artigo busca-se responder esta questão.

Os sistemas de produção baseados somente no uso de forragens geralmente são associados à baixas taxas de crescimento e ao menor custo de produção. Embora a forragem produzida na pastagem seja considerada a fonte mais barata de alimentos para os animais, deve-se considerar o tempo necessário para atingir o peso de abate, uma vez que qualidade da carne está diretamente relacionada com a idade do animal. Na Tabela 1 é apresentada a taxa de ganho necessária para se abater um cordeiro com 32 kg de peso corporal em função da idade e do peso médio de nascimento.

Tabela 1 - Ganho médio diário (g/dia) necessário para se abater um cordeiro com 32 kg de peso corporal em função da idade e do peso médio de nascimento.



Diversos trabalhos de pesquisa têm sido realizados para avaliar a produção de cordeiros criados em pastagens. A seguir serão apresentados alguns resultados dessas pesquisas com o intuito de fornecer ao leitor uma ideia do potencial de exploração deste sistema de produção em diversas regiões do país. Entretanto, para que não sejam levantadas conclusões imediatistas e errôneas, é necessário considerar que estes trabalhos foram realizados em diferentes condições de clima, raças e idades dos animais. Além disso, variações no manejo e tipo das espécies forrageiras resultam em variação na forma, quantidade e qualidade da forragem disponível no ecossistema da pastagem, o que influencia o consumo e o desempenho dos animais.

Bianchini et al. (1998) avaliaram pastagens de coast cross manejada em pastejo rotativo em faixas (com sete dias de uso e 28 dias de descanso e variando a altura da forragem remanescente de 5,5 a 23,5 cm) e obtiveram ganho de peso diário entre 49,8 a 71,6 g. Cavalheiro et al. (1989) avaliaram o efeito da suplementação mineral no desempenho de cordeiros da raça Ideal em pastagem nativa da região de Vacaria(RS) e observaram ganho de peso de 70 a 113 g/dia. Macedo et al. (1999) observaram ganho de peso de 106 g/dia para cordeiros da raça Corriedale puros e mestiços terminados em pastagem de coast cross (Cynodon dactylon) abatidos com 258 dias e 29,6 kg.

Na região central do Rio Grande do Sul, Tonetto et al. (2004) compararam sistemas de produção de cordeiros mestiços Ile de France x Texel abatidos com 31 kg de peso corporal e terminados ao pé das mães em pastejo contínuo com oferta de forragem de 6,7 e 9,2 kg MS/100 kg de peso vivo para a pastagem natural e pastagem de azevém cultivada, respectivamente. Os autores verificaram ganho de 320 g/d e 76 dias ao abate para os animais mantidos em pastagem natural com acesso à alimentação no creep-feeding e 400 g/dia e 62 dias ao abate para os animais mantidos exclusivamente em pastagem de azevém. Da mesma forma, Frescura et al. (2005) observaram ganho de peso de 317 g/dia para cordeiros do mesmo grupo genético mantidos em pastagem natural. Adicionalmente, na região centro-oeste paulista Ortiz et al. (2005) observaram ganho de 365 g/d e idade de abate de 66 dias para cordeiros da raça Suffolk mantidos ao pé da mãe em pastagem de grama estrela (Cynodon plectostachyus) recebendo ração à vontade no creep-feeding.

Barbosa et al. (2005) comparam três modelos de criação para animais da raça Santa Inês no semiárido baiano abatidos com 28 kg de peso corporal. No modelo 1, os cordeiros permaneceram com a mãe até 75 dias de idade, em seguida foram desmamados e confinados. No modelo 2, permaneceram no pasto com a mãe, recebendo suplementação em sistema de creep-feeding. No modelo 3, permaneceram no pasto com a mãe sem suplementação alimentar. Os autores observaram melhor desempenho dos cordeiros criados no modelo que utilizou a suplementação em creep-feeding, sendo encontrados ganhos de peso de 206, 224 e 207 g/dia para os modelos 1, 2 e 3, respectivamente.

Almeida Jr. et al. (2004) avaliaram cordeiros da raça Suffolk mantidos ao pé da mãe em pastagem de grama estrela abatidos com 63 dias de idade e 28,5 kg. Os autores observaram ingestão de 353 g de MS/d e ganho de 380 g/d. Carvalho et al. (2005) observaram ganho de 268 e 190 g/d para cordeiros SRD abatidos com 164 dias. Os animais foram mantidos em pastagens de campo nativo no Rio Grande do Sul e suplementados com 1,5% do peso corporal.

Na Tabela 2 são apresentados resultados de alguns estudos envolvendo sistemas de terminação de cordeiros da raça Suffolk em pastagens de verão e inverno, com e sem suplementação, desenvolvidos por pesquisadores do Grupo de Produção de Ovinos para Carne, da Universidade Federal do Paraná. Os resultados indicam que a terminação dos cordeiros mantidos ao pé da mãe ou desmamados e suplementados possibilita o abate de animais mais jovens.

Tabela 2 - Resultados de alguns estudos envolvendo sistemas de terminação de cordeiros da raça Suffolk mantidos em pastagens de verão e inverno, com e sem suplementação.



Considerações finais

Independente do sistema de produção utilizado, o produtor deve ter em mente que para produzir carne de qualidade o animal deve ser abatido jovem. Embora cordeiro seja o animal com até um ano de idade, deve-se buscar atingir o peso de abate no menor tempo possível, uma vez que a qualidade da carne está diretamente relacionada com a idade do animal.

Considerando o elevado crescimento apresentado pelos animais jovens e visando ganhos de peso acelerado, o fornecimento de alimentação suplementar em sistema de creep-feeding coloca-se como uma técnica de manejo bastante interessante para a produção de cordeiros em pastagem.

Os animais mantidos na pastagem geralmente apresentaram desempenho inferior quando comparado com animais confinados recebendo dieta de boa qualidade, mesmo que a disponibilidade de matéria seca no pasto esteja acima das necessidades dos animais. A ocorrência deste fato na propriedade deve alertar o produtor para a quantidade de MS ingerida pelos cordeiros e ocorrência de verminose, uma vez que a combinação da presença de parasitas internos e a inabilidade de animais jovens de consumirem quantidade adequada de matéria seca invariavelmente prejudicam o crescimento dos animais.

Referências bibliográficas

ALMEIDA JR, G.A.; COSTA, C.; MONTEIRO, A.L.G. et al. Desempenho, características de carcaça e resultado econômico de cordeiros criados em creep feeding com silagem de grãos úmidos de milho. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.4, p.1048-1059, 2004.

BIANCHINI, D. et al. Disponibilidade e valor nutritivo de pastagem de coast cross (Cynodon dactylon (L.) Pears cv Coast cross 1) em quatro alturas de manejo e seus efeitos no desempenho de cordeiros em terminação. Boletim da Indústria Animal, Nova Odessa, v.55, n.1, p.63-69, 1998.

CAVALHEIRO, A. C. L. et al. Efeito da suplementação mineral no desempenho de cordeiros em pastejo. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.18, n.2, p.164-171. 1989.

FRESCURA, R.B.M. et al. Sistema de alimentação de produção de cordeiros para abate aos 28kg. R. Bras. Zootec., v.34, n.4, p. 1267-1277, 2005.

MACEDO, F.A.F. et al. Desempenho de cordeiros Corriedale, puros e mestiços, terminados em pastagem e em confinamento. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.51, n.6, p.583-587, 1999.

ORTIZ, J.S. et al. Medidas objetivas das carcaças e composição química do lombo de cordeiros alimentados e terminados com três níveis de proteína bruta em Creep Feeding. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.6, p.2382-2389, 2005.

RIBEIRO, T.M.D. Sistemas de alimentação de cordeiros para produção de carne. Curitiba, PR, 2006. 66p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal do Paraná.

TONETTO, C.J. et al. Ganho de Peso e Características da Carcaça de Cordeiros Terminados em Pastagem Natural Suplementada, Pastagem Cultivada de Azevém (Lolium multiflorum Lam.) e Confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.1, p.225-233, 2004.

POLI, C.H.E.C. et al. Produção de ovinos de corte em quatro sistemas de produção. Revista Brasileira de Zootecnia, vol.37, n4, p.666-673, 2008.
Silva (2008)

CLAYTON QUIRINO MENDES

É colaborador do Agripoint como instrutor do curso Princípios da Nutrição de Caprinos e Ovinos de Corte e escreve artigos técnicos para seções Nutrição e Pastagem.

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