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Fasciola hepatica em ovinos e caprinos

POR MARCELO BELTRÃO MOLENTO

E LEONARDO DUTRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/06/2008

5 MIN DE LEITURA

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A Fasciolose é uma enfermidade parasitária que atinge uma grande quantidade de animais, principalmente ruminantes, e ocasionalmente o homem, caracterizando, portanto uma zoonose de caráter crescente em todo o mundo. É causada pelo trematóide Fasciola hepatica e é estimado que mais de 250 milhões de ovinos e caprinos do mundo pastoreiem em áreas onde o parasita esta presente, produzindo perdas anuais de mais de U$ 3 bilhões. Sua presença é comum no Brasil, ocorrendo em algumas áreas específicas no RS (estado de maior ocorrência no país), SC, PR, SP, MG, MS, MT. Aqui é popularmente conhecida como Baratinha-do-fígado.

Ciclo biológico

A Fasciola adulta mede de 20 a 50mm de comprimento e de 6 a 12mm de largura e se aloja nos canais biliares (fígado) do hospedeiro definitivo (ovino ou caprino). Para completar seu ciclo biológico, a F. hepatica necessita de um hospedeiro intermediário. Este é um caramujo do gênero Lymnaea, onde no Brasil há três representantes: Lymnaea columella, L. viatrix e L. cubensis. Assim, no hospedeiro intermediário, há a produção de cercárias e dentro do hospedeiro definitivo, os ovos que são liberados pelas fezes.

Cada parasita pode produzir cerca de 20.000 ovos por dia e dentro do ovo se desenrola um organismo móvel, que após eclodir em uma semana, irá penetrar em um caramujo. Para que seja bem sucedido, isto deve ocorrer em cerca de 3 horas. Dentro deste irá evoluir para uma forma chamada de esporocisto, depois rédia e então cercária. As cercárias liberadas se fixam no pasto e se transformam em formas infectantes, em um período mínimo de uma a duas semanas, chamadas de metacercárias. Ao serem ingerias com o pasto pelos ruminantes, chegam até o intestino e se transformam em Fasciolas jovens. Posteriormente elas atravessam a parede intestinal e migram até o fígado, onde finalmente perfuram a cápsula hepática e migram através do tecido hepático fazendo túneis no parênquima, para os ductos biliares. Neste local ocorre então a postura de ovos e é completado seu ciclo. Ao todo, leva-se 18 semanas em média a duração do ciclo evolutivo.

O ciclo evolutivo pode ser mais bem visualizado no esquema a seguir:


Epidemiologia

A produção de metacercárias depende da influência de 3 fatores que são: habitat adequado para a sobrevivência dos caramujos, temperatura e umidade do ambiente.

Os locais adequados para os caramujos são lugares de água pouco profunda e paradas, principalmente várzeas onde contenha barro, já que a Lymnaea vive e reproduz em margens de valas e pequenos lagos. Após chuvas pesadas, o pisoteio dos animais forma marcas de casco, além de sulcos de rodas e pode ocorrer a formação de poças de água temporárias.

A temperatura ideal para os caramujos deve ser de 10°C entre o dia e a noite, sendo que em condições onde o frio permaneça por muito tempo, tanto o caramujo quanto o estádio intermediário da F. hepatica, podem cessar suas atividades metabólicas sobrevivendo vários meses, reaparecendo quando as condições forem mais favoráveis. Abaixo de 5°C toda a atividade é cessada e acima de 15°C é que ocorre plena atividade de multiplicação. O ambiente no inverno, portanto, atua conservando os estágios evolutivos, ocorrendo baixa contaminação.

Sinais clínicos e lesões

A presença de poucos parasitas nos ductos biliares não provoca manifestações importantes, porém infestações massivas são particularmente graves em animais jovens, podendo inclusive causar alta mortalidade devido aos danos hepáticos ou por invasões secundárias por bactérias (Clostridium). Os principais sinais clínicos são anemia, debilidade, edema submandibular e abdominal e perda gradual de peso.

À necropsia pode-se observar, dependendo do número de parasitas e do tempo de infecção, marcas de perfuração hepática, inflamação e focos hemorrágicos que mostram um quadro de hepatite aguda em manifestações recentes. Também há cicatrizes que distorcem o órgão pela presença de tecido fibroso produzido.

Diagnóstico

O diagnóstico é possivel cerca de três meses após a infecção inicial, quando os ovos começam a ser excretados nas fezes e são visiveis em amostras fecais com ajuda de microscópio óptico em exames coproparasitológicos. Baseia-se também na observação dos sinais clínicos, período sazonal, tipo do clima e condições ambientes onde se encontra a presença dos caramujos.

Tratamento

Para um controle eficiente da fasciolose é necessário o uso de fasciolicidas que sejam fáceis de aplicar, não deixem resíduos na carne e leite e que sejam altamente eficazes contra formas adultas e imaturas de F. hepatica. Porém um produto deste nem sempre é encontrado e por isso a freqüência das medicações dependerá da eficiência do fasciolicida e do grau de exposição dos animais às áreas altamente contaminadas.

Na maioria das vezes o tratamento da fasciolose se dá por medicamentos como albendazole, closantel, rafoxanida e principalmente triclabendazole, embora já existam casos de resistência a esses medicamentos em determinadas regiões do mundo. A maioria destes tem um longo período de restrição antes do abate ou ordenha. É importante lembrar a época do ano que se dará o tratamento, podendo ser um ótimo aliado epidemiológico quando se pensa num quadro profilático de infestação, baseado na época de chuvas. O pique da produção de metacercárias ocorre durante o verão/outono e o tratamento em maio, com um medicamento efetivo contra estádios iniciais de desenvolvimento da Fasciola, controla bem os casos clínicos, podendo reduz a contaminação das pastagens por ovos e formas agudas, que é o que se busca.

Atualmente há o desenvolvimento de outros medicamentos com diferentes princípios ativos do que os Bemzimidazóis, vacinas e estudos moleculares do parasita visando conhecer os mecanismos de resistência.

Controle

Medidas de controle devem ser tomadas para diminuir a prevalência da Fasciola. Pelo alto poder biótico dos moluscos hospedeiros, sua erradicação é praticamente impossível. O meio mais eficiente para a redução das populações de moluscos é a drenagem do campo em áreas críticas, que, no entanto, nem sempre é possível devido à extensão das áreas contaminadas (ex: áreas de plantio de arroz no RS) e mesmo porque, em alguns casos, essas áreas consistem nos próprios canais de irrigação da lavoura.

As medidas de controle dos moluscos também são difíceis de serem aplicadas em áreas úmidas e de banhado. A rotação de pastagens é uma boa opção, porém a rotação de diferentes espécies como ovinos e bovinos não apresenta bons resultados, pois a F. hepatica não é um parasita espécie-específico, infestando ambos os hopedeiros. Resta então o controle químico através da aplicação de produtos sistêmicos.

Desse modo, para a diminuição dos casos de fasciolose o melhor método seria o monitoramento da infecção no rebanho, tendo-se atenção àqueles animais anêmicos e com suspeita da doença, tratando-se estes casos. Assim diminui-se a chance de resistência por parte do parasita, mantendo uma população em refugia.

Quando possível, deve-se impedir que animais pastem em áreas de várzeas e introduzir inimigos naturais do caramujo como patos, marrecos e peixes, que pode ser uma estratégia viável no controle desta zoonose.

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MARCELO MENDONÇA

EM 23/01/2019

O fígado é o principal órgão responsável pela síntese de proteínas. Quando há uma hipoproteinemia (diminuição dos valores protéicos no sangue) a pressão dentro dos vasos sangüíneos é alterada e ocorre saída de líquido para o espaço extravascular, provocando edema. Como a Fasciola hospeda-se no fígado, lesiona o mesmo e altera a produção de proteina, consequentemente ocorre edema.
MARCELO BELTRÃO MOLENTO

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 23/01/2019

Perfeito Marcelo. Só vou adicionar que, no caso de ovinos que são animais menores e com fígado menor, este quadro é mais grave e agudo. Outro ponto é a quantidade de parasitos no momento da infecção, quanto maior esta taxa maiores serão as chances do aparecimento dos sinais clínicos. abs.
WARLEY SILVA PIRES

XINGUARA - PARÁ - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 26/03/2017

boa tarde, gostaria de saber pq a fascíola hepática(fasciolose) causa edema submandibular?
MUSSA

EM 22/09/2014

boa tarde sr.sim eu gostaria de ter toda a informacao da fascila hepatica porque tenho que apresentar o tema na sala de aula da terca feira

MARCELO

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 05/06/2014

Oi Melina,

Imagino que vc tenha feito o diagnóstico da Fasciola hepatica com um Vet. Se foi o caso, vc pode realizar o tratamento preventivo 2 a 3 vezes ao ano, pq a doença é muito comum no RS. O triclabendazole é o mais indicado, porém tem os outros.

Um abraço.

Marcelo
MELINA SORIANO

SANTA MARIA - RIO GRANDE DO SUL - ESTUDANTE

EM 03/06/2014

Olá, gostaria de saber se o tratamento preventivo é aconselhavel, visto que, a fasciolose é uma doença assintomática. Mesmo tendo poucos casos na minha propriedade, sei que posso estar tendo prejuízo  pelo fato dos animais estarem ganhando menos peso,
MARLENE

NOVO HAMBURGO - RIO GRANDE DO SUL - ESTUDANTE

EM 30/05/2013

Gostaria de saber qual é o tempo que a doença é curada completamente spós tratamento

Marlene
GUILHERME BORGES MARTINS

OUTRO - ESPÍRITO SANTO - ESTUDANTE

EM 27/10/2008

Doutores Marcelo e Leonardo,
Na região em que moro prevalece altas temperaturas sendo que, a época das chuvas não tem data certa, começando normalmente entre outubro e novembro se estendendo até março.

O tipo de pastagem desta região é predominantemente a brachiaria, sendo que em algumas propriedades tem também algumas gramíneas como a pernambuco. Na região que trabalho o rebanho está em torno de 3000 animais.

Gostaria de estar recebendo maiores informações para que o manejo que será adotado seja mais eficaz.

<b>resposta dos autores:</b>

Prezado Sr. Guilherme Borges Martins,

Verificando a situação do clima favorável da sua região para o desenvolvimento da "Fasciola hepática" e do número de animais, o manejo que deve ser adotado para o controle da Fasciolose seria de longo prazo.

Fica a nossa curiosidade do número de propriedades e as condições do pasto, se perto das aguadas ou até mesmo alagados. Muitos colegas do ES têm relatado que o índice de Fasciolose pode ser maior do que 60% do rebanho. Isto significa muito prejuízo mesmo!

Assim, todas as estratégias que sugerimos devem ser instituídas de forma conjunta:

1. Restringir ao máximo possível os animais a áreas mais propensas da presença de caramujos (áreas úmidas, banhados), e quando possível, introduzir inimigos naturais deste, como patos e gansos. O uso de moluscocidas é caro, tóxico para o ambiente, então não indicamos tal estratégia.

2. É possível selecionar animais naturalmente resistentes a "Fasciola hepática". Os animais que não responderem com o tratamento seguido, devem
ser descartados, deixando àqueles animais resistentes no rebanho, para que possa passar esta resistência à cria.

3. Tratar com triclabendazole, 3 vezes ao ano (1 no começo da Primavera, 1 no começo do verão e outro no final do verão). Sugerimos avaliar a ação da
droga antes de prosseguir para o segundo ano.

Lembrando que a erradicação é impossível, estes métodos de controle, podem servir para reduzir a prevalência da Fasciolose no rebanho.
Forte Abraço.

Marcelo e Leonardo
GUILHERME BORGES MARTINS

OUTRO - ESPÍRITO SANTO - ESTUDANTE

EM 21/08/2008

Professor Molento, na região em que moro os indices de fascíola estão alarmantes girando em torno de 60%, com maior incidencia em bovinos, visto que em ovinos ainda não há nenhum levantamento.
Estou realizando um levantamento de casos em ovinos e já no inicio o indice de incidencia esta em torno dos 70%.Para o tratamento vem sendo utilizado o triclabendazol, sem resposta adequada.
Gostaria de receber informações de qual outro produto posso utilizar, e com que frequencia.

<b>Resposta dos autores:</b>

Prezado Sr. Guilherme Borges Martins,

Com certeza a resistência ao medicamento riclabendazole vem sendo um grande problema não só em sua região, mas em outros estados brasileiros
e em outros países onde há relatos tanto em rebanhos bovinos quanto emovinos.

É importante lembrar que além do tratamento antiparasitário, deve-se implantar outras formas de manejo no combate à Fasciola, como: operíodo em que é realizado o tratamento, a inclusão de inimigos naturais ao caramujo e a restrição dos animais à áreas críticas são algumas delas.

O tratamento em maio e posteriormente em setembro pode trazer bons resultados conjuntamente com a reaplicação da dose 12h após a primeira nos dois períodos.

Infelizmente, apesar da resistência, o Triclabendazole é o produto mais eficiente contra todas as formas do parasita. Outro princípio ativo que apresenta bons resultados é o Closantel, porém também há relatos de
resistência.

Caso seja de seu interesse, gostaríamos de saber como é o clima, o tipo de pasto (campo) e quantos animais há em sua propriedade ou região, para melhor auxilia-lo e até poder intervir neste quadro terrível.

Um abraço.
Marcelo e Leonardo
SÉRGIO MANGANO DE ALMEIDA SANROS

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 27/07/2008

Caro pro. Molento, sou médico veterinário e gostaria de saber como adquirir o cartão para utilização do método FAMACHA.
Obrigado
WALTER JOSÉ LACERDA

MUNIZ FERREIRA - BAHIA - PESQUISA/ENSINO

EM 04/06/2008

Dr. Marcelo Beltrão Molento
Bom Dia

Parabéns pela matéria sobre fasciolose.

1) - Estou iniciando uma criação de ovino da raça Santa Ines, onde um animal apareceu mancando da mão direita, gostaria saber do Sr. o que pode ocasionar este sintoma, tendo em vista que não houve nenhum pancada.

2) - Como adquirir esses animais (03 fêmeas e um reprodutor) ambos jovens em uma feira livre, gostaria de saber do senhor se posso aplicar as vacinas abaixo, nesta época do ano:
- Clostridiose;
- Linfadenite Caseosa;
- Ectima Contagiosa;
- Raiva.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Walter José Lacerda,

Os casos de traumatismo podem ocorrer devido a várias causas de origem e são as vezes não observados. Pode haver ainda causas de infecção no
casco ou lesões musculares.

Quando o Sr. for adquirir algum animal sugiro uma conversa com um Médico Veterinário para que este lhe indique as vacinações. Algumas vacinas têm reforço anual.

Um abraço.
Marcelo
ELDER SILVEIRA DE ALMEIDA

VACARIA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 02/06/2008

Gostaria de saber a respeito da utilização do (nitroxil) ,nome comercial (Dovenix),para otratamento e controle da Fasciola Hepatica

<b> Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Elder Silveira de Almeida,

O Nitroxinil é um bom produto para tratamento dos animais contra a Fasciola, apresentando bom indice de segurança. Pode ser aplicado quando o triclabendazole apresenta falha no controle por ser de família diferente.

Um abraço.

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