Figura 1 - Prolapso de vagina. Fonte: NADIS (2008).
E como identificamos uma fêmea com prolapso?
No início, normalmente, o prolapso é verificado quando a cabra/ovelha está deitada, reduzindo-se quando a fêmea se levanta.
Figura 2 - Prolapso de vagina em fase inicial (Fonte: Arquivo pessoal).
Com a evolução do quadro, a vagina passa a não retornar mais a sua posição correta, havendo o progresso do prolapso da vagina (Figura 1).
Inicialmente o tecido vaginal mostra-se róseo e úmido, passando à edematoso (aumentado de volume) e congesto. Após a exposição prolongada da vagina ao meio exterior, o tecido torna-se seco e hemorrágico (figura 3) e posteriormente necrosado (morte celular).
Figura 3 - Prolapso vaginal em estágio avançado: seco, hemorrágico e necrosado.
O que leva a vagina a sair da sua posição anatômica (normal) e se pronunciar para o meio exterior?
O prolapso ocorre devido a associação de dois fatores ligados a gestação: o relaxamento excessivo dos tecidos pélvicos antes do parto que permitem a passagem do feto e o aumento da pressão intra-abdominal (aumento do tamanho do útero no final da gestação).
Embora a causa do prolapso vaginal seja incerta, vários fatores têm sido relacionados com essa patologia:
- gestação gemelar;
- estado nutricional da ovelha (muito gorda ou muito magra);
- alimento volumoso de baixa qualidade que leva a um aumento do volume ruminal e consequentemente abdominal, aumentando a pressão abdominal;
- genética;
- corte de cauda curto ou incorreto em ovelhas;
- tosse persistente.
Quais são os riscos de uma fêmea com prolapso vaginal?
A vagina prolapsada está vulnerável a traumatismos e infecções por isso é muito importante ter cuidados com a fêmea até que o médico veterinário chegue! Para isso, separe a fêmea (com o objetivo de diminuir o risco de traumatismo e lesões) dos demais animais do lote e a coloque em um local limpo e seco.
Figura 4 - Prolapso vaginal: contaminação com fezes. Fonte: UkVet (2010).
Há tratamento?
O tratamento tem como objetivo o retorno dos tecidos à sua posição normal e a manutenção da vagina na sua posição normal, permitindo que o parto ocorra sem obstáculos.
Atenção: A redução do prolapso em casos recentes é menos complicada, tornando-se mais trabalhosa para o médico veterinário quando há danos no tecido (necrose ou lesões).
Para facilitar a manobra de recolocar a vagina em sua posição normal, a fêmea pode ser colocada em um plano inclinado com a região posterior mais elevada. A anestesia epidural dessensibiliza a zona perineal e cessa as contrações uterinas.
Figura 5 - Fêmea em posição inclinada para facilitar a correção do prolapso.
Coloque a fêmea em um lugar bem iluminado, limpo e seco. Trabalhar sobre o piso de chão batido ou no campo dificulta a completa limpeza da vagina prolapsada, o que facilita a ocorrência de infecções.
Figura 6 - Correção de prolapso em local impróprio pois não permite a adequada limpeza da vagina prolapsada.
A massa prolapsada deve ser muito bem lavada com água e sabão neutro, lubrificada (a glicerina proporciona lubrificação e reduz a congestão e o edema por ação osmótica) e massageada antes de ser recolocada no local. A aplicação de compressa gelada auxilia na redução do edema e com a diminuição do volume do órgão, o reposicionamento da vagina fica mais fácil!
Figura 7 - Redução de prolapso de vagina. Fonte: UkVet (2010).
Provavelmente o médico veterinário precisará suturar (em bolsa ou colchoeiro) na vulva usando fita e agulha cirúrgica apropriadas para manter a vagina na sua posição normal. A sutura deve ser retirada próximo ao parto.
É possível prevenir o prolapso de vagina em fêmeas gestantes?
Sim, as medidas de prevenção envolvem basicamente o fornecimento de alimento de boa qualidade na fase final da gestação, monitoramento ganho de peso das ovelhas, correto corte de cauda das cordeiras (o comprimento do rabo deve ser suficiente para cobrir o ânus) e o tratamento de fêmeas com tosse.
Atenção: Como o prolapso de vagina é uma enfermidade recorrente, as fêmeas acometidas devem ser descartadas logo após o desmame de suas proles, pois provavelmente apresentarão prolapso nas próximas gestações.
Referências bibliográficas
Arthur, G., Noakes, D. E., Pearson, H., Parkimson. T., 1996.Veterinary Reproduction & Obstetrics, Seventh Edition, W. B. Saunders Company Ltd, London.
Current management of ovine vaginal prolapse in the UK. UK Vet. Vol.15, Sheep Practice, 2010. Disponível em:
Veterinária em Imagens, Álbum Pequenos Ruminantes, Foto: Prolapso vaginal em ovelha, vol.I, 1: iPR29. Disponível em:
NADIS - National Animal Disease Information.LambingProblems (dystocia), 2008. Disponível em: