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Ultrassonografia na reprodução de ovinos e caprinos

POR MARIA EMILIA FRANCO OLIVEIRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/08/2009

5 MIN DE LEITURA

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Nos últimos anos, a ultrassonografia estabeleceu uma nova dimensão para a reprodução animal, sobretudo para os pequenos ruminantes. Nestas espécies, a palpação retal do útero e ovários é impossibilitada pelas limitações anatômicas dos animais. O diagnóstico ginecológico se respaldava a observação dos sinais clínicos e em alguns casos, radiografia, laparoscopia ou laparotomia exploratória. Estas técnicas, entretanto, não apresentavam eficiência e praticidade. A ultrassonografia é uma técnica complementar ao exame clínico. Ela faz parte de um grupo de procedimentos e métodos que permitem fazer o diagnóstico por imagem. É um exame extremamente prático, não invasivo, que permite a visibilidade em tempo real dos órgãos internos e estruturas a serem analisadas.

O uso da ultrassonografia na reprodução animal vem se popularizando, tanto para fins científicos como no manejo rotineiro de algumas propriedades rurais. A utilização dessa técnica tem possibilitado um melhor controle do manejo reprodutivo do rebanho, pelo diagnóstico precoce de prenhez, acompanhamento da gestação, detecção de mortalidade embrionária ou fetal, determinação do número de fetos (gestação múltipla), sexagem fetal, avaliação e acompanhamento do desenvolvimento folicular e corpo lúteo e ainda, diagnóstico de patologias do trato reprodutivo feminino e masculino.

Para fins científicos, a ultrassonografia em tempo real tem contribuído para o conhecimento de diversos fenômenos da fisiologia reprodutiva, uma vez que esta técnica pode ser realizada continuadamente para acompanhamento sequenciado de eventos dinâmicos, permitindo a obtenção de importantes informações morfológicas sem invadir ou causar dano aos tecidos. Os conhecimentos obtidos pela ultrassonografia têm possibilitado avanços em outras biotécnicas da reprodução, tais como a sincronização do estro e ovulação, tecnologia do sêmen, inseminação artificial, transferência de embrião e a produção in vitro de embriões pela obtenção de oócitos por aspiração folicular guiada por ultrassonografia (ovum pick-up).

A utilização da ultrassonografia permite a reconstituição da anatomia do órgão estudado mostrada de forma dinâmica em imagem bidimensional. Para o correto uso da técnica é imprescindível o conhecimento dos princípios ultrassonográficos, a correta interpretação das imagens formadas, bem como o correto manuseio dos equipamentos no decorrer do exame.

Princípios físicos do ultrassom

As ondas de ultrassom podem ser produzidas sob diferentes fenômenos físicos e dentre estes destaca-se a obtenção do ultrassom pela vibração de cristais de quartzo. Esses cristais quando submetido a uma corrente elétrica desencadeia uma série de contrações e expansões entre as duas faces opostas (propriedade piezelétrica) produzindo o ultrassom, cuja freqüência está acima de 20.000 Hertz, portanto, inaudível ao ouvido humano. A freqüência do ultra-som utilizado na medicina veterinária varia entre 3,5 e 10,0 MHz, com um comprimento de onda menor que 1 mm. As ondas de baixa frequência são mais penetrantes, conduzindo à ação mais profundas e resultando em imagens que traduzem estruturas a uma maior distância da superfície de contato do transdutor.

Com base na propriedade piezoelétrica dos cristais de quartzo, que existem nos transdutores, esses sofrem contrações e expansões ao receberem a corrente elétrica que chega do console do equipamento e consequentemente, emitem feixes contínuos de ondas ultrassônicas quando em contato com a região do corpo a ser examinada. Tais sons serão em grande parte refletidos pelos tecidos em forma de ecos, que serão captados de volta pelos cristais e seguem para o console onde serão processados, amplificando e compensando os sinais para a formação da imagem.

Interpretação das imagens ultrassonográficas

De acordo com a capacidade dos tecidos absorver ou refletir os feixes de ultrassom as imagens são gerada dentro de uma escala de cinza. Na avaliação das imagens ultrassonográficas são utilizados os termos anecóico, hiperecóico e hipoecóico. As imagens anecóicas são escuras e oriundas dos líquidos que não refletem as ondas sonoras (exemplo, imagens de folículos ovarianos e vesículas embrionárias); as hiperecóicas são brancas e provêm de tecidos com grande capacidade repletora (exemplo, tecido ósseo) e as hipoecóicas podem ser de maior ou menor intensidade, variando nas tonalidades da cor cinza.

Alguns pontos devem ser considerados com objetivo de formar imagem com melhor resolução. Assim, a qualidade da imagem contribuirá na eficiência do exame.

Portanto, de acordo com o objetivo do exame ultrassonográfico deve ser escolhido o tipo de transdutor (setorial, convexa ou linear), a frequência (3,0; 3,5; 5,0; 6,0; 7,5; 8,0; 9,0 ou 10 MHz) e a modalidade do exame (transretal, transcutâneo abdominal ou transvaginal). Para estudo de pequenas estruturas (como folículos de 4 mm de diâmetro), que estão próximas do transdutor no exame transretal, as freqüências de 5,0 ou 7,5 MHz são mais indicadas. Ao contrário, para estudo de grandes estruturas (como o feto a partir do meio da gestação) localizadas relativamente longe do transdutor, a freqüência de 3,5 MHz é mais adequada, uma vez que a profundidade de penetração é mais importante que o detalhe da imagem.

Recursos dos equipamentos de ultrassom podem auxiliar na obtenção de imagem de melhor qualidade, como o número de cristais ou elementos contidos no transdutor, no número de imagens/segundo e o método de foco.

Para melhorar a qualidade da imagem, um gel inócuo, inodoro e hidrossolúvel deve ser aplicado sobre o trandutor. No caso de varredura em exame transcutânea é indicado tricotomia para que não haja interferências e prejuízo na qualidade da imagem.

A manipulação do transdutor por via transretal é limitada devido às dimensões reduzidas do reto nos pequenos ruminantes. Para permitir que a manipulação retal do trandutor seja efetuada com maior desenvoltura e eficiência um suporte deve ser acoplado.

Ainda, nunca deve ser desconsiderado que a técnica de ultrassonografia é um exame complementar ao exame clínico. E justamente por esse motivo, deve-se tomar conhecimento dos dados da anamnese, como por exemplo: saúde geral e dados específicos como as datas de parição, estros observados, coberturas ou inseminações e intervenções zootécnicas ou veterinárias, que irão fornecer informações indispensáveis para a elaboração de um diagnóstico conclusivo.

Contudo, a ultrassonografia é uma técnica que permite obter informações concretas do estado reprodutivo dos animais, favorecendo o diagnóstico precoce dos fenômenos fisiológicos e patológicos e assim, a adequação das práticas de manejo objetivando melhores índices reprodutivos e produtivos, além de permitir a soluções de problemas de infertilidade por decisões rápidas e tratamentos mais adequados.

Referências consultadas:

CRUZ, J.F.; FREITAS, V.J.F. A ultra-sonografia em tempo real na reprodução de caprinos. Ciência Animal, 11 (1): 53-61, 2001.

MOURA, J.C.A.; MERKT, H. A ultra-sonografia na Reprodução Eqüina. 2ª edição. Salvador: Editora Universitária Americana, 162p., 1996.

SANTOS, M.H.B.; OLIVEIRA, M.A.L.; LIMA,P.F Diagnóstico de Gestação na Cabra e na Ovelha. São Paulo: Livraria Varela, 157p., 2004

MARIA EMILIA FRANCO OLIVEIRA

www.mariaemilia.vet.br

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JACI DE ALMEIDA

SEROPEDICA - RIO DE JANEIRO

EM 18/09/2009

Parabéns Maria Emilia pelo artigo, espero que outras pessoas aproveitem a brecha de seu artigo para também contar suas experiências com ultrasonografia, porém trazendo dados de campo nas diversas espécies. Pois faltam nos trabalhos publicados resultados de campo nas diferentes regiões do país, o que permetiria ao profissional que esta iniciando nesta área, ter uma situação real das condições de campo e dificuldades inerentes a cada espécie e raça trabalhada.
MARIA EMILIA FRANCO OLIVEIRA

JABOTICABAL - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 27/08/2009

Prezado Sidnei Gomes Itaboray,

Existem diversas instituições que tem ministrado cursos neste tema, como EMBRAPA por exemplo.
Se tiver interesse estamos preparando um curso em nossa universidade. Entre em contato.

Grata, Maria Emilia
CLARICE LOPES ANDRADE

CABREÚVA - SÃO PAULO

EM 26/08/2009

A 2 anos usamos esse manejo no plantel de ovelhas para separar lote de prenhas positivas e descarte. Tem nos ajudado muito.
SIDNEI GOMES ITABORAY

VOLTA REDONDA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 25/08/2009

Gostaria de saber onde pode se fazer um curso prático de ultrassonagrafia em ovinos. Grato, Sidnei
WELINGTON LUIZ ALVES

CARANDAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/08/2009

Maria Emilia, parabens pelo artigo, que vem de encontro com o crescimento da necessidade de diagnósticos cada vez mais precoce para melhorar os idices reprodutivos
WILSON TARCISO GIEMBINSKY

PARACATU - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 25/08/2009

A 5 anos uso ultrasom para detecção de prenhez das vacas 20 dias pós estação e o resultado é muito bom, permitindo agilizar o manejo, o repasse e o descarte.
Simples e eficiente.

Parabens pelo artigo!
MARIA EMILIA FRANCO OLIVEIRA

JABOTICABAL - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 24/08/2009

Prezado Michel dos Santos Abrahão,
Eu indico o uso da sonda linear pela via transretal. Entretanto, a escolha da modalidade do exame vai depender da idade de gestação e da prática do técnico. Pela via transretal a visualização dos órgão da reprodução, neste caso do útero, é mais facilitada. Com o avanço da gestação é notório que os cornos estejam mais estendido (ventralmente), indicando-se uma maior introdução da sonda, ou avaliação pela via trans-abdominal.

No próximo artigo publicado neste radar técnico continuaremos a abordar a ultrassonografia. Indico que acompanhe.

Obrigada por sua participação.
Estou a disposição para outras duvidas.
Maria Emilia Franco Oliveira
MICHEL DOS SANTOS ABRAHÃO

CORONEL VIVIDA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/08/2009

parabéns maria emilia pelo artigo
gostaria de saber se para quem tem uma sonda linear a melhor maneira de diagnosticar prenhez em ovinos e caprinos é pela via retal ou abdominal
obrigado

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