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Falando um pouco sobre Genética

POR OCTÁVIO ROSSI DE MORAIS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/03/2007

4 MIN DE LEITURA

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O melhoramento animal é embasado, antes de tudo, em conhecimento das leis da genética. Há séculos as pessoas se perguntavam: por que os filhos se parecem com os pais? Por que filho de peixe, peixinho é? Muita gente, ainda hoje, não sabe a resposta para essas perguntas, simplesmente aceitando que as coisas são assim mesmo.

Em meados do século XIX, um monge austríaco chamado Gregor Mendel, estudou o comportamento de cruzamentos de plantas de ervilha. Ele observou milhares de plantas e o resultado do cruzamento de ervilhas que possuíam sementes de cores diferentes, eram lisas ou rugosas, eram normais ou anãs, entre outras características. Ele descobriu que havia alguma coisa definindo o padrão de expressão das características dos pais nos filhos, e como era bom em matemática e probabilidades, conseguiu, sem saber exatamente o que fazia passar as características, prever o que aconteceria quando cruzasse esse e aquele tipo de ervilha. Ele descobriu as principais leis da hereditariedade, sem saber que existiam os genes.

Hereditariedade vem da palavra herança, e nossa genética é herança biológica que recebemos de nossos pais. Cinqüenta anos depois dos estudos de Mendel os cientistas começaram a estudar mais adequadamente os genes, e passaram outros cinqüenta anos para descobrirem onde os genes estavam e como era sua estrutura. Até hoje se descobrem coisas novas sobre os genes. É bom saber ao menos que os genes são estruturas minúsculas que carregam códigos biológicos para que sejam produzidas proteínas. As proteínas vão constituir as células, que constituirão os músculos, ossos, tendões, pêlos, cabelos, lã, etc. Também essas proteínas constituem as enzimas, os hormônios e até os pigmentos, que farão com que os pêlos, por exemplo, sejam amarelos, marrons, pretos, etc.

Os genes que temos em nossas células estão em pares e vieram, metade de nossas mães e metade de nossos pais. É por isso que somos parecidos com nossos genitores, somos resultado da mistura de genes de um com os do outro. Alguns genes são "mais fortes" que os outros e o que seu código determina acaba por sobrepor o que manda o código de seu par. Os genes trabalham sozinhos ou em grupos, passam para os filhos em grupos definidos ou aleatórios, enfim, há muitas e muitas possibilidades e não é minha pretensão resumir 150 anos de estudos de genética no mundo em um artigo.

Há, porém, algo que devemos ter bem claro: o que os organismos são, e como eles aparentam, é definido pelos seus genes, e essa definição pode sofrer maior ou menor influência do meio ambiente. Vamos exemplificar: os genes de um carneiro da raça Merino determinam que ele tenha chifres. A influência de ambiente é pequena, pois ele terá chifres independentemente do que coma, de ser criado a campo ou em confinamento, etc.

Num outro exemplo vamos pensar em dois cordeiros, um Merino e um Ile de France. Os genes do Merino comandam um crescimento mais lento e uma menor quantidade de músculos, ao contrário do que ocorre no Ile de France. Criados no mesmo ambiente, a resposta será como comandada pelos genes. Se porém criarmos o Merino em confinamento com boa alimentação e o Ile de France em pasto rapado e sem suplementação, a resposta pode até ser invertida: o cordeiro Merino estará pronto para o abate antes do Ile de France. A influência do meio foi enorme. Este é um princípio básico: somos resultado da interação de nosso genótipo com o ambiente no qual vivemos.

Outro princípio básico é: aquilo que o ambiente impõe não altera o código genético. Se pegarmos o cordeiro Merino do exemplo anterior e deixarmos que ele se torne um carneiro e fizermos o mesmo com o Ile de France, mantidas as condições do exemplo, eles se tornarão, provavelmente, um belo carneiro Merino e um feio e fraco carneiro Ile de France. Se os dois tiverem capacidade reprodutiva, e forem colocados com ovelhas, digamos, Santa Inês, seus filhos, se criados num mesmo ambiente com alimentação adequada, apresentarão desempenhos diferentes de crescimento.

Os filhos do fraco e feio Ile de France serão bem melhores que os do belo Merino de nosso exemplo, salvo em raras exceções. Isso ocorre porque, apesar do que o ambiente produziu nos dois reprodutores, os genes do Ile de France continuam sendo genes de Ile de France, raça selecionada para corte, e os genes do Merino continuam sendo genes de Merino, raça selecionada para produzir lã de qualidade.

A seleção de anos e anos nessas duas raças, fez com que os genes que determinam as características que desejamos para cada uma estejam presentes em grandes proporções nas populações dessas raças.

Da mesma forma, não adianta superalimentar um reprodutor ou matriz, pensando em melhorá-los e assim obter resultados nos seus filhos. O filho de um obeso pode ter porte atlético caso pratique esportes, da mesma forma que o filho de um campeão de fisiculturismo pode se tornar um obeso se tiver vida sedentária e alimentação desbalanceada.

Pois bem, se o meio pode influir tanto, como podemos saber que animal tem a melhor genética? Há várias técnicas para comparar a qualidade genética dos animais, e vamos comentá-las nos próximos artigos. A técnica menos efetiva é colocá-los lado a lado, vindos de ambientes diferentes, com alimentação, manejo e sanidade diferentes, e julgarmos qual deles é o melhor. Agindo assim estamos desconsiderando todos os efeitos que o ambiente produziu, escolhendo sempre o mais bonito, mas não necessariamente o melhor. Opa! Acho que isso nos faz refletir sobre alguma coisa...

OCTÁVIO ROSSI DE MORAIS

Melhoramento Genético de Caprinos e Ovinos - Embrapa

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OCTÁVIO ROSSI DE MORAIS

SOBRAL - CEARÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 09/04/2007

Washington, eu é que fico feliz em ver que posso contribuir de alguma forma com o trabalho dos colegas. Imagino sua difícil missão, especialmente por estar na Bahia, onde a propaganda gerada nas inúmeras exposições e leilões tende a influenciar de forma muito mais incisiva que a orientação técnica.

Muitas vezes até mesmo os técnicos se rendem à força econômica desses eventos e outros esquecem o que viram na escola e passam a adotar o mesmo discurso dos vendedores de beleza.

Desejo muita força para você e que seu trabalho renda bons frutos junto aos produtores de verdade.

Um abraço. Octávio
WASHINGTON LUIZ NÓBREGA DE OLIVEIRA

JUAZEIRO - BAHIA - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 06/04/2007

Tenho aconpanhado os artigos do Dr. Octávio, e fico feliz de ver a forma objetiva e honesta com que trata os temas relacionados a melhoramento animal em especial a ovinos. É desta forma que nos extensionistas, devemos orientar os pequenos produtores na compra de reprodutores, para que estes não tenham prejuizos ao comprar reprodutores por beleza ou propaganda, sem a comprovação de que realmente são animais melhoradores.

Washington Luiz Nóbrega
Medico Veterinário - Pintadas - Bahia

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