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A importância do transporte na qualidade da carne

POR NELSON VIEIRA DASILVA

E ISRAEL HERNÁNDEZ TREVIÑO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/04/2009

4 MIN DE LEITURA

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Introdução

O transporte, um dos segmentos do manejo racional pré-abate, é considerado relevante quando se trata em bem-estar animal e qualidade de produtos. Vários estudos têm demonstrado efeitos do transporte na intensificação de estresse, perda de peso e contusões, podendo inclusive levar animais à morte quando realizado em condições muito desfavoráveis. Nesse contexto, a cadeia produtiva sofre perdas quantitativas e qualitativas da carne, com prejuízos diretos ou indiretos para produtores, frigoríficos e consumidores finais, através de danos causados ao produto final reduzindo, dessa forma, o seu valor comercial.

Fatores de influência

Dentre as espécies animais de frigorífico, os mais sensíveis ao transporte são os suínos, seguido dos bovinos e depois os ovinos. Contudo, associados ao transporte estão às alterações metabólicas que comprometem a qualidade da carne por ocasião do estresse, uma vez que choques físicos e desfavoráveis condições climáticas tornam-se realidade durante as viagens (Terlouw et al. 2008). Dentre os fatores promotores de estresse durante o transporte, a densidade animal e o tempo de transporte devem ser levados em consideração visando promover conforto e bem-estar aos animais (Delezie et al. 2007).

A distância percorrida e o tempo de transporte influenciam significativamente no metabolismo post-mortem dos animais, aumentando o pH final e diminuindo o teor de lactato no músculo (Batista et al. 1999). Para tanto, em longas viagens deve-se levar em consideração o espaço destinado para cada animal, uma vez que espaços reduzidos gera um gasto de energia adicional, tendo impacto sobre a concentração do glicogênio muscular e no pH final da carne (Ferguson et al. 2008). Baixa densidade durante o transporte pode ocasionar lesões através de choques entre animais e pancadas nas paredes do veiculo transportador. Batista et al. (1999) citam que animais deitados aumentam a extensão das contusões, de modo que se deve mantê-los em pé, mesmo em viagens longas. Segundo Terlouw et al., (2008) e Cockram, (2007), os animais têm que ser agrupados por peso durante a viagem, sendo o espaçamento de 0,4 m2 para um bezerro de 100 kg e até 2m2 para um adulto de 1000 kg. Para ovinos o espaçamento dependera do estado fisiológico, ocupando uma área de 0,20 a 0,50 m² por animal.

A qualidade final da carne está diretamente relacionada com proporção do tempo (horas) dependido no transporte dos animais. As normas européias têm previsto máxima duração de transporte de 8 horas para animais adultos de espécies como suínos, aves, bovinos, ovinos e caprinos. Em países como a Austrália, recomenda-se, principalmente, que os bovinos e ovinos para abate, não devam ser transportados por períodos superiores a 10 horas (Ferguson et al., 2008). Animais que viajam embarcados por curtos períodos são menos susceptíveis a alterações hematológicas e de pH da carne, como também apresentam menores riscos de contusões, menor estresse, menor tempo de exposição aos ruídos, desconfortos de oscilações nas curvas, aclives e declives, freadas bruscas, paradas em postos de abastecimentos e de fiscalização, resultando estes fatos em uma menor perda de peso. Além disso, estes animais terão melhores condições físicas e psicológicas de suportar a dieta hídrica e a permanência no curral de espera até o abate. Por outro lado, animais que viajam por longos períodos terão maiores comprometimentos em relação à qualidade da carne, afetando dessa forma, os padrões de bem estar animal e a qualidade do produto final. Os traumatismos durante o transporte duplicam nas últimas 6 e 8 h de viagem. As temperaturas nas épocas quentes, indicam perdas de peso em viagens superiores a 24 horas (Gregory, 2008). Dessa forma, Batista et al. (1999) recomendam que indústrias frigoríficas busquem animais para o abate em locais próximos.

Considerações finais

Diante do exposto, fica evidenciado que o transporte é, sem dúvida, o processo mais estressante e prejudicial da cadeia de operações entre a fazenda e o local de abate, contribuindo significativamente no bem estar animal e nas características qualitativas da carne. Portanto, é necessário que fiquemos atentos a todos os fatores que possam interferir neste processo, objetivando, dessa forma, manter as características qualitativas das carnes destinadas aos diversos segmentos da cadeia produtiva da carne.

Referências bibliográficas

BATISTA, D.J.C.; SILVA, W.P.; SOARES, G.J. D. Efeito da distância de transporte de bovinos no metabolismo post-mortem. Revista Brasileira de Agrociência, v. 5 nº 2, p. 152-156, 1999.

COCKRAM, M.S. Criteria and potential reasons for maximum journey times for farm animals destined for slaughter. Applied Animal Behaviour Science, v. 106, p. 234-243, 2007.

DELEZIE, E.; SWENNEN, Q.; BUYSE, J.; DECUYPERE, E. The Effect of Feed Withdrawal and Crating Density in Transit on Metabolism and Meat Quality of Broilers at Slaughter Weight. Poultry Science, v. 86, p. 1414-1423, 2007.

FERGUSON, D.M.. WARNER, R.D. Have we underestimated the impact of pre-slaughter stress on meat quality in ruminants. Meat Science, v. 80, p. 12-19, 2008.

GREGORY, N.G. Animal welfare at markets and during transport and slaughter Meat Science, v. 80, p. 2-11, 2008.

TERLOUW, E.M.C.; ARNOULD, C.; AUPERIN, B.; BERRI, C.; LE BIHAN-DUVAL, E.; DEISS, V.; LEFE` VRE, F.; LENSINK, B. J.; MOUNIER L. Pre-slaughter conditions, animal stress and welfare: currentstatus and possible future research. Animal, n.2, v.10, p.1501-1517, 2008.

ISRAEL HERNÁNDEZ TREVIÑO

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NELSON VIEIRA DASILVA

MACEIO - ALAGOAS - PESQUISA/ENSINO

EM 07/08/2013

Prezado Regys Al Toscani,

O transporte rodoviário de carne ovina pode ser realizado através do acondicionamento em caixas em carretas frigoríficas. A carreta frigorificada também é utilizada no caso de carne resfriada ou quando há transferência de produto entre as unidades frigoríficas. Vale ressaltar que o mais importante é manter a temperatura de conservação, refrigerada ou congelada, conforme achar necessário.



Att
REGYS AL TOSCANI ANDRETTA

SANTIAGO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE

EM 01/08/2013

Posso transportar carne de ovelha congelada em caixa de isopor, com nota fiscal?

desde ja obrigado
NELSON VIEIRA DASILVA

MACEIO - ALAGOAS - PESQUISA/ENSINO

EM 16/04/2009

Prezado Matheus Ramalho,
Antes de tudo, obrigado pela visita ao site e aos elogios feito ao artigo! Aproveito para me colocar a sua disposição para o que precisar.

Grande Abraço,



MATHEUS RAMALHO DE LIMA

AREIA - PARAIBA - PESQUISA/ENSINO

EM 16/04/2009

Grande Nelson!

Meus sinceros parabéns pelo trabalho apresentado nesse site de extremo respeito nacional, porque não, internacional.

Muito me orgulha em saber que tais dificuldades do setor de carnes podem ser resolvidas e melhoradas por profissionais de extrema competência, você faz parte destes!

Grande abraço e continue demonstrando interesse e responsabilidade nos seus trabalhos e avaliações de carnes!

Atenciosamente,

Matheus Ramalho
NELSON VIEIRA DASILVA

MACEIO - ALAGOAS - PESQUISA/ENSINO

EM 16/04/2009

Prezado Rodrigo,
Estamos vivendo um momento de transição no setor de alimentos, uma vez que necessitamos nos adequar as normas vigentes na legislação, portanto, em um futuro próximo, quem não se adequar estará fora do mercado.
Obrigado pelo comentário!
ANISIO FERREIRA LIMA NETO

TERESINA - PIAUÍ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/04/2009

Parabens! Este tema deve ser motivo de um grande debate nacional, pois é um problema real, no qual as instituições e autoridades devem trabalhar.

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