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Aspectos da utilização de leguminosas e suplementação concentrada aos ovinos

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/04/2009

4 MIN DE LEITURA

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A suplementação com leguminosas parece ser alternativa interessante na produção de cordeiros para carne. Isso já tem sido utilizado em outros países como Uruguai e Nova Zelândia, utilizando trevo e cornichão, além de Brassicas (nabo forrageiro) e espécies de chicória que eles utilizam para pastejo, entre outras. No caso das espécies tropicais poderiam ser utilizadas leguminosas como Stylosanthes e Arachis, por exemplo. Pouco tem sido avaliado sobre essa ferramenta de suplementação no Brasil, especialmente para a terminação dos ovinos. As leguminosas foram bastante avaliadas na década de 80 em consorciações com gramíneas, mas, devido às dificuldades de manejo das espécies em consórcio, a aplicação da técnica foi limitada.

Nas Regiões de clima tropical e semi-árido do Brasil, o uso de leguminosas como Leucena e Gliricidia têm sido estudado por alguns pesquisadores, especialmente como banco de proteínas para os bovinos na época da seca.

Na Região Sul ocorre ambiente propício a utilização de algumas leguminosas temperadas de alto valor nutricional entre aquelas que citamos, como o trevo e o cornichão, justamente na época do ano em que ocorre o nascimento anual e a terminação de cordeiros. Além da qualidade nutricional, essas leguminosas têm sido citadas na literatura internacional como plantas bioativas, que podem ajudar no controle parasitário em ovinos, o que é de muito interesse para a Região Sul, uma vez que o clima úmido é extremamente favorável às infecções parasitárias.

A suplementação com ração concentrada para cordeiros desmamados em pastagem também tem sido pouco estudada no Brasil; porém, o resultado do uso de concentrados energéticos ou protéicos na alimentação de ruminantes indica provável resposta positiva em desempenho, com a ocorrência de substituição da pastagem de alto valor nutricional pela ração concentrada. Nos experimentos realizados no LAPOC/UFPR pôde ser confirmada essa resposta, com aumento linear do desempenho de cordeiros desmamados quando ocorreu elevação da oferta de ração concentrada farelada. Nesses modelos, claramente observou-se redução do tempo de pastejo dos cordeiros, o que é forte indicativo do efeito substituição. Ou seja, os cordeiros deixam de ingerir pastagem, mesmo que de boa qualidade, para consumir a ração concentrada, quando essa é ofertada em abundância.

Quanto ao ambiente pastoril e ao comportamento dos animais, quando submetidos às formas de suplementação, vale comentar o comportamento ingestivo de cordeiros recebendo suplementos, sejam desmamados ou ainda sem passar pelo desmame. Assim, a oferta de suplementos tanto em pasto, que é o caso da leguminosa suplementar, quanto na forma de oferta de ração interferem na maneira como os cordeiros ajustam o tempo destinado para cada atividade diária, especialmente a atividade de pastejo nas áreas principais de pastagem, conforme já foi descrito. Lembra-se aqui que o pastejo é sempre a atividade que ocupa o maior tempo na distribuição diária de atividades dos animais. De qualquer modo, os animais priorizam a alimentação, e para isso devemos estar atentos!!

Do ponto de vista da pesquisa, a partir desses modelos avaliados para sistemas de produção de cordeiros desmamados com suplementação, podem ser sugeridas algumas alternativas metodológicas que se fazem necessárias para melhor monitorar e esclarecer algumas questões referentes ao consumo de forragem: mensuração do consumo real de cada espécie forrageira pelos cordeiros, em curto período de tempo, sempre mais de uma vez ao dia, visando o melhor entendimento das taxas de consumo de forragem durante o dia; identificação do consumo real de cada espécie forrageira, com o uso de marcadores, para avaliação da importância de cada espécie na dieta dos cordeiros.

Outro aspecto que deve ser considerado pelas pesquisas diz respeito a identificar quais motivações o animal jovem possui para iniciar e finalizar o pastejo da espécie utilizada como alimento suplementar, assim como contabilizar com a maior acurácia possível qual a importância do leite na dieta dos cordeiros. Ainda quanto às pesquisas, além de avaliar o consumo de leite pelos cordeiros, vale a pena identificar nos sistemas com suplementação até qual idade este alimento faz-se realmente necessário para não comprometer o potencial produtivo do animal e possibilitar à ovelha melhor recuperação de estado corporal. As avaliações de comportamento considerando o período de 24 horas possibilitam mensurar a importância das primeiras horas do dia na amamentação dos cordeiros, o que pareceu importante nos trabalhos desenvolvidos pelo LAPOC até agora. Ocorre que o consumo da leguminosa suplementar pelos cordeiros ao pé da mãe nos modelos de creep grazing estudados foi deslocado para o período da tarde, contrariando a literatura, que diz que os ovinos adultos preferem consumir as leguminosas no início da manhã. Nesse caso, talvez o leite seja o primeiro alimento importante aos cordeiros após o amanhecer, levando os animais a procurarem o suplemento com leguminosas em horários posteriores.

Essas informações da pesquisa podem ajudar no manejo de animais em pastagem, no manejo do desmame de cordeiros e no manejo de recolhimento de animais para abrigo noturno, que ocorre em muitos criatórios brasileiros.

Conforme já publicado em outra matéria, o creep grazing visando a terminação de cordeiros ao pé da mãe com suplementação de leguminosas, parece ser um sistema interessante, com potencial produtivo semelhante aos sistemas baseados em suplementação com ração concentrada, conforme os resultados de desempenho (entre 280-300 g/dia) avaliados pelo grupo. Quando comparados a sistemas em que utilizam leguminosas consorciadas a gramíneas, o creep grazing pode ser mais fácil de ser manejado do que o consórcio entre espécies, pois permite realizar práticas agronômicas diferenciadas para cada espécie, principalmente no que diz respeito a controle de plantas daninhas e adubação. Porém, ainda são necessárias mais informações para melhor compreensão do sistema, seus riscos, dificuldades, benefícios e adequação para cada realidade da cadeia produtiva. É necessário também realizar estudos sobre o dimensionamento e posicionamento ideal do creep grazing em relação ao piquete principal para que o pastejo aconteça de forma homogênea dentro do piquete adjacente, de forma a diminuir a interferência da presença da mãe do lado de fora do piquete. Da mesma forma, seria importante estudar diferentes combinações forrageiras a fim de obter resultados satisfatórios para cada época do ano e nas diferentes regiões brasileiras, além de aprofundar a questão parasitológica e econômica desses sistemas.

ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

Coordena o Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da UFPR

HUGO VON LINSINGEN PIAZZETTA

EDSON F EVARISTO DE PAULA

Zootecnista (UFPR),
Mestre em Ciências Veterinárias (UFPR)
LAPOC - Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da UFPR

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