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Os sistemas integrados agricultura-pecuária ovina

POR ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

E ANIBAL DE MORAES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/12/2007

6 MIN DE LEITURA

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Os sistemas integrados lavoura-pecuária e os sistemas silvipastoris ou agrosilvipastoris têm sido qualificados no país como possibilidades de melhoria de resposta sócio-econômica para os produtores. A integração lavoura-pecuária (ILP) tem garantido a sustentabilidade de sistemas de produção pecuária em algumas propriedades, pois o aumento da fertilidade do solo pela adubação da lavoura, cria condição apropriada para a implantação e manutenção de pastagens com espécies forrageiras de elevado potencial de produção e qualidade. Em contrapartida, esta elevada produção de biomassa da pastagem assegura maior ingresso de carbono e melhor proteção do solo contra efeitos erosivos, além de promover incremento na biodiversidade.

Se olharmos o panorama nacional, verifica-se que há diferentes sistemas de ILP no Brasil, em sua concepção, objetivos e características. Em função destes aspectos, também são diferentes as espécies forrageiras que são propostas para o mesmo. No Cerrado brasileiro, o ILP é utilizado para recuperação de áreas degradadas. Os sistemas conhecidos como "Barreirão" e "Santa Fé" são exemplos de ILP das zonas tropicais.

Nesse caso, apresenta-se predominantemente a produção de grãos, como milho e soja, e a ILP tem ocorrido a partir da associação da pecuária à agricultura. Assim, leva-se em conta que as rotações das principais culturas agrícolas em plantio direto não acumulam biomassa suficiente para a manutenção da cobertura de palha necessária ao sistema. Neste caso, o motivador da adoção da integração é o potencial que as plantas forrageiras têm de acumular biomassa e garantir a cobertura do solo.

Os gêneros de plantas forrageiras mais utilizadas, tais como a Brachiaria, o Panicum, o Pennisetum e o Sorghum, em condições de solos mais férteis das áreas agrícolas corrigidas, exprimem o seu verdadeiro potencial de produção. Diversas combinações existem, mas destacam-se como as principais culturas envolvidas a soja, o milho, o arroz e o algodão no ciclo agrícola, e as braquiárias (Marandu, Brizantão, Decumbens, Ruziziensis), o milheto e o sorgo forrageiro, na produção pecuária.

Nos subtrópicos brasileiros, a integração tem como concepção a rotação de culturas, e tem sido proposta como alternativa às clássicas rotações entre culturas anuais de verão e as culturas anuais de inverno, ou ainda, ao plantio de espécies que eram usadas apenas como cobertura do solo. Como culturas de verão, destacam-se a soja, o milho e o arroz, enquanto na agricultura de inverno, o trigo e a aveia branca.

Porém, na medida em que as culturas de inverno não têm tido interesse por parte dos produtores (problemas sanitários, custo, preço, etc.), o uso de forrageiras anuais de inverno (particularmente a aveia preta e o azevém), como pastagem, tem se apresentado como opção aos cultivos de inverno. Essa tem sido uma realidade presente no Sul do Brasil, principalmente em rotações com lavouras de milho e soja, significando receita adicional às propriedades com a venda dos animais.

Dentre as limitações ainda existentes para difusão do sistema, uma dúvida freqüente é sobre o que fazer com os animais no período de verão, no caso em que os mesmos não sejam terminados durante o período de inverno. Para isto, o estudo de espécies forrageiras perenes e anuais de verão, semeadas em parte da propriedade e com uso intensivo de tecnologia, é de extrema importância. Nesta proposta, a pastagem de verão deveria, obrigatoriamente, competir em rentabilidade com as lavouras de verão e permitir a manutenção dos animais na propriedade o restante do ano com alta produtividade.

No Paraná, em diversas unidades de pesquisa e validação foram obtidas elevadas cargas animais utilizando-se diferentes espécies e cultivares (Sorgo forrageiro, estrelas, Tifton 85, Tanzânia + Arachis pintoi, Brizanta, etc.), provando que pastagens de alto potencial em áreas de elevada fertilidade apresentam produtividades que competem com as lavouras de soja e milho.

A característica importante que deve ser considerada na escolha da forrageira no ILP é a duração do ciclo de produção da mesma, levando-se em conta que o período vegetativo do ciclo é o de maior eficiência de utilização pelos animais. Além disso, obviamente, as épocas do ano para plantio e utilização do material têm que estar bem definidas, para o planejamento do sistema.

Quadro 1. Espécies forrageiras mais utilizadas nos sistemas integrados no Brasil


No caso dos ovinos, pouco se observa nas propriedades junto aos sistemas integrados. Isso é reflexo do próprio rebanho que se apresenta em número bem menor do que o de bovinos, além de aspectos culturais e de tamanho das propriedades nas quais o ovino se encontra, principalmente nas Regiões Sul e Sudeste.

Porém, o raciocínio utilizado para a produção de ovinos dentro do ILP deve ser o mesmo já apresentado nessa discussão. Com o diferencial positivo de que, em áreas de rotações com culturas, é muitíssimo provável que a luta contra as parasitoses seja facilitada, em função das ocupações pela agricultura.

O esquema a seguir é um exemplo de sistema de integração agricultura-pecuária ovina com pastagens perenes de verão em rotação com soja, num modelo típico para os Planaltos do Sul do Brasil.


Figura 1. Diagrama de representação de um sistema de ILP para cultura da soja em rotação com pastagens perenes de verão.

O sistema prevê relação de superfície verão/inverno compatível com as produções de forragem respectivas das forrageiras de verão e de inverno propostas. Partindo-se da parição das ovelhas no inverno, considerando o sistema de monta tradicional verão-outono, as pastagens de verão diferidas (áreas complementares, Quadro 1) são a base alimentar do rebanho de ovelhas gestantes.

Após a parição, os cordeiros permanecem com as mães nos pastos de inverno até sua comercialização em novembro, e as ovelhas retornam às pastagens de verão no início do ciclo da soja. No caso proposto, os animais seriam comercializados entre novembro e dezembro, com pesos estimados próximos a 35 kg. As taxas de lotação empregadas na simulação, as relações de superfície, a previsão de desempenho animal, enfim, todos os parâmetros utilizados foram obtidos em pesquisas e em unidades demonstrativas do Rio Grande do Sul e Paraná.

Normalmente, como cobertura de inverno, no Sul do Brasil, têm sido utilizadas gramíneas como as aveias pretas (Avena strigosa) e brancas (Avena sativa) e o azevém (Lolium multiflorum), como já foi citado. Estas espécies proporcionam diferentes períodos de utilização em função da velocidade de estabelecimento e ciclo de vida. O azevém embora sendo mais lento na sua formação, permite utilização mais prolongada em relação às aveias, possibilitando uso primaveril.

Este conhecimento é importante para se adequar o ciclo da gramínea de inverno com o ciclo da cultura de verão. Por exemplo, antecedendo à lavoura de milho, que deve ser semeada mais cedo em relação a soja, a opção mais lógica seria de utilizar as aveias que apresentam um ciclo mais curto em relação ao azevém.

O contrário se passa com relação à soja, sendo muito mais vantajosa a opção pelo azevém, que permite pastejo até meados ou fins de outubro. Além do mais, após a saída dos animais, o azevém ainda pode garantir a formação de sementes antes de sua dessecação, possibilitando redução de gastos na aquisição de sementes no ano seguinte.

Como na integração lavoura-pecuária a pastagem é cultivada em condições de solos corrigidos, aproveitando o residual das adubações feitas na lavoura, tem-se neste caso uma ampla oportunidade de se trabalhar com leguminosas de inverno, que são espécies pouco presentes nas propriedades, normalmente mais exigentes quanto à fertilidade do solo. No caso das dietas para ovelhas com cordeiros ao pé, o uso de leguminosas têm demonstrado vantagem em função de sua qualidade nutricional.

Por meio do manejo adequado com herbicidas é possível a perenização dos trevos branco (Trifolium repens), vermelho (T. Pratense) e cornichão (Lotus corniculatus), sem causar problemas de competição às lavouras de verão. A presença destas leguminosas traz vantagens como a inserção do nitrogênio no sistema, a melhoria da qualidade da dieta dos animais em pastejo, e melhor cobertura do solo.

Dessa forma, considerando outras regiões do Brasil com ovinocultura crescente, como a Centro-Oeste, podem ser refletidas dentro da mesma proposta, alternativas forrageiras e sistemas de produção mais adequados à região em si. Por exemplo, levando-se em conta o uso de raças menos estacionais que devem apresentar melhor distribuição de parições no ano, o esquema de produção pecuária e agrícola deve considerar a maior freqüência de ocorrência de estações de parição de ovelhas, que é fase de elevada exigência nutricional.

Com a reflexão e o planejamento para essas alternativas, a ovinocultura pode ser inserida dentro das propriedades agrícolas, também como atividade econômica sustentável.

ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

Coordena o Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da UFPR

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LUIZ VALMOR DA SILVA MACHADO

JÚLIO DE CASTILHOS - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 19/04/2012

Reflete 100% da minha realidade como produtor do interior do Rio Grande do SUL. Parabéns pela reportagem.

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