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Pediculose ou "Piolheira" de ovinos e caprinos

POR ANDRÉ MACIEL CRESPILHO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/06/2009

5 MIN DE LEITURA

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O Brasil tem um grande mercado potencial para produtos derivados das peles de ovinos e caprinos (Tabela-1) apresentando, também, condições favoráveis para a produção de calçados e vestuário em quantidades suficientes para suprir a demanda interna e gerar excedentes exportáveis (BRITO et al., 2005). No entanto, questões como a baixa qualidade das peles representam um dos principais entraves para a plena exploração do potencial de produção nacional. Entre outros fatores, a presença de parasitas externos como os piolhos causam grande depreciação à qualidade do couro e da lã, merecendo toda atenção de técnicos e pecuaristas. Nesse radar técnico sobre sanidade iremos discutir os principais aspectos relacionados a pediculose, enfermidade parasitária causada pela infestação por piolhos.


Tabela 1:Produção brasileira de peles de acordo com a espécie de produção.



Piolhos

Os piolhos representam insetos sem asas, visíveis a olho nu, que acometem diferentes espécies de mamíferos e aves, ocorrendo também com grande freqüência como parasita humano. Os piolhos são os ectoparasitos que ocorrem com maior freqüência em ovinos e caprinos, causando a doença conhecida como pediculose (LEITE, 2002; SERTSSE & WOSSENE, 2007).

A pediculose é mais comum nos meses de inverno, provavelmente por que as práticas de alimentação, a temperatura e o confinamento de animais em pequenas áreas favorecem a disseminação e a proliferação desses parasitas (ALVES-BRANCO et al., 2001; ANDERSON et al., 2005).

Os piolhos podem ser classificados em duas categorias: mordedores e sugadores. Os piolhos mordedores fixam-se no pêlo dos animais e se alimentam de descamações do tecido epitelial e secreções da pele; já os sugadores picam o seu hospedeiro, se alimentando de sangue.

O piolho Damalinia ovis (também conhecido como Bovicola ovis, Figura-1 "A") é o piolho mordedor que infesta o corpo de ovinos e o Damalinia caprae (ou também Bovicola caprae, Figura-1 "B") é o piolho mordedor que acomete os caprinos. Em um estudo realizado no Ceará identificou-se o Bovicola caprae como a espécie de maior prevalência na região (62,17% do total de casos de pediculose em caprinos), apresentando uma ocorrência anual (LEITE, 2002). A espécie Linognathus ovillus (piolho sugador da face, Figura-2) e Linognathus pedalis (piolho sugador da pata) são os piolhos que acometem ovinos. Linognathus stenopis corresponde a principal espécie de piolho sugador de caprinos (ANDERSON et al., 2005).

Figura-1: A = Damalinia ovis (piolho mordedor de ovinos). B = Damalinia caprae (piolho mordedor de caprinos).



Figura-2: Exemplar do Linognathus ovillus (piolho sugador de ovinos). No detalhe (flecha), aspecto do aparelho bucal que é modificado nessa espécie para permitir a perfuração da pele de seus hospedeiros.



Tabela-2: Prevalência da pediculose (%) de acordo com a espécie de piolho causador (sumário de dados epidemiológicos internacionais considerando a freqüência de casos de piolho em relação a todos os tipos de doenças causadas por ectoparasitos de pele em ovinos e caprinos).



Como identificar e tratar os animais enfermos

Os principais sinais clínicos da infestação por piolhos incluem prurido intenso (coceira que faz com que o animal procure postes, troncos e arames para se esfregar e aliviar o desconforto), queda da lã e perda de peso (ANDERSON et al., 2005). Em infestações mais graves, especialmente naquelas causadas por piolhos do gênero Linognathus, pode ocorrer anemia (ALVES-BRANCO et al., 2001), febre e até claudicação (manqueira).

O Damalinia ovis é um piolho extremamente móvel que pode se espalhar por todo o corpo do animal causando irritação, inquietude, anorexia (interrupção da alimentação), perda de peso e formação de nódulos que comprometem a qualidade do velo (SERTSSE & WOSSENE, 2007). Quanto ao local do parasitismo no corpo do animal se observa uma maior predileção, no caso da Damalinia caprae, pela parte externa da região do glúteo, região onde se observa uma maior concentração de pêlos no caso dos caprinos (BRITO et al., 2005).

O diagnóstico da pediculose é feito através da inspeção da pele e pêlos dos animais, sendo que a classificação da espécie do piolho pode ser feita em laboratórios especializados a partir da remessa dos parasitas capturados (para o envio dos insetos recomenda-se o acondicionamento em frascos contendo álcool etílico a 70%).

Os animais diagnosticados com pediculose devem ser separados e tratados, pois a transmissão se dá pelo contato direto entre animais doentes e sadios (ANDERSON et al., 2005). Outras formas de contaminação também devem ser consideradas, como as instalações de manejo, material de tosquia e até mesmo a roupa de técnicos e tratadores, que acabam funcionando como fontes de reinfecção para animais em que o tratamento já foi iniciado.

Para combater a piolheira podem ser utilizados banhos por aspersão ou imersão com inseticidas fosforados ou piretróides, que devem ser repetidos após sete a dez dias, para abranger todas as formas evolutivas dos piolhos. Cuidados especiais devem ser tomados no caso dos banhos de imersão para que o velo seja completamente embebido pela solução inseticida, evitando, dessa maneira, as reinfecções ou ineficácia do tratamento (PLANT, 2006).

Cabe a ressalva de que a maioria dos inseticidas utilizados não atua sobre os ovos dos piolhos, reforçando, portanto, a necessidade das reaplicações dos produtos.

No caso do Linognathus stenopsis podem ser utilizados antiparasitários sistêmicos (injetáveis) como as ivermectinas, que agem sobre o piolho através do sangue ingerido do hospedeiro (VIEIRA et al., 1987).

A inspeção sistemática de todos os animais representa a melhor forma de avaliar a eficácia do tratamento instituído, bem como, diagnosticar as possíveis reinfecções. Sendo assim, a avaliação da pele e dos pêlos deve ser uma rotina nas propriedades, pois o sucesso da exploração muitas vezes depende do quanto conhecemos do nosso rebanho!

Referências

ALVES-BRANCO, F.P.J; PINHEIRO, A.C.; SAPPER, M.F.M. O controle dos piolhos de bovinos (Damalinia bovis e Linognathus vituli). In:___. Vale a Pena Relembrar aos Criadores de Bovinos. 1.ed. Bagé: Comunicado Técnico 41 Embrapa Pecuária Sul, p.1-2, 2001.

ANDERSON, D.E.; RINGS, D.M.; PUGH, D.G. Enfermidades do Sistema Tegumentar. In:___. Clínica de Ovinos e Caprinos. 1.ed. São Paulo: Editora Roca Ltda. v.1, p. 233-234, 2005.

BRITO, D.R.B.; SANTOS, A.C.G.; GUERRA, R.M.S.N.C. Ectoparasitos em rebanhos de caprinos e ovinos na microrregião do Alto Mearim e Grajaú, Estado do Maranhão. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.14, n.2, p.59-63, 2005.

LEITE, E.R. O Agronegócio das Peles Caprina e Ovina. In:___. Reuniões Técnicas sobre Couros e Pele. 21.ed. Campo Grande: Documento 127 Embrapa Gado de Corte, p.35-50, 2002.

PLANT, J.W. Sheep ectoparasite control and animal welfare. Small Ruminant Research, v.62, p.109-112, 2006.

SERTSSE, T.; WOSSENE, A. A study on ectoparasites of sheep and goats in eastern
part of Amhara region, northeast Ethiopia. Small Ruminant Research, v.69, p.62-67, 2007.

VIEIRA, L.S.; CAVALCANTE, A.C.R.; XIMENES, L.J.F. Epidemiologia e controle das principais parasitoses de caprinos e ovinosnas regiões semi-áridas do Nordeste. 1.ed. Sobral: Embrapa Caprinos, 1987.

ANDRÉ MACIEL CRESPILHO

VetSemen - Primeiro laboratório privado especializado na análise de qualidade do sêmen utilizado em programas de inseminação artificial.

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MARCELINO NASCIMENTO MEDINA

OVINOS/CAPRINOS

EM 05/11/2019

Gostaria de saber se possivel combater o piolho no caprino utilizando algumas ervas.
IVAN COSTA

CAMPINA GRANDE - PARAIBA - OVINOS/CAPRINOS

EM 05/02/2018

qual a melhor forma de acaba com o piolho em caprinos, porem as cabras estão todas gestante.
RAFAEL PÁDUA

PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/07/2015

Muito bom o artigo, importantíssimo para os produtores e profissionais.
CLAUCUNHACONTE

PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/08/2014

André, muito obrigada pelo Artigo, show mesmo! Uso também Neguvon, velho conhecido dos Med veterinários! Abraços
ALMY

GARANHUNS - PERNAMBUCO

EM 02/08/2014

André quero agradecer a Deus por sua vida, sou pastor de uma igreja evangélica e lendo a Bíblia descobri que um pastor precisa despiolhar suas vestes, então fui pesquisar sobre piolhos que em ovelhas e por incrível que pareça a metáfora bíblica foi muito enriquecida para mim através de suas explicações sobre o que acontece quando esta praga alcança um rebanho e pude ver a semelhança com o que pode acontecer em uma igreja e principalmente em um pastor,  que precisa limpar suas vestes para não promover a contaminação.Deus te abençoe!!

Ps.: Estes parasitas podem contaminar pessoas através do contato?
DIANA

TIANGUÁ - CEARÁ

EM 07/11/2012

este artigo mim ajudou bastante. abrigado

ANDRÉ MACIEL CRESPILHO

BARUERI - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/06/2009

Prezado Gustavo Máximo Martins,

De uma forma geral a terapêutica deve se basear no tipo de ectoparasita que encontramos em nosso rebanho, evitando-se, dessa maneira, problemas relacionados a ineficácia dos tratamentos e resistência dos parasitas.

O Amitraz, por exemplo, representa um excelente carrapaticida e acaricida apresentando, no entanto, uma menor atuação como inseticida. Nesse caso, não se pode considerar o Amitraz como a primeira opção no tratamento da pediculose.

Já a cipermetrina (em formulação pura ou associada a outros agentes como os organofosgforados) apresenta uma ação inseticida pronunciada, atuando com grande eficácia contra os piolhos mordedores e sugadores.

Outra opção eficiente de tratamento representam as diferentes formulações de avermectinas (por exemplo a ivermectina e a doramectina).

A atuação dos medicamentos nas diferentes fases de desenvolvimento dos piolhos depende do tipo de formulação do inseticida, variando nos produtos disponíveis comercialmente. Frente a essa variabilidade, indicações mais precisas podem ser obtidas junto as bulas dos medicamentos. No entanto, cabe ressaltar que a grande maioria das formulações comerciais apresenta pouca eficácia (ou até ineficácia) contra os ovos e as ninfas (período que antecede a fase adulta) dos piolhos. Por essa razão que recomendamos a reaplicação dos inseticidas após 10-14 dias da primeira pulverização, para que aqueles piolhos em estágio inicial de desenvolvimento tenham tempo para atingir a fase adulta, tornando-se susceptíveis ao tratamento.

Espero que tenha conseguido sanar todas as dúvidas, aproveitando a oportunidade para agradecer pela ótima pergunta.

Atenciosamente,
André Maciel Crespilho
ANDRÉ MACIEL CRESPILHO

BARUERI - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/06/2009

Prezado Prof. Luiz Alberto Oliveira Ribeiro

Muito obrigado por sua contribuição, sobretudo na exposição de dados epidemiológicos nacionais.

Atenciosamente,

André
GUSTAVO MAXIMO MARTINS

JACAREÍ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/06/2009

Boa noite,
Amitraz e cipemetrina seriam ativos indicados para o combate? Em quais as formas de crescimentos que eles combateriam?

Obrigado pela ajuda e parabéns pelo artigo.

Gustavo
JAMILSON MACHADO DOS SANTOS

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RIO DE JANEIRO - OVINOS/CAPRINOS

EM 19/06/2009

Parabéns por seu esclarecimento. Tenho notado que algumas cabras apresentam sintomas de anemias, no olho, mas o teste de OPG não mostra presença de infestaçao por verrminose. Em algumas encontramos piolhos e em outras, uma lã que cresce no pelo, e as cabras ficam anemicas, mas a olho nú não consegui destingui presença de algum piolho, tem conhecimento de algun caso deste?

No mas, agradeço e a sua materia vem tirar duvidas, ajudar no manejo.
Jamilson
ALINE BRITO

SÃO LUÍS - MARANHÃO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/06/2009

Muito bom o seu artigo! Parabéns!

Fala-se muito pouco sobre o assunto e em relaçao ao controle tambem. É sempre bom um artigo assim pra esclarecer algumas duvidas dos criadores.
LUIZ ALBERTO OLIVEIRA RIBEIRO

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 18/06/2009

Muito bom teu artigo sobre piolheira ovina. No RS, os prejuízos causados pela Bovicola ovis são significativos. Eles podem levar a coceira intensa, anemia e aumento de susceptibilidade a outras doenças. Há perda na quantidade e qualidade da lã. Danos na qualidade das peles, levando a depreciação na sua comercialização.

Assim como a sarna ovina, a piolheira tem sido objeto de campanhas de controle e erradicação no RS desde 1945. Dados da Defesa Sanitária Animal (DSA) da SAA/RS mencionam que nos anos 70 a doença foi quase erradicada em rebanhos ovinos gaúchos.

Levantamento epidemiológico realizado, entre os anos de 1980 a 1987 revelou ser a piolheira endêmica em rebanhos ovinos de 51 municípios do RS, quando 19% do rebanho foi exposto, com 3,2% de ovinos parasitados.

O aparecimento desses surtos estaria relacionado à importação de ovinos da Argentina.

A redução do número de focos se deu devido a intensa atuação da Defesa Sanitária Aanimal - SAA/RS.

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