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Suplementação protéica para ovinos no período da seca

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PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/07/2009

6 MIN DE LEITURA

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A elevada capacidade produtiva dos capins tropicais é uma característica que permite a obtenção de grandes produções animais nessa região. Porém, é inquestionável que mesmo com esse potencial para produção de carne em regime de pasto, é comum a existência de inadequações nutricionais no que se refere à oferta de energia, proteína e minerais (Siqueira, 2001).

Em climas tropicais o ciclo de produção anual de forragem é determinado pelas fases das águas, da seca e os períodos de transição entre elas. Costa (2001) comentou que o padrão cíclico no desenvolvimento dos ruminantes é determinado, quase exclusivamente, pelo clima que tem grande efeito no ciclo vegetativo das forrageiras tropicais, sendo a época chuvosa a que representa os períodos de desenvolvimento satisfatório. Neste período, as forrageiras atingem o máximo de sua disponibilidade e valor nutritivo com razoável atendimento das demandas nutricionais dos ovinos.

Assim, em função do clima, o sistema produtivo caracteriza-se por uma fase de desenvolvimento satisfatório dos animais, e outra em que o desenvolvimento pode ser nulo ou até negativo (período de estiagem ou de seca).

Os maiores problemas do período da seca são a falta de chuvas e diminuição do período luminoso. Estes dois fatores são preponderantes para que as gramíneas tropicais tenham o seu crescimento afetado, resultando em pastagens com menor teor de proteína e volume de pastagem diminuído, o que favorece também as maiores incidências de verminose, pois os animais irão pastejar em alturas mais baixas e conseqüentemente, ingerir mais larvas.

Neste período a forragem apresenta baixo valor nutritivo onde o conteúdo de proteína pode não suprir as exigências em proteína degradada no rúmen (PDR) para crescimento microbiano e atividade fermentativa adequada.

Nestas condições, as gramíneas tropicais apresentam-se com teores de proteína bruta bastante reduzidos, inferiores a 7% base seca (Orskov, 1982), parâmetro considerado crítico para a plena atividade dos micro-organismos ruminais, contribuindo assim para uma menor digestibilidade da forragem e depressão do consumo voluntário desta.

Neste sentido, corrigir os potenciais desbalanços protéicos nas dietas a base de forragem exclusiva (pastagem) via suplementação passa a ser de grande importância ao sistema de produção, pois, além de promover estímulo o consumo de matéria seca, geralmente melhora a digestibilidade da forragem seca, resultando no incremento do desempenho dos animais.

Já que no período seco do ano a maioria das forrageiras tropicais tem o seu conteúdo protéico reduzido, em média não ultrapassando 5% de proteína bruta na matéria seca. Torna-se necessário então, para atender a exigência protéica dos animais, a sua suplementação.

A formação de bancos de proteína podem ser uma boa opção. Existem diversas leguminosas perenes que podem ser utilizadas como suplemento protéico aos ovinos, mas neste caso é preciso realizar o manejo dos animais adequadamente, pois o excesso de proteína pode levar a perda de peso, pois os animais gastam energia para excretar o excesso de proteína e a problemas como o timpanismo, uma vez que o consumo excessivo destas plantas pode formar espumas dentro do rúmen e impedir a ruminação dos ovinos.

Gramíneas de inverno podem ser uma opção, mas isto irá depender da condição climática da propriedade, pois estas gramíneas precisam de clima adequado (de inverno) para se estabelecerem.

Além da suplementação com silagem, pré-secado e feno, tudo isto ajudará no balanceamento das dietas para as ovelhas e cordeiros.

O sistema Rotacional Racional também pode ser uma ferramenta de auxílio para o manejo das pastagens durante a seca. Como as pastagens são utilizadas de forma racional, haverá uma boa rebrota antes da seca. Ao diminuir a lotação no sistema neste período, conseguimos fornecer o volumoso (pasto), mas mesmo assim, a suplementação protéica é necessária.

O diferimento de pastagem pode ser uma estratégia para atravessar a seca, no entanto será um capim "passado" e de qualidade inferior. Neste caso teremos volume, mas não teremos qualidade nutricional e assim, lançar mão do proteinado é uma ótima alternativa.

Para melhor esclarecer esta necessidade, pode ser realizada a seguinte ponderação, que para a maioria das situações é bem representativa.

De acordo com o NRC ovinos 2007, a exigência em proteína bruta de uma ovelha para fazer a sua manutenção é de 66 gramas por dia de proteína. A concentração dos nutrientes mencionados a seguir é sempre apresentada na base seca.

Considerando uma ovelha adulta com 50 Kg de pesos vivo, observa-se em média um consumo de matéria seca (em condições de pastagem seca) em torno de 1,5 % de fibra em detergente neutro (FDN). Considerando também que neste período do ano a pastagem seca apresenta 70% de FDN, observa-se então um consumo de matéria seca total de aproximadamente 1,071 kg/dia (2,15% PV). Nesta quantidade de matéria seca ingerida, para uma forragem com 5% de proteína bruta, obtêm-se uma ingestão de proteína bruta de 53,5 g/dia de proteína.

De acordo com a exigência do animal, nesta situação, haverá um déficit de 12,43 g/dia de proteína para atender a sua exigência de mantença. Tal análise sinaliza um cenário mais restritivo, quando realizado com base na quantidade de proteína que realmente é absorvida e esteja disponível ao metabolismo do animal, o que é tratado pelos zootecnistas como proteína metabolizável.

Neste sentido, para corrigir esse déficit de proteína bruta, caso seja oferecida 100 g/dia de suplemento protéico para esta ovelha, apenas para corrigir o déficit protéico em relação à mantença seria necessário 13% - 14% de proteína bruta na formulação, e se for considerado ainda o atendimento das demais demandas produtivas exigidas pelas ovelhas (gestação, ganho de peso, lactação), seria necessário contar com um suplemento de no mínimo 30 % de proteína bruta.

Portanto, a suplementação para animais em pastagem, deve ser considerada como uma medida técnica e economicamente interessante, permitindo otimizar a produção dos ruminantes em regiões tropicais. No entanto, pela presença da uréia na formulação, é preciso que se faça uma adaptação prévia dos animais ao iniciar o seu fornecimento, por pelo menos 10 dias fornecendo o proteinado misturado na proporção de 1:1 com o sal mineral.

O cocho de sal proteinado deve ser coberto, para proteger o proteinado da chuva e furado para que caso molhe, não acumule água, diminuindo o risco de um animal ingerir a água com a uréia diluída e se intoxicar.

A função do sal mineral proteinado na nutrição de ovinos é a mesma dos proteinados fornecidos aos bovinos, suplementar com proteína durante o período de seca, quando as pastagens têm menor taxa de crescimento, secam e têm o seu nível de proteína bastante diminuído. E a deficiência em proteína resulta em perda de peso pelas ovelhas além de terem quedas no desempenho reprodutivo.

Quando os ovinos recebem cana picada, o proteinado é importante, porque a proteína da uréia será metabolizada e absorvida rapidamente, assim como o açúcar da cana. Já a proteína dos farelos, que são fermentados numa taxa um pouco menor, acompanha parte da fermentação da fibra da cana. Esta associação de velocidades de fermentação entre proteína e carboidratos (açúcar e fibra) é importante para a manutenção da população microbiana no rúmen, que será favorecida e melhorará a digestibilidade dos alimentos ingeridos.

O sal mineral proteinado pode também ser utilizado na recria de borregas, como já vem sendo feito por alguns produtores brasileiros. Assim, conseguimos oferecer uma suplementação protéica para animais que estão em crescimento e demandam de proteína na dieta para o desenvolvimento da musculatura e tecidos corporais, mantendo a viabilidade econômica da dieta.

Portanto, atravessar bem o período da seca não é segredo. Para evitar o desgaste e morte dos animais, o que resultará em perda de eficiência econômica do sistema, a suplementação protéica é uma excelente opção, de baixo custo e ótimo benefício. Deste modo, é possível atravessar a seca obtendo lucro. Pegue lápis e papel e faça a conta.

Revisão de literatura

COSTA, R. M. Avaliação de suplementos com proteína degradável e de escape ruminal para recria de bovinos. 2001. 47p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal.

NATIONAL RESEARCH CONCIL. Nutriente Requeriments of small ruminants. Washington, D.C.: National Academy, 2007. 362p.

OSRKOV, E. R. Protein Nutrition in ruminants. London: Cambridge Academic, 1982.
SIQUEIRA, G. B. de Efeito da suplementação sobre o desempenho, ingestão voluntária e eficiência alimentar de bovinos de corte consumindo volumoso de baixa qualidade. 2001. 50p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira.

SIQUEIRA, G. B. de Ingestão de proteína para cordeiros da raça Santa Inês: Digestibilidade e desempenho. 2009. 95p. Tese (Dourado em Zootecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras.

RODRIGO MARTINS DE SOUZA EMEDIATO

Consultoria no planejamento da atividade, dimensionamento de instalações, pastagens, implantação de pastagens, controle de pragas, balanceamento de dietas, manejo sanitário, reprodutivo e elaboração de um plano de melhoramento genético do rebanho.

FÁBIO ARANTES QUINTÃO

GUILHERME BENKO DE SIQUEIRA

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