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Quanto de carne produz um cordeiro? Parte VI

POR MARIA ANGELA FERNANDES

E CARINA BARROS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/06/2010

7 MIN DE LEITURA

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Esse texto faz parte de uma série de artigos que têm como objetivo discutir os fatores que podem interferir nos rendimentos de carcaça de ovinos. Nos textos anteriores, discutimos a importância do rendimento de carcaça (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte I); os efeitos do peso e da idade de abate (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte II); do sexo (macho e fêmea) e da castração (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte III), do sistema de terminação (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte IV) e da qualidade da dieta (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte V) sobre os rendimentos de carcaça.

Nessa sexta parte iremos discutir como a quantidade de alimento volumoso e concentrado utilizado na dieta de cordeiros pode afetar os rendimentos de carcaça dos ovinos. No texto anterior (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte V) foram apresentados alguns termos e definições importantes que serão utilizados ao longo do texto (concentrado, volumoso, conversão alimentar, entre outros).

O aumento da oferta de carne ovina no Brasil visando atender à grande demanda do mercado consumidor está associado à melhoria dos sistemas de produção e terminação de cordeiros. Principalmente nos grandes centros urbanos, muitas pessoas buscam adquirir produtos cárneos de maior qualidade provenientes principalmente de animais jovens terminados em confinamento (Pinheiro et al., 2009). Atualmente, algumas cooperativas e frigoríficos também estão exigindo do produtor que os animais tenham sido terminados em confinamento.

O confinamento de cordeiros apresenta uma série de benefícios, como menor incidência de verminose e taxa de mortalidade; redução da idade de abate; otimização da área da propriedade; padronização das carcaças; produção de carne de qualidade durante todo o ano, entre outros. No entanto, o custo com a alimentação, mão-de-obra e instalações pode elevar muito o custo de produção de cordeiros terminados em sistemas intensivos. Portanto, para diminuir o custo de produção e aumentar a lucratividade da propriedade é fundamental a estabelecimento de um plano nutricional adequado, visando à utilização de dietas menos onerosas e que atendam às exigências nutricionais dos animais.

Normalmente, a dieta de cordeiros confinados é constituída de alimentos concentrados, volumosos e suplementos. Os concentrados, geralmente são os responsáveis pelo maior custo da alimentação dos animais terminados neste sistema de produção. Já os alimentos volumosos (feno, silagem, pré-secados, entre outros) normalmente apresentam preços mais acessíveis e podem propiciar um bom desempenho dos animais, desde que sejam de boa qualidade nutricional (quantidade de proteína, energia, fibra, etc.). A utilização de subprodutos e alimentos alternativos baratos e de fácil acesso em cada região pode ser uma alternativa bastante interessante para reduzir o gasto com a alimentação. No entanto, é preciso considerar o valor nutricional desse resíduo, os fatores antinutricionais, bem como a sua proporção na dieta dos cordeiros.

Estudos realizados mostram que o aumento do nível de concentrado em relação ao de volumoso na ração de cordeiros melhora a conversão alimentar e o desempenho dos animais, além de elevar a deposição de gordura na carcaça. Esse impacto do nível de concentrado na dieta é maior quanto menor for à qualidade do volumoso utilizado devido à elevação da concentração de nutrientes, o que pode ser interessante quando utilizamos animais com alto potencial para ganho de peso. Não se esqueça que consumo excessivo de alimentos concentrados pode resultar em animais com excesso de gordura na carcaça, o que não é desejável!

Outro ponto fundamental que não podemos esquecer, é que a maximização do uso de concentrados no confinamento além de elevar o custo de produção também aumenta a possibilidade de ocorrência de distúrbios fisiológicos nos animais (timpanismo, acidose ruminal). Lembrem-se: ovinos são ruminantes e precisam de fibras (alimentos volumosos) para manter o rúmen saudável e prevenir problemas digestivos!

Carvalho et al. (2007) estudaram o efeito de diferentes relações volumoso:concentrado, (30:70; 40:60; 50:50; 60:40 e 70:30) sobre as características da carcaça de cordeiros inteiros da raça Texel. Os animais foram desmamados aos 60 dias de idade e terminados em confinamento por 80 dias. Na tabela 1 podemos observar a proporção dos ingredientes e a composição química de dieta e na Tabela 2 as características da carcaça dos cordeiros.

Tabela 1 - Proporção dos ingredientes e a composição química das dietas.



Observe que as dietas possuem o mesmo percentual de matéria seca, proteína bruta, cálcio e fósforo. Já as dietas com maiores proporções de volumoso apresentam maiores teores de fibra e menos de NDT%.

Tabela 2 - Valores médios para peso vivo ao abate (PA), consumo de matéria-seca (CMS), conversão alimentar (CA), peso (PCQ) e rendimento (RCQ) de carcaça quente, das despesas diária e total com alimentação, da receita com a venda da carcaça e da lucratividade com a venda da carcaça, de acordo com os tratamentos.



Observe na Tabela 2 que o aumento da relação volumoso:concentrado na dieta promoveu uma redução no ganho médio diário, o que ocasionou a diminuição do peso vivo ao abate e no peso e rendimento de carcaça quente. Segundo os autores, essa diminuição no desempenho dos animais pode ser explicada pela redução da concentração energética da dieta.

Em relação ao consumo de matéria seca, quando houve redução no do teor de concentrado nas dietas, a ingestão de alimentos foi limitada pelo enchimento do rúmen para os níveis de 50, 60 e 70% de volumoso devido o teor de fibra da dieta. Já a inclusão de volumoso inferior a 40% levou à regulação fisiológica do consumo. Segundo Mertens (1994) quando são fornecidas dietas de alta qualidade, o animal consome para atingir sua demanda energética, sendo que este consumo é limitado pelo seu potencial genético para utilizar a energia absorvida. Entretanto, quando são fornecidas dietas de baixa qualidade (alto conteúdo de FDN), o consumo de alimento ocorre até atingir o nível de capacidade do trato gastrintestinal (Leia no artigo anterior sobre o efeito do teor de fibra na restrição do consumo de MS - Quanto de carne produz um cordeiro - Parte V).

Em relação ao custo e a lucratividade com a venda das carcaças é importante destacar que os autores consideraram apenas o custo com alimentação e não analisaram os demais custos variados e fixos. A receita bruta, em relação ao peso de carcaça (R$ 9,50 por kg de carcaça), diminuiu com a elevação do teor de volumoso na dieta devido a redução do peso vivo ao abate e do peso de carcaça desses animais.

Gonzaga Neto et al. (2006) estudaram a influência da relação volumoso:concentrado (40:60; 55:45 e 70:30) sobre as características da carcaça de cordeiros Morada Nova em confinamento. O peso vivo inicial foi de 15 kg e 70 dias de idade. O volumoso utilizado foi o feno de braquiária. Na Tabela 3 podemos observar a qualidade da dieta dos animais.

Tabela 3 - Composição química das dietas dos cordeiros.



Apesar de possuírem semelhantes percentuais de matéria seca, a elevação da quantidade de concentrado na dieta aumentou o percentual de proteína bruta, energia metabolizável e extrato etéreo. Já as dietas com maiores proporções de volumoso apresentam maiores teores de fibra (FDN%).

Na Tabela 4 são apresentados os pesos (ao abate e de corpo vazio), os rendimentos e a porcentagem de gordura na carcaça dos cordeiros Santa Inês terminados em confinamento.

Tabela 4 - Características da carcaça de cordeiros Santa Inês terminados em confinamento com dietas contendo diferentes relações volumoso:concentrado.



Observe na Tabela (4) acima que houve aumento no peso vivo ao abate e de corpo vazio, nos rendimentos de carcaça (quente, frio e biológico) e na deposição de gordura na carcaça com a elevação da quantidade de concentrado na dieta dos animais. Segundo os autores, embora todos os animais tenham recebido alimento à vontade, provavelmente a quantidade de proteína ingerida por aqueles que receberam dietas com apenas 30% de concentrado não atendeu à demanda exigida para o crescimento muscular nesta fase, fazendo com que apresentassem baixo ganho de peso (38 g/dia) em relação aos dos tratamentos com maiores quantidades de concentrado (107 e 172 g/dia, para 45 e 60% de concentrado, respectivamente).

A influência da nutrição na produção de carne ovina é evidente. Portanto, para se obter uma ótima produtividade é necessário fornecer aos animais adequada quantidade de energia, proteína, fibra, vitaminas e minerais. Lembre-se que para que a produção ovina seja técnica e economicamente viável é necessário, entre outros fatores, propiciar ao animal condições de exteriorizar o máximo desempenho de suas potencialidades através do fornecimento de alimentação adequada, e deste modo alcançar mais precocemente as condições de peso e terminação para abate.

No próximo artigo iremos discutir como o uso de subprodutos e alimentos alternativos podem afetar os rendimentos de carcaça dos ovinos.

Referências bibliográficas

CARVALHO, S.; BROCHIER, M.A.; PIVATO, J.; et al. Desempenho e avaliação econômica da alimentação de cordeiros confinados com dietas contendo diferentes relações volumoso:concentrado. Ciência Rural, v.37, n.5, p.1411-1417, 2007.

Gonzaga Neto, s.; Silva Sobrinho, a.g.; Zeola, n.m.b.l. et al. Características quantitativas da carcaça de cordeiros deslanados Morada Nova em função da relação volumoso:concentrado na dieta.

HEGARTY, R. S.; MEUTZE, S. A.; ODDY, V. H. Effects of protein and energy supply on the growth and carcass composition of lambs from differing nutritional histories. Journal of Agricultural Science, v. 132, n. 3, p. 361-375, 1999.

MERTENS, D.R. Análise da fibra e sua utilização na avaliação de alimentos e formulação de rações. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE RUMINANTES, 1992, Lavras. Anais... Lavras: Sociedade Brasileira de Zootecnia, p.188-219, 1992.

PINHEIRO, R.S.B.; JORGE, A.M.; MOURÃO, R.C.; et al. Qualidade da carne de cordeiros confinados recebendo diferentes relações de volumoso:concentrado na dieta. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 29, n. 2, p. 407-411, 2009.

MARIA ANGELA FERNANDES

Médica Veterinária pela UFPR
Doutoranda do Programa de Ciências Veterinárias da UFPR
Integrante do LAPOC - Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da UFPR

CARINA BARROS

Médica veterinária
Mestre em Ciências Veterinárias UFPR
Doutora em Nutrição e Produção Animal FMVZ-USP
Pós-doutorado FMVZ-USP
Atuação na avaliação econômica e modelagem

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JOSÉ ROBERTO DA ROCHA

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO

EM 14/04/2015

Parabens Doutoras,Carina Barros e Maria Angela, exelente trabalho



Um Grande abraço, Att: ZéRoberto
DÉLVIO LUIZ RODRIGUES BERRIEL

ALEGRETE - RIO GRANDE DO SUL

EM 08/07/2010

Gostaria de saber se o farelo de arroz poderá ser utilizado como suplemento ou se deve agregar a algum outro produto (qual seria e quantidade) em cordeiros destinados a abate que se estão juntamente com as mães em pastagens de azevém.

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