ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Suplementação alimentar para terminação de cordeiros em pastagens

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/09/2007

8 MIN DE LEITURA

0
1
Embora haja uma procura muito grande por novidades comerciais em termos de plantas forrageiras no Brasil, fato este relatado há muitos anos por vários autores importantes dentro da ciência animal, vários trabalhos têm mostrado que grande parte das diferenças que existem entre as pastagens utilizadas para os ovinos está mais relacionada com o manejo da pastagem do que com a espécie forrageira em si.

No que cabe aos ovinos e caprinos, a procura por plantas forrageiras "novas" é ainda maior devido a alguns mitos que existem para essas criações, de que essa ou aquela planta não pode ser usada para essas espécies animais. Na verdade, novamente, muito da resposta do animal em desempenho está relacionada ao manejo que é imposto à planta que leva ao favorecimento do consumo pelo ruminante em pastagem.

No caso do cordeiro precocemente desmamado, o desempenho nas pastagens é influenciado também por outros fatores tais como: o estresse do desmame em idade jovem, a baixa imunidade que ocorre em seguida, o pouco tempo de aprendizado do pastejo que o cordeiro tem com a ovelha antes do desmame, fazendo que mesmo com oferta alta de forragem de boa qualidade, os mesmos não estejam aptos ao pastejo.

Isso tem sido identificado em nossos trabalhos, através de diferenças na estrutura da pastagem que ocorrem nestes casos, tais como, heterogeneidade do pasto, excesso de colmos e inflorescências nos pastos onde só temos cordeiros. Esse conjunto de fatos descritos levam a perdas de cordeiros desmamados precocemente e recriados em pastagem, com óbitos por verminose, que preocupam os produtores e técnicos.

Como não caberia aqui dizer que devemos prolongar o tempo de permanência com a mãe e depois desmamar, já que isso contraria vários resultados favoráveis, inclusive do ponto de vista econômico, já discutidos nessa coluna, iremos relatar alguns dados sobre a suplementação de cordeiros desmamados precocemente. Essa suplementação diz respeito ao fornecimento de um concentrado farelado em cocho de livre acesso, colocado na pastagem, logo após o desmame precoce (45-60 dias) dos cordeiros.

A suplementação alimentar para animais em pastagens tem sido utilizada como ferramenta para suprir deficiências nutricionais específicas, dar suporte aos períodos de baixa oferta de forragem e também, possibilitar melhores taxas de ganho individual. Essa poderia ser a alternativa na terminação dos cordeiros em pastagens para minorar seu déficit nutricional, assim como para as categorias adultas em mesma situação.

Em geral, afirma-se que o uso de suplementação em pastagens pode: alterar a quantidade de pasto consumida, através do efeito aditivo e substitutivo; afetar a eficiência de aproveitamento da mesma dependendo da qualidade da forragem ofertada e do tipo de concentrado, protéico e/ou energético, e ainda dependendo do padrão de fermentação do suplemento.

Revisões sobre suplementação alimentar de animais em pastagens podem ser vistas em Euclides e Medeiros (2005) e Reis et al. (2005), entre vários outros.

No caso de ovinos, a utilização de suplementação exclusiva para cordeiros durante a fase de amamentação em cocho privativo ou creep feeding tem sido bastante avaliada em todo o Brasil. Em síntese, o que se observa é o resultado extremamente satisfatório, com ganhos acima de 300 g/dia, quando a suplementação nessa fase é feita de forma ampla, sem limitação de consumo, com concentrado de elevado valor nutricional (Neres et al., 2001).

Além disso, deve-se levar em conta a limitada disponibilidade de forragem às ovelhas em lactação que ocorre no Brasil Central, com a parição dos cordeiros no inverno seco, que contribuem com essas respostas dos cordeiros.

No entanto, quando o uso do suplemento no creep feeding tem se apresentado de forma limitada, em quantidade ou em ingredientes, e utiliza-se uma pastagem de relativa qualidade, as respostas de cordeiros suplementados não têm diferido dos sem suplementação.

Isso retorna à tona a importância do volume de leite produzido pelas ovelhas, como já comentado, além do comportamento dos cordeiros em relação ao aprendizado com as mães da ingestão da forragem ofertada no pasto e a presença da mãe em si.

Trabalhos têm mostrado em sistemas com creep feeding, com uso de isótopos de carbono e análise micro-histológica fecal, que o leite contribuiu maciçamente com a dieta de cordeiros estabulados com suas mães até 20-25 dias de vida, com aumento do consumo da ração em creep feeding a partir dessa idade; já para os animais em pastagem, o consumo de ração no creep alcançou mais de 30% da dieta somente aos 30-35 dias de vida. Nesse caso, o leite permaneceu como parte da dieta dos cordeiros até o abate aos 60 dias de idade, enquanto no confinamento, os cordeiros interromperam a amamentação já aos 45 dias (Silva, 2003).

A partir destes resultados então, deve-se dar destaque à importância da condição nutricional das mães ao parto, que seria um dos fatores determinantes da produção de leite na primeira etapa da lactação e, em seguida, à oferta de alimentos para a ovelha no pós-parto. Nesse contexto, se oportuniza a suplementação alimentar das fêmeas gestantes e lactantes, principalmente em regiões e épocas de reduzida oferta de pasto.

Avaliação realizada na Universidade Federal do Paraná em 2005, em fase de publicação estudou diversos níveis de suplementação concentrada para cordeiros desmamados aos 17 kg e 45 dias de idade e recriados em pastagem de azevém, em lotação contínua com carga variável. Os níveis de suplementação foram desde os sem suplemento (nível zero) até concentrado à vontade, que em média, correspondeu a 3,2% do peso corporal por dia, no final do período de avaliação.

O concentrado era composto de milho e farelo de soja, com 19% PB e 76% NDT, na forma farelada, e era dividido e fornecido duas vezes ao dia. À medida que os cordeiros iam crescendo e ganhando peso, a quantidade de concentrado ia sendo ajustada a cada 14 dias.

Os cordeiros apresentaram resposta linear em desempenho (ganho médio diário) com o fornecimento do suplemento. À medida que o nível de suplementação foi crescendo, o ganho de peso diário dos cordeiros também foi, entre 90-100 g/dia até 300 g/dia, aproximadamente. Logicamente, houve também a redução da idade de abate, sendo que os cordeiros que não receberam suplemento alcançaram 32 kg de peso corporal (peso usado para o abate) aos 190 dias, e os suplementados à vontade, por volta dos 100 dias de idade (Figuras 1 e 2).


Figura 1. Idade de abate de cordeiros recebendo diferentes níveis de suplementação.


Figura 2. Desempenho de cordeiros (ganho médio diário) recebendo diferentes níveis de suplementação.

O consumo médio diário de ração durante o período de avaliação foi de 320 g, 510 g e 832 g, respectivamente para os três níveis de fornecimento de suplemento (1% do PV, 2% do PV, e à vontade).

Algo muito discutido nos sistemas em pastagens com suplementação é o efeito de substituição, ou seja, os animais deixam de comer a pastagem dependendo da condição da mesma e do tipo de suplemento fornecido, aumentando o consumo do próprio suplemento.

Alguns autores afirmam que os animais podem substituir parte do consumo de pasto pelo de suplemento, com conseqüências na produção e na estrutura da pastagem, alterando a taxa de crescimento do pasto e a oferta de lâminas foliares, afetando a própria qualidade do pasto. No caso dos cordeiros aqui estudados, a suplementação concentrada influenciou o comportamento alimentar dos cordeiros e o consumo do pasto.

Os cordeiros sem suplementação permaneceram maior tempo do dia em pastejo e ruminação (51,09% e 22,95% de 8 horas diurnas de observação, respectivamente), enquanto com suplementação à vontade, o tempo gasto para essas atividades foi o menor observado em todos os sistemas estudados (26,33% e 15,62% das mesmas 8 horas, respectivamente).

Então, obteve-se uma relação linear negativa entre o nível de concentrado ofertado e o tempo de pastejo dos animais; ou seja, a cada unidade percentual de suplemento ofertado, houve redução de 2,91% do tempo gasto com o pastejo. Dessa forma, os animais com suplementação gastaram mais tempo em ócio (todas as atividades que não são consideradas alimentação) comparados aos cordeiros que não recebiam concentrado.

Interessante dizer que o pasto de azevém em que os animais se encontravam tinha oferta altíssima de forragem, superior a 14 kg MS/100 kg de peso corporal, muito acima de suas exigências, e que a qualidade média do pasto podia ser considerada muito boa, com proteína ao redor de 17 a 20% de PB na matéria seca.

Logicamente que, nessas condições, os piquetes em que os cordeiros recebiam o máximo de suplemento, tiveram suas características de estrutura do pasto diferenciadas. Por exemplo, conforme aumentou o concentrado, a altura média da pastagem nesses piquetes também foi maior (y=18,55 + 0,95 x; R2=0,33; P=0,04) e também houve aumento na quantidade de lâminas foliares, confirmando a possibilidade de alteração da estrutura do pasto, já comentada.

Os resultados confirmam vários autores que afirmam que o efeito de substituição normalmente ocorre para os ruminantes em pastagens, quando expostos à oferta de concentrados de alto valor nutricional, como foi exatamente o caso.

É importante mencionar que a suplementação mostrou-se alternativa para o desmame, principalmente sob o ponto de vista de que conseguiu contornar a mortalidade dos cordeiros desmamados precocemente devido à verminose, que ocorreu com maior freqüência nos cordeiros sem suplemento e nos com 1% do peso vivo. Há que se destacar o ganho de peso dos animais suplementados, ganho de peso (ao redor de 300g) semelhante a animais de confinamento, merecendo estudo sobre a viabilidade econômica dos sistemas de suplementação em pastagem.

Analisando estes resultados, passa fortemente pela nossa cabeça que não seja justificável uma estrutura de cercas elétricas e a preocupação com os ajustes de carga e formação de boas áreas de forragem já que a substituição da forragem pelo concentrado é tão marcante, mesmo em boas pastagens. Chego a pensar nesse caso que a pastagem estava na hora errada, no lugar errado, no sentido de que devemos utilizá-la de forma mais estratégica.

Bibliografia

EUCLIDES, V.P.B.; MEDEIROS, S.R. de. Suplementação animal em pastagens e seu impacto na utilização da pastagem. In: PEDREIRA, C.G.S. et al.. Simpósio Sobre Manejo de Pastagens: Teoria e prática da produção animal em pastagens, 22., 2005, Piracicaba, SP. Anais... Piracicaba, SP: FEALQ, 2005. p.33-70.
NERES, M.A.; GARCIA, C.A.; MONTEIRO, A.L. et al. Níveis de feno de alfafa e forma física da ração no desempenho de cordeiros em creep feeding. Rev. Bras. Zootec., v.30, n.3, p.941-947, 2001.
REIS, R.A.; MELO, G.M.P. de; BERTIPAGLIA, L.M.A.; OLIVEIRA, A.P.; BALSALOBRE, M.A.A. Suplementação de animais em pastagem: quantificação e custos. In: PEDREIRA, C.G.S. et al.. Simpósio Sobre Manejo de Pastagens: Teoria e prática da produção animal em pastagens, 22., 2005, Piracicaba, SP. Anais... Piracicaba, SP: FEALQ, 2005. p.279-352.
RIBEIRO, T.M.D. Sistemas de alimentação de cordeiros para produção de carne. Curitiba, PR, 2006. 66p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal do Paraná.
SILVA, J.J. da. Determinação da fase lactante-ruminante em cordeiros pela técnica do δ13C e micro-histologia fecal. Botucatu, SP, 2003. 43p. (Mestrado em Zootecnia) -Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP/Botucatu.

ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

Coordena o Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da UFPR

CESAR HENRIQUE ESPÍRITO CANDAL POLI

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures