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Quanto de carne produz um cordeiro? Parte VII

POR MARIA ANGELA FERNANDES

E CARINA BARROS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/08/2010

6 MIN DE LEITURA

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Esse texto faz parte de uma série de artigos que têm como objetivo discutir os fatores que podem interferir nos rendimentos de carcaça de ovinos. Nos textos anteriores, discutimos a importância do rendimento de carcaça (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte I); os efeitos do peso e da idade de abate (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte II); do sexo (macho e fêmea) e da castração (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte III), do sistema de terminação (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte IV), da qualidade da dieta (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte V) e da relação volumoso:concentrado (Quanto de carne produz um cordeiro - Parte VI) sobre os rendimentos de carcaça. Nessa sétima parte iremos discutir como a base genética (raça e cruzamentos) pode afetar os rendimentos de carcaça dos ovinos.

A raça ou base genética é uma importante fonte de variação do peso vivo e do peso de carcaça em ovinos. Portanto, a raça influência os rendimentos de carcaça pois estas duas características são determinantes nos cálculos dos rendimentos (veja as fórmulas no artigo Quanto de carne produz um cordeiro - Parte I). Quando comparamos raças lanadas com deslanadas, as diferenças nos rendimentos podem ser ainda maiores devido ao peso do pelego.

As raças especializadas e selecionadas para a produção de carne, quando recebem aporte nutricional e manejo adequado, normalmente apresentam maiores rendimentos e carcaças bem conformadas e com adequado estado de engorduramento.

Mas afinal qual é a melhor raça para se produzir carne de cordeiro?

A escolha da raça que será criada é um ponto muito importante para o sucesso ou fracasso da produção. Muitas vezes o produtor escolhe a raça pela sua beleza (exterior), propaganda, gosto pessoal, por se impressionar com os preços obtidos em feiras e leilões ou até mesmo por tradição familiar. No entanto, se esta raça escolhida não tiver bem adaptada ao local (clima) e/ou ao sistema de produção utilizado na propriedade ou não for eficiente para produzir o que se deseja obter, o resultado pode ser desastroso!

Ao escolher a raça que será criada é preciso considerar alguns fatores:

- condições ambientais (temperatura, umidade, etc.);
- os objetivos da criação (principal produto a ser comercializado: carne, lã, pele ou leite);
- a disponibilidade e o custo dos recursos genéticos;
- o tipo de sistema de produção que será utilizado;
- qualidade, disponibilidade e tipo de alimento que será utilizado (pasto nativo, pasto cultivado de alto ou baixo valor nutritivo, concentrado, silagem, feno, etc.);
- a disponibilidade de mão-de-obra e terra.

Lembre-se que a resposta do animal (desempenho, rendimento de carcaça, cobertura de gordura, etc.) irá depender das condições oferecidas a ele! As raças de maior aptidão para a produção de carne possuem exigências nutricionais mais elevadas e devem receber alimento em quantidade e qualidade para que expressem o máximo de seu potencial genético!

O uso de cruzamentos para a produção de cordeiros para abate é uma prática que vem sendo cada vez mais utilizada pois o preço de animais puros (matrizes e reprodutores) é muito elevado. Neste caso, normalmente se utiliza o acasalamento de matrizes mestiças (sem raça definida ou provenientes de cruzamentos) com reprodutores de raças especializadas para produção de carne (não há necessidade de ser tatuado e registrado pela associação). A matriz, apesar de ter menor influencia sobre a genética do rebanho (produz menos filho que o carneiro) irá fornecer metade dos genes para os seus filhos (a outra metade vem do pai). Portanto, não adianta o reprodutor ser excelente e de alto padrão genético se a fêmea também não for boa!

Os cruzamentos com raças precoces especializadas para corte têm como principal objetivo à obtenção de cordeiros com peso de abate mais elevado em um menor espaço de tempo (idade de abate), altos rendimentos de carcaça, adequada conformação e deposição de gordura na carcaça. Com isso, normalmente há diminuição do custo de produção, melhor aceitação e valorização do produto e aumento da lucratividade do sistema.

CUNHA et al. (2000) estudaram as características da carcaça de cordeiros filhos de ovelhas das raças Ideal ou Corriedale cobertas com machos das raças Suffolk, Ile de France ou da mesma raça materna. Os animais permaneceram em pastagem até o desmame (60 dias) e após foram confinados por 90 dias (idade de abate = 150 dias). No confinamento os cordeiros receberam uma dieta composta por Feno de Tifton-85 (Cynodon dactylon) + concentrado, na proporção 40:60 na Matéria Seca (MS), contendo 15,1% de PB, 60,8% de NDT, 1,4% de Ca e 0,3% de P.

Na Tabela (1) abaixo são apresentadas as características da carcaça dos cordeiros dos diferentes grupos genéticos.

Tabela 1 - Valores médios para peso ao abate (PA), peso de carcaça quente (PCQ) e fria (PCF), rendimento de carcaça quente (RCQ) e fria (RCF) e espessura de gordura de cobertura (EGC) do lombo de cordeiros de diferentes genótipos.



Observe na tabela acima que os pesos das carcaças quentes e frias foram superiores para os animais cruzados em relação aos de raça pura lanígera. Estes resultados indicaram que o uso de machos de corte sobre fêmeas lanígeras foi efetivo em aumentar o peso das carcaças. Os rendimentos de carcaça quente e fria apresentaram diferença (P<0,01) entre os genótipos avaliados, sendo que os cordeiros da raça Corriedale apresentaram menor rendimento que os animais dos genótipos Suffolk x Ideal e Ile de France x Corriedale.

Na Tabela 2 são apresentadas as características da carcaça de cordeiros de diferentes grupos genéticos.

Tabela 2 - Peso vivo ao abate (PA), peso de carcaça quente (PCQ) e fria (PCF), rendimento de carcaça fria (RCF) e verdadeiro (RV) de cordeiros de diferentes raças e cruzamentos.



Observe na tabela acima que há uma grande variação nos pesos e rendimentos de carcaça de cordeiros de diferentes grupos genéticos. Não podemos esquecer que além do grupo genético estão atuando outros fatores sobre o rendimento (peso e idade de abate; tipo de alimentação; castração; entre outros).

É importante salientar que o fato de realizar por si só o cruzamento com raças especializadas para produção de carne, não quer dizer necessariamente um produto melhor. Por isso não se esqueça que para o animal expressar o potencial do cruzamento é necessário um bom manejo sanitário e nutricional, além de um sistema de produção eficiente.

Referências bibliográficas

CUNHA, E.A. et al. Utilização de Carneiros de Raças de Corte para Obtenção de Cordeiros Precoces para Abate em Plantéis Produtores de Lã. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.1, p.243-252, 2000.

FURUSHO-GARCIA et al. Performance and carcass characteristics of Santa Inês pure lambs and crosses with Dorper e Texel at different management systems Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.6, p.1313-1321, 2010.

MACEDO, F.A.F. et al. Características quantitativas das carcaças de cordeiros Corriedale, Bergamácia-Corriedale e Hampshire Down-Corriedale, terminados em pastagem ou em confinamento. Acta Science Animal Scientiarum, v. 28, n. 3, p. 339-344, 2006.

NOGUEIRA FILHO. Uso de Cruzamentos na Produção de Cordeiros. Disponível em: < https://www.nogueirafilho.com.br/arquivos_noticias/cruzamento.htm>

OSORIO, J.C.S. et al . Produção de carne em ovinos de cinco genótipos: 3. Perdas e morfologia. Ciência Rural, v. 26, n. 3, 1996.

OSÓRIO, J.C.S. et al. Métodos para avaliação de produção de carne ovina: in vivo, na carcaça e na carne. Pelotas, RS: Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia, 1998. 107p.

PILAR, R.C. et al. Rendimento e características quantitativas de carcaça em cordeiros Merino Australiano e cruza Ile de France x Merino Australiano. Revista Brasileira de Agrociência, v. 11, n. 3, p. 351-359, 2005.

PIRES, C.C. et al. Desempenho e características da carcaça de cordeiros de três grupos genéticos abatidos ao mesmo estágio de maturidade. Ciência Rural, v. 29, n. 1, p. 155-158, 1999.

SAÑUDO, C.; SIERRA, I. Calidad de la canal en la especie ovina. Barcelona, España : One, 1986. p.127-153.

SIQUEIRA & FERNANDES. Pesos, rendimentos e perdas da carcaça de cordeiros Corriedale e mestiços Ile de France x Corriedale, terminados em confinamento. Ciência Rural, v. 29, n. 1, p. 143-148, 1999.

MARIA ANGELA FERNANDES

Médica Veterinária pela UFPR
Doutoranda do Programa de Ciências Veterinárias da UFPR
Integrante do LAPOC - Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da UFPR

CARINA BARROS

Médica veterinária
Mestre em Ciências Veterinárias UFPR
Doutora em Nutrição e Produção Animal FMVZ-USP
Pós-doutorado FMVZ-USP
Atuação na avaliação econômica e modelagem

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VIRGÍLIO JOSÉ PACHECO DE SENNA

SANTO AMARO - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/08/2010

Dras. Maria Angela e Marina Simionato,
Parabéns pelos Trabalhos e Artigos publicados, são pesquisas que necessitavamos e bastante esclarecedoras, produção só se faz com pesquisa e dedicação, a ovinocultura só tem a ganhar com os artigos publicados. Parabéns mesmo.
FRANCISCO RODRIGUES FELICIO

BLUMENAU - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/08/2010

Meus parabéns. Muito esclarecedora estas informações.
Gostaria de saber sobre a raça DORPER. Obrigado.
ELDAR RODRIGUES ALVES

CURITIBA - PARANÁ

EM 06/08/2010

Muito bom, parabéns.
Pena que ainda não tenhamos dados brasileiros para a raça Poll Dorset.


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