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Footrot: controle e erradicação - parte II de II

POR LUIZ ALBERTO OLIVEIRA RIBEIRO

E PAULO RICARDO CENTENO RODRIGUES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/10/2010

6 MIN DE LEITURA

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No dia 06/10/2010 o FarmPoint publicou a primeira parte do artigo "Footrot: controle e erradicação". Confira a segunda parte do artigo logo abaixo.

Em alguns animais a enfermidade persiste por anos, em outros a infecção pode ficar escondida em pequenos bolsões dentro do casco, onde é detectada somente após um desbaste (casqueamento) extenso, esses animais atuam como portadores subclínicos. Quando o ambiente externo fica úmido esses bolsões tornam-se ativos dentro do casco, podem se abrir e contaminar o solo.

O diagnóstico do FR baseia-se nos aspectos epidemiológicos, nos sinais clínicos característicos e nos achados laboratoriais.



Como o FR pode se expressar de formas diversas no rebanho, uma avaliação criteriosa das lesões deve ser o ponto de partida para o diagnóstico da gravidade da doença e será determinante no tipo de intervenção que será recomendada pelo médico veterinário. A classificação da virulência da doença será baseada na prevalência de animais com lesões escore 4 em relação ao número de animais expostos ao FR.

O tratamento do FR baseia-se no uso de drogas antimicrobianas através de aplicações tópicas e/ou parenterais, vacinação e medidas de manejo. E pode ser direcionado ao controle temporário da enfermidade ou à sua erradicação do rebanho.



A estratégia de tratamento do FR deve ser elaborada de modo consensual entre o médico veterinário e o proprietário do rebanho, baseando-se na relação custo/benefício, que levará em conta os diversos aspectos econômicos envolvidos em cada situação específica.

Uma série de medidas terapêuticas poderão ser utilizadas, e essa escolha dependerá de fatores como época do ano (regime de chuvas e temperatura), número de animais acometidos, gravidade das lesões, mão de obra disponível, instalações adequadas, número de potreiros, etc. Entre essas medidas podemos destacar:

- Isolamento dos animais enfermos;
- Apara dos cascos;
- Pedilúvio com drogas antimicrobianas;
- Antimicrobianos de uso parenteral;
- Vacinação;
- Descarte de animais cronicamente infectados.

A apara dos cascos ou casqueamento é utilizada para remover o tecido córneo do casco que cresceu de modo excessivo ou que sofreu descolamento durante a infecção pelo FR. Convém salientar que o casqueamento não exerce um papel preventivo no desenvolvimento do FR, ou seja, a infecção pelo FR pode conduzir ao crescimento excessivo do casco e a sua deformidade, entretanto o crescimento excessivo do tecido córneo e posterior deformação do casco não conduzem ao FR.



O uso de antimicrobianos em pedilúvio é o modo mais rápido para tratar um grande número de ovinos e caprinos, e facilita a repetição dos tratamentos. As soluções mais utilizadas são a formalina, o sulfato de cobre e o sulfato de zinco.

A seguir vamos descrever as principais ações que devem ser realizadas durante o tratamento tópico contra o FR:

- Examinar cuidadosamente os cascos de todos os animais do rebanho, realizando o casqueamento quando necessário;
- Separar os animais em dois grupos: sadios e infectados;
- O grupo sadio (não-infectado) passará pelo pedilúvio uma única vez, permanecendo algumas horas em piso seco (concreto ou pedra) e depois será enviado para um potreiro livre de ovinos e caprinos há 14 dias;
- O grupo infectado sofrerá o mesmo processo, com a diferença de que passará pelo pedilúvio quatro vezes com intervalo de uma semana entre cada tratamento, e será colocado sempre em potreiros livres de ovinos e caprinos no mínimo há sete dias.

No quadro abaixo está demonstrado como deve ser preparado o pedilúvio



- Os animais considerados intratáveis, crônicos, serão separados e enviados ao abate;
- O grupo dos animais infectados será incorporado ao grupo dos animais sadios ao final do tratamento, se forem considerados curados, após minucioso exame dos cascos.



A utilização de drogas antimicrobianas de uso parenteral (injeções), quimioterápicos e antibióticos, no tratamento do FR, geralmente é reservada, por motivos financeiros, para casos severos da doença ou para animais de alto valor econômico. Algumas drogas mostraram ser bastante efetivas contra o agente essencial da enfermidade, entre elas podemos citar a associação da penicilina G + estreptomicina, a oxitetraciclina, o florfenicol e a enrofloxacina.



No Brasil existe uma vacina contra o FR que contém 8 sorogrupos e protege o rebanho por um período de mais ou menos quatro meses. Possui ação preventiva e curativa e pode ser utilizada, também, durante um surto da doença, principalmente se for durante o período de transmissão do FR (chuva e calor), quando uma alta proporção do rebanho estiver infectado e houver um histórico de insucesso com os tratamentos convencionais.

Controle do FR

O controle refere-se às estratégias que serão implantadas para prevenir ou restringir a taxa de transmissão do FR entre os ovinos e caprinos de um rebanho infectado. Geralmente essas medidas são aplicadas um pouco antes ou durante o período de transmissão da doença (calor e chuva). O principal objetivo é manter uma baixa incidência de casos de FR no rebanho e impedir que os animais com FR desenvolvam lesões severas. As duas ferramentas principais, utilizadas nos programas de controle, são o tratamento tópico via pedilúvio e a vacinação.

Erradicação do FR

O objetivo dos programas de erradicação é eliminar do rebanho todas as amostras de D. Nodosus capazes de causar FRV. Diferente dos programas de controle, onde a maioria dos processos ocorre um pouco antes ou, na maioria das vezes, dentro do período de transmissão da doença; as atividades nos programas de erradicação serão realizadas durante o período onde não ocorre a transmissão da enfermidade (período seco). E serão direcionadas para identificar todos os ovinos ou caprinos infectados.

Na Austrália, quatro características importantes sobre o FR nortearam as ações dos programas de erradicação:

- O D. nodosus não sobrevive fora do casco do ruminante mais do que sete dias;
- Durante o período de não-transmissão da doença, todas as pastagens estão livres do agente essencial do FR, porque os ovinos estão refratários à enfermidade;
- Durante o período de não-transmissão da doença, as únicas lesões de FRV ainda presentes são crônicas, não são infecções novas ou inaparentes;
- As amostras de D. nodosus que causam FRV não são usualmente associadas com lesões subclínicas, ou com o estado de portador clinicamente sadio. Os ovinos ou caprinos infectados podem ser identificados por inspeção visual. A experiência tem demonstrado que o método de erradicação baseado na inspeção e na eliminação seletiva, com ou sem quimioterapia parenteral é mais provável de obter sucesso. Na prática, o sucesso de um programa de erradicação é diretamente proporcional ao sucesso obtido pela propriedade no seu programa de controle do FR, ou seja, durante o início do período de não-transmissão da doença a prevalência da infecção deve ser no máximo de 5%.

Após o início de processo de erradicação, a vigilância sobre os animais deve ser aumentada, principalmente ao longo do período úmido, onde qualquer animal que esteja com claudicação deve ser minuciosamente examinado e eliminado se o FR for diagnosticado.

A prevenção da reintrodução do FR na propriedade é obtida através do estabelecimento de quarentena para todos os novos animais que serão adquiridos. Que deverão sofrer o mesmo processo a que foram submetidos os animais que agora estão livres do FR.

Em muitas regiões da Austrália, o período de não-transmissão se estende por todo o verão que é seco, facilitando os programas de erradicação e controle, entretanto em muitos países o período de não-transmissão é inconsistente e relativamente curto, tornando a erradicação uma meta muito difícil de ser alcançada.

Vacinas autógenas

Trabalhos recentes, na Austrália, no Butão e no Nepal, buscando a erradicação do FR foram conduzidos com sucesso utilizando vacinas autógenas e eliminação seletiva. As vacinas são mono ou no máximo bivalentes e são produzidas utilizando amostras de D. nodosus colhidas no próprio estabelecimento rural. Desse modo, com no máximo dois sorogrupos na vacina, não ocorre o fenômeno da competição antigênica, e os títulos de anticorpos provocados pela vacinação são elevados e persistem por mais de seis meses. Esses títulos elevados permitem que as vacinas expressem, além do seu poder protetor, sua ação curativa.

Referências bibliográficas

RIBEIRO, L.A.O. Footrot dos Ovinos. In: RIET-CORREA, F; SCHILD, A. L; MÉNDEZ, M. C; LEMOS, R. A. A. Doenças de Ruminantes e Eqüídeos. 3ª ed. Santa Maria: Pallotti, 2007. 998 p.

RODRIGUES, P. R. C. Controle do footrot em rebanho ovino no Estado do Rio Grande do Sul: uso de vacina autógena e resposta sorológica. Porto Alegre: UFRGS, 2010. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010.

LUIZ ALBERTO OLIVEIRA RIBEIRO

Médico veterinário, Doutor em Ciências Veterinárias na Área de Reprodução Animal (UFRGS). Atualmente é Professor Associado (2) do Departamento de Medicina Animal (UFRGS).

PAULO RICARDO CENTENO RODRIGUES

Médico Veterinário (UFRGS, 1981), Administrador de Empresas (UNISINOS, 1998), Especialista em Doenças de Pequenos Ruminantes (UFRGS, 2000), Mestre em Ciências Veterinárias (UFRGS, 2010).

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HILDEGARDO SANTOS ARAUJO

TERESINA - PIAUÍ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/10/2010

Estou precisando ler trabalhos tecnicos sobre os melhores capins para criaçao de ovinos a pasto. sabemos que o capim deve ser de porte baixo mas qual especie se adapta ao clima da pre amazonia onde se situa parte do piaui?

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