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Toxemia da prenhez

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/09/2013

3 MIN DE LEITURA

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Autoras:

Alice Deléo Rodrigues - Zootecnista (FZEA/USP), mestre em Zootecnia (FCAV/Unesp) e doutoranda em Zootecnia (FCAV/Unesp).

Laurinda Augusto - Médica Veterinária (FVET/UEM), mestre (UOFS/SA) e doutoranda em Zootecnia (FZEA/USP).



A prenhez de ovinos tem duração de 150 dias (±5 dias) e caracteriza-se por ser um período de grande relevância para o sistema produtivo, devendo o produtor atentar-se para uma série de cuidados especiais com o intuito de reduzir a mortalidade embrionária, má formação fetal, abortos e doenças. Dentre as doenças do período da prenhez, destaca-se a toxemia da prenhez, desordem metabólica que acomete fêmeas de várias espécies, inclusive a ovina (BRUÉRE, 1993), cujo impacto econômico da doença é considerado grande e mais frequente em sistemas de produção intensiva (SANTOS et al., 2011).

A toxemia da prenhez, também conhecida como: “doença dos gêmeos”, cetose, paralisia do periparto e acetonemia foi relatada clinicamente pela primeira vez no início da década de 80, em estudo de Ortolani e Benesi (1982). A doença tem origem na hipoglicemia aguda que pode ser provocada tanto pelo aumento da exigência de glicose como pela interrupção na ingestão de alimentos, implicando em baixo suprimento de glicose para o organismo, levando a mobilização de gordura e produção de corpos cetônicos.

A exigência nutricional da ovelha aumenta ao longo da prenhez e, ao longo do período, o rúmen é comprimido pelo feto, passando a limitar a capacidade de ingestão de alimentos. Essa situação se intensifica no último terço da prenhez, quando se verifica expressivo crescimento do cordeiro e grande incremento na demanda energética da fêmea, levando-a a um quadro de balanço energético negativo (BEN). Baseando-se nesse fato, a importância do correto manejo das ovelhas nessa fase é fundamental.

O não o fornecimento de alimentos adequados é um fator que pode levar os animais ao quadro de toxemia, pois tanto ovelhas subalimentadas como superalimentadas podem apresentar a doença (ORTOLANI, 1985). Sabe-se também que quando alimentos balanceados com NDT superior a 30% são oferecidos em grande quantidade também podem iniciar o quadro de toxemia (ORTOLANI, 1996).

A qualidade da dieta oferecida às ovelhas, portanto, é fundamental, para que as mesmas consigam suprir às necessidades energéticas adequadamente. Recomenda-se que sejam oferecidos volumosos com fibras de boa digestibilidade e concentrados formulados com pelo menos 14% de proteína bruta.

A doença manifesta-se com maior frequência em fêmeas com prenhez gemelar do que em fêmeas com prenhez de apenas um feto, assim como também acomete com maior frequência fêmeas com peso acima do recomendado para fase (escore de condição corporal a partir de 4, numa escala de 0-5). Situações de manejo consideradas estressantes, como transporte e mudança no manejo alimentar também atuam como fatores predisponentes à toxemia da prenhez (ORTOLANI, 1996).

Os sinais clínicos que um animal acometido pela toxemia pode apresentar são:

-Apatia e depressão;
-Isolamento do rebanho;
-Bruxismo (animal range os dentes);
-Desidratação;
-Inapetência e anorexia (animal não ingere alimentos);
-Dificuldade de locomoção;
-Tremores musculares;
-Animal exala cheiro de acetona;
-Patas inchadas (“pata de elefante”);
-Aumento das frequências cardíaca e respiratória.

O tratamento para a toxemia da prenhez pode ser feito de diversas maneiras, objetivando principalmente reidratar e estimular a ingestão de alimentos. A administração de soro fisiológico e de soro glicosado 5%, bem como o fornecimento de glicerina duas vezes ao dia (50 ml + 50 ml) são estratégias que melhoram o estado do animal. Em casos mais avançados da doença, a administração de insulina e até mesmo a indução do parto ou realização de cesariana são recomendadas, uma vez que a doença tem elevada taxa de mortalidade. Conforme reportado por Van Saun (2006), o índice de mortalidade em decorrência da toxemia da prenhez pode chegar a 100%. A Figura 1 ilustra animal em óbito, decorrente de toxemia da prenhez.

Figura 1. Ovelha em óbito decorrente de toxemia.



Conclusão

O adequado manejo nutricional da ovelha prenhe e o rápido e correto diagnóstico são imprescindíveis para que o produtor minimize os problemas decorrentes da toxemia da prenhez.

Referências Bibliográficas

BRUÈRE, A. N; WEST, D. M. Metabolic Diseases. In: _________ The Sheep: Health, Disease and Production. New Zealand, 1993. p. 180-196.

ORTOLANI, E. L.; BENESI, F. J. Sobre a ocorrência de toxemia da prenhez em cabras (Capra hircus, L) e ovelhas (Ovis aries, L). Anais... In: I SEMANA DE VETERINÁRIA DA FMVZ-USP, 1, 1982, São Paulo.

ORTOLANI, E. L. Toxemia da prenhez. In: Sociedade Paulista de Medicina Veterinária. Manejo, patologia e clínica de caprinos, São Paulo, 1985, 201-210f.

ORTOLANI, E. L. Intoxicações e doenças metabólicas em ovinos: intoxicação cúprica, urolitíase e toxemia da prenhez. In: Nutrição de Ovinos, Jaboticabal: FUNEP, 258p., 1996.

SANTOS, C. O.; MENDONÇA, C. L.; SILVA FILHO, A. P.; CARVALHO, C. C. D.; SOARES, P. C.; AFONSO, J. A. B. Indicadores bioquímicos e hormonais de casos naturais de toxemia da prenhez em ovelhas. Pesq. Vet. Bras. 31(11): 974-980, novembro, 2011.

VAN SAUN, R. J. Case study: Pregnancy toxemia in a sheep flock. The AABP Proceedings, v. 39, p.213-218, 2006.
 

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ALICE DELÉO RODRIGUES

JABOTICABAL - SÃO PAULO

EM 05/05/2017

Bom dia Moacir,

A primeira providência é verificar se realmente as cabras em questão entram no cio.

Se as fêmeas não entram no cio ou se o cio é anovulatório (sem presença de célula reprodutiva,

o óvulo), é sinal de que alguma desordem hormonal possa estar acontecendo.

Existem protocolos hormonais, baseados na administração de LH e progestágenos que podem auxiliar na correção destes problemas. Você precisa de um diagnóstico veterinário para comprovar a situação.

Zootecnicamente, animais que falham na reprodução muitas vezes devem ser descartados...

Att.

Alice
MOACIR CARDOSO

EM 05/03/2017

Ola, tudo bem alice, tenho uma cabra saanem que pariu uma vez so.ja passou tres anos e nada de pegar prenhez. Anda com o bode mais consegue enprenhar  ,o  qual medicamento pra fazer com que ela volta a emprenhar.ok fico aguardando sua resposta obrigado
ALICE DELÉO RODRIGUES

JABOTICABAL - SÃO PAULO

EM 27/08/2015

Olá Auerlio,



O sobrepeso em fêmeas é um fator que pode contribuir para que as mesmas não fiquem prenhes sim, principalmente por prejuízos e irregularidades na ovulação. O cio é uma manifestação que pode ocorrer mesmo que não ocorra a ovulação, o chamado "cio silencioso".

O ideal é que durante a estação de monta as cabras estejam com escore de condição corporal entre 2,5-3,0, ou seja, que não estejam nem gordas e nem magras (a escala varia de 1 a 5, sendo animais com escore 1 muito magros e animais com escore 5, muito gordos).

Se sua cabrita tem mais de um ano e sempre apresentou excesso de peso, a dificuldade para emprenhar torna-se ainda maior. Se sua fêmea já pariu antes, deve-se avaliar também se ela teve tempo suficiente para se recuperar do parto anterior e não teve nenhuma doença (metrite, por exemplo).

Recomendo que adote uma dieta com menos energia, por um período de 15 dias, para que ela possa perder peso. O peso adequado varia de raça para raça, sendo pesos maiores encontrados em animais com aptidão para produção de carne e pesos menores para àqueles com aptidão leiteira, podendo esse variar entre 50-60 quilos, em média, para fêmeas caprinas adultas.
AUERLIO

GALVÃO GAROPABA - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE LEITE

EM 26/08/2015

oii gostaria de saber porque minha cabra entra no  cio. boto no bode  mais não pega cria. sera porque esta muito gorda. o que  devo fazer. DR ?
ALICE DELÉO RODRIGUES

JABOTICABAL - SÃO PAULO

EM 22/01/2014

Obrigada Carlos Eduardo!

Abraço,

Alice
ALICE DELÉO RODRIGUES

JABOTICABAL - SÃO PAULO

EM 04/09/2013

Olá João!

Você está certo, pois realmente atenção especial deve ser dada às fêmeas prenhes de mais de um cordeiro, uma vez que a ocorrência de toxemia é maior nesses casos.  Isso ocorre porque a exigência energética de ovelhas prenhes de dois ou mais cordeiros é superior à de ovelhas prenhes de um único cordeiro. O terço final da prenhez (sete últimas semanas) é o período mais crítico de fato.

Abraços!
ALICE DELÉO RODRIGUES

JABOTICABAL - SÃO PAULO

EM 04/09/2013

Obrigada Wallison e Adolfo, espero que a matéria tenha sido útil!

Infelizmente, não há como receitar uma dieta específica que se aplique para todos os casos de toxemia. O ideal é prevenir a desordem, fornecendo alimentos de boa qualidade para a ovelha prenhe, especialmente no terço final da gestação. O balanceamento da dieta, ajustando as quantidades de volumoso e concentrado, ao longo do período é uma estratégia que pode ser utilizada, assim como a substituição da fonte de volumoso.

Abraços!
JOAO VIEIRA NETO

MOSSORÓ - RIO GRANDE DO NORTE - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 03/09/2013

mais um aprendizado, a poucos dias, uma ovelha que apre de tres sempre,

perdeu todos.Observei que, ela ficou isolada não comia bem. Porem é ideal

observar o terço final da sua gestação, e alimentar de forma diferenciada.
ADOLFO CALDAS FREIRE JR

SALVADOR - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 03/09/2013

Parabéns pelo artigo Doutoras.

As doutoras deveriam ter colocado uma receita tipo de bôlo para dietas nestes casos da toxemia . Isso merece muita atenção dos criadores.
WALLISSON DE SOUZA GIROTTO

RONDONÓPOLIS - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE

EM 03/09/2013

muito obrigado pelas informações parabens as doutoras abraaços

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