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Regressão prematura de corpo lúteo

POR MARIA EMILIA FRANCO OLIVEIRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/05/2010

6 MIN DE LEITURA

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Com a finalidade de proporcionar um incremento na produtividade e um rápido crescimento na qualidade genética do rebanho, as biotécnicas da reprodução têm alcançado cada vez maior aplicabilidade. Entretanto, no uso destas ferramentas reprodutivas, alguns entraves ou efeitos indesejáveis têm sido observados. Dentre eles, focaremos nesta discussão a regressão prematura do corpo lúteo, um dos importantes obstáculos na transferência de embriões nos pequenos ruminantes.

O corpo lúteo participa da maioria dos processos reprodutivos. Ele é um órgão endócrino transitório formado após a ruptura do folículo ovulatório e, sua função primária é a produção de progesterona, a qual prepara o endométrio para implantação e manutenção da gestação inicial. Se a prenhez não ocorrer, o corpo lúteo regride para permitir o início de um novo ciclo estral.

De forma geral, considera-se luteólise precoce a regressão do corpo lúteo antes do 13º ou 16º dia do ciclo estral, para ovinos e bovinos, respectivamente; ou seja, a regressão ocorre antes do momento em que o endométrio fisiologicamente inicia a secreção pulsátil de prostaglandina F2α para desencadear o processo luteolítico em um ciclo estral normal.

A formação de corpo lúteo de duração anormal ocorre frequentemente no início da puberdade de ruminantes; durante o restabelecimento da ciclicidade no pós-parto de vacas e ovelhas e; na transição para a fase de ciclicidade em ovelhas. Além disso, nos pequenos ruminantes sua ocorrência principal tem sido reportada quando as fêmeas são submetidas à múltipla ovulação.

Neste caso, a regressão prematura do corpo lúteo, em geral, entre o 4º e 5º dia pós-estro, causa retorno da doadora ao estro antes da colheita dos embriões (5º a 6º dias pós-estro). Assim, no momento da lavagem uterina podem ser observados corpos lúteos pequenos, de coloração pálida ou acinzentada sinalizando ausência ou comprometimento na irrigação sanguínea da glândula luteal e, eventualmente com pouca ou nenhuma protrusão na superfície do ovário. Estes corpos lúteos, geralmente, estão associados a baixas concentrações circulantes de progesterona e a indesejáveis taxas de recuperação de embriões viáveis.

Os mecanismos responsáveis pela indução da regressão prematura do corpo lúteo ainda não estão totalmente esclarecidos. No entanto, algumas hipóteses têm sido propostas, entre elas: (1) desenvolvimento inadequado do folículo ovulatório; (2) ativação prematura do mecanismo de luteólise, (3) suporte gonadotrófico inadequado; (4) inabilidade do corpo lúteo em responder às gonadotrofinas ou; (5) maior sensibilidade do corpo lúteo à substâncias luteolíticas.

Em bovinos, a ocorrência de ciclo curto no início da puberdade ou no restabelecimento da ciclicidade no pós-parto parece estar associada à ovulação sem prévia exposição à progesterona. Os resultados mostram que o segundo ciclo estral subsequente ao ciclo curto, apresenta duração normal, indicando que a exposição à progesterona previamente à ovulação é um fator determinante na duração do subsequente corpo lúteo. Uma segunda hipótese seria que as baixas concentrações de estradiol no período pré-ovulatório causariam a regressão precoce. Em ambos os casos, o uso de protocolos hormonais com implantes ou dispositivos de progesterona tem apresentado resultados satisfatórios (Sá Filho & Vasconcelos, 2008).

Para os pequenos ruminantes, há poucas informações referentes ao perfil endócrino relacionado com a regressão prematura do corpo lúteo nos programas de múltipla ovulação e transferência de embriões (MOET). No entanto, aponta-se que possa ocorrer em virtude de desenvolvimento inadequado do folículo ovulatório ou pela ativação do mecanismo de luteólise, promovido por um incremento dos níveis de estradiol no início do ciclo estral.

Adicionalmente, o elevado número de folículos anovulatórios e corpos lúteos regredidos precocemente presentes nos programas de MOET pode estar associado ao status ovariano observado no início do tratamento superestimulatório. Acredita-se que a formação do corpo lúteo "subnormal" pode ser resultado da inadequação entre hormônio estimulatório e o status de desenvolvimento do pool de folículos responsivos no momento do tratamento. Quando os folículos responsivos apresentam tamanhos similares de maturação, a estimulação gonadotrófica é seguida por um processo adequado de múltipla ovulação, entretanto, se o os folículos apresentam tamanhos heterogêneos a resposta é caracterizada por uma assincronia no processo de crescimento folicular e luteinização (Rubianes et al., 1996).

Com base nesta problemática, nosso grupo desenvolveu um experimento, o qual teve os dados preliminares publicados recentemente (Oliveira et al., Animal Reproduction, v.6, p.231, Jan./Mar. 2009). O objetivo do estudo foi aumentar a taxa de ovulação e reduzir a incidência de folículos anovulatórios pelo acréscimo de um indutor de ovulação ao final do protocolo superestimulatório em ovelhas Santa Inês.

Neste estudo, foram realizadas vinte superovulações em delineamento cross-over, sendo que ao final do protocolo superestimulatório com FSHp, as fêmeas foram divididas para receber (7,5 mg, n=10) ou não (0 mg, n=10) o indutor, hormônio luteinizante (LH, LutropinT). Concomitantemente aos procedimentos de inseminação e colheita de embriões, todas as estruturas ovarianas foram quantificadas, por laparoscopia. A fim de evitar desencadeamento do mecanismo de luteólise foi ainda realizada a administração de um inibidor da prostaglandina-sintetase (Flunixine Meglumine, BanamineT) nos dias subsequentes a inseminação até a colheita de embriões.

A taxa de ovulação tendeu a um incremento no G-LH (85,44% vs 77,77%, P=0,08). O número de corpos lúteos foi de 10,5±3,8 para o G-Controle e de 13,5±4,84 para o G-LH; (P>0,1). O número de folículos anovulatórios não diferiu estatisticamente entre os grupos (G-C: 3,0±3,19; G-LH: 2,3±1,63). A taxa de folículos anovulatórios tendeu a diminuir no G-LH (22,22% vs 14,55%, P=0,08).

Mesmo usando Flunixine Meglunine para previnir a luteólise, 20% das superovulação com o tratamento controle e 40% das do G-LH apresentaram pelo menos um corpo lúteo "subnormal" (P>0,05). O número de corpo lúteo "subnormal" foi de 3,0±1,41 para G-C e 1,25±0,5 para G-LH (P>0,1). As falhas na formação dos corpos lúteos foram pontuais já que um mesmo individuo apresentou corpos lúteos normais e anormais. Os corpos lúteos regredidos foram observados apenas na segunda replica de cada fêmea. Este fato sugere que a repetição do tratamento pode ter interferido na formação dos corpos lúteos. No entanto, diferença estatística entre as réplicas para corpos lúteos "subnormais" foi apenas verificada no grupo tratado na segunda réplica com o protocolo acrescido de LH (P<0,05), sugerindo que esse hormônio possa ter induzido a ovulação de folículos sem capacidade de formação adequada de um corpo lúteo. Neste mesmo sentido, prévios estudos mostraram que o GnRH administrado quando o folículo não atingiu sua maturação completa induz a formação de um corpo lúteo com função inadequada ou de vida curta (Schramm et al., 1983).

Os resultados deste estudo mostraram que a formação de um corpo lúteo de vida curta pode ter sido mais relacionada à incapacidade do folículo ovulado de formar um corpo lúteo normal que pela ativação prematura do mecanismo luteolítico.

Contudo, as informações cotejadas neste artigo demonstram que as baixas taxas de concepção podem estar relacionadas à regressão prematura do corpo lúteo, pois o desencadeamento da luteólise ocorre no momento em que o embrião ainda não é suficientemente desenvolvido para produzir interferon-tau e impedir a regressão, ocasionando mortalidade embrionária precoce. Também, para os programas de múltipla ovulação e transferência de embriões, a regressão precoce do corpo lúteo interfere na qualidade embrionária, reduzindo o número de embriões viáveis.

Referências bibliográficas

Paramio, M. T. In vivo and in vitro embryo production in goats. Small Ruminant Research, v. 89, p. 144-148, 2010.

Rubianes E.; Ungerfeld, R.; Ibarra, D. Serum anti-eCG improves luteal function and increases ova/embryos recovery in eCG-superovulated ewes. Small Ruminant Research, v. 21, p. 105-111, 1996.

Sá Filho, O.; Vasconcelos, J. Regressão prematura do corpo lúteo em bovinos. Veterinária e Zootecnia, v.15, n.2, ago., p.220-233, 2008.

SCHRAMM, W.; BOVAIRD, L.; GLEW, M. E.; SCHRAMM, G.; McCRACKEN, J. A. Corpus luteum regression induced by ultra-low pulses of prostaglandin F2 alpha. Prostaglandins, v.26, p.347-364, 1983.

MARIA EMILIA FRANCO OLIVEIRA

www.mariaemilia.vet.br

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