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Quanto de carne produz um cordeiro? Parte III

POR MARIA ANGELA FERNANDES

E CARINA BARROS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/02/2010

6 MIN DE LEITURA

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Nos textos anteriores discutimos a importância do rendimento de carcaça (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte I) e como a escolha do peso e da idade de abate podem afetar os rendimentos de carcaça (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte II). Nessa terceira parte iremos discutir como o sexo (macho e fêmea) e a castração podem afetar os rendimentos de carcaça.

As principais diferenças entre machos inteiros x machos castrados x fêmeas estão na velocidade crescimento, na conversão alimentar e na deposição de gordura. Estudos realizados mostram que os machos inteiros normalmente apresentam superior ganho de peso, melhor conversão alimentar e maior percentual de tecido magro (carne) na carcaça quando comparados com os animais castrados e fêmeas. Essas vantagens observadas nos machos que não são castrados são devido, principalmente, aos efeitos de hormônios sexuais, especialmente a testosterona. Entretanto, quando os animais são abatidos ainda jovens (com até 5 meses de idade) e ainda não iniciaram a puberdade, os efeitos anabólicos dos hormônios sexuais masculinos ainda não se expressaram. Por isso, quando os animais são abatidos antes de atingirem a puberdade, o desempenho entre machos inteiros x castrados x fêmeas, em relação ao desenvolvimento; rendimento de carcaça e deposição de gordura, não possui diferenças significativas.

Mas afinal o que é puberdade? A puberdade é a fase em que os animais começam a expressar as características sexuais secundárias. Nos machos, a puberdade está associada a secreção de testosterona, produção de espermatozóides (espermatogêneses) e comportamento de monta (Hafez & Hafez, 2004). O aparecimento da puberdade em ovinos depende do efeito de vários fatores, como mostra afigura abaixo:



Nos ovinos, a maturidade sexual é melhor correlacionada com o peso corporal do que com a idade. No entanto, existe grande variação no peso corporal e na idade que os machos atingem a puberdade devido à influência da raça e dos fatores citados na figura acima. Normalmente, os machos apresentam concentração espermática suficiente para fecundar uma fêmea com 40 a 60% do peso vivo adulto e de 4 a 6 meses de idade.

A determinação do momento em que os animais atingem a puberdade é importante e pode auxiliar o produtor no manejo reprodutivo dos animais, além de evitar montas não programadas. Em geral, recomenda-se que os animais sejam separados por sexo a uma idade não superior a quatro meses. Essa separação dos animais deve ser estabelecida levando-se em consideração a estrutura física (instalações) da propriedade e a idade em que os machos serão abatidos ou comercializados. Quando o objetivo da criação for o abate de animais com idade mais avançada (acima de 5-6 meses) e/ou não houver a possibilidade de separação dos animais por sexo devido falta de instalações, recomenda-se a castração dos machos que não se destinam à reprodução.

Os machos castrados não sofrem os efeitos anabólicos da testosterona. A testosterona é um hormônio sexual masculino produzido nos testículos que promove o crescimento do sistema músculo esquelético do animal, determinando carcaças mais magras e com maior musculatura nos machos não castrados em relação aos castrados e às fêmeas. Portanto, devido a esses benefícios, a utilização de machos inteiros tem sido recomendada. No entanto, como vimos anteriormente, esses benefícios só ocorrerão quando o animal atingir a puberdade. Por outro lado, com o avanço da idade, a carne proveniente de machos inteiros podem apresentar uma diminuição na qualidade, como menor maciez e palatabilidade (Figueiró & Benavides, 1990).

No gráfico abaixo podemos observar o efeito do sexo (macho e fêmea) sobre o rendimento e a composição tecidual da carcaça de cordeiros mestiços ½ Ile de France x ½ Corriedale, terminados em sistema de confinamento (Siqueira et al., 2001). Observe que as fêmeas apresentam maior rendimento de carcaça fria (comercial) que esta associado a um aumento na deposição de gordura na carcaça em relação à carcaça dos machos. Os machos inteiros apresentaram carcaças mais magras e com maior percentual de carne (músculo).

Gráfico 1 - Peso de carcaça quente (PCQ), peso de carcaça fria (PCF), rendimento comercial (RC%) e percentual de músculo (M%), osso (O%) e gordura (G%) nas carcaças de machos e fêmeas terminados em confinamento. (Adaptado de Siqueira et al., 2001)



Na tabela abaixo podemos observar o efeito do sexo (macho e fêmea) e da castração (aos 7 dias de idade) sobre o desenvolvimento, a conversão alimentar, os rendimentos e a composição tecidual da carcaça de cordeiros confinados abatidos aos 100 dias de idade (Carvalho et al., 1999 e Pires et al., 1999).



Observe que os machos inteiros apresentaram melhor desenvolvimento (GMD); maior eficiência alimentar (CA: consumo de 3,76 kg de alimento para ganhar 1 kg de peso vivo); inferior rendimento de carcaça fria; maior percentual de carne (músculo) e osso na carcaça que os animais castrados e as fêmeas. As fêmeas apresentaram menor ganho médio diário (20g/dia a menos que os machos e 10 g/dia a menos que os castrados) e maior deposição de gordura na carcaça (1,22% a mais que os castrados e 4,37% a mais que os machos inteiros). Segundo os autores desse trabalho, provavelmente, a idade muito jovem de abate (100 dias) dos animais foi um fator limitante para que não tenham sido observadas diferenças acentuadas. Possivelmente, em uma idade de abate mais avançada haveria maior ação do hormônio masculino (testosterona), proporcionando maiores benefícios para os machos não castrados em relação aos castrados e às fêmeas.

Na tabela abaixo são apresentados os dados de caraça de machos inteiros, castrados e fêmeas de com diferentes pesos e idades de abate.



Osório et al. (1999) não observaram efeito da castração sobre a carcaça de cordeiros. Segundo os autores, não há vantagem em castrar cordeiros na busca do incremento da produção da carne, em cordeiros mestiços Corriedale X Texel, criados extensivamente em campo nativo até os 5 meses de idade. Já Ribeiro et al. (2000 e 2001) observaram que borregos Ile de France abatidos com 12 meses de idade apresentam ganho médio diário e rendimento de carcaça quente superior aos castrados. Zgur et al. estudaram o efeito do sexo (macho e fêmea) e observaram que os machos inteiros apresentam menor idade de abate (14 dias a menos), maior ganho médio diário (33 g/dia a mais), menor rendimento de carcaça quente (2,2%) e percentual de gordura (3,62%) na carcaça que fêmeas.

A castração de cordeiros pode prejudicar o crescimento, a conversão alimentar e aumentar a deposição de gordura na carcaça. Não há necessidade de realizar a castração em machos que serão destinados ao abate precoce (antes de atingirem a puberdade), pois além de ser um trabalho desnecessário, a eficiência do animal é prejudicada.

No próximo artigo discutiremos como o sistema de produção (confinamento, pasto, com creep feeding e creep grazing) e o tipo de alimento (protéico ou energético) utilizado na dieta de cordeiros podem afetar os rendimentos de carcaça.

Referências bibliográficas

CARVALHO, S., PIRES, C.C., PERES, J.R.R., et al. Desempenho de cordeiros machos inteiros, machos castrados e fêmeas, alimentados em confinamento. Ciência Rural, v.29, n.1, p.129-133, 1999.

FIGUEIRÓ, P.R.P., BENAVIDES, M.V. Produção de carne ovina. In: Caprinocultura e ovinocultura.Piracicaba : Sociedade Brasileira de Zootecnia/FEALQ, 1990. p.15-31.

HAFEZ, B.; HAFEZ, E, S. E. Reprodução animal. 7.ed. Barueri: Manole, p.13-29, 2004.

OSÓRIO, J.C. da S., JARDIM, P.O. da C., PIMENTEL, M.A., et al. Produção de carne entre cordeiros castrados e não castrados. 1. Cruzas Hampshire Down X Corriedale. Ciência Rural, v.29, n.1, p.135-138, 1999.

PIRES, C.C., CARVALHO, S., GRANDI, A., et al. Características quantitativas e composição tecidual da carcaça de cordeiros terminados em confinamento. Ciência Rural, v.29, n.3, pp. 539-543, 1999

RIBEIRO, E.L.A.; ROCHA, M.A.; MIZUBUTI, I.Y.; et al . Carcaça de borregos Ile de France inteiros ou castrados e Hampshire down castrados abatidos aos doze meses de idade. Ciência Rural, Santa Maria, v. 31, n. 3,2001.

RIBEIRO, E.L.A.; ROCHA, M.A.; MIZUBUTI, I.Y.; et al. Ganho de peso e componentes do peso vivo em borregos Ile de France inteiros ou castrados e Hampshire Down castrados abatidos aos doze meses de idade. Ciência Rural, v.30, n.2, p.333-336, 2000.

SIQUEIRA, E.R. de; SIMOES, C.D.; FERNANDES, S. Efeito do sexo e do peso ao abate sobre a produção de carne de cordeiro. Morfometria da carcaça, pesos dos cortes, composição tecidual e componentes não constituintes da carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia,v.30, n.4, 2001.

ZGUR, S.; CIVIDINI, A.; KOMPAN, D., et al. The effect of live weight at slaughter and sex on lambs carcass traits and meat characteristics. Agriculturae Conspectus Scientificus, v.68, n.3, p.155-159, 2003.

MARIA ANGELA FERNANDES

Médica Veterinária pela UFPR
Doutoranda do Programa de Ciências Veterinárias da UFPR
Integrante do LAPOC - Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da UFPR

CARINA BARROS

Médica veterinária
Mestre em Ciências Veterinárias UFPR
Doutora em Nutrição e Produção Animal FMVZ-USP
Pós-doutorado FMVZ-USP
Atuação na avaliação econômica e modelagem

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