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Ultrassonografia x Doppler - como e para que realizar o diagnóstico de gestação

POR DÉBORAH ASSIS BARBOSA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/04/2008

6 MIN DE LEITURA

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Devo mesmo diagnosticar a gestação das minhas ovelhas?

Antes de optar por alguma técnica para diagnóstico precoce da gestação de pequenos ruminantes, é importante se perguntar o porque de realizar o exame. Se for somente para saber a taxa de prenhez e ponto final, será um desperdício de tempo e dinheiro, além de submeter as ovelhas a um manejo estressante. Contudo, se o objetivo for saber a quantidade de gestações simples, gestações gemelares e ovelhas vazias, ou simplesmente saber a taxa de ovelhas prenhes x vazias com a intenção de maximizar a taxa de cordeiros desmamados, otimização de pastagens e instalações e planejamento alimentar, então vá em frente.

Princípios da ultrassonografia

A ultrassonografia é baseada na emissão e recepção de ondas sonoras de alta freqüência - os ultrassons. Os ultra-sons têm uma frequência superior a 20 000 Hertz, sendo inaudíveis para o ouvido humano (que consegue ouvir entre 30 e 15.000 Hz).

Podemos fazer uma analogia com o eco de um grito em uma caverna para entendermos como funcionam os aparelhos de ultrassom - através de um simples cálculo que leva em conta a velocidade do som no ar e o tempo entre o nosso grito e o eco podemos calcular a que distância está o ponto que refletiu o som. Da mesma maneira, um aparelho que utiliza-se da ultra sonografia funciona - substituindo-se o grito pela emissão de ultrassom realizada pela sonda, e o ponto que refletiu o grito pelos tecidos.

Ao colocarmos a sonda sobre a superfície do animal, as ondas propagam-se pelos tecidos, e à medida que avançam, parte delas é refletida - dependendo das características dos tecidos atravessados. Esses ecos são devolvidos à sonda, que ao interagirem com os cristais nela presentes produzem um impulso elétrico, que será transformado num sinal luminoso (imagens) ou sonoro.

Por muitos anos as técnicas ultra-sonográficas utilizaram-se do efeito Doppler ou modo A, em que as ondas ultra-sonográficas refletidas são captadas pelo equipamento sendo traduzidas por sinais luminosos ou sonoros. Os equipamentos pertencentes a esta categoria têm custo relativamente baixos e para um examinador experiente estima-se uma precisão superior a 90 % em gestações acima de 60 dias, podendo nos equipamentos que permitam a exploração transretal, eficiência de 97 % entre 35º e 55º dias de gestação. Há entretanto o inconveniente de demandar-se mais tempo em cada exame quando comparado com o emprego de ultra-sonografia por imagem. (Bicudo)

Ainda segundo Bicudo, desde 1980 emprega-se técnicas com equipamentos que traduzem as ondas refletidas por imagem (Modo B) que por analogia permitem o exame das estruturas. Dessa forma a qualidade e precisão diagnóstica foram ampliadas , permitindo a avaliação do desenvolvimento e viabilidade fetais, bem como o diagnóstico diferencial com outras patologias que podem ser confundidas com gestação, a exemplos da hidrometra, e piometra. A mais importante limitação à popularização do emprego da ultra-sonografia por imagem, incontestavelmente é o custo dos equipamentos.

Detector de Prenhez para Pequenos Ruminantes - DPPR-80®

Conforme escrito por Alice Andrioli Pinheiro e Clovis I. Biscegli da Embrapa, o equipamento foi desenvolvido a partir de uma demanda da Associação Paulista de Caprinocultores (Capripaulo), em carta à Embrapa Instrumentação Agropecuária em 1995, pelo Sr. Albino B. H. Malzone, à época Diretor-Presidente da Capripaulo, solicitando a esta que desenvolvesse um equipamento simples, de baixo custo e de fácil manuseio, que facilitasse a constatação da prenhez em cabras.

Em 1996, o Dr. Clóvis Biscegli pesquisador da Embrapa Instrumentação Agropecuária, projetou e construiu um protótipo do aparelho, sendo este testado em Sobral, pela pesquisadora Dra. Alice Andrioli Pinheiro, da Embrapa Caprinos, apresentando resultados positivos - foram realizados testes em cabras, nos dia 30, 40, 50 e 60 após a cobrição. Os resultados mostraram que o equipamento apresenta uma eficácia de diagnostico de 95,8% aos 60 dias quando comparado com o diagnóstico realizado por ultra-som de imagem (Andrioli et. al., 1997).

O funcionamento do equipamento se baseia no efeito Doppler das ondas contínuas, que se refletem nas artérias, veias, paredes, válvulas e cavidade cardíacas, como também no fluxo sangüíneo. Ondas mecânicas de freqüência ultra-sônica (2.2MHz) e de baixa potência são enviadas para dentro do corpo do animal através de um transdutor e, após se refletirem nas artérias, veias, coração ou válvulas retornam ao transdutor, produzindo sinais elétricos que são amplificados, e um som equivalente ao batimento cardíaco fetal pode ser ouvido pelo técnico.

Ainda segundo Andrioli e Biscegli, já com 30 dias é possível realizar a identificação da prenhez em cabras e ovelhas com este aparelho, através da auscultação dos batimentos cardíacos fetais, os quais são facilmente distinguíveis dos da mãe por serem muito rápidos (160 à 200 batimentos por minuto), embora a maior eficácia no diagnóstico seja obtida aos 60 dias.

Comparando 2 métodos diagnósticos de prenhez

Para a comparação de duas ferramentas usadas no diagnóstico de gestação em pequenos ruminantes, iremos estudar um dos poucos experimentos comparativos realizados no Brasil em 2001 - no trabalho de CALAMARI et. al. (publicado em 2003), 88 ovelhas do Núcleo de Pesquisas Zootécnicas Sudoeste - Instituto de Zootecnia, foram acasaladas e submetidas ao diagnóstico precoce de gestação, sendo examinadas pela ultra-sonografia transretal e pelo detector de prenhez para pequenos ruminantes (DPPR-80®). Os nascimentos confirmaram os resultados dos exames - das 88 fêmeas acasaladas 3 fêmeas abortaram durante o experimento, e foram retiradas do grupo. Das 85 fêmeas restantes, 64 pariram.

Do 19º até o 33º dia pós cobertura iniciou-se a avaliação das fêmeas com um aparelho de ultra-som Scanner 480 da Pie Medical, com transdutor linear na freqüência de 5MHz. O exame foi realizado em dias alternados e com a ovelha em estação, com a introdução do transdutor feita pelo reto. O diagnóstico foi considerado positivo por meio da visualização do saco gestacional e embrião, bem como a associação com o aumento e desdobramento uterino por líquidos.

Do 25º até o 45º dia pós cobertura iniciou-se o exame com o detector de prenhez, também introduzido no reto do animal. Os exames também repetiram-se em dias alternados. O diagnóstico foi considerado positivo quando auscultado o batimento cardíaco fetal, que apresenta freqüência elevada (160 a 200 batimentos por minutos) em relação ao pulso materno.

As conclusões do trabalho em estudo foram:

- A ultra-sonografia transretal mostrou-se um método superior ao detector de prenhez para pequenos ruminantes (DPPR-80).

- Diagnóstico precoce de gestação através da ultra-sonografia transretal apresentou 82,35% de acurácia no 31º dia pós cobertura.

- Diagnóstico precoce de gestação através do uso do detector de prenhez
para pequenos ruminantes (DPPR-80) apresentou baixa acurácia (34,12%) no
45º dia pós cobertura.

- É possível visualizar os batimentos cardíacos do embrião pela ultra-sonografia transretal à partir do 21º dia de gestação.

- Os primeiros placentomas de aspecto hiperecóico, são observados pelo ultra-som transretal ao redor do 25º dia de gestação, assumindo formas ovaladas, de anel ou de foice, dependendo do ângulo de secção.

Referências bibliográficas:

1. Avaliação de dois métodos de diagnóstico precoce de gestação em ovelhas: Ultrasonografia Transretal e Detector de Prenhez para Pequenos Ruminantes (DPPR-80®) - Claudia Veronica CALAMARI; Sílvia FERRARI; Frederico Fontoura LEINZ; Carlos Frederico de Carvalho RODRIGUES; Diorandi BIANCHINI; Fernando FERREIRA; Ricardo Augusto DIAS. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science (2003) - 40:261-266

2. Detector de prenhez por efeito Doppler para caprinos. ANDRIOLI, A.; BISCEGLI, C.I.; SOARES, A.T.; MOURA SOBRINHO, P.A. Revista Brasileira de Reproducao Animal, v.21, n.2, p.148-149, 1997.
3. O diagnóstico ultra-sonográfico de gestação em ovinos. Prof. Adj. Sony Dimas Bicudo - FMVZ - Unesp - Botucatu

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LUIZ ALBERTO OLIVEIRA RIBEIRO

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 11/06/2008

Cara Déborah

Gostei muito da tua revisão sobre diagnóstico de gestação em ovinos. Concordo plenamente que a ultrasonografia(US) supera em muito o Doper. Entretanto tenho alguma resalva a fazer sobre o método de proceder a US em ovinos/caprinos como segue:

1. Nós utilizamos intensivamente a US externa com o animal em estação, em brete elevado 50 cm do solo;
2. O exame é procedido na região inguinal direita de preferência com um transdutor setorial de 3.5 Mhz;
3. Ovelhas são examinadas no período de 50 a 100 dias da reterida dos carneiros;
4. Trabalhando dessa maneira conseguimos obter um ritmo de 400 ovelhas/h o que é importante no RS onde temos rebanho de até 6000 ovelhas.
5. Em rebanhos extensivos o exame trasretar se tornaria não prático. Ainda acarretaria transtorno ao bem estar animal e risco de ruptura de reto, conforme já verificado no RS.

Finalmente, quero relatar que o diagnóstico de gestação, seguindo a técnica acima referida, é bastante aceito pelos criadores. Nosso Departamento tem executado, em média 10 mil diagnóstico de gestação por US em cada estação, nos últimos 10 anos. Parte dos resultados foram publicados em: Ribeiro, L.A.O. et al. Prenhez em rebanhos ovinos do Rio Grande do Sul. Ciência Rural, Santa Maria, v. 32, n.4, p.637-641, 2002.
MARCOS AMARANTE

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/05/2008

O uso da ultrassonografia transretal em caprinos e ovinos já é uma realidade e de suma importância para acompanhamento de rebanhos de leite, corte e elite.

Há algumas infromações que ainda permanecem como verdades para alguns produtores, como que a via transretal leva a altas taxas de aborto e reabsorção embrionária.

São matérias simples que permitem ajudar na compreensão das ferramentas adequadas e na vantagem do seu uso.

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